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Resenhas

Roberto José Hezer Moreira Vervloet. Mapeamento e análise espaço-temporal dos manguezais do Espírito Santo

IEMA, 2023
Roberto José Hezer Moreira Vervloet
Referência(s):

VERVLOET, Roberto José Hezer Moreira. Mapeamento e análise espaço-temporal dos manguezais do Espírito Santo. Vitória: IEMA, 2023, 215 p.

Resumos

Trata-se de resenha do livro sobre mapeamento e dinâmica espaço-temporal dos Manguezais do Espírito Santo, publicado no formato e-book pelo Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Espírito Santo, de autoria do geógrafo Roberto José Hezer Moreira Vervloet. O livro contém informações e mapas que se encontram disponível no site do instituto onde podem ser baixadas gratuitamente pelo público geral, sendo o primeiro de uma série de mapeamentos sobre ecossistemas do Estado na escala de detalhe.

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Notas da redacção

Resenha recebida em: 07/11/2024
Resenha aprovada em: 12/11/2024
Resenha publicada em: 14/11/2024

Notas do autor

O livro está disponível para download em: https://iema.es.gov.br/Media/iema/CGEO/MAPEAMENTOS_CGEO_VOL1_MANGUEZAL_28.12.2023.pdf

Texto integral

1Foi publicado no final de dezembro de 2023 o livro, em formato de e-book, « Mapeamento e Análise Espaço-Temporal dos Manguezais do Espírito Santo » pelo Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Espírito Santo (IEMA/ES). O livro é o primeiro volume da série mapeamentos CGEO, levados a cabo pelo servidor da Coordenação de Geoprocessamento do IEMA Geógrafo Roberto José Hezer Moreira Vervloet. O objetivo da série é ofertar um conjunto de informações estratégicas, através de trabalhos de mapeamentos temáticos, para a sociedade dispor de conhecimentos detalhados sobre problemas ambientais do território, em escala de detalhe, no sentido de pressionar as instituições a melhorarem a eficácia das políticas públicas de ordenamento territorial.

2O primeiro volume da série é sobre a dinâmica espaço-temporal dos Manguezais do Espírito Santo; o segundo é sobre o sistema planície costeira-dunas-costa e ecossistemas associados e o terceiro volume é o mapeamento detalhado das Áreas Úmidas do Estado, conforme a Convenção de RAMSAR, da qual o Brasil é signatário.

3O primeiro volume foi publicado na forma de e-book, sendo semifinalista do prêmio Jabuti Acadêmico 2024, na categoria ciências ambientais e podendo ser baixado no site do IEMA. Ao todo são 215 páginas, divididos em 06 capítulos, com 32 figuras, 20 quadros com informações tabuladas sobre a evolução das feições dos Manguezais, 03 gráficos de síntese e 49 mapas com fotografias aéreas de fundo para facilitar a leitura e visualização desses ecossistemas no território, na visão em planta.

4O trabalho de cartografia que resultou essa publicação baseou-se no estudo evolutivo e espaço-temporal dos Manguezais em três períodos, 1970, 2007 e 2015. Esses períodos foram escolhidos devido a boa disponibilidade de documentos cartográficos, na forma dos levantamentos aerofotogramétricos, realizados nos anos de 1969-1970, 2007 e 2015, em todo o território do Espírito Santo. Ao todo 17 ecossistemas de Manguezais foram reconhecidos e cartografados pelo mapeamento, ao longo dos 414 km da costa capixaba.

5O conceito de ecossistema de Manguezal trabalhado no mapeamento partiu de discussões realizadas pela comunidade científica, sintetizadas no Atlas dos Manguezais do Brasil, publicado pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, em 2018, e a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, em julgamento de arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental 747, decidindo pela proteção dos Manguezais como unidade espacial da categoria de Áreas de Preservação Permanente, ou seja, como ecossistemas territoriais presentes em ambientes de dinâmica fluviomarinha. Portanto, Manguezais não devem ser confundidos com Mangues, que são bosques de vegetação que compõem, junto com outras feições de caráter espacial, a unidade territorial ecossistema de Manguezais, presentes em ambientes de espaços estuarinos.

