Bibliographie
Arquivos consultados
Arquivo Histórico de Moçambique
Arquivo Histórico Ultramarino
Arquivo do Ministério da Juventude e Desportos de Moçambique
Referências
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Notes
Para o caso inglês veja-se Mangan (1992), Hutchinson (1996), Stoddart (1998), Kirk-Green (1987). Para o caso francês, entre outros, destaca-se a obra de Deville-Danthu (1997). Alguns trabalhos monográficos prestaram particular atenção à questão desportiva tais como Martin (1995) e Fair (2001) Mais recentemente, um volume dedicado ao futebol em África (Armstrong & Giulianotti 2004) traça um conjunto de pontes entre o o jogo praticado durante o período colonial e a actualidade.
Em 1928, foi aprovado o Código de Trabalho dos Indígenas das Colónias Portuguesas de África e em 1929 o Diploma Orgânico das Relações de Direito Privado entre Indígenas e Não Indígenas. O Acto Colonial de 1930, a Carta Orgânica do Império Colonial Português e a Reforma Administrativa Ultramarina, ambas de 1933, configuram a política centralizadora que o estado português impôs aos seus domínios coloniais.
Ismael Mário Jorge foi uma figura importante no desenvolvimento do desporto em Moçambique : capitão de infantaria, professor no Liceu 5 de Outubro, chefe dos escuteiros, presidente da Junta de Salvação Pública e dirigente da Associação de Futebol de Lourenço Marques.
Tais actividades físicas participavam de uma ordem « natural », não confundível com a complexidade dos desportos praticados pelos europeus. No seu artigo apresentado ao Congresso Colonial, defendeu que os desportos passíveis de serem transmitidos aos indígenas eram aqueles que implicavam o emprego de « meios naturais » : marcha, corrida, saltos, escalada, levantamentos, lançamentos, luta e natação (Jorge 1931 : 25).
A este propósito veja-se Bourdieu (1984).
Este processo foi também identificado para o caso colonial francês Deville-Danthu (1997).
Ao contrário do que se sucede, por exemplo, nos contextos espanhol e italiano. Veja-se, entre outros, para o caso italiano Teja (1998) e Martin (2004) e, para o caso espanhol, Aja (1998).
Este artigo, no entanto, não incide sobre a história do movimento desportivo de cariz associativo que se desenvolveu em Moçambique, nomeadamente em Lourenço Marques, de forma vigorosa. Noutros contextos, tive a oportunidade de realizar uma análise exploratória à história deste movimentos associativos. Ver, Domingos (2006) (cuja versão inglesa pode ser encontrada em Tiesler e Coelho, 2008), e Domingos (2005-2006).
O método sueco desenvolvido por Ling, em voga em vários países europeus e popularizado em Portugal desde o princípio do século, foi considerado o mais capaz de corresponder a esta nova visão (Hasse 1999 : 241).
O Inef foi oficialmente instituído em 23 de Janeiro de 1940, pelo decreto nº 30279, Diário do Governo, número 19, 1.ª série. O instituto colaboraria proximamente com a Mocidade Portuguesa, a Comissão superior de educação física do exército e a Comissão técnica de educação física da armada. O plano de estudos baseava-se no método de Ling aplicado às « condições mesológicas do nosso País e à capacidade fisio-psicológica da raça. » (art. 5.º)
Inspirada pelas suas congéneres italiana, a Opera Nazionale Doppolavoro (1925) e a alemã, a Kraft Durch Freude (Força pela Alegria, 1933).
O campeonato nacional de futebol fora criado em 1934 e institucionalizado definitivamente em 1938.
As sucessivas tentativas para controlar a Federação das Colectividades de Cultura e Recreio e a criação de uma instituição oficial ocupada em organizar os tempos livres dos trabalhadores (a FNAT) constituíram passos fundamentais neste sentido (Melo 2001).
