Actividade Científica do GEsOS em 2021
Notas da redacção
Universidade Nova de Lisboa, Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, Instituto de Estudos Medievais, 1099-032 Lisboa, Portugal. Gabinete de Estudos sobre a Ordem de Santiago – Município de Palmela, 2954-001 Palmela, Portugal . Universidade de Évora, Centro Interdisciplinar de História, Culturas e Sociedades, 7000-849 Évora, Portugal. isacrisff.ed@gmail.com. https://orcid.org/0000-0003-0725-7768
Data recepção do artigo / Received for publication: 8 de Dezembro de 2021
Texto integral
1O GEsOS - Gabinete de Estudos sobre a Ordem de Santiago, do Município de Palmela, foi criado em 1997 e passou a funcionar em instalações próprias, no castelo de Palmela, desde 2001. Nas suas finalidades inclui a promoção da investigação historiográfica na área dessas Ordens, a divulgação do património histórico, documental, arqueológico e edificado das Ordens Militares e a publicação de estudos nesta área. No âmbito temático da sua ação integra ainda a arquitectura militar, que não apenas a relacionada com as Ordens Militares.
2Depois do difícil ano de 2020, em contexto pandémico, o GEsOS apostou, em 2021, na retoma da atividade com privilégio do reencontro presencial, que sempre considerou determinante para um bom clima de comunicação. Assim, calendarizou e concretizou uma série de iniciativas que, na sua maioria, se concentraram no outono de 2021.
3A primeira delas, a que rompeu o ciclo de enclausuramento e de opções on-line, foi o 17.º Curso sobre Ordens Militares, intitulado Casas das Ordens Militares, com coordenação científica de Luís Filipe Oliveira, que se desenvolveu em 22 e 23 de maio, em parceria com o Instituto de Estudos Medievais da Universidade Nova de Lisboa. O tema deste curso centrou-se na análise das casas das comendas das Ordens, num propósito iniciado num outro curso, em 2014, que incidiu sobre as comendas urbanas e cujos textos foram publicados (Edições Colibri, 2016). Neste 17.º Curso estudaram-se aspectos da organização e gestão das casas e comendas, as redes que estabeleciam, os recrutamentos que faziam em meio urbano, os cultos que nelas se promoviam, os negócios e as explorações que dinamizavam e que proporcionavam às Ordens os necessários proventos.
4Luís Oliveira abriu o curso com uma reflexão sobre a relevância de conhecer melhor essas casas, sobretudo ao nível da sua organização e gestão, do relacionamento com as elites locais, do seu envolvimento no quotidiano económico e social urbano. Paula Pinto Costa reflectiu sobre O património edificado de Leça do Balio, Saúl Gomes falou das Comendas das Ordens Militares em Coimbra, Mário Viana abordou O património urbano e rural das Ordens Militares em Santarém nos séculos XII-XIV e coube a Mário Farelo tratar das Ordens Militares na Lisboa medieval. As casas e comendas a sul do Tejo foram analisadas por Rui Mesquita Mendes, que dissertou sobre A Ordem de Santiago em Almada, por José Manuel Vargas, sobre A importância local das comendas de Alhos Vedros, Aldeia Galega e Alcochete e por Joaquim Serra, sobre o Património urbano das Ordens Militares na Évora Tardo Medieval.
5As sessões teóricas terminaram com o lançamento da obra das Edições Colibri “As Origens da Ordem de Santiago em Portugal”, da autoria do historiador Mário Cunha.
6O segundo dia foi dedicado a uma visita de estudo ao património arquitectónico e artístico de Alcochete e de Alhos Vedros (Moita) relacionado com a Ordem de Santiago.
7Em 10 e 11 de setembro de 2021 foi a vez de, em parceria com a AIHM - Associação Ibérica de História Militar (Séculos IV-XVI), organizar e realizar um colóquio sobre o tema Recrutamento e Organização Militares na Península Ibérica (séculos IV-XVI).
