Notas
FIGUEIREDO, António Pereira de – “Dissertação XVII. Incerteza do anno em que nasceo ElRei D. Affonço Henriques, e certeza do anno, em que elle começou a reinar”. in História e memórias da Academia Real das Sciencias de Lisboa. Tomo IX (1825), pp. 299-300.
O facto de não conseguirmos estimar a probabilidade associada à reconstituição de um acontecimento numa escala de 0 a 1 não implica que não possamos fazer escolhas probabilísticas entre duas hipóteses alternativas. Dada uma hipótese H1 com uma probabilidade P e uma hipótese alternativa H2 com a probabilidade complementar (1 - P), aceitaremos H1 quando nos seja possível estimar para ela uma probabilidade P > (1 - P). Sujeito, pois, ao juízo do leitor, as decisões probabilísticas que tomei, não só atendendo aos dados que se apresentam no presente trabalho mas também pelo teste de resistência a outras informações que considerem relevantes.
ESTEFÂNIO, Abel – “A data de nascimento de Afonso I”. Medievalista [Em linha]. Nº 8 (Julho de 2010). [Consultado 31.01.2015]. Disponível em: http://www2.fcsh.unl.pt/iem/medievalista/MEDIEVALISTA8/estefanio8002.html.
Em 18 de abril de 1120, Afonso Henriques confirma a carta de couto que D. Teresa outorga à Sé do Porto e ao seu bispo, D. Hugo (AZEVEDO, Rui de (ed.) – Documentos Medievais Portugueses, Documentos Régios, vol. I, Documentos dos condes portucalenses e de D. Afonso Henriques: A-D. 1095-1185. Lisboa: Academia Portuguesa de História, 1958-1962, t. I, doc. 53).
AMARAL, Luís Carlos e BARROCA, Mário Jorge – A condessa-rainha Teresa. Lisboa: Círculo de Leitores, 2012, pp. 266-269. Pode-se encontrar nesta obra um magistral estudo da conjuntura em que nos situamos, que neste trabalho se apresenta de forma muito sintética e em que nos dispensamos de apresentar grandes referências, exceto nos casos em que consideramos necessário sublinhar ou aprofundar alguma particularidade e em todos os pontos que são fundamentais para informar o itinerário do conde D. Henrique e de D. Teresa. Agradeço aos Professores Doutores Luís Carlos Amaral e Mário Jorge Barroca a oferta do seu livro, logo após o seu lançamento, e a generosa resposta às várias solicitações de ajuda que fiz ao longo dos meus trabalhos.
REILLY, Bernard F. – The Kingdom of León-Castilla under King Alfonso VI, 1065-1109. Princeton, Princeton University Press, 1988, p. 347.
Exclui-se desta análise todos documentos considerados suspeitos ou falsos pelos editores das respetivas coleções diplomáticas, assim como aqueles que, por lhes ter sido atribuído um amplo intervalo de datação crítica, não contribuem para o esclarecimento dos itinerários do conde D. Henrique e de D. Teresa.
ESTEFÂNIO, Abel – “Proposta de aclaração do ‘pacto sucessório’ à luz de novos dados”. Medievalista [Em linha]. Nº 16 (Julho - Dezembro 2014). [Consultado 31.01.2015]. Disponível em: http://www2.fcsh.unl.pt/iem/medievalista/MEDIEVALISTA16/estefanio1603.html. e ESTEFÂNIO, Abel – “O ‘pacto sucessório’ revisitado: o texto e o contexto”. Medievalista [Em linha]. Nº 10 (Julho de 2011). [Consultado 31.01.2015]. Disponível em: http://www2.fcsh.unl.pt/iem/medievalista/MEDIEVALISTA10/estefanio1002.html.
HERRERO DE LA FUENTE, Marta (ed.) – Coleccion Diplomática del Monasterio de Sahagún (857-1230). Vol. III (1073-1109). León: Centro de Estudios e Investigación «San Isidoro» (CSIC-CECEL), Caja de Ahorros y Monte de Piedad, Archivo Histórico Diocesano, 1988, docs. 987 (comes domno Ancricco in Auctario de Sellas) e 996 (Comes domno Enrriz in Otero de Sellas), respetivamente.
De acordo com REILLY, Bernard F. (The Kingdom of León-Castilla under King Alfonso VI, op. cit., p. 255), o casamento do conde D. Henrique com D. Teresa ter-se-ia realizado nos últimos meses de 1096. Esta cronologia não é segura porque se apoia no ano do foral outorgado a Constantim de Panóias, que se conhece apenas através de apógrafos (AZEVEDO, Rui de (ed.) – op. cit., t. I, doc. 3 (1096)). Recorde-se que o diploma de Afonso VI para o mosteiro de S. Servando, cuja data de 13 de fevereiro de 1095 serviu de base a AZEVEDO, Rui de (op. cit., t. I, p. XVIII, nota 1) para supor que o casamento se pudesse ter realizado mais cedo, encontra-se atualmente redatado criticamente de 1098 ou 1099 (REILLY, Bernard F. – op. cit., p. 261, nota 4 e GAMBRA, Andrès – Alfonso VI. Cancillería, Cúria y Império. León: Centro de Estudios e Investigacíon San Isidoro/Achivo Histórico Diocesano de León, 1997-1998, II, doc. 152).