6A importância desse entendimento é justamente barrar o processo histórico de ocupação desordenada das planícies fluviomarinhas presentes nos espaços estuarinos, em Estados de história costeira fundiária conflituosa como o Espírito Santo. Pois, trata-se de ambientes onde o bosque de Mangue e outros tipos vegetacionais, característicos desse ecossistema, necessitam para sobreviver espacial e temporalmente, visto que eles possuem expansão e retração territorial conforme a variabilidade climática natural das bacias hidrográficas. O mapeamento do e-book mostra, de forma cartográfica, em fotografias aéreas, essa dinâmica de expansão e retração que é afetada pelas ocupações urbanas oriundas do crescimento desordenado das cidades costeiras, principalmente a Região Metropolitana da Grande Vitória, onde bairros como Jabour, Maria Ortiz, Bento Ferreira e São Pedro, em Vitória, foram integralmente construídos sobre espaços dos Manguezais, mesmo tendo, à época, legislação explícita de proteção. Esse processo é demonstrado, cartograficamente, e, com dados tabulados da dinâmica das feições que compõem esses ecossistemas, nos três recortes analisados (1970, 2007 e 2015).

7O livro evidencia processos tendenciais de ocupação desordenada e geração de impactos socioambientais que se iniciaram naquilo que podemos denominar como o período de formação do Espírito Santo moderno, a partir da década de 1970, seguindo até os dias atuais e, futuramente, nos próximos anos, como é possível observar a olho nu, na rodovia do contorno, na Região Metropolitana de Vitória, bordas dos Manguezais de Guarapari, Anchieta, Serra e Conceição da Barra. Trata-se de processos espaciais tendenciais que a legislação, por si só, não tem conseguido conter, com uma perda de cerca de 22 km² de Manguezais entre os anos de 1970 e 2015.

8São destacados, também, os impactos socioambientais derivados da urbanização costeira que caracteriza o Espírito Santo, e alterações de ordem físico-química provocados por bioacumulação, em três cadeias tróficas (planta-caranguejo-peixe, plâncton-camarão-peixe e plâncton-ostra) ocorrentes nos Manguezais de Vitória, derivados da poluição atmosférica por MP (Materiais Particulados) de atividades siderúrgicas e esgoto lançados nas bacias que desaguam nestes ambientes.

9Não foi fácil realizar e publicar este trabalho pelo IEMA e muitos obstáculos foram enfrentados pelo servidor para que tal iniciativa viesse a público e a sociedade tivesse acesso a esses dados. Como resultado dessa publicação foi lançado por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Espírito Santo (FAPES), em parceria com a Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (SEAMA), o edital nº 13/2024, que convida pesquisadores(as) vinculados(as) a instituições de Ensino Superior ou Pesquisa, localizadas no Espírito Santo, a apresentarem propostas de projetos de geração de emprego e renda às comunidades que vivem dos Manguezais, tendo a restauração ecológica desses ecossistemas como objetivo central. O livro e os dados sobre os Manguezais podem ser baixados diretamente no site do IEMA e na plataforma GEOIEMA.

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Para citar este artigo

Referência eletrónica

Roberto José Hezer Moreira Vervloet, «Roberto José Hezer Moreira Vervloet. Mapeamento e análise espaço-temporal dos manguezais do Espírito Santo»Geografares [Online], 39 | 2024, posto online no dia 20 dezembro 2024, consultado o 21 março 2025. URL: http://0-journals-openedition-org.catalogue.libraries.london.ac.uk/geografares/16197

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Autor

Roberto José Hezer Moreira Vervloet

Instituto Estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Espírito Santo - Cariacica, Espírito Santo, Brasil
e-mail: robertovervloet@gmail.com
ORCID: https://0-doi-org.catalogue.libraries.london.ac.uk/10.47456/geo.v4i39.46667
Doutor em Geografia Física pelo Programa de Pós-Graduação em Geografia Física da USP. Bacharel em geografia pela UFES.

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Apenas o texto pode ser utilizado sob licença CC BY-NC 4.0. Outros elementos (ilustrações, anexos importados) são "Todos os direitos reservados", à exceção de indicação em contrário.

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