Manifestações ou sete atos e um desatino
Resumos
A temática que inspirou esse escrito foi o conjunto de manifestações de rua ocorridas no Brasil em julho de 2013. As manifestações foram inicialmente articuladas por questões de mobilidade urbana, mas depois ganharam imensa complexidade. A pluralidade de vozes e atravessamentos, e a impossibilidade de uma linguagem única a dar existência à complexidade das manifestações é o que constitui a matéria-prima para este texto que provoca a pensar nas generalizações e limitações que as linguagens existentes nos impõem para falar do espacial. O texto foi produzido coletivamente ou agenciado por membros do Grupo de Pesquisa Modernidade e Cultura do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional, da Universidade Federal do Rio de Janeiro e foi apresentado, de modo performático, na mesa redonda « Nas margens da Geografia maior : imaginação, estranhamento e performance », no III Colóquio Internacional « A Educação pelas imagens e suas geografias ».
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Topo da páginaNotas da redacção
Artigo recebido em : 28/11/2013
Artigo publicado em : 07/08/2014
Texto integral
Um rastro de rastros. Agenciamento:
Frederico Guilherme Bandeira de Araújo
Heitor Levy Ferreira Praça
Gabriel Schvarsberg
Natália Veloso Santos
GPMC/IPPUR/UFRJ
em setembro de 2013,
ou mesmo já desde antes.
ATO Kirstt
[se]
1naquela insuspeitada noite de um quente domingo a metrópole é, também a n -1, uma sala de reboco e os corpos-juntos a girar. por certo sem-órgãos, pura potencia potencializada por goles do que se podia pagar e do que agenciava a musica. metrópole-sertão, terra-de-ninguém. de repente, baião, xaxado, xote, agenciamento território, metrópole-indivíduo-multidão, digo eu para ter um aquilo que me parece querer e agenciar linha-de-fuga
2dia dito de « trabalho » na metrópole, digo eu outro, visto a roupa « dele » e vou e volto e dou com um pedaço de papel sobre a escrivaninha que me diz aquele eu de ontem e, quiçá, tantos outros. multidão ? Um desses que de que fala o papelzinho, talvez mais excêntrico que outros, talvez querendo-se passar por aquele que girava corpo-junto, mas também por aquele que lê e matuta, diz, pretensiosamente, também num bilhete, pra todos os outros
moça bonita
teu corpo-cheiro
maravilha
ainda no meu
memória constituída
de sons e rodopios
juntinhos
desprega um eu
de quem gosto muito
[mas/perto dali]
3Espremido entre corpos tensos e suados, mais sendo movido do que me movendo e gritando impotente com o que sobrava de voz « não corre ! ! ! não corre ! ! ! », o gás e a fumaça torturando, as explosões cada vez mais perto, num lampejo de olhar lacrimejante pude ver no chão um escrito já quase apagado : « quero ter a dignidade de um mestre-sala »
- 1 Imagem 1: Jose Gurvich. “Cosmic vision”, 1966. (fonte: google imagens).
[e]1
[quiçá/de súbito]
- 2 Milton Nascimento, Lô Borges e Márcio Borges: “Clube da Esquina II” (canção: 1979).
Por que se chamava moço
Também se chamava estrada
Viagem de ventania
Nem lembra se olhou pra trás
Ao primeiro passo, aço, aço.…
Por que se chamava homem
Também se chamava sonhos
E sonhos não envelhecem
Em meio a tantos gases lacrimogênios
Ficam calmos, calmos…
E lá se vai mais um dia
E basta contar compasso e basta contar consigo
Que a chama não tem pavio
De tudo se faz canção
E o coração
Na curva de um rio, rio…
E o Rio de asfalto e gente
Entorna pelas ladeiras
Entope o meio fio
Esquina mais de um milhão
Quero ver então a gente, gente, gente...2
ATO 476 Hz
[se]
4Eram duas e dezessete da manhã (devo ter olhado o relógio de parede, e relógios são coisas de certidão) quando me deparei comigo, assim como que diluído, espraiado, esgarçado mesmo a constituir cada dobra, cada soslaio, cada clarificado ou escuridez, sussurro e palavra mediana e xingamento, pedra e vento de esguelha de uma multidão (estranha, familiar) que teimosamente não conseguia deixar de nomear cidade. De me nomear, então. Eu, Cidade, a se dizer heterogeneidade emaranhada, rococó móbil, insistente, pecadora e brumosa ; a se redizer arestada e estável, luzidia, apolínea. Corpodesejantemultidãocidade.
- 3 Imagem 2: Antonio Berni. “Manifestación”, 1934. (fonte: google imagens).
[ou]3
[pelo contrario/e]
5« O povo constitui um corpo social ; a multidão não, porque a multidão é a carne da vida. » (17) Isto é, « ... a substância da vida comum na qual corpo e mente coincidem e são indistinguíveis. » (19)
6« A multidão é um conceito de classe. » (15) « Se por um lado opusermos multidão a povo, devemos também contrastá-la com as massas e a plebe. Massas e plebe são palavras que têm sido frequentemente [sic] empregadas para nomear uma força social irracional e passiva, violenta e perigosa que, justamente por isto, é facilmente manipulável. » (17, 18)
- 4 Excertos extraídos de NEGRI, Antonio. Para uma definição ontológica da Multidão. Lugar Comum. Rio d (...)