HERRERO DE LA FUENTE, Marta (ed.) – op. cit., doc. 1029: “Henriccus gener regis conf.”.
Ibidem, doc. 1045 e GAMBRA, Andrès – op. cit., II, doc. 155: “Henriccus Portucalensis comes conf. Vxor ipsius Taresa filia regis conf.”.
HERRERO DE LA FUENTE, Marta (ed.) – op. cit., docs. 1055, 1057, 1060 e 1061, respetivamente.
Ibidem, doc. 1067 e AZEVEDO, Rui de (ed.) – op. cit., t. I, doc. 7.
HERRERO DE LA FUENTE, Marta (ed.) – op. cit., docs. 1068 e 1069, respetivamente.
Ibidem, docs. 1081, 1092 e 1094, respetivamente.
Conforme REILLY, Bernard F. – The Kingdom of León-Castilla under King Alfonso VI, op. cit., pp. 299, 312-313.
GAMBRA, Andrès – op. cit., II, docs. 145 (17 de abril de 1098), 147 (17 de janeiro de 1099), 151 ([2] de fevereiro de 1099), 152 (13 de fevereiro de [1098-1099]), 153 (14 de março de 1099), 156 (15 de abril de 1100), 157 (22 de abril de 1100), 159 (18 de agosto de [1100]), 160 (20 de agosto de [1100], Bustillo de Castrofruela), 161 (1100), 163 (20 de março de 1101), 169 (17 de janeiro de [1102-1103]), 170 (20 de janeiro de 1103), 171 (10 de fevereiro de 1103, Cea) e 178 (12 de dezembro de [1103]).
AZEVEDO, Rui de (ed.) – op. cit., t. I, docs. 1 ([1095-1096]), 3 (1096), 4 (23 de novembro de 1097), 5 (9 de dezembro de 1097), 6 (março de 1100, Coimbra) e 8 (8 de junho de 1101).
AZEVEDO, Rui de (ed.) – Documentos Medievais Portugueses, Documentos Particulares. Vol. III, A-D. 1101-1115. Lisboa: Academia Portuguesa de História, 1940, doc. 112 (maio de 1103): “(…) ad uenitam comitis de Iherusalem ubi erat (…)”. Sobre esta referência que coloca D. Henrique em Jerusálem, houve quem sugerisse que o conde teria saído da Península para se associar a uma cruzada planeada por Henrique IV, imperador do Sacro Império Romano-Germânico, que não teve seguimento, pela oposição que lhe moveu o papa Pascoal II (1099-1118) (Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira. Vol. XIII. Lisboa-Rio de Janeiro:Editorial Enciclopédia, s.d., verbete “Henrique (D.)”). Outros autores sugeriram que o conde, a pretexto de uma ida a Jerusalém, teria acompanhado São Geraldo na viagem que este fez em 1103 a Roma para se avistar com o papa e tentar resolver a questão em torno dos direitos metropolitas da Sé de Braga (Conforme AMARAL, Luís Carlos e BARROCA, Mário Jorge – op. cit., p. 42).
No documento de 11 de julho de 1103, Mendo Viegas, Gomes Nunes e Toda Eitat dão ao conde D. Henrique, a sua mulher D. Teresa e ao mosteiro de Guimarães bens que possuem em Pousada, no concelho de Guimarães, em troca de um quinhão no mosteiro de Pombeiro (AZEVEDO, Rui de (ed.) – op. cit., t. III, doc. 125): “(…) ad uobis comite domno Anriko et uxor uestra domna Tareiga… ut faceremus uobis comite domno Anrico et uxor eius domna Tarasia et frates de Vimaranes (…)”.
Conforme REILLY, Bernard F. – The Kingdom of León-Castilla under King Alfonso VI, op. cit., p. 317, com a referência na nota 61 a GARCIA LARRAGUETA, Santos (ed.) – Colección de documentos de la catedral de Oviedo. Oviedo, 1962, p. 331. Em REILLY, Bernard F. (ibidem) encontra-se ainda uma outra referência à presença do conde D. Henrique como confirmante, numa doação do conde Pedro Ansures ao bispo Raimundo de Palença, em 7 de novembro de 1103. Tanto num caso como no outro, o lugar de emissão não é evidente.
HERRERO DE LA FUENTE, Marta (ed.) – op. cit., 1988, docs. 1101, 1102, 1105, 1108 e 1114, respetivamente.
BISHKO, Charles Julian – “Count Henrique of Portugal, Cluny and the antecedents of the Pacto Sucessório”. in Revista Portuguesa de História, 13 (1971), pp. 155-188. Reedição, com nota adicional, em Spanish and portuguese monastic history: 600-1300. London, 1984, IX, pp. 166-167.
Trata-se do conde Martin Laínez, um dos assessores mais acreditados do rei Afonso VI a partir de 1090, que morreu provavelmente na batalha de Uclés (GAMBRA, Andrès – op. cit., I, p. 582).
ESTEFÂNIO, Abel – “Um documento significativo para a história da Galiza”. in Annuarium Sancti Iacobi, 2 (2013), pp. 17-30.
