Texto integral
1Este número traz, em primeiro plano, o dossiê Geografia econômica, neoliberalismo e ecologia política do desenvolvimento coordenado por Leandro Dias de Oliveira, John Dairo Zapata Ochoa, Mariana Traldi e Victor Tinoco Souza, composto por 11 artigos e uma introdução geral, agregando novas contribuições analíticas aos trabalhos selecionados no IV Colóquio Internacional Espaço e Economia. Nele são explorados, sempre sob o signo da leitura crítica e politicamente referenciada, temas como a Agenda 2030 e 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, a financeirização do meio ambiente nas ações de combate às mudanças climáticas e as implicações do neoliberalismo econômico na Amazônia, no estado do Rio de Janeiro e na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Os artigos variados da revista começam com o Experiências internacionais de transferência de água entre bacias hidrográficas: um debate sobre gestão hídrica e ordenamento do território de José Antônio da Silva Filho, Francisco Fernando Pinheiro Leite, Larissa da Silva Ferreira Alves e Jairo Bezerra Silva. Nele se demonstra que a oferta desigual de água doce no mundo atrelada ao crescimento populacional e demandas industriais, deve se agravar com a ocorrência de fenômenos climáticos extremos como as secas. Há séculos, diversos países utilizam da transferência de água de uma bacia hidrográfica superavitária para outra deficitária como forma de superar a escassez hídrica e garantir o desenvolvimento socioeconômico dessas áreas. O artigo discute experiências internacionais de transferências de água interbacias enquanto ações de forte cunho de reordenamento territorial, em particular aborda as bacias hidrográficas de países como Espanha, China e Estados Unidos da América.
2Expansão urbana e o fornecimento de serviços ecossistêmicos em Nova Serrana/MG, de Charles Fonseca, Carlos Lobo, Sónia Carvalho Ribeiro e Rodrigo Leitão, identifica e analisa os impactos da expansão urbana no município de Nova Serrana, Minas Gerais, Brasil, sobre a provisão de serviços ecossistêmicos locais. Foram utilizadas métricas da paisagem para quantificar as mudanças na composição espacial e compreender os resultados dos processos ocorridos ao longo de um período de 15 anos. As pesquisas demonstram que houve uma perda de 781 hectares de manchas de vegetação natural (incluindo florestas e cerrado), principalmente devido à expansão das áreas urbanas. Além disso, as campanhas de campo revelaram outros problemas ambientais, não aparentes nas imagens de satélite, como inundações locais, perda de nascentes e poluição do ar por fábricas de calçado, todos eles consequências da degradação dos serviços ecossistêmicos.
O artigo Território e digitalização: a ação do iFood em Campos dos Goytacazes/RJ de Silvana Cristina da Silva e Nágila da Silva Ferreira analisam como ocorreu a expansão do iFood em Campos dos Goytacazes entre 2020 e 2022, demonstrando que a plataforma reforçou as desigualdades entre o centro e a periferia da cidade. Sublinha, igualmente, que essa plataforma intensifica os fluxos de informações para ampliar sua ação nos lugares, bem como reafirma as centralidades da rede urbana no Brasil e se torna uma corporação extratora de renda dos lugares em escala global.
3Tempo de deslocamento como barreira à acessibilidade urbana na Região Metropolitana de São Paulo (RMSP), de Ricardo Barbosa da Silva, analisa o papel do tempo de deslocamento no transporte coletivo para a acessibilidade urbana aos empregos na Região Metropolitana de São Paulo (RMSP), ao longo das últimas três décadas. A metodologia utilizada combina abordagens quantitativa e qualitativa, constatando que o tempo de deslocamento age como barreira à acessibilidade urbana aos empregos, especialmente, em relação aos moradores pobres das periferias urbanas da RMSP.
4Publicamos uma entrevista, realizada há 24 anos, mas inédita até hoje, por Paulo Scarim, nos quadros de sua pesquisa para o mestrado, com o geógrafo Armando Corrêa da Silva, que participou ativamente do movimento de renovação crítica da geografia brasileira a partir da década de 1970, com um destaque para sua participação na AGB (Associação dos Geógrafos Brasileiros), da qual foi presidente. Enquanto educador, orientador e líder de grupos de pesquisa formou diretamente pessoas que foram e são influentes na geografia brasileira e latino-americana.
5A outra entrevista foi realizada com nossa colega e amiga do Departamento e do Programa de Pós-Graduação em Geografia da Universidade Federal do Espírito Santo, Aurélia Hermínia Castiglioni, que tanto contribuiu para a formação de geógrafos no Espírito Santo, pioneira no Departamento de Geografia da Universidade Federal do Espírito Santo com estudos importantes de geografia da população e de demografia. Assim, a entrevista aborda a trajetória pessoal e profissional de Aurélia, descrevendo as suas contribuições em diferentes frentes de trabalho, além de apresentar o seu olhar sobre temas e perspectivas futuras de trabalho relacionados a Geografia e a Demografia.
Para citar este artigo
Referência eletrónica
Cláudio Luiz Zanotelli, «Editorial Geografares », Geografares [Online], 38 | 2024, posto online no dia 28 junho 2024, consultado o 12 dezembro 2024. URL: http://0-journals-openedition-org.catalogue.libraries.london.ac.uk/geografares/12455
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