Pelo decreto-de-lei nº 32241 de 5 de Setembro de 1942, à DGEFDSE competia sujeitar os desportistas a exame médico, intervir na selecção de dirigentes e técnicos e exercer autoridade disciplinar sobre todos os agentes desportivos, associações e clubes, com vista à formação do espírito desportivo e de um público disciplinado (Diário do Governo, nº 208 (1.ª série).
Em 1932, o decreto que criou, no então Ministério da Instrução, a Direcção dos Serviços de Educação Física (nº 21034 de 29 de Março de 193, Diário do Governo, nº 74.) considerava os jogos desportivos a « antítese de toda a educação » e uma forma de « deformação física » e « perversão moral ». O Regulamento de Educação Física dos Liceus, aprovado em 1932 pelo decreto nº 21110, de 16 de Abril (Diário do Governo, n.º90), proibia « os desportos anglo-saxónicos e os jogos atléticos, bem como os desafios e matchs em geral, especialmente os de foot-ball, visto ser nulo ainda o seu papel educativo, e cujos malefícios são óbvios. » Os princípios que fundamentavam estas opiniões baseavam-se muitas vezes numa bibliografia francesa, como é o caso da obra O Futebol tornado perigo social, escrito em 1928 pelo tenente e professor de educação física Artur Rebelo de Almeida, sustentado em autores como Georges Hebert (Le Sport contre l’Éducation Physique) e Phillipe Tissiè (L’Éducation Physique de la Race) bem como na « A Educação intelectual, moral e física » de Herbert Spencer, citado da tradução francesa (Almeida 1928).
Diploma legislativo nº 19 de 8 de Novembro de 1927, Boletim Oficial de Moçambique, n.º41.
A Portaria nº 918 de 6 de Julho de 1929 aplica às colónias o decreto nº 16730 de 13 de Abril de 1929. Boletim Oficial de Moçambique, n.º27.
Portaria nº 677 de 25 de Maio de 1928, Boletim Oficial de Moçambique, n.º8.
Diploma legislativo nº 238 de 17 de Maio de 1930, Boletim Oficial de Moçambique, n.º20. O currículo da escola de habilitação de professores indígenas (ensino normal) atribuía, nos dois anos do curso, 111 horas à disciplina de educação física. Portaria nº 1044 de 18 de Janeiro de 1930, Boletim Oficial de Moçambique, nº 3. O regulamento deste curso descrevia a educação-física como: « Exercícios de gimnástica sueca do programa do ensino primário elementar: marcha, exercícios de cabeça, tronco, braços e pernas. Jogos escolares. Noções teóricas sobre educação física. » Portaria n.° 1106 de 26 de Abril de 1930, Boletim Oficial de Moçambique, n.º17.
A educação física deveria ser ministrada « em sessões curtas, de 10 a 30 minutos, com os seguintes exercícios: a) respiração; b) formação e marcha; c) gimnástica sueca; d) corridas de velocidade e saltos; e) jogos escolares. » Portaria nº 1115, Boletim Oficial de Moçambique, nº 20.
A própria legislação antecipava os problemas existentes. As alterações ao regulamento da escola de habilitação de professores indígenas (masculina), antecipando a falta de professores, remetiam o ensino disciplina a um docente de outra qualquer cadeira. Portaria nº 1907 de 25 de Março de 1933, Boletim Oficial de Moçambique, n.º12.
Segundo Ismael Mário Jorge, em 1834 o Coronel de artilharia José Justino Teixeira Botelho, da Academia de Ciências de Lisboa, introduziu exercícios organizados nos destacamentos militares em Moçambique. Em 1875, segundo a mesma fonte, o Batalhão de Caçadores de Mossuril organizava aulas de educação física abertas a civis. Em 1883, um Batalhão em Mopeia também organizava estas classes. (Jorge 1931 : 1).
Ibid : 6.
Sobre a educação portuguesa em meio colonial africano veja-se, entre outros, Paulo (1999) e Jerónimo (2006).