Conforme REILLY, Bernard F. – The Kingdom of León-Castella under Queen Urraca (1109-1126). Princeton: Princeton University Press, 1982, p. 45, nota 2.
Henrique e Raimundo eram primos afastados pelo facto de terem bisavôs irmãos (AMARAL, Luís Carlos e BARROCA, Mário Jorge – op. cit., pp. 50-51).
Ibidem, pp. 58-59.
REILLY, Bernard F. – The Kingdom of León-Castilla under King Alfonso VI, op. cit., p. 252.
HERRERO DE LA FUENTE, Marta (ed.) – op. cit., docs. 1123 e 1124, respetivamente. O primeiro destes documentos, por se tratar de um litígio cuja resolução foi feita na presença do rei Afonso VI, foi também publicado por GAMBRA, Andrès – op. cit., II, doc. 183. Acerca da presença frequente do conde D. Henrique nos diplomas de Afonso VI, dada pela confirmação de vinte e uma escrituras entre 1098 e 1107 (incluindo nesta contagem um falso), consulte-se AMARAL, Luís Carlos e BARROCA, Mário Jorge – op. cit., pp. 158-159.
HERRERO DE LA FUENTE, Marta (ed.) – op. cit., doc. 1127.
GAMBRA, Andrès – op. cit., II, doc. 184.
HERRERO DE LA FUENTE, Marta (ed.) – op. cit., docs. 1128 e 1129, respetivamente.
Ibidem, docs. 1132, 1133, 1134, 1135, 1137 e 1139, respetivamente.
GAMBRA, Andrès – op. cit., II, doc. 185.
HERRERO DE LA FUENTE, Marta (ed.) – op. cit., docs. 1145 e 1146.
AZEVEDO, Rui de (ed.) – Documentos Medievais Portugueses, Documentos Régios, vol. I, t. I, doc. 10. Devo referir que REILLY, Bernard F. (The Kingdom of León-Castilla under King Alfonso VI, op. cit., p. 322 e nota 91) lançou suspeita sobre o documento de Sahagún de 28 de julho devido à proximidade de data com o documento condal, por julgar que a outorga deste implicaria a deslocação dos condes a «Portugal», o que não considero procedente. O meu atrevimento, neste pormenor, perante o ilustre historiador, cujo trabalho está na génese do meu, deve-se à vantagem de dispormos atualmente de um maior número de fontes publicadas. Mas, mesmo na hipótese de D. Henrique e D. Teresa se terem deslocado pontualmente ao condado no verão de 1106, possibilidade que considero muito remota, o facto não colocaria em causa a evidência de uma presença continuada dos condes na corte do reino de Leão.
AZEVEDO, Rui de (ed.) – op. cit., t. I, doc. 11.
Ibidem, t. II, nota X (doc. 32), contendo uma reapreciação crítica do doc. 11.
HERRERO DE LA FUENTE, Marta (ed.) – op. cit., doc. 1149.
Ibidem, doc. 1150.
CAVERO DOMÍNGUEZ, Gregoria E MARTIN LÓPEZ, Encarnación – Colección Documental de la Catedral de Astorga I (646-1126). Léon: Centro de Estudios e Investigacíon San Isidoro/Achivo Histórico Diocesano de León, 1999, doc. 534, pp. 396-397. Citado por SALAZAR Y ACHA, Jaime de – “De nuevo sobre la mora Zaida”. in Hidalguia, 321 (2007), p. 241. O documento encontra-se omisso nas coleções diplomáticas do rei Afonso VI e do conde D. Henrique (ou seja, em GAMBRA, Andrès – op. cit., II e AZEVEDO, Rui de (ed.) – op. cit., t. I, respetivamente). Note-se que, para além da robora do rei e do infante seu filho, o diploma é também roborado pelo conde D. Henrique (“Comes dominus Enrricus, confirmat et roborat”), enquanto o conde D. Raimundo aparece como simples confirmante (“Comes Raymundus, conf.”).
GAMBRA, Andrès – op. cit., II, doc. 188: “Roborata uero in Castro de Monzon”.
GAMBRA, Andrès – op. cit., II, doc. 189: “quando rex de Burgis egressus, cum sola castellanorum expedicione”.
Não conseguimos determinar com segurança se o «pacto sucessório» procurou antecipar ou se se seguiu a esta nomeação formal de D. Sancho como sucessor ao reino de Leão e Castela. Não se pode descartar a possibilidade de que este facto, associado a uma crescente importância política do conde D. Henrique, derivada da sua presença continuada na corte (como se pode depreender do documento referido na nota nº 43), possa estar na origem de uma reação tardia do conde D. Raimundo, que o levaria a incorrer numa traição ao rei Afonso VI quando considerou que já não havia outra saída. Neste caso, poderíamos encaixar o pacto entre maio e setembro de 1107, mês em que veio a falecer Raimundo. Seja como for, o que é relevante constatar é que os condes acordaram entre si não perturbar o status quo, deixando tacitamente a resolução do conflito para depois da morte de Afonso VI, como se depreende do compromisso assumido por ambos no texto do pacto: “Iuro etiam quod post obitum Regis IL[defonsi]” (ESTEFÂNIO, Abel – “Proposta de aclaração do ‘pacto sucessório’ à luz de novos dados”. Medievalista [Em linha]. Nº 16 (Julho-Dezembro 2014, p. 28).
