1As fotos abaixo são resultantes do trabalho de campo realizado no Residencial Rio Anil Camboa, na periferia de São Luís, Maranhão, no ano de 2018. Desde 2015 a pesquisa no Residencial tem acompanhado o cotidiano dos moradores em diversos momentos. Inaugurado em 2009, o Residencial Rio Anil Camboa é parte de um projeto de habitação e reurbanização do Programa de Aceleração do Crescimento PAC, em São Luís, denominado PAC Rio Anil.
2Os moradores do bairro da Camboa, que habitavam em palafitas, foram transferidos para apartamentos construídos pelo respectivo programa. As fotos retratam alguns momentos do dia a dia dos moradores acompanhados pela pesquisadora: um jogo de futebol, na quadra do Residencial, um dia de comemorações e lazer no Dia dos Pais; um mutirão de limpeza organizado pelos moradores e as imagens do cais da Camboa e de um morador tecendo um rede, o que caracteriza as atividades de pesca nesta localidade. Ainda, outros aspectos como a violência e a briga por ponto de drogas estão presentes nas pichações dos muros, demarcando a presença de uma facção no local, ou nas advertências que indicam a proibição de roubo no local.
3Na antropologia, as fotografias estiveram no lugar ilustrativo e de comprovação de que o antropólogo “esteve lá”. Essa perspectiva, no entanto, vem mudando, e o uso da fotografia passou de um mero local ilustrativo para objeto de análise, o uso da imagem também se constitui em teoria.
4Etienne Samain (2012), propõe pensar o uso da fotografia como forma de questionamento. Interrogar as imagens para o autor é pensar com elas a história humana. A imagem é muito mais que um objeto, ela é o lugar de um processo vivo, ou seja, ela participa de um processo de pensamento. Para Samain a imagem é pensante. Essa concepção referenciada de Huberman (2012) é pensar o processo da própria imagem.
5Diante dessa perspectiva o uso da imagem é trabalhar com uma perspectiva do seu significado, da imagem como experiência e de sua temporalidade. A utilização da imagem é ter em mente o seu símbolo a contextualização atrelada aquele símbolo. Tanto Samain (2012) quanto Huberman (2012) nos evocam a seguinte questão sobre o uso da imagem: qual o lugar da imagem no modo de conhecimento? Qual o lugar da imagem em nossas pesquisas? Sobre essa questão não há um consenso, a utilização da imagem como modo de conhecimento pressupõe primeiramente o seu questionamento da própria imagem.
6As fotografias aqui presentes expressam o cotidiano dos moradores e suas relações com o espaço. Tais imagens, apesar de não terem sido colocadas no centro do trabalho, permitiram também a reconstrução daquele espaço.
A torcida./ The crowd.
Maysa Oliveira, 2018.
Espectadores. / Viewers
Maysa Oliveira, 2018.
Cais da Camboa./ Camboa’s píer.
Maysa Oliveira, 2018
Mutirão de limpeza. /Cleaning taske-force.
Maysa Oliveira, 2018.
Tecendo rede de pesca. / Weaving fishing net
Maysa Oliveira, 2018.
“Proibido roubar na comunidade.” / “forbidden to steal in the community.”
Maysa Oliveira, 2018.
Dia dos Pais./ Father’s Day.
Maysa Oliveira, 2018.