8A Associação Ibérica de História Militar foi criada em 2015 e tem sido dirigida pelos professores João Gouveia Monteiro (Universidade de Coimbra) e Francisco García Fitz (Universidade de Extremadura), apresentando como principais objetivos: promover estudos de história militar entre os séculos IV a XVI, em especial da Península Ibérica; organizar reuniões científicas sobre esta temática; estimular projetos de investigação e publicações conjuntas e colaborar com outras associações congéneres, nacionais ou estrangeiras. O colóquio reuniu um grupo significativo de comunicantes, na sua maioria jovens, que partilharam com os assistentes as novidades das suas pesquisas e proporcionaram interessantes debates. Contou com uma abordagem à organização e administração militares na “Spania Bizantina” (Gustavo Gonçalves), estudos de caso para Valencia, sécs. XIII-XV (Pablo Sanahuja Ferrer) e para a região de Ribacoa, séculos XII-XIII (Carlos Afonso). Foram tratados aspectos da mobilização militar nos concelhos alentejanos no reinado de D. João I (João Rafael Nisa) e, mais especificamente, a mobilização portuguesa e castelhano-leonesa para a batalha de Aljubarrota (José Luís Costa Hernandéz). A cadeia de comando nas frotas do Portugal medieval foi analisada por Elise Cardoso. Os finais da Idade Média foram contemplados com quatro intervenções: O corpo dos espingardeiros em Portugal, no século XV, por Pedro Sebastião; De armas vestidos: as guarnições portuguesas no Magrebe nos finais da Idade Média, por António Martins Costa; Mouriscos e Mouros de Pazes na organização militar portuguesa no Norte de África, c. 1459-1518, por Paulo Dias; Arcabuceros en la conquista de México, 1519-1521, por Dario Testi.
9A conferência de encerramento ficou a cargo do presidente da direção da AIHM, João Gouveia Monteiro. Sob o título O Recrutamento para a Guerra no Portugal medieval. Certezas e Interrogações, expôs o ponto de situação da investigação nesta temática e delineou caminhos a percorrer, especificando as áreas para as quais, na sua perspectiva, será importante direccionar a pesquisa.
10O evento integrou ainda a apresentação do estudo vencedor da III edição do Prémio Jovens Investigadores (prémio instituído pela AIHM e patrocinado pelo Banco Santander) – “Estrategia y Táctica Militar en la Castilla del siglo XV, 1407-1492”, da autoria de Ekaitz Etxeberría Gallastegi, doutorado em História pela Universidad del País Vasco. Compreendeu ainda a apresentação de três livros: duas obras colectivas, publicadas pela editora La Ergástula: “Fechos de Armas. 15 hitos bélicos del Medievo Ibérico (siglos XI-XVI)” e “De Fusta e de Fierro. Armamento Medieval Cristiano en la Península Ibérica (SS. XI-XVI)”, o primeiro coordenado por Martín Alvira Cabrer e o segundo por este mesmo investigador e por Miguel Gomes Martins; a obra Recrutamento no exército português. Do Condado Portucalense ao Século XXI, coordenada por Luís Barroso e Carlos Filipe Afonso, uma edição Fronteira do Caos e Comando do Pessoal do Exército.
11O colóquio terminou, na tarde do segundo dia, com uma visita de estudo ao Castelo de S. Jorge, orientada pela directora do monumento, Maria Antónia Amaral.
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Fig. 2 – Sessão de trabalhos do colóquio Recrutamento e Organização Militares na Península Ibérica (séculos IV-XVI). Foto Paulo Alexandre – CMP.
13Um mês depois, a 9 e 10 de outubro, no âmbito do Dia Nacional dos Castelos, o GEsOS levou a efeito o curso Castelos e Muralhas Urbanas no Portugal Medieval, dirigido por Luísa Trindade, da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra.
14A atratividade do tema “castelos medievais” levou a Palmela cerca de oito dezenas de participantes. No primeiro dia de sessões aprenderam mais sobre a defesa das cidades nesse período, a evolução das suas muralhas e castelos, as suas múltiplas funcionalidades, a relação intra e extra-muros, os casos de Porto, Lisboa e Évora e ainda o restauro destas estruturas no séc. XX e a forma como as conhecemos e usamos hoje. O segundo dia compreendeu uma visita de estudo, também orientada por Luísa Trindade, aos castelos de Pombal, da Lousã e de Montemor-o-Velho.
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Fig. 3 – Sessão do curso Castelos e Muralhas Urbanas no Portugal Medieval. Foto Paulo Alexandre – CMP.
16A 30 de outubro, em colaboração com a Mostra Espanha 2021 (Ministério da Cultura de Espanha), o GEsOS co-organizou em Palmela três eventos centrados no tema do Caminho de Santiago. O primeiro foi o Colóquio Espanha, Portugal e o Caminho de Santiago. Caminhos do Caminho, coordenado por Feliciano Novoa Portela e pela subscritora desta notícia.