HERRERO DE LA FUENTE, Marta (ed.) – op. cit., docs. 1153, 1154, 1156 e 1157, respetivamente.
SALAZAR Y ACHA, Jaime de – “Contribuición al estudio del reinado de Alfonso VI de Castilla: Algunas aclaraciones sobre su política matrimonial”. in Anales de la Real Academia Matritense de Heráldica y Genealogía. Madrid. 2 (1992-93), p. 228.
Uma notícia obituária da Abadia de Saint-Bénigne de Dijon regista a morte do conde Raimundo no dia 20 de setembro de 1107 (conforme AMARAL, Luís Carlos e BARROCA, Mário Jorge – op. cit., p. 50). Segundo a História Compostelana “el católico rey don alfonso, quien había venido para verle en sua enfermidad, ya que le distinguia com el privilegio de un afecto especial” (tradução em castelhano de FALQUE REY, Emma (ed.) – Historia Compostelana. Madrid: Ediciones Akal, 1994, p. 122). Uma opinião contrária sobre a natureza da relação entre o rei Afonso VI e o conde D. Raimundo é apresentada pelo arcebispo de Toledo Rodrigo Jiménez de Rada, em De Rebus Hispaniae, assinalando sobre o rei Afonso VI “que Raimundo de Borgoña nunca le había agradado” (tradução do latim de RODRÍGUEZ LÓPEZ, Ana – “Sucesión regia y legitimidad política en Castilla en los siglos XII y XIII. Algunas consideraciones sobre el relato de las crónicas latinas castellano-leonesas”. in ALFONSO, Isabel, ESCALONA, Julio y MARTIN, Georges (eds.) – Lucha política: condena y legitimación en las sociedades medievales. Lyon: École Normale Supérieure, 2004, p. 37). Sobre a possibilidade de ter havido um verdadeiro enfrentamento entre o monarca e o conde D. Raimundo, remontando a 1095, de que resultaria a separação da terra portucalense da Galiza e a sua entrega a D. Henrique, veja-se AMARAL, Luís Carlos e BARROCA, Mário Jorge – op. cit., pp. 116-119.
Entre outubro e dezembro de 1107 realizou-se uma assembleia magna em Leão (GAMBRA, Andrès – op. cit., I, p. 549). O rei leonês estipula que o seu neto Afonso Raimundes ficaria com a Galiza se a sua mãe voltasse a casar: “nepoti meo, proculdubio famulatures exhibeo, et totam ei Gallaetiam concedo, si ejus mater Urraca virum ducere voluerit” (FLÓREZ, Enrique (ed.) - Historia Compostellana, in España Sagrada. Madrid, 1765, vol. 20, pp. 95-96). O ato foi presenciado pelo arcebispo Guido de Vienne (em França), irmão de D. Raimundo, que em 1119 se tornaria no Papa Calixto II. É provável que ele tenha sido convocado para ajudar a proteger os interesses do seu sobrinho.
Sobre o estado de saúde de Afonso VI e a última das suas esposas, de nome Beatriz, consulte-se GAMBRA, Andrès – op. cit., I, pp. 476-477.
HERRERO DE LA FUENTE, Marta (ed.) – op. cit., docs. 1160 e 1162, respetivamente.
AMARAL, Luís Carlos e BARROCA, Mário Jorge – op. cit., p. 161.
AZEVEDO, Rui de (ed.) – op. cit., t. I, docs. 12 e 13, respetivamente. Note-se que a existência de onze documentos leoneses entre 7 de novembro de 1106 e 31 de março de 1108, inviabiliza que o conde D. Henrique pudesse ter estado em Portugal entre Agosto de 1106 e o fim de Março de 1108, como supôs o Professor José Mattoso nos itinerários que traçou do conde, certamente por não dispor então das fontes impressas leonesas por nós citadas (MATTOSO, José – História de Portugal. Vol. 2 – A monarquia feudal (1096-1480). Coordenação de José Mattoso. Lisboa: Círculo de Leitores, 2003, p. 43).
HERRERO DE LA FUENTE, Marta (ed.) – op. cit., docs. 1163 e 1167, respetivamente.
A Primera crónica anónima de Sahagún refere que D. Henrique, poucos dias antes de morrer Afonso VI “non se por que, entrebeniente discordia e sanna, se partió ayrado del rrei” (PUYOL Y ALONSO, Julio (ed.) – Las crónicas anónimas de Sahagún: nueva edición conforme un ms. del siglo XVI. Madrid, 1920, p. 41). Este passo do texto tem merecido uma particular atenção dos historiadores. Desde BARRILARO RUAS, Henrique (“Se partio ayrado del rrei”. separata da Revista Portuguesa de História, tomo IV. Coimbra, 1955, pp. 5-7) tem havido algum consenso em torno de uma interpretação que considera que o conde D. Henrique foi expulso da corte com a ira de Afonso VI. Todavia, merece a pena registar aqui a interpretação recente deste passo por MONTENEGRO, Julia (“Enrique de Borgoña en la Primera crónica anónima de Sahagún”. in e-Spania [Online]. 19 | octobre 2014, posto online no dia 13 Outubro 2014, consultado em 21 Fevereiro 2015. URL : http://e-spania.revues.org/23881; DOI: 10.4000/e-spania.23881, parágrafo 3) que relança a discussão do assunto: “Se ha venido interpretando que el magnate borgoñón había incurrido en la ira regia. Creo, sin embargo, que lo que dice el cronista es sencillamente que don Enrique abandonó la corte enfadado con el rey; razones no le faltaban para ello”.