7« Ali onde se fala da multidão como conceito de classe e, consequentemente [sic], da multidão como sujeito de produção e objeto de exploração - torna-se então possível introduzir a dimensão corporal, pois fica evidente que na produção, nos movimentos, no trabalho e nas migrações, são os corpos que estão em jogo. » (21) »Do ponto de vista do poder, o que fazer da multidão ? » (18)4
[e vejamos]
8episódio vii
- 5 Excerto de RODRIGUES, Nelson. Os que negam Garrincha. In: CASTRO, Rui (org.). À Sobra das Chuteiras (...)
9Amigos, qualquer multidão é triste. Juntem 150 mil pessoas no Maracanã e vejam como imediatamente o estádio começa a exalar tristeza e depressão. Assim foi ontem, 1º de maio, Dia do Trabalho, e portões abertos para todo mundo. Aquilo foi tomado de assalto. E, quando soou o apito inicial, tinha gente até no lustre. Mas o que eu queria dizer é que, como qualquer multidão, aquela massa estava triste, fúnebre, inconsolável. E só mesmo o meu personagem da semana, Mané Garrincha, conseguiu arrancar do Maracanã entupido uma gargalhada generosa total. Vocês se lembram de Charlie Chaplin, em Luzes da ribalta, fazendo o número das pulgas amestradas ? Pois bem, Mané deu-nos um alto momento chapliniano. E o efeito foi uma bomba.(...) a multidão, neurótica como toda multidão, ria, finalmente ria. E o som de 150 mil gargalhadas saiu do Maracanã e rolou por toda a cidade.5
ATO Gordo Elias
- 6 Imagem 3: Weegee. “Coney Island at noon Saturday”, Jul, 1952. Disponível em: <http://museum.icp.org/museum/collections/spe-cial/weegee/weegee07a.html>. Acesso em: Outubro, </http>
[se]6
[em síntese]
1028/09/2048 entre 01 :34 e 20 :12 hs (Greenwich)
11O que pode a palavra multidão em si ? Nada. O que pode a palavra corpo em si ? Nada. Mas esse tipo de resposta obscurece o que interessa, simplesmente porque a pergunta tem por fundamento algo despropositado : a suposição de que uma palavra pode ser dita como a expressar algo em si. Uma palavra, qualquer palavra, não tem o poder de indicar alguma coisa como presença, a menos que silenciosa e perversamente, a cada enunciação, além do denotar algo num suposto mundo, sussurre o nihil obstat de um deus tirano, prestes a castigar quem pestaneje na fé da « verdade » dita. Verdade ?
12Mas, sem esse sedutor poder de individuação absoluta de um imaginado dizer adâmico, palavras com outras palavras podem criar o mundo como que subversivamente sem qualquer deus ou razão transcendente, como pura trama terrena, num jogo, desde sempre jogado e sem destino certo, em que as peças palavras dizem relações, não entre coisas, mas relações de relações.
- 7 “Os afectos são devires” (p. 42). Dizem respeito à potência agenciada às / pelas relações em um aco (...)
- 8 Adotamos a grafia “ecceidade” no lugar de “hecceidade”, ainda que Deleuze e Guattari indiquem ser u (...)
- 9 “É todo agenciamento em seu conjunto individuado que é uma hecceidade, é ele que se define por uma (...)
13Esse movente caos palavrório, não obstante, tem a potência de individuar por afectação7, não aquela supostamente determinada por alguma essência imaginada, mas a afetação possibilitada pelos planos de intensidades que fazem o jogo. Essa individuação _como aqui assumida, uma ecceidade8 rasurada, se tivermos em conta os termos em que Deleuze e Guattari a formulam9_ é agenciamento, redobra explodida em multiplicidade das palavras lance, elas também redobras de redobras, ecceidades de ecceidades de outras palavras na infinitude do jogo.
- 10 “... plano de consistência ou de composição das hecceidades ... que só conhece velocidades e afecto (...)
14No acontecimento constituído pelo presente indefinido desta escrita, instituo e me afecto por outro acontecimento, aquele de um fluxo de ecceidades _que designo como sons e formas e durações e odores e texturas e volumes e cores e temperaturas e distâncias_ a se mover aceleradamente desenhando e desfazendo figuras doces ou ameaçadoras e outras nem tanto. Interpelado e definitivamente arrebatado por essa afectação, jogador desejante que me faço, desdobro-a em jogo movente de outras ecceidades que digo multidão e corpo e cidade e nação e junho e 2013. Ecceidades cujas intensidades se agenciam por e como errância e reverberação e frequência e insistência e contração e curto-circuito e amplificação e multiplicidade e aceleração e adensamento e agregação e simultaneidade e intercalação e acréscimo e eliminação e violência e difusibilidade e superposição e, a constituir « plano de consistência »10 enquanto potência de negação do mesmo.