17O Mito de Santiago, por Feliciano Novoa e O Norte Peninsular ao Tempo da Descoberta do Túmulo de Santiago, por Paulo Almeida Fernandes, proporcionaram o enquadramento histórico e lendário das origens do culto a São Tiago e da peregrinação compostelana. José António Falcão, com uma comunicação intitulada Peregrinatio ad limina: Dinâmicas, Motivações, Tipologias, dirigiu a atenção para a dimensão do sagrado, dos rituais e da imagem nas peregrinações de diversas religiões, para deter-se depois na análise das práticas cristãs neste domínio. A aproximação pela via da história da arte foi protagonizada por Carla Varela Fernandes, que através da intervenção Com Bordão ou com Espada. Representar Santiago em Portugal na Idade Média forneceu a sua leitura da imaginária relacionada com o santo.
18O Caminho para a Música, por Manuel Pedro Ferreira, conduziu os assistentes numa viagem pela música que se tocava e escutava nos contextos medievos do Caminho e Viriato Soromenho Marques, em Um Caminho para a Natureza, dissertou sobre e relação entre o peregrino e a natureza, a remeter para uma mensagem ecológica.
19O formato do colóquio foi definido com dois momentos de debate: um primeiro, de cariz filósófico, entre um pensador de pendor racionalista, João Zilhão e uma mística, amante do sufismo, Mardía Herrero; um segundo, pensado para a troca de opiniões no âmbito da trilogia Turismo, Religião e Cultura, em ano Jacobeu, e que teve como intervenientes Teresa Ferreira, do Turismo de Portugal e Cecília Pereira, comissária do Xacobeo 2021/22. O colóquio foi seguido por dois eventos no Castelo de Palmela - Igreja de Santiago: a inauguração da exposição de pintura de Alicia Aradilla “O Caminho Ilustrado”, patrocinada pela AFundación (ABanca) e o concerto de guitarra “Lorca Peregrino”, por Samuel Diz, com a participação do tenor Jonatan Alvarado.
Fig. 5 – Sessão do Colóquio Espanha, Portugal e o Caminho de Santiago. Caminhos do Caminho. Foto Paulo Alexandre – CMP.
20A edição dos textos apresentados no VIII Encontro sobre Ordens Militares – Ordens Militares, Identidade e Mudança –, realizado em junho de 2019, completa o conjunto de realizações do GEsOS em 2021.
Índice das ilustrações
Legenda | Fig. 1 – Cartaz do 17.º Curso sobre Ordens Militares. |
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URL | http://0-journals-openedition-org.catalogue.libraries.london.ac.uk/medievalista/docannexe/image/5224/img-1.jpg |
Ficheiro | image/jpeg, 724k |
Legenda | Fig. 2 – Sessão de trabalhos do colóquio Recrutamento e Organização Militares na Península Ibérica (séculos IV-XVI). Foto Paulo Alexandre – CMP. |
URL | http://0-journals-openedition-org.catalogue.libraries.london.ac.uk/medievalista/docannexe/image/5224/img-2.jpg |
Ficheiro | image/jpeg, 776k |
Legenda | Fig. 3 – Sessão do curso Castelos e Muralhas Urbanas no Portugal Medieval. Foto Paulo Alexandre – CMP. |
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Ficheiro | image/jpeg, 28k |
Legenda | Fig. 4 – Cartaz do Colóquio Espanha, Portugal e o Caminho de Santiago. Caminhos do Caminho. |
URL | http://0-journals-openedition-org.catalogue.libraries.london.ac.uk/medievalista/docannexe/image/5224/img-4.jpg |
Ficheiro | image/jpeg, 44k |
Legenda | Fig. 5 – Sessão do Colóquio Espanha, Portugal e o Caminho de Santiago. Caminhos do Caminho. Foto Paulo Alexandre – CMP. |
URL | http://0-journals-openedition-org.catalogue.libraries.london.ac.uk/medievalista/docannexe/image/5224/img-5.jpg |
Ficheiro | image/jpeg, 4,9M |
Para citar este artigo
Referência eletrónica
Isabel Cristina Fernandes, «Actividade Científica do GEsOS em 2021», Medievalista [Online], 31 | 2022, posto online no dia 01 janeiro 2022, consultado o 18 janeiro 2025. URL: http://0-journals-openedition-org.catalogue.libraries.london.ac.uk/medievalista/5224; DOI: https://0-doi-org.catalogue.libraries.london.ac.uk/10.4000/medievalista.5224
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