Para uma análise das diferentes fontes sobre a data em que morreu Afonso VI, consultar VIDAL ENCINAS, Julio M. e PRADA MARCOS, María Encina – “El monasterio y panteón de Alfonso VI en Sahagún: Aspectos históricos y arqueo-antropológicos”. in ESTEPA DIEZ, Carlos, FERNÁNDEZ GONZÁLEZ, Etelvina e RIVERA BLANCO, Javier (ed.) – Congreso internacional ‘Alfonso VI y su legado’. León: Diputación Provincial de León / Instituto Leonés de Cultura, 2012, pp. 243-244.
DAVID, Pierre (ed.) – Annales Portucalenses Veteres. in Études Historiques sur la Galice et le Portugal du VIe au XIIe siècle. Lisboa-Paris: Livraria Portugália Editora, Société d’Édition Les Belles Lettres, 1947, p. 301: “Era 1147 mense iulio item capta fuit Sintria a comite D. Henrico genero Domni Alphonsi regis marito filie sue regine D. Tarasie; audientes enim Sarraceni mortem regis D. Alphonsi ceperunt rebellare”. Este texto deve ter sido mal transcrito ou mal datado, de acordo com a opinião expressa por MATTOSO, José (D. Afonso Henriques. Lisboa: Temas e Debates, 2007, p. 32, nota 1). Segundo a Saga de Sigurd, o Cruzado, e de seus irmãos Eystein e Olaf, o castelo de Sintra foi conquistado pelos noruegueses aos muçulmanos em 1109, podendo o conde D. Henrique ter recebido o senhorio da vila, sem que tal implicasse a sua presença física na região (conforme BARROCA, Mário Jorge – “Da Reconquista a D. Dinis”. in MATTOSO, José (coord) – Nova história militar de Portugal. Vol. 1. Lisboa: Círculo de Leitores, 2003, pp. 35-36). No mesmo ano, os defensores do castelo de Sintra revoltar-se-iam contra o domínio do conde D. Henrique, colocando-se do lado dos almorávidas que dominavam Lisboa.
RODRIGUES, Manuel Augusto; COSTA, Avelino de Jesus da; VELOSO, Maria Teresa Nobre (eds.) – Livro Preto, cartulário da Sé de Coimbra. Coimbra: Arquivo da Universidade de Coimbra, 1999, doc. 59 e AZEVEDO, Rui de (ed.) – op. cit., t. I, doc. 15, sendo a primeira referência relativa à outorga realizada em Viseu e a segunda à outorga realizada em Coimbra.
A tese do local de nascimento em Viseu desenvolve-se em torno da consideração demasiado simplista de uma “única fonte da idade de D. Afonso Henriques – dois para três anos, quando o pai morreu, o que sucedeu de Abril para Maio de 1112” (FERNANDES, A. de Almeida – Viseu, Agosto de 1109, nasce D. Afonso Henriques. Viseu: SACRE/Fundação Mariana Seixas, 2007, p. 10), não procedendo, portanto, a qualquer avaliação crítica comparativa com as outras fontes, o que se justificaria por serem contraditórias entre si.
RUIZ ALBI, Irene – La reina doña Urraca (1109-1126). Cancillería y colección diplomática. León: Centro de Estudios e Investigación «San Isidoro» / Caja España de Inversiones / Archivo Histórico Diocesano, 2003, doc. 1: “ego, Urraka, Dei nutu totius Yspanie Regina”.
SALVADOR MARTINEZ, H. (“Emperador de sueños”, in ESTEPA DIEZ, Carlos, FERNÁNDEZ GONZÁLEZ, Etelvina e RIVERA BLANCO, Javier (ed.) – Congreso internacional ‘Alfonso VI y su legado’. León: Diputacion Provincial de León / Instituto Leonês de Cultura, 2012, p. 135, nota 17) constata que segundo a Crónica de don Pelayo o enterro teve lugar em 21 de julho e que o Anónimo I de Sahagún refere o dia 12 de agosto (“duodécimo día de agosto”), optando por preferir esta última data, por admitir que o monge do mosteiro de Sahagún onde Afonso VI foi sepultado e testemunha ocular dos acontecimentos estaria melhor informado. Não nos devemos esquecer, contudo, que só conhecemos o seu texto por uma versão tardia em língua castelhana. Admito que possa ter havido uma deficiente transmissão da data e que no original latino perdido estivesse “XII kalendas augusti”, que não é nada mais nada menos que o dia 21 de julho registado por D. Paio de Oviedo. Se o Autor Anónimo tivesse pretendido indicar o dia 12 de agosto teria utilizado “II idus augusti”, em consonância com o que fez para indicar o dia 9 de julho em que o corpo de Afonso VI foi levado de Toledo para Sahagún, onde deve ter mencionado “VII idus iulii” (“sétimo de los idus de julio” na versão castelhana que conhecemos).