Outros relatórios de escolas moçambicanas (1.º de Janeiro, Casa dos Trabalhadores, Carvalho Araújo, de habilitação de professores indígenas da Manhiça, artes e ofícios da Moamba) não se referem às práticas desportivas.
Portaria nº 2316 de 1 de Setembro de 1934, Boletim Oficial de Moçambique, nº 35.
Portaria 3 312 de 7 de Fevereiro de 1938, Boletim Oficial de Moçambique, n.º5.
Decreto-lei nº 31 207 de 5 de Abril de 1941, Boletim Oficial de Moçambique, n.º23.
Pela aplicação, nas colónias, do decreto-lei nº 31908 que determina que todas as organizações, associações ou instituições que tenham por objecto a educação cívica, moral e física da juventude careçam, para se para se constituir e poder exercer actividade, de aprovação dos estatutos pelo comissário nacional da Mocidade Portuguesa. Portaria nº 10 122 de 24 de Junho de 1942, Boletim Oficial de Moçambique, nº 39.
O Decreto-Lei nº 32 234 de 31 de Agosto de 1942, aplicado em Moçambique em 1944 (Boletim Oficial de Moçambique, nº 48), « integra nos centros escolares da MP todas as associações escolares, cantinas, caixas escolares, caixas de excursões, caixas ou associações filantrópicas existentes nos liceus, nas escolas de ensino técnico profissional, nas escolas práticas de agricultura, nas escolas de regentes agrícolas e nos estabelecimentos de ensino particular correspondentes, com todos os direitos e obrigações que actualmente lhes cabem. » As alterações ao Estatuto do Ensino Liceal aplicadas nas colónias em 1948, confirmando a frequência obrigatória, por parte dos alunos, da actividades da MP e da MPF, referem que estas devem ser garantidas por professores das escolas, demonstrando a carência permanente de quadros especializados, tanto na MP como nas escolas. Portaria nº 12 238 de 9 de Janeiro de 1948, Boletim Oficial de Moçambique, n.º23.
Entre estas equipas encontravam-se o Beira-Mar, o Mahafil Isslamo, o Munhanense « Azar », o João Albasini, o Vitória Gazense, o Zambeziano, o Inhambanense, o Atlético Mahometano, o Vasco da Gama, o São José, o Nova Aliança e o Sport Nacional Africano.
Sobre o desenvolvimento do futebol em Lourenço Marques ver Domingos (2006 e 2005-2006).
A Carta Orgânica do Ultramar Aprovada pelo decreto nº 17.153 de 6 de Julho de 1929, Boletim Oficial de Moçambique, nº 35. Esta disposição está presente no nº 3 do artigo 20.
Associações de classe, comerciais, industriais ou agrícolas, dos montepios ou associações fundadas exclusivamente no princípio da mutualidade, e ainda os daqueles cuja aprovação não competir a outra entidade pela Código Administrativo e bem assim aprovar os seus regulamentos orgânicos.
Esta disposição está presente no nº 5 do artigo 37º da Carta Orgânica do Império Colonial Português.
Publicada no Boletim Oficial de Moçambique em 28 de Dezembro de 1933, nº 51.
De acordo com o artigo nº 560 da RAU faziam parte das Corporações administrativas, os institutos públicos, associações particulares que fizessem trabalho de utilidade pública, associações de fins ideias, reconhecidos de utilidade pública e associações sem carácter especulativo nem fins lucrativos. As associações de carácter religioso ficavam fora dessa designação, pois eram enquadradas por legislação própria. Segundo o artigo nº 563, as associações particulares seriam extintas caso se provasse actividade que fosse contra o interesse público.
De acordo com os artigos 565.º e 556 da RAU.
Arquivo Histórico de Moçambique (AHM) Governo Geral, Caixa 508, 1949-1958, Processo S-11, Mocidade Portuguesa, Organização, pessoal, material, etc. Comissariado Colonial da Mocidade Portuguesa, Informação a sua excelência o governador-geral em 11 de Fevereiro de 1949, Mocidade Portuguesa.