[assim também/caso]
15palavras haviam feito seu trabalho, sulcando como imprecisos arados o que outras palavras dizem ser minha mente revolta. os rastros que aí deixaram, trazem ao lume cidades e impérios grandiosos, mas também esquinas escuras, postes tortos e enferrujados, ruínas de pequenas casas tristes, prédios que se dizem inteligentes, luzes insuportáveis, sorrisos sem rosto, euforias carnavalescas, peixes mortos a olhar o vazio, um pão mordido no chão de uma calçada imunda, perguntas sem resposta, esquecimentos de coisas que não se sabe, terrenos baldios em meio a milharais de prédios, avessos, meninas feinhas, milharais de espigas douradas, uma pequena chave que não sabe sua fechadura. esqueço, seleciono, rememoro, teço tramas, violento que me agencio. ajo : pego do chão o pão mordido e o devoro com prazer. penso : até o momento tenho conseguido não matar ; com um pouco de sorte, seguirei evitando. falo : cidade.
[mesmo/com efeito]
16s/d, s/n
17Multidão é palavra à qual proponho sentido provocador estratégico, a ser colocado na rua, aos berros. Deslizando de ou entre dicotomias que operam com os termos transcendência / imanência, multidão diz movimento de multiplicidade incomensurável, potência de agenciamentos de afectos. Narra um contingente a (n-1), não afirma qualquer totalidade, portanto, mas é atormentado por esse fantasma que se faz vivamente presente com palavras como povo e massa e classe e identidade e nação e indivíduo e comunidade.
18A palavra multidão, defendo ainda, diz ao mesmo tempo multiplicidade de corpos multiplicidade, a-funcionais, corpos sem órgãos de corpos sem órgãos. Assim dito, a palavra corpo expressa multidão em devir que se desdobra, de modo a-contínuo ou mesmo a-sucessivo, em (outra) multidão em devir. Palavra devir a expressar transformação de planos de intensidades (velocidades, esquecimentos, temperaturas, cores, paixões).
19MultidãoCorpoMultidão, assim parece melhor dizer, afirma então trama movente de singularidades efêmeras, elas mesmas do mesmo modo ditas multidãocorpomultidão. Expressão que contém em segredo a ideia de desejo como instituinte do intensificar.
ATO salsa golf
[se]
20Eu estava sentado ante a grande janela do Café D., espreitando a rua. Era uma das artérias principais da cidade e regurgitara de gente durante o dia. Ao aproximar-se o anoitecer, a multidão engrossou.
21Muitos dos passantes tinham um aspecto comercial e pareciam apenas abrir caminho através da turba. Outros, eram irrequietos como se se sentissem solitários em razão da densidade da multidão. Eram nobres, procuradores, negociantes, agiotas — os eupátridas e os lugares-comuns da sociedade.
22Havia muitos indivíduos de aparência ousada, característica da raça dos batedores de carteiras. Os jogadores eram ainda mais identificáveis. Muitas vezes, em companhia desses velhacos, observei cavalheiros que viviam à custa da própria finura no tocante a rapinar o público : os almofadinhas e os militares.
- 11 Excerto livremente montado de POE, Edgar Allan. O homem da multidão. In: Paes, José Paulo (org.) Os (...)
23Descendo na escala do que se chama distinção, encontrei temas para especulações mais profundas e mais sombrias. Encontrei judeus mascates, com olhos de falcão cintilando num semblante onde tudo o mais era abjeta humildade ; atrevidos mendigos profissionais hostilizando mendicantes de melhor aparência, a quem somente o desespero levara a recorrer à caridade noturna ; débeis e cadavéricos inválidos, sobre os quais a morte já estendera sua garra, e que se esgueiravam pela multidão, olhando, implorantes, as faces dos que passavam, como se em busca de alguma consolação ocasional, de alguma esperança perdida ; mocinhas modestas voltando para seus lares taciturnos após um longo e exaustivo dia de trabalho e furtando-se aos olhares cúpidos dos rufiões, cujo contato direto, não obstante, não podiam evitar ; mundanas de toda sorte : a inequívoca beleza no auge da feminilidade, mas cheia de imundícies em seu interior ; a repugnante leprosa vestida de trapos ; a velhota cheia de rugas e de joias, exageradamente pintada, num derradeiro esforço por parecer jovem ; a menina de formas ainda imaturas, mas que, através de longa associação, já se fizera adepta das terríveis coqueterias próprias do seu ofício ; bêbados indescritíveis ; uns, esfarrapados, cambaleando, de rosto contundido e olhos vidrados ; outros, de trajes ensebados, algo fanfarrões, de lábios grossos e sensuais, e face rubicunda ; outros, ainda, trajando roupas que haviam sido elegantes e que, agora, mantinham escrupulosamente escovadas ; homens que caminhavam com passo firme, mas cujo semblante se mostrava medonhamen¬te pálido, cujos olhos estavam congestionados e cujos dedos trêmulos se agarravam, enquanto abriam caminho por entre a multidão.11
[e/ou]
- 12 Friedrich Engels, Die Lage der arbeitenden Klass ein England. Nach eigner Anschauung und authentisc (...)