O trajeto de Sahagún para Viseu, passando por Leão, Astorga, Bragança, Alfândega da Fé, Penedono, Sernancelhe e Sátão, totaliza cerca de 434 km (cálculo efetuado com a ajuda do Google Maps, para um percurso a pé, em que nos baseamos, com algumas alterações de pormenor, no trajeto mais rápido entre Viseu e a capital do reino leonês, proposto por REAL, Manuel (“Mosteiro de Fráguas no contexto do pré-românico da Beira Interior (Portugal)”. in Muçulmanos e Cristãos entre o Tejo e o Douro (Sécs. VIII a XIII). Palmela: Câmara Municipal de Palmela / Faculdade de Letras da Universidade do Porto, 2005, p. 278). Como entre o documento de Sahagún e o de Viseu decorreram sete dias, implica uma média diária de 62 km. Num percurso alternativo desde Sahagún, passando por Zamora, Miranda do Douro, Torre de Moncorvo e entroncando no percurso definido anteriormente em Sernancelhe com destino a Viseu, rondaria os 384 km, de que resultaria uma progressão média diária de 55 Km. Nos mesmos sete dias, refere o cronista árabe Ibn Al-Sabbat ser o tempo necessário para percorrer os 320 km que separam Toledo de Córdova, à razão de 46 km diários. Os mesmos dias que são necessários para ir de Toledo a León, segundo o geografo árabe Al-Idrisi, separadas entre si por quase 400 km, o que estabelece etapas de quase 57 km diários (conforme VIDAL ENCINAS, Julio M. e PRADA MARCOS, Mª Encina – op. cit., p. 246).
Creio que deste modo é possível justificar o motivo da comparência das testemunhas de Viseu na validação do documento de Coimbra, que tinha deixado perplexo AZEVEDO, Rui de (ed.) – op. cit., t. I, p. XLIII.
A Historia Compostelana refere que, em consequência, D. Bernardo foi expulso da Sé de Toledo pelo rei de Aragão pelo espaço de dois anos (Archiepiscopum … per biennium absentavit) (conforme HERCULANO, Alexandre – História de Portugal desde o começo da monarquia até ao fim do reinado de Afonso III. Prefácio e notas críticas de José Mattoso. Tomo I. Lisboa: Bertrand, 1989, p. 631 e FLÓREZ, Henrique (ed.) – Historia Compostellana, op. cit., p. 116).
Embora o conde Pedro Froilaz tenha sido criado na corte de Afonso VI, tinha lá uma posição secundária, o que pode ter constituído um fator determinante para o levar a situar-se na dependência do conde D. Raimundo. A sua presença continuada como confirmante de diplomas do conde borgonhês entre 1095 e 1107 põe de manifesto a sua fidelidade, o que não deixou de lhe proporcionar vantagens significativas, tornando-se um grande proprietário de terras da Galiza (conforme BARÓN FARALDO, Andrés – “Magnates y "nobiles" en la curia del conde Raimundo de Borgoña. "Totius gallecie princeps" (ca. 1091-1107)”. in Estudios mindonienses: Anuario de estudios histórico-teológicos de la diócesis de Mondoñedo-Ferrol, 27 (2001), pp. 531-574). Sabemos também que foi encarregado de educar Afonso Raimundes e que a sua instância e do prelado compostelano Diogo Gelmires o infante foi coroado rei na catedral de Santiago de Compostela, no dia 17 de setembro de 1111 (AMARAL, Luís Carlos e BARROCA, Mário Jorge – op. cit., pp. 68 e 165). Não nos parece impossível que o conde de Trava tivesse conhecimento dos termos do «pacto sucessório», no qual Raimundo admitia a possibilidade de entregar a Galiza a Henrique em troca do seu apoio na sucessão ao reino de Leão e Castela e que, pela morte dos dois signatários, assumisse o papel de fiel executor do pacto, defendendo os direitos do infante ao trono, o que o levou em determinadas ocasiões a guerrear D. Urraca. Assim se poderá compreender melhor que tenha apoiado D. Teresa na reconstrução do reino da Galiza a partir de 1117, ao mesmo tempo que procurou retirar vantagens pessoais pela integração dos seus filhos na linhagem condal, e tenha prestado obediência a Afonso VII depois da sua aclamação como rei de Leão e Castela, em fins de março de 1126, na sequência da morte da mãe (Ibidem, pp. 68 e 221-223).
Sigo a opinião expressa por FLETCHER, Richard A. – The Episcopate in the Kingdom of León in the Twelfth Century. Oxford: Oxford University Press, 1978, p. 16.
Note-se que esta intitulação, assim como o grosso do texto do documento, teve por modelo a escritura de doação do Mosteiro de São Vicente da Vacariça à Sé de Coimbra, realizada pelo conde D. Raimundo e sua mulher, a infanta D. Urraca, em 13 de novembro de 1094, que foi elaborada pelo então notário e posteriormente arcebispo de Santiago de Compostela Diogo Gelmires (Portugaliae Monumenta Historica, Diplomata et Chartae. Lisboa: Academia das Ciências de Lisboa, 1873, vol. I, doc. 813). Ao fazer uso das mesmas expressões, o conde D. Henrique procuraria mimetizar o mesmo poder de que o seu falecido primo se tinha investido.
