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Dossier temático

Apresentação

A foreword
Adelaide Miranda e Pedro Chambel
p. 51-54

Texto integral

1Pela primeira vez, a Medievalista apresenta um caderno temático resultante de um desafio lançado aos leitores. O tema proposto foi “O Bestiário Medieval”. O momento e o tema são significativos para a nossa revista, uma vez que se assinala a passagem de vinte anos sobre uma iniciativa levada a cabo por Luís Krus, Adelaide Miranda e Miguel Alarcão: o colóquio Animalia, o primeiro encontro realizado em Portugal sobre a simbologia animal na Idade Média (que decorreu no ano 2000). Relembramos e homenageamos, assim, o nosso primeiro director, Luís Krus, que foi precursor, em Portugal, dos estudos sobre a presença e a representação dos animais, a partir dos vestígios que nos chegaram do período medieval, bem como da respectiva abordagem interdisciplinar. A complementaridade de pontos de vista diversificados ficou bem patente no livro que recolheu as participações do colóquio acima referido (Luís Krus, Adelaide Miranda e Miguel Alarcão (coord.), Animalia: presença e representações, Lisboa: Colibri, 2002) e em duas teses que foram realizadas por esses mesmos anos (“A simbologia dos animais n’A Demanda do Santo Graal”, de 1997, editada em 2000 pela Patrimonia Histórica, e “Os animais na literatura portuguesa dos séculos XIII e XIV – Presença e funções” de 2003, ambas da autoria de Pedro Chambel).

2O repto para a realização de um número temático sobre os animais no período medieval teve uma resposta ampla e estimulante, pois recebemos várias propostas de artigos, das quais foram selecionadas oito, após a arbitragem. Os textos que publicamos no presente número da Medievalista são diversificados, tanto no que se refere às fontes exploradas, como às perspectivas de abordagem. Os denominados “bestiários medievais” são estudados em três artigos (Ilya Dines, Tiago de Oliveira Veloso Silva e Cláudia Raposo). Georgios A. Orfanidis debruça-se sobre o simbolismo do unicórnio numa conhecida parábola medieval. Chantal Stein analisa representações animais em objectos naturais. Os artigos de Marcelo Cardoso e Mariño Ferro incidem sobre a presença dos animais num conjunto variado de textos e tradições medievais. Finalmente, uma inovadora leitura zoopoética é realizada por Cristina Álvares no seu estudo sobre a presença do leão num romance de Chrétien de Troyes.

3Em alguns destes textos, a multidisciplinaridade é evidente, especialmente nos que relacionam a representação textual dos animais com a iconográfica, como fizeram Marcelo Cardoso, Cristina Álvares, Ilya Dines, Cláudia Raposo e Tiago de Oliveira Veloso Silva. Para além disto, encontramos variedade no que se refere à análise do suporte físico onde os animais surgem representados, uma vez que esta não se limita à sua presença textual e iconográfica em manuscritos, indo até à sua figuração em objectos naturais, nomeadamente no artigo já referido de Chantal Stein. Alguns autores ultrapassaram a barreira cronológica que estabelecemos e levaram os seus estudos para lá da época medieval. É o caso dos artigos de Marcelo Cardoso, que identifica possíveis origens dos simbolismos medievos em outras épocas, e de Mariño Ferro, que nos apresenta um interessante paralelo entre as simbologias dos animais na Idade Média e no antigo Egipto.

4Salienta-se, neste número da Medievalista, a feliz coincidência, tanto de jovens investigadores, como de especialistas consagrados e com vasta produção científica na área, o que resulta no evidente enriquecimento do presente volume temático. Contamos ainda com a prestimosa participação de Rémy Cordonnier, a quem solicitámos que efectuasse uma introdução ao tema proposto. Para além de ter acedido ao nosso pedido, este investigador presenteou-nos ainda com uma muito completa bibliografia sobre os simbolismos animais na Idade Média.

5A atualidade do tema escolhido para este número da Medievalista fica assim bem patente na quantidade e qualidade dos artigos reunidos. Independentemente de convergirem enquanto análises das representações animais na Idade Média, os textos agora publicados apresentam diversidade no que se refere às temáticas específicas abordadas e variedade quanto aos pontos de vista adoptados. Ainda de realçar é a participação de autores de distintas nacionalidades, que decidiram dar o seu contributo para a nossa revista, com destaque para o Brasil onde o interesse votado a este campo de estudos apresenta uma vitalidade assinalável, patente já em edições anteriores da Medievalista.

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Para citar este artigo

Referência do documento impresso

Adelaide Miranda e Pedro Chambel, «Apresentação»Medievalista, 29 | -1, 51-54.

Referência eletrónica

Adelaide Miranda e Pedro Chambel, «Apresentação»Medievalista [Online], 29 | 2021, posto online no dia 01 janeiro 2021, consultado o 19 janeiro 2025. URL: http://0-journals-openedition-org.catalogue.libraries.london.ac.uk/medievalista/3847; DOI: https://0-doi-org.catalogue.libraries.london.ac.uk/10.4000/medievalista.3847

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Autores

Adelaide Miranda

Universidade Nova de Lisboa, Faculdade de Ciências Sociais e Humanas. Instituto de Estudos Medievais. 1070-312 Lisboa, Portugal. adelaide@fcsh.unl.pt. https://orcid.org/0000-0002-7581-3888

Artigos do mesmo autor

Pedro Chambel

Universidade Nova de Lisboa, Faculdade de Ciências Sociais e Humanas. Instituto de Estudos Medievais. 1070-312 Lisboa, Portugal. pedrochambel@live.com.pt. https://orcid.org/0000-0002-0976-7748

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Apenas o texto pode ser utilizado sob licença CC BY-NC 4.0. Outros elementos (ilustrações, anexos importados) são "Todos os direitos reservados", à exceção de indicação em contrário.

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