1A iniciativa “Using the Past. The Middle Ages in the Spotlight” resultou da colaboração institucional estabelecida entre o Mosteiro de Santa Maria da Vitória da Batalha, várias unidades de investigação de universidades portuguesas (IEM, IHC, IELT e CHAM, da NOVA FCSH; o CH-FL da Universidade de Lisboa, o CSHC da Universidade de Coimbra), e três universidades estrangeiras (ITEM-Universidad Complutense de Madrid, EHESS de Paris e Universidade de Lincoln).

2A iniciativa nasceu com dois objetivos claros: por um lado, criar um fórum de discussão para todos aqueles investigadores interessados nos usos do passado medieval e, por outro lado, desenvolver vários projetos colaborativos que permitissem avaliar até que ponto a Idade Média está presente no campo da criação artística contemporânea.

3As circunstâncias provocadas pela propagação da COVID-19 levaram a comissão organizadora a passar a iniciativa para formato virtual, com o intuito não só de poder mantê-la, como também de aproveitar ao máximo tudo aquilo que a tecnologia pode oferecer em ordem a promover o debate intelectual, as sinergias de colaboração e a produção de novo conhecimento. Foi de facto um exercício de resiliência, que levou a lutar contra a adversidade e a continuar a projetar o futuro.

4Para atingir o primeiro dos dois objetivos acima referidos, organizou-se um congresso internacional, que decorreu entre os dias 9 e 12 de Dezembro de 2020. Marcado por uma visão post-disciplinar e de longue durée, este congresso reuniu um alargado número de especialistas que promoveram um intenso debate em torno de cinco grandes eixos temáticos: Metodologia (terminologia, conceitos, categorias); Medievalismo Académico; a Recepção da Idade Média; Política, Sociedade e Mass Media; e Turismo e Idade Média. Estes cinco tópicos nortearam as oito conferências de investigadores de referência no plano internacional, bem como as cerca de trinta sessões de comunicações e as três mesas redondas que decorreram durante os quatro dias do congresso.

5Quanto aos projetos colaborativos, foram desenvolvidos em articulação direta com o Mosteiro de Santa Maria da Vitória da Batalha, e visaram analisar a presença da Idade Média na música, nas artes visuais e na banda desenhada. Assim, o músico Ivan Vilela gravou um concerto no Mosteiro da Batalha em Setembro de 2020, que foi posteriormente editado pelo produtor musical Alê Siqueira e o técnico de multimídia Henrique Duarte. Em segundo lugar, foi realizado um projeto colaborativo com o duo de artistas visuais Musa Paradisiaca, que visou dar a conhecer e analisar o filme “Cena de Caça, 2017”, onde é mostrada a leitura de um fragmento de “A Tragédia do Marquês de Mântua e do Imperador Carlos Magno” e parte do guião do “Tchiloli”, da tradição teatral de São Tomé e Príncipe. Durante a conferência teve lugar uma conversa ao vivo com os artistas, com o objetivo de abordar várias questões relacionadas com a recepção de narrativas literárias medievais em contextos não europeus. Finalmente, realizou-se também uma entrevista com o jornalista e cartoonista Pedro Massano, autor da banda desenhada “A Batalha”, que traduz em imagens a narração do episódio da Batalha de Aljubarrota.

6A entrevista com o autor da banda desenhada e uma seleção das pranchas originais da mesma; o filme “Cena de Caça” dos Musa Paradisiaca; e ainda o teaser do concerto de Ivan Vilela, foram disponibilizados num espaço virtual integrado no site que foi construído para esta iniciativa, acessível a todos os participantes inscritos. Nessa intranet, os participantes tiveram ainda a possibilidade de aceder a outros conteúdos. Entre eles, destacam-se uma Book Nook, com uma seleção de obras de referência para os académicos interessados em Medievalismo e uma outra lista de textos literários inspirados no mundo medieval. Os participantes puderam ainda encontrar neste site uma seleção de videojogos tematicamente inspirados na Idade Média.

7O site e a sua intranet foram ainda uma ferramenta imprescindível para o acesso dos participantes ao programa do congresso e aos links que lhes permitiam assistir às suas diversas sessões, que decorreram na plataforma ZOOM/Colibri. Ademais, através de um canal de YouTube criado para a iniciativa, foram retransmitidas as sessões do congresso e a sua atividade final, a première do concerto do Ivan Vilela.

8As plataformas digitais e redes sociais jogaram de facto um papel importante na divulgação desta iniciativa. Assim, através de perfis criados no Facebook, Twitter e Instagram, foram disseminados, previamente à celebração do congresso, um conjunto significativo de vídeos de apresentação das diversas atividades que iriam decorrer durante os dias do congresso, e ainda conteúdos multimídia de outra natureza, como o vídeo que mostra imagens gravadas por um drone ao sobrevoar o mosteiro da Batalha, que foram generosamente doadas pelo diretor do Mosteiro, o Doutor Joaquim Ruivo. Já durante a conferência, os participantes utilizaram estas redes como ponto de encontro para a troca de impressões sobre o decorrer das sessões, palestras, mesas redondas e conversas ao vivo.

9A iniciativa atingiu uma elevada adesão, com 350 participantes procedentes de, praticamente, todos os cantos do mundo. Graças à tecnologia e ao longo de quatro intensos dias, académicos, artistas, jornalistas e público em geral reuniram-se virtualmente e, num ambiente construtivo, promoveram a partilha e intercâmbio de opiniões, visões e ideias. O próximo objetivo será, sem dúvida, dar-lhe continuidade e fazer florescer novos projetos e ideias. Trabalhar-se-á no sentido de construir um futuro em que seja possível aproveitar tudo aquilo que germinou durante o tempo em que a pandemia provocada pela COVID-19 nos obrigou a repensar e desenhar alternativas para continuar nesta senda, para fazer frente à adversidade conseguindo ainda resultados positivos.