A sugestiva expressão foi adotada por MATTOSO, José – “A primeira tarde portuguesa”. in Revista de Guimarães, 88 (1978), pp. 159-186.
Sobre o contexto histórico em que D. Teresa começou a utilizar o título de rainha, consulte-se AMARAL, Luís Carlos e BARROCA, Mário Jorge – op. cit., pp. 193-194.
Sobre a aclamação de Afonso Henriques, veja-se MATTOSO, José – D. Afonso Henriques, pp. 167-170.
Em 23 de maio de 1179 o papa Alexandre III reconheceu Afonso Henriques como rei (Ibidem, pp. 359-362).
AZEVEDO, Rui de (ed.) – op. cit., t. I, tendo os docs. 16 (10 de dezembro de 1109?), 22 (29 de outubro de 1110 (?)) e 23 (9 de novembro de 1110 (?)) e 30 (12 de abril de 1112) como destinatário a Sé de Braga e os docs. 17 (25 de março de 1110), 19 (21 de julho de 1110), 20 (24 de julho de 1110), 21 (agosto de 1110) os outros destinatários acima nomeados, respetivamente. Atente-se, todavia, que os docs. 20, 22 e 23 foram outorgados apenas por D. Teresa. De acordo com AMARAL, Luís Carlos e BARROCA, Mário Jorge (op. cit., p. 43), o conde D. Henrique participou, em 24 de janeiro de 1110, na Batalha de Valtierra (junto a Tudela) ao lado do exército de Afonso I de Aragão, em que foi derrotado o rei da taifa de Saragoça, al-Mustain I. Tendo regressado ao Condado Portucalense em março, ausentar-se-ia novamente em julho do mesmo ano. Em outubro surgiria ao lado de Afonso I de Aragão na Batalha de Candespina (Segóvia, 26 de outubro de 1110), na qual alcançaram uma significativa vitória sobre D. Urraca (Ibidem, p. 149).
AZEVEDO, Rui de (ed.) – op. cit., t. I, docs. 24 (9 de maio de 1111), 25 (26 de maio de 1111) e 26 (junho de 1111).
Ibidem, doc. 14 ([1109-1112]). Note-se que Almeida Fernandes presumiu que o foral de Azurara foi concedido a 5 de agosto de 1109, o mesmo dia em que considerou ter nascido Afonso Henriques em Viseu. Seria esse o motivo do impedimento do conde D. Henrique e de D. Teresa que, por um hipotético compromisso que não poderia ser adiado, os teria levado a enviar, em sua substituição, uma delegação a Mangualde para a sua concessão (FERNANDES, A. de Almeida – op. cit., p. 128). Ora, como os dois acontecimentos são de data incerta, um não serve para validar o outro. Num estudo que vai ser publicado brevemente na Revista Beira Alta, avalio a possibilidade de o foral de Azurara ter sido concedido pouco tempo depois do foral do Sátão, outorgado a 9 de Maio de 1111. O bispo de Coimbra, Gonçalo Pais, que foi confirmante no foral do Sátão, não se encontra na lista dos confirmantes do foral de Coimbra, outorgado a 26 de Maio de 1111, mas aparece no papel de notário do foral de Azurara. Admito que a revolta da comunidade moçárabe de Coimbra possa ter justificado que essa função tenha sido executada excecionalmente por um bispo, que assim era afastado do centro da discórdia em que estava envolvido. O conde D. Henrique seguiria diretamente para Coimbra para apaziguar os ânimos exaltados na cidade, enquanto uma delegação sua receberia o juramento de fidelidade dos moradores de Azurara. No mês seguinte, o bispo e dois magnates que o tinham acompanhado a Azurara estão novamente com o conde na outorga do foral a Soure. Deste modo, é possível que o foral de Azurara tenha sido outorgado entre maio e junho de 1111 (conforme ESTEFÂNIO, Abel – “Os Forais condais de Mangualde e os seus problemas de datação cronológica”. in Revista Beira Alta, 74 (2015), no prelo).
AZEVEDO, Rui de (ed.) – op. cit., t. II, doc. 16bis ([1110, 1111]).
AZEVEDO, Rui de (ed.) – op. cit., t. I, doc. 27 (27 de fevereiro de [1112]). Numa reavaliação posterior, o diplomatista alterou a data crítica do foral de Tavares para [1111,1112], excluindo justamente o dia 27 de fevereiro de 1112, por ter constatado que, de acordo com o doc. 28, o conde D. Henrique estava em Astorga a 1 de março de 1112 (AZEVEDO, Rui de (ed.) – op. cit., t. II, nota VIII, pp. 568-569).
Ibidem, docs. 28 (1 de março de 1112) e 29 (27 de março de 1112), respetivamente.
ESCALONA, Romualdo – Historia del Real Monasterio de Sahagún. Madrid, 1782, p. 509 e FERNÁNDEZ FLÓREZ, José Antonio (ed.) – Coleccion Diplomática del Monasterio de Sahagún (857-1230), T. IV (1110-1199). León: Centro de Estudios e Investigación «San Isidoro» (CSIC-CECEL), Caja España de Inversiones, Archivo Histórico Diocesano, 1991, doc. 1180.