24Uma cidade como Londres, onde se pode vagar horas a fio sem se chegar sequer ao início do fim, sem se encontrar com o mais ínfimo sinal que permita inferir a proximidade do campo, é algo realmente singular. Essa concentração colossal, esse amontoado de dois milhões e meio de seres humanos num único ponto, centuplicou as forças desses dois milhões e meio... Mas os sacrifícios... que isso custou só mais tarde se descobre. Quando se vagou alguns dias pelas calçadas das ruas principais... só então se percebe que esses londrinos tiveram que sacrificar a melhor parte de sua humanidade para realizar todos os prodígios da civilização, com que fervilha sua cidade ; que centenas de forças, neles adormecidas, permaneceram inativas, e foram reprimidas... O próprio tumulto das ruas tem algo de repugnante, algo que revolta a natureza humana. Essas centenas de milhares de todas as classes e posições, que se empurram umas às outras, não são todos seres humanos com as mesmas qualidades e aptidões, e com o mesmo interesse em serem felizes ?... E no entanto, passam correndo uns pelos outros, como se não tivessem absolutamente nada em comum, nada a ver uns com os outros ; e, no entanto, o único acordo tácito entre eles é o de que cada um conserve o lado da calçada à sua direita, para que ambas as correntes da multidão, de sentidos opostos, não se detenham mutuamente ; e, no entanto, não ocorre a ninguém conceder ao outro um olhar sequer. Essa indiferença brutal, esse isolamento insensível de cada indivíduo em seus interesses privados, avultam tanto mais repugnantes e ofensivos quanto mais estes indivíduos se comprimem num exíguo espaço.12
[e/ou]
25« o dinheiro confere, por um lado, um caráter impessoal, anteriormente desconhecido, a toda atividade econômica, por outro lado, aumenta, proporcionalmente, a autonomia e a independência da pessoa » (24)
26« aquele caráter impessoal e não-colorido, que é típico para o dinheiro em oposição aos outros valores específicos, tem de se reforçar continuamente ao longo da história cultural, (...). É exatamente esta ausência de um caráter específico que tornou possível os seus serviços internos, gerando uma comunidade ativa de indivíduos e grupos que normalmente insistem na sua separação e distancia mutua em todos os outros aspectos. » (25)
27« foi o dinheiro que nos ensinou como reunir sem nada perder de especifico e próprio da personalidade » (26)
- 13 Excertos extraídos de SIMMEL, Georg. O dinheiro na cultura moderna. In: SOUZA, Jessé; ÖELZE, Bertho (...)
28« por dentro do grupo social desfazem-se cada vez mais as delimitações fixas. A rigidez de laços e de tradições, (...), é penetrada – (...). A personalidade pode flutuar por meio de uma variedade múltipla de situações da vida, espelhando em si mesmo, por assim dizer, o panta rei (o fluxo total) das coisas » (38-9) » uma distinção mais pura entre a ação econômica objetiva do homem e a sua coloração individual, o seu próprio ego, que agora se afasta daquelas relações e quase se retira em direção às suas esferas mais íntimas » (27)13
[mas]
- 14 Para Demócrito, “todas as coisas se constituem a partir dos agregados atômicos, de configurações pa (...)
29não se trata de artigo texto monografia tese bíblia ensaio dazibao ficha catalográfica digressão cordel oração hipótese horóscopo documento resumo excerto reportagem ata alcorão relatório torá estrofe gráfico postscriptum bula regra de jogo anúncio ofício orelha cartaz memorando guia de turismo prefácio recado nota do editor vocabulário editorial vade-mécum declaração do imposto de renda acórdão manual outdoor tabela página em branco telegrama posfácio citação obituário rol letra de música tatuagem currículo resenha nota do tradutor receita panfleto memorial plano diário roteiro de cinema oração correio do amor glossário corpus ordem do dia paper proposição hashtag narrativa fichamento soneto fala tratado e-mail prescrição livro rótulo tira reza manifesto peça de teatro carta teoria prontuário poema catálogo banner romance dicionário haikai informe bilhete argumento sextilha twittada prece. talvez se possa dizer, mais como suspeita do que enquanto afirmativa, rhuthmos14, grafia e ritmo simultaneamente, e convite a dança.
DESATO
[se]
30introductio scriptum post (interdictus)
31Deve ter durado pouco mais de um mês, mas os dias longos da jornada talvez somem muito mais do que isso.
32Mesmo que agora eu sinta tudo como um fugaz raio em horizonte indefinível. Nesse tempo passado, agora presente denso e sem espessura, tracei, criando, roubando, rasurando, 30 fragmentografias. Numa ordem que esqueci ou não quero dizer ou não tem a menor importância. Estão aqui impressas, talvez em outra ordem, a que me tomou minutos antes da escrita deste também fragmento que ainda não imagino onde colocar e nem mesmo se juntarei aos anteriormente grafados. É claro, a ordem impressa é apenas uma das possíveis. Há 30 a 30 arranjos capazes de serem montados (30A30 = 30 ! / (30 – 30) !). Não tenha medo dessa quase infinitude, se é que consegues percebê-la. Siga a série como apresentada ou invente uma trilha pra começar e pode ser que desbravá-la já lhe torça o rabo. Experimente, aventure-se. Quem sabe será ciência ? Quem sabe será arte ? Quem sabe não será nem isso e nem aquilo e nem o entre ? Quem sabe simplesmente já essa tua leitura, na sequência escolhida, agencie em meio a essas grafias uma linha de fuga corpomultidãocidade que te provoque um lampejo ou um breve sorriso.