AHM, Governo Geral, Caixa 508, 1949-1958, Processo S-11, Mocidade Portuguesa, Organização, pessoal, material, etc), Comissariado Colonial da Mocidade Portuguesa, Informação a sua excelência o governador-geral em 10 de Março de 1949, Mocidade Portuguesa : 5-6.
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AHM, Governo Geral, Caixa 348, Mocidade Portuguesa, Elementos para o relatório do Governador Geral.Informação do Comissariado da Mocidade Portuguesa de Moçambique António da Rosa Pinto ao Chefe de Gabinete do Governo Geral.
Ibid.
Art. 37 do Decreto nº 38 980 de 8 de Novembro de 1952, Boletim Oficial de Moçambique, nº 52.
Portaria nº 9 868 de 2 de Maio de 1953, Boletim Oficial de Moçambique, nº 18.
A sua actividade iria ser assegurada por dois médicos, um inspector de educação física, um enfermeiro, um auxiliar de secretaria e um servente.
No debate ocorrido na Assembleia Nacional sobre esta proposta de lei confirmou-se, pelas palavras do deputado Manuel Aroso, a intenção da visita dos irmãos Marques Pereira ao ultramar, sobretudo a de Celestino, que, segundo descrição do deputado, « visitou algumas províncias ultramarinas em missão de estudo da sua especialidade ». Debates da assembleia nacional, 4 de Abril de 1956 Sessão, nº 135.
A lei 2083 (de 15 de Junho de 1956, Diário do Governo, nº 122, 1.ª série) foi publicada no Boletim Oficial de todas as Províncias, mas em datas diferentes: Moçambique, DL, nº 1670 de 4 de Maio de 1957, S. Tomé, DL nº 193 de 26 de Dezembro de 1957, Guiné, Diploma legislativo, nº 1385, de 30 de Agosto de 1958 ; Cabo Verde, DL nº 1711, de 11 de Julho de 1959, Macau, DL nº 1470 de 5 de Novembro de 1960 Angola, DL nº 3208 de 17 de Janeiro de 1962.
O território português da África oriental foi o primeiro a executar a lei nº 2083.
Parecer nº 34/VI Projecto de decreto-lei nº 514 em 20 de Janeiro de 1956.
Ibid.
Garantindo-se a lógica da progressividade: o desporto competitivo seria ensinado « sempre depois da ginástica e jogos educativos » (art. 5.º).
As transferências dos atletas eram autorizadas apenas em casos de mudança de residência, incompatibilidade com o meio, falta de condições para progredir e, excepcionalmente, por acordo do clube. Segundo o artigo 58.º da lei, o jogador só poderia representar o clube pelo qual obtivera a licença. Os pedidos de transferência formular-se-iam no final da época ao CPEF por intermédio da Associação equivalente.
Diploma-Legislativo nº 1670, de 4 de Maio de 1957, Diário do Governo, nº 129.
Celestino Marques Pereira escrevera vários artigos sobre a transformação, sob os auspícios da ciência da educação física, dos jogos competitivos em instrumentos de educação (Pereira 1950 e 1954).
Aprovada pela Lei nº 2064, de 22 de Junho de 1953, Diário do Governo, nº 130.
Ibid.
Pelo Decreto-Lei n° 41.447 de 17 de Dezembro de 1957, Diário do Governo, nº 286.
Depois da criação de um novo curso de instrutores de educação física, o INEF aumentou a as capacidade de formação. No Instituto foi sendo formado um novo escol de alunos, que representavam uma evolução do pensamento da « ciência da educação física », mais técnico, mais moderno e mais autónomo.
Pela lei nº 2004 de 30 de Maio de 1960, Diário do Governo, nº 126.