AZEVEDO, Rui de (ed.) – Documentos Medievais Portugueses, Documentos Particulares. Vol. III - A-D. 1101-1115. Lisboa: Academia Portuguesa de História, Lisboa, 1940, doc. 369 (25 de dezembro de 1110).
RUIZ ALBI, Irene – op. cit., doc. 18 (7 de janeiro de 1111).
BARRILARO RUAS, H. – “Henrique, conde D.”. in SERRÃO, Joel (dir.) - Dicionário da História de Portugal. Vol. III. Porto: Livraria Figueirinha, 1971, p. 195.
Para além das fontes documentais, a presença de D. Teresa em Coimbra é ainda atestada pela Primeira crónica anónima de Sahagún, após a batalha de Candespina que ocorreu perto de Sepúlveda, no dia 26 de Outubro de 1110: “E estando nisto, D. Teresa, mulher do conde Henrique, filha do rei D. Afonso [VI], que tinha ficado em Coimbra, veio ter com ele” (conforme tradução para português recolhida em AMARAL, Luís Carlos e BARROCA, Mário Jorge – op. cit., pp. 317-318). Note-se que SOARES, Torquato de Sousa (“Afonso I, D.”, in SERRÃO, Joel (dir.) – Dicionário de História de Portugal. Vol. I. Lisboa: Iniciativas Editoriais, 1975, p. 36) considerou, todavia, o nascimento de D. Afonso Henriques na alcáçova de Coimbra em finais de 1108 ou num dos primeiros meses de 1109, o que carece de suporte documental, quer quanto ao ano, quer quanto ao local. A sua proposta baseia-se apenas no facto de considerar Coimbra como o centro urbano mais importante do Condado Portucalense.
Não foram incluídos nesta análise os documentos em que o conde D. Henrique aparece apenas referido, por não acrescentarem qualquer valor para o estudo do seu itinerário.
A localidade de contexto dos documentos foi atribuída tendo em atenção o espaço geográfico nomeado no texto e a coleção onde se encontram inseridos.
O reino de outorga dos documentos é atribuído com elevado grau de probabilidade, se não mesmo certeza, atendendo à localidade de contexto. Excetuam-se os quatro documentos condais em que, pela proximidade temporal com documentos leoneses, nos parece improvável ou mesmo impossível que tivessem sido outorgados no Condado Portucalense. Estes casos estão assinalados pela colocação do reino de outorga estimado entre parênteses retos.
Esta faceta cortesã do conde D. Henrique afasta-se da imagem tradicional que via os seus itinerários sempre relacionados com a guerra e os problemas da defesa do território, como se encontra no exposto por SOARES, Torquato de Sousa (“O governo de Conde Henrique de Borgonha”. in Revista Portuguesa de História, 14 (1975), p. 375, nota 30).
AZEVEDO, Rui de (ed.) – Documentos Medievais Portugueses, Documentos Régios, t. I, doc. 2: “Raimundus Comes eiusque filius”. “…& ejus filius, qui adhuc trienii tempus nequaquam expleverat” (FLÓREZ, Henrique (ed.) – Historia Compostellana, op. cit., p. 95).
BLÖCKER-WALTER, Monica – Annales D. Alfonsi Portugallensium Regis, in Alfons I von Portugal. Studien zu Geschichte und Sage der Begrunders der portugiesichen Unbhangigkeiten. Zurich: Fretz und Wasmuth Verlag, 1966, p. 152: “Siquidem mortuo patre suo comite D. Henrico, cum adhuc ipse puer esset duorum aut trium annorum”.
CASSOTI, Marsilio – D. Teresa. A primeira rainha de Portugal. Lisboa: A Esfera dos Livros, 2008, pp. 103-104.
GARCIA, Charles – “Itinérance de la cour et attaches sédentaires sous Alphonse VI et Urraque Ier”. in e-Spania [em linha], 8 de dezembro de 2009, colocado em linha a 21 de fevereiro de 2010. Disponível em: http://e-spania.revues.org/index18692.html.
AZEVEDO, Rui de (ed.) – op. cit., t. I, doc. 55 (2 de janeiro de 1121), no qual D. Teresa doou um campo situado “in uilla de Vimaranis et iacet iusta palacium nostrum regale” e doc. 72 (outubro de 1125), que regista a sua execução “in illo palatio de Viseo”, respetivamente.
CALADO, Adelino de Almeida (ed.) – Crónica de Portugal de 1419. Aveiro: Universidade de Aveiro, 1998, p. 6.
LEÃO, Duarte Nunes de – Primeira parte das chronicas dos reis de Portugal. Lisboa: Pedro Crasbeeck, 1600, f. 12v-13.
BRITO, Maria Fernanda Constante de – “«Memórias Ressuscitadas da Antiga Guimarães», pelo Padre Torquato Peixoto de Azevedo. Achegas para um estudo comparativo das três versões desta obra”, in Actas do Congresso Histórico de Guimarães e sua Colegiada. Vol. III, Comunicações. Guimarães: Congresso Histórico de Guimarães, 1981, p. 462.
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