ATO Deuselina Pereira
[se]
33A multidão ruidosa discursava sem palavras (ou também com palavras) em seu movimento browniano. Bandeiras gritadas, indiscerníveis em seu fulgor, envolviam tudo como uma bruma, a deixar borrados rostos e fronteiras naquele entardecer já distante. maria alice, a cabeleira encaracolada vermelha inconfundível, o rosto mascarado por um casaco negro a rasurar seu sorriso com traços de ódio.
[então]
34bando, vila, populacho, coletivo, sociedade, turma, cidade, etnia, multidão, povaréu, comunidade, população, bloco, quadrilha, clã, manada, ajuntamento, linhagem, indivíduo, eu, massa, povoado, organismo, gente, família, nós, aglomerado, povo, turba, cosmo, conjunto, grupo, nação, time, poviléu, corpo, ele, matilha, classe, metrópole. nem taxonomias, nem centros e territórios, nem origens ou fados, nem mesmo totalidades e nem muito menos coisas ou arranjo de coisas. apenas palavras a exercer certo (trágico) poder : sintetizar disjunções efêmeras, enunciar agenciamentos devirosos, desejantes, diferançar.
[e]
- 15 BOLLE, Willi. ‘Um Painel com Milhares de Lâmpadas’. Metrópole & Megacidade. In: BENJAMIN, Walter. P (...)
35... na situação atual de uso inflacionário da palavra metrópole (como simples equivalente de « cidade grande » ...) faz-se necessário ... uma rememoração do significado original da palavra. Na Antiguidade, a metrópolis (do grego méter = « mãe » e polis = « cidade ») designava a « cidade-mãe », em relação às « cidades-filha » ou « colônias » que ela fundou e que dependiam dela, sendo que a metrópole podia tanto ser uma cidade quanto um Estado. Enquanto na Grécia as colônias eram relativamente independentes da cidade-mãe, essa situação mudou radicalmente no Império romano : as colônias resultaram da subjugação de outros povos e países e eram mantidas num regime de dependência, o que aumentava o domínio de Roma. No auge daquele Império, não obstante a existência de filiais, ou seja, de metrópoles de segundo e terceiro grau, a Metrópole, a rigor, só existia no singular. No início da era moderna, o fenômeno da metrópole ressurgiu nos empreendimentos coloniais da Espanha e de Portugal, que fundaram na América Latina cidades filiais estratégicas como Ciudad de México, Buenos Aires e São Paulo que, a partir de meados do século XX, se transformariam de forma explosiva em megacidades.15
[indubitalvelmente]
- 16 Leve rasura de “Nomes a Menos”, poema de Paulo Leminski encontrado por acaso em um dia de chuva que (...)
36que coisa dói nesses nomes cidade, multidão, corpo, maria alice, doloresque não tem nome que contenem coisa pra se contar ?16
ATO 23o
[se]
- 17 BENJAMIN, Walter op. cit., 2007.p. 468.
37Hugo, em Les Misérables, deu uma descrição surpreendente do subúrbio Saint-Marceau : ‘Não era a solidão, havia transeuntes ; não era o campo, havia casas ; não era uma cidade, as ruas tinham sulcos como as grandes estradas e nelas crescia o mato ; não era um vilarejo, as casas eram altas demais. O que era então ? Um lugar habitado onde não havia ninguém, um lugar deserto onde havia alguém, mais selvagem à noite que uma floresta, mais sombrio de dia que um cemitério.’ Dubech e D’Espezel, Histoire de Paris, Paris, 1926, p. 366.17
- 18 Imagem 4: Alejandro Xul Solar. “Barrio”, 1953. (fonte: Google imagens).
[e]18
[ou]
- 19 BENJAMIN, Walter. Passagens. Belo Horizonte: Editora UFMG / São Paulo: Imprensa Oficial do Estado d (...)
38As ruas são a morada do coletivo. O coletivo é um ser eternamente inquieto, eternamente agitado que vivencia, experimenta, conhece e inventa tantas coisas entre as fachadas dos prédios quanto os indivíduos no abrigo de suas quatro paredes. Para este coletivo, as brilhantes e esmaltadas tabuletas das firmas comerciais são uma decoração de parede tão boa, senão melhor, quanto um quadro a óleo no salão do burguês ; muros com o aviso « Proibido colar cartazes » são sua escrivaninha ; bancas de jornal, suas bibliotecas ; caixas de correio, seus bronzes ; bancos de jardim, a mobília de seu quarto de dormir ; e o terraço do café é a sacada de onde ele observa seu lar. Ali, na grade, onde os operários do asfalto penduram o paletó, é o vestíbulo ; e o corredor que conduz dos pátios para o portão e para o ar livre, esse longo corredor que assusta o burguês é, para eles, o acesso aos aposentos da cidade. A passagem era o aposento que servia de salão. Na passagem, mais do que em qualquer outro lugar, a rua se apresenta como o intérieur mobiliado e habitado pelas massas.19
[mas/mesmo porque]
39O menino está lá diante do mun¬do, os olhos castigados pela lumi¬nosidade excessiva. As cigarras se esganiçando sem serem vistas e ouvidas dão a verdadeira di¬mensão da cidade ao meio-dia. Logo alguém vai chamar para o almoço, talvez o som alto da TV se imponha. Tudo acontece à vol¬ta. Mesmo as cigarras, cujo retinir tende ao paroxismo, não estão ali. Por enquanto não há nada além de imensos e alvos arranha-céus amontoados. Monólitos ao sol, quarando.