Pela portaria nº 19809 da Direcção-Geral do Ensino em 15 de Abril de 1963, Boletim Oficial de Moçambique, nº 18.
Como foram os casos das conquistas da Taça dos Campeões Europeus pelo Benfica em 1961 e 1962, e da participação da selecção nacional de futebol no Mundial de Inglaterra em 1966.
O luso-tropicalismo foi um teoria criada pelo sociólogo brasileiro Gilberto Freyre. O luso-tropicalismo argumenta a excepcional apetência do português para se misturar com outras raças, facto que tornou o colonialismo português um caso único. Nos anos de 1950, quando a pressão descolonizadora se começou a abater sobre Portugal, o Estado Novo recuperou a teoria de Freyre para justificar culturalmente a manutenção do seu império colonial. Sobre o lusotropicalismo ver número especial da Lusotopie (1997) e Castelo (1998).
Pela circular nº 194 de 5 de Agosto de 1943. Boletim da Direcção Geral de Educação Física Desportos e Saúde Escolar, 1946, Fascículos I e II : 167.
Decreto-Lei nº 40 964, de 31 de Dezembro de 1956, art. 20, Diário do Governo, nº 284.
AHM, Direcção dos Serviços de Administração Civil – Secção A - Administração Civil, Agremiações regionais de recreio, defesa, desporto e estudo. Associações Desportivas, Recreativas e Culturais 1934-1971, Caixa 14, Processo nº 27/191, Assunto : Grupo Desportivo Vasco da Gama - 1934-1952).
Parecer nº 34/VI Projecto de decreto-lei nº 514 em 20 de Janeiro de 1956.
Na Conferência Inter-Africana do Trabalho, realizada na cidade da Beira em 1955, vários relatórios nacionais, nomeadamente relativos à África francófona, assinalavam a importância dos equipamentos desportivos como instrumento do planeamento urbano (AHM, DSNI, Caixa 27, Encontros internacionais, OIT).
Lourenço Marques possuía 63,5 % do total dos membros de associações desportivas em 1960 e 56 % em 1964, Anuário Estatístico de Moçambique (1959-1964).
No arquivo do Conselho Provincial de Educação Física de Moçambique (à guarda do Ministério da Juventude e Desportos de Moçambique, Parque dos Continuadores) não se encontram todos os livros de actas do CPEF. Existem, deste modo, alguns períodos em falta, tais como o período entre 1957 e 1958, entre Fevereiro de 1967 e Julho de 1968 e o todo o período após Outubro de 1970.
Arquivo do Conselho Provincial de Educação Física de Moçambique, Livros de Actas do Conselho Provincial de Educação Física de Moçambique.
Entre 1957 e 1971, o Fundo de Expansão Desportiva contribuiu com pouco mais do que 7 % do total do orçamento do CPEF (2.910.970$00 sob um total de 40.713.640$00 (Feio 1972 : 67).
O financiamento das actividades gimnodesportivas pelo jogo do Totobola foi aprovado pelo diploma legislativo nº 2600 de 16 de Junho de 1965. 50% da receita liquida deste concurso era canalizado para o CPEF. As receitas do Totobola, contribuindo apenas desde 1966, acabaram, no mesmo período de tempo, por perfazer 60% da verba total gasta pelo estado durante (24.555.712$00). Quando ao investimento estatal directo, preencheu 32,5% do orçamentado (13.246.958$10). (Feio 1972 : 67).
Decreto nº 49 339, de 30 de Outubro de 1969.
As empresas que mais contribuíam para o FFG eram a Shell, Somorel, Companhia de Cervejas e Referigerantes Mac-Mahon, Fábrica de Cervejas Reunidas, Piscinas Penguim, BNU, Instituto de Crédito de Moçambique (Feio 1972 : 8).
Como referiu num documento oficial de 1972 « Actualmente, é fundamental reconhecer que nem a MP nem a MPF dispõem do mínimo de condições para uma « orientação efectiva » [sublinhado no original] da educação física no meio escolar. » (Feio 1972 : 18).
Os programas das matérias ministradas no ensino de adaptação, em 1961, e do ensino primário, em 1964, (Portaria nº 20 380, 19 de Fevereiro de 1964, Boletim Oficial de Moçambique, nº 52), eram ainda dominados pelas regras dos manuais da Mocidade Portuguesa (Portaria nº 14 837, de 4 de Março de 1961, Boletim Oficial de Moçambique, nº 9). Em 1960, havia sido formada em Moçambique a secção feminina da MP (Decreto nº 38 122, Boletim Oficial de Moçambique, n.º46) que vincava um modelo retrógrado baseado nas diferenças entre os exercícios físicos destinados às mulheres e aos homens. Os programas do ciclo complementar do ensino primário, em 1967, (Aprovados a título experimental pela portaria nº 22 966 de 17 de Outubro de 1967, Boletim Oficial de Moçambique) e do ciclo preparatório do ensino secundário, em 1968, (Pela Portaria nº 23 601 de 9 de Setembro de 1968, Boletim Oficial de Moçambique, n° 46) apresentavam uma linguagem mais técnica e um conjunto de actividades diverso, onde os jogos colectivos desempenhavam um papel importante.
Só a partir de 1966 um conjunto de diplomas procurou suprir a falta de técnicos especializados (a portaria nº 21 7703 de 3 de Janeiro de 966, Boletim Oficial de Moçambique, nº 4. mandou aplicar a Angola e Moçambique o Regulamento do Curso de Instrutores de Educação Física, aprovado em 1964 na metrópole. O Decreto nº 48 632 de 15 de Outubro de 1968 (Boletim Oficial de Moçambique, nº 63) autorizou os governadores das províncias ultramarinas a contratar diplomados com o curso de instrutores de educação física para o desempenho de funções docentes de Educação Física nos estabelecimentos de ensino dependentes das direcções e repartições provinciais de educação. Apenas em 1970 foram criadas, em Luanda e Lourenço Marques, Escola de Instrutores de Educação Física, que ficavam sobre a supervisão do CPEF.
Sublinhado no original.
Em 1966, Lourenço Marques tinha 55,13 % dos praticantes desportivos, 40 % dos professores de educação física e apenas 6,88 % da população (Feio 1978 : 92-93).
A revista procurava divulgar o estudo científico do desporto não o desligando das formas de intervenção social. No último número da Educação e Movimento, publicado no mês da independência de Moçambique, Noronha Feio denunciou « estreita dependência doutrinária e técnica da educação física e desportiva da juventude de Moçambique em relação às decadentes organizações fascistas metropolitanas da MP e da MPF », Educação e Movimento, VII (26), Abril/Junho de 1975 : 6.
Em 19 de Novembro de 1970, o Diploma legislativo nº 3043 aprova o Regulamento Geral das Actividades Gimnodesportivas, revogando as disposições do diploma legislativo nº 1670. O novo regulamento, apesar de ainda reconhecer o papel da MP, garantia aos interesses modernizadores na educação física maior autonomia de acção.
Noronha Feio irá transitar, depois do 25 de Abril, para a Direcção Geral dos Desportos.
O diploma legislativo n° 50/73 de 10 de Julho de 1973, Boletim Oficial de Moçambique, nº 80. A instituição seria presidida pelo presidente do Instituto do Trabalho, Previdência e Acção social de Moçambique, o chefe do departamento de Acção Social, um representante do Conselho Provincial de Educação Física e Desportos, dois representantes de entidades patronais, de trabalhadores e o encarregado do sector de educação física corporativa.
Seria fundamental, no contexto desta política de integração, perceber o papel do desporto no âmbito das políticas e acções de propaganda realizados no âmbito da guerra colonial, sobretudo pelas movimentações do Gabinete de Acção Psicossocial. Esta importante investigação ficou fora do quadro deste artigo.
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