40Quarando, quarando, ele se repete a palavra que – já desconfia – ficará ali, permanecerá como parte daquela paisagem, daquela sensação já de abandono, mesmo que o mundo avance.
- 20 24/05/2013, entre 14 e 23:00 horas. Livre rasura de BETTEGA, Amilcar. Lençóis secando na grama. Fol (...)
41Palavras, paisagens, dores, breves sorrisos, multidões pulsantes, corpos, massas amorfas que não podem estar em outro lugar nem em outro tempo. Palavras, pai¬sagens, dores, breves sorrisos, multidões pulsantes, corpos, massas amorfas ; mas não é isso o mundo, não é isso a cidade ? Nunca mais ele dirá, ou pensará, « quarando ». Nunca mais, depois daqueles verões infinitos, de tar¬des infinitas suspensas pelo canto agonizante das cigarras em meio ao onipresente barulho ao redor. Para recu¬perar a palavra, para senti-Ia ou¬tra vez se formando na garganta, se mexendo dentro da boca antes de sair à procura de um significa¬do que será sempre impreciso na sua imaginação, para isso vai ser preciso ser menino outra vez.20
ATO km 109 Sul
[se]
- 21 Rasura do primeiro parágrafo de DELEUZE, Gilles; GUATTARI, Félix. Mil platôs: capitalismo e esquizo (...)
42Escrevemos juntos. Como cada um de nós era vários, já era muita gente. Utilizamos tudo o que nos aproximava, o mais próximo e o mais distante. Distribuímos hábeis pseudônimos para dissimular. Por que preservamos nossos nomes ? Por hábito, exclusivamente por hábito. Para passarmos despercebidos. Para tornar imperceptível, não a nós mesmos, mas o que nos faz agir, experimentar ou pensar. E, finalmente, porque é agradável falar como todo mundo e dizer o sol nasce, quando todo mundo sabe que essa é apenas uma maneira de falar. Não chegar ao ponto em que não se diz mais EU, mas ao ponto em que já não tem qualquer importância dizer ou não dizer EU. Não somos mais nós mesmos. Cada um reconhecerá os seus. Fomos ajudados, aspirados, multiplicados. Criamos, roubamos, rasuramos.21
[por exemplo]
- 22 Excerto de RODRIGUES, Nelson. A solidão do líder. In: CASTRO, Rui (org.). O óbvio ululante: primeir (...)
43Primeiro, o homem não sabia estar só. Andava sempre em hordas ululantes. E quando, por acaso, desgarrava dos demais, uivava até morrer. Era assim o medo que juntava os homens e repito : - a multidão nasceu do medo. E o ser humano só se tornou humano, e só se tornou histórico, quando aprendeu a ficar só. Nós sabemos o que é a multidão. Bernard Shaw tinha-lhe horror e explicava : -- « Gosto de quem tem uma cara só ». Mas a multidão não tem nem isso. Simplesmente não tem cara. Como cronista esportivo, faço minhas experiências com as massas. Bem me lembro do jogo Vasco X Flamengo. Renda de 400 milhões e quebrados. Quando olhei o estádio lotado, deu-me a vontade de soluçar, como o astronauta : -- « A multidão é azul ». Mas não importa a cor parnasiana. Pouco depois, notei que já não era mais azul. Era negra. E assim, até o fim do jogo, a multidão teve todas as cores. Mas o que importa é a constatação : -- ela não é humana, não tem nada a ver com a condição humana. Em outra ocasião, e no próprio Estádio Mário Filho, fiz uma outra experiência ainda mais profunda (e meio alucinatória). Era uma das quase 200 mil pessoas presentes. Aconteceu então que, imediatamente, perdi qualquer sentimento de minha própria identidade. Ali, tornei-me também multidão. Esqueci a minha cara, senti a volúpia de ser « ninguém ». Se, de repente, o povo começasse a virar cambalhotas, e a equilibrar laranjas, e a ventar fogo, eu faria exatamente como os demais. E, então, senti que a multidão não só é desumana, como desumaniza. (Não sei se estou falando demais. Paciência.) Lá estávamos eu e os outros desumanizados. Pouca diferença faria se, em vez de 200 mil pessoas, fossem 200 mil búfalos, ou javalis, ou hienas. Há, porém, um momento em que a multidão se humaniza. Sim, em que a multidão se faz homem. É quando tem um líder. Acontece, então, o milagre : -- aquilo que era uma massa pré-histórica assume forma, sentimento, coração de homem. E, ao mesmo tempo, o medo que junta as multidões morre em nossas almas. Já não sentimos o medo, o velho, o velhíssimo medo das primeiras hordas dos primeiros homens. O líder tem coragem por nós, e sofre por nós, e traz a verdade tão sonhada. Mas há uma dessemelhança entre o líder e os que o seguem : -- nós somos multidão e ele, nunca. Como no texto ibseniano, ele é o que está « mais só ». Não será jamais multidão.22
ATO Rua C
[se]
44Em tarde de domingo dita de inverno, que se pode também dizer já de primavera ou de um quase-infinito verão, se destaca da multiplicidade (ou da multidão de mim mesmo, às vezes escorrego pensar) um individuo, num movimento só, em que constitui também certa tarefa de escrita. Um euzinho que existe mas não É, pra isso e aquilo e só. Outros virão, se destacarão. Lado a lado com suas constituídas tarefas. Como que subindo à superfície, ou justamente o contrário disso, submergindo de uma superfície obscena à procura de, na profundidade, Ser o que quer que seja. Mas qual o afecto que faz da multidão indivíduo ? Corpo, cidade, rapaz, multidão, orientador, belas-palavras, publicação, currículo Lattes, (capaz !), metrópole, cientista, Dolores... E o que dizer-territorializar ?
[porque/por que]
45Não é dado a todo o mundo tomar um banho de multidão : gozar da presença das massas populares é uma arte. E somente ele pode fazer, às expensas do gênero humano, uma festa de vitalidade, a quem urna fada insuflou em seu berço o gosto da fantasia e da máscara, o ódio ao domicílio e a paixão por viagens. Multidão, solidão : termos iguais e conversíveis pelo poeta ativo e fecundo. Quem não sabe povoar sua solidão também não sabe estar só no meio de uma multidão ocupadíssima. (…)
46O passeador solitário e pensativo goza de uma singular embriaguez desta comunhão universal. Aquele que desposa a massa conhece os prazeres febris dos quais serão eternamente privados o egoísta, fechado como um cofre, e o preguiçoso, ensimesmado como um molusco. Ele adota como suas todas as profissões, todas as alegrias, todas as misérias que as circunstâncias lhe apresentem.
- 23 Excerto de BAUDELAIRE, Charles. As Multidões. Pequenos Poemas em Prosa (Le Spleen de Paris), p. 18. (...)
47Isto que os homens denominam amor é bem pequeno, bem restrito, bem frágil comparado a esta inefável orgia, a esta solta prostituição da alma que se dá inteiramente, poesia e caridade, ao imprevisto que se apresenta, ao desconhecido que passa. (...)23
Notas
1 Imagem 1: Jose Gurvich. “Cosmic vision”, 1966. (fonte: google imagens).
2 Milton Nascimento, Lô Borges e Márcio Borges: “Clube da Esquina II” (canção: 1979).
3 Imagem 2: Antonio Berni. “Manifestación”, 1934. (fonte: google imagens).
4 Excertos extraídos de NEGRI, Antonio. Para uma definição ontológica da Multidão. Lugar Comum. Rio de Janeiro, Universidade Nômade / Laboratório de Território e Comunicação (LABTeC/UFRJ), no 19-20, pp.15-26, Jan-Jun, 2004.
5 Excerto de RODRIGUES, Nelson. Os que negam Garrincha. In: CASTRO, Rui (org.). À Sobra das Chuteiras Imortais: crônicas de futebol, São Paulo: Companhia das Letras, 1993. pp. 119-120. (Crônica publicada em O Globo em 02/05/1966.
6 Imagem 3: Weegee. “Coney Island at noon Saturday”, Jul, 1952. Disponível em: <http://museum.icp.org/museum/collections/spe-cial/weegee/weegee07a.html>. Acesso em: Outubro, 2013.
7 “Os afectos são devires” (p. 42). Dizem respeito à potência agenciada às / pelas relações em um acontecimento. Esta nota e as que se seguem (até a 11) fazem referência a DELEUZE, Gilles; GUATTARI, Félix. Mil platôs: capitalismo e esquizofrenia. Vol. 4. Rio de Janeiro: Ed. 34, 1997.
8 Adotamos a grafia “ecceidade” no lugar de “hecceidade”, ainda que Deleuze e Guattari indiquem ser um equívoco ao se ter em conta a origem da palavra em Duns Scot, por assumir como promissora à discussão aqui desenvolvida a ideia aportada pela raiz “ecce” “porque sugere um modo de individuação que não se confunde precisamente com o de uma coisa ou de um sujeito” (p. 47).
9 “É todo agenciamento em seu conjunto individuado que é uma hecceidade, é ele que se define por uma longitude e uma latitude, por velocidades e afectos, independentemente das formas e dos sujeitos que pertencem tão somente a outro plano” (pp. 47-48). “Uma hecceidade não tem nem começo nem fim, nem origem nem destinação; está sempre no meio. Não é feita de pontos, mas apenas de linhas. Ela é rizoma.” (p. 50). “No plano de consistência [aquele de composição das hecceidades], um corpo se define somente por uma longitude e uma latitude: isto é, pelo conjunto dos elementos materiais que lhe pertencem sob tais relações de movimento e de repouso, de velocidade e de lentidão (longitude); pelo conjunto de afectos intensivos de que ele é capaz sob tal poder ou grau de potência (latitude)” (p. 47. Grifos do original). “Chama-se latitude de um corpo os afectos de que ele é capaz segundo tal grau de potência, ou melhor, segundo os limites desse grau. A latitude é feita de partes intensivas sob uma capacidade, como a longitude, de partes extensivas sob uma relação.” (p. 42. Grifos do original). Dizemos que a ideia de ecceidade que adotamos é rasurada porque a modalidade de sua assunção desconsidera a objetividade substantiva que parece estar contida nos fundamentos longitude e latitude especificados por Deleuze e Guattari [cf. citações acima, nesta nota]. Neste trabalho, longitude e latitude não expressam mais do que individuações instituídas na e pela linguagem, portanto também ecceidades.
10 “... plano de consistência ou de composição das hecceidades ... que só conhece velocidades e afectos...” (p. 48).
11 Excerto livremente montado de POE, Edgar Allan. O homem da multidão. In: Paes, José Paulo (org.) Os melhores contos de Edgar Allan Poe. São Paulo: Círculo do Livro. 1987.
12 Friedrich Engels, Die Lage der arbeitenden Klass ein England. Nach eigner Anschauung und authentischen Quellen (Leipzig, 1848, 2a ed., p. 36.) apud BENJAMIN, Walter. Charles Baudelaire um lírico no auge do capitalismo. São Paulo: Brasiliense, 1989. pp. 114-115.
13 Excertos extraídos de SIMMEL, Georg. O dinheiro na cultura moderna. In: SOUZA, Jessé; ÖELZE, Berthold (org.) Simmel e a Modernidade. 2ª ed. Brasília: Editora da UnB, 2005. pp. 23-40.
14 Para Demócrito, “todas as coisas se constituem a partir dos agregados atômicos, de configurações particulares de átomos que, em razão de seus diferentes rhusmoi, dão origem a corpos distintos e particulares. E é por isso que rhuthmos, enquanto “maneira particular de fluir”, foi o termo mais adequado a descrever as ‘disposições’ ou as ‘configurações’ sem fixidez e resultante de arranjos sempre sujeitos à mudança.” (PEIXOTO, 2010, p. 424). PEIXOTO, Miriam Campolina Diniz. ‘Rhusmos e movimento dos átomos na física de Demócrito’. kriterion, Belo Horizonte, nº 122, Dez./2010, pp. 413-428.
15 BOLLE, Willi. ‘Um Painel com Milhares de Lâmpadas’. Metrópole & Megacidade. In: BENJAMIN, Walter. Passagens. Belo Horizonte: Editora UFMG / São Paulo: Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2007. p. 1143.
16 Leve rasura de “Nomes a Menos”, poema de Paulo Leminski encontrado por acaso em um dia de chuva que fazia cinza ou azul, ao folhear a coletânea TODA A POESIA, o azul já azulejava. LEMINSKI, Paulo. Toda Poesia. São Paulo: Companhia das Letras, 2013.
17 BENJAMIN, Walter op. cit., 2007.p. 468.
18 Imagem 4: Alejandro Xul Solar. “Barrio”, 1953. (fonte: Google imagens).
19 BENJAMIN, Walter. Passagens. Belo Horizonte: Editora UFMG / São Paulo: Imprensa Oficial do Estado de São Paulo. 2007. p. 468.
20 24/05/2013, entre 14 e 23:00 horas. Livre rasura de BETTEGA, Amilcar. Lençóis secando na grama. Folha de São Paulo, São Paulo.
21 Rasura do primeiro parágrafo de DELEUZE, Gilles; GUATTARI, Félix. Mil platôs: capitalismo e esquizofrenia. Vol. 1. Rio de Janeiro: Ed. 34, 1995. p. 11. Trecho obtido a muito custo numa tarde, como tantas outras, em que cá no IPPUR, o acesso à internet é complicado.
22 Excerto de RODRIGUES, Nelson. A solidão do líder. In: CASTRO, Rui (org.). O óbvio ululante: primeiras confissões, São Paulo, Companhia das Letras, 1993. pp. 281-284. (Crônica publicada em O Globo de 28.06.1968.).
23 Excerto de BAUDELAIRE, Charles. As Multidões. Pequenos Poemas em Prosa (Le Spleen de Paris), p. 18. Disponível em: <http://peque-nospoemasemprosa.blogspot.fr/> Acesso em: setembro, 2013.
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Para citar este artigo
Referência eletrónica
Frederico Guilherme Bandeira de Araujo, Gabriel Schvarsberg, Heitor Levy Ferreira Praça e Natalia Velloso Santos, «Manifestações ou sete atos e um desatino», Geografares [Online], 17 | 2014, posto online no dia 08 agosto 2014, consultado o 14 novembro 2024. URL: http://0-journals-openedition-org.catalogue.libraries.london.ac.uk/geografares/14831
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