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Editorial

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Cláudio Luiz Zanotelli

Texto integral

1Nesse número da revista Geografares publicamos um texto traduzido do francês e dois textos traduzidos do inglês procurando divulgar artigos ainda inéditos no Brasil.

2O primeiro se intitula Questões de Michel Foucault à revista Hérodote e respostas dos geógrafos, ele foi traduzido do original em francês da Revista Hérodote, abril-junho, segundo trimestre de 1977, n.6, p.3-39, por Ana Maria Leite de Barros e teve revisão técnica de Cláudio Luiz Zanotelli. A versão original da revista foi obtida de gallica.bnf.fr/Bibliothèque Nationale de France. Trata-se de texto inédito em português. Ele é o prosseguimento lógico do primeiro diálogo estabelecido entre Foucault e os geógrafos que gravitavam em torno da Revista Herodote fundada por Yves Lacoste. Em efeito, no primeiro número de revista Hérodote, primeiro trimestre de 1976, janeiro-março, esses geógrafos apresentaram questões a Michel Foucault que as respondeu e a entrevista foi publicada nesse mesmo número (p.71-85). Essa entrevista com Michel Foucault foi traduzida no Brasil por Roberto Machado e Angela Loureiro de Souza e publicada, dentre outros artigos, no livro Microfísica do poder em capítulo intitulado Sobre Geografia, (Michel Foucault, Microfísica do poder, p.153-166, Rio de Janeiro: Graal, 1999 [primeira edição em português 1979]. O diálogo ora apresentado prolonga o debate, pois desta feita é Foucault que endereça questões aos geógrafos. São inúmeros geógrafos que respondem às questões, dentre eles Milton Santos, Jean-Bernard Racine e Claude Raffestin.

3A primeira tradução do inglês foi efetuada por Ana Maria Leite de Barros com revisão de Cláudio Luiz Zanotelli, e dá prosseguimento ao diálogo de geógrafos com Michel Foucault, em efeito trata-se de Espaço, saber e poder: Foucault e a geografia. Os textos foram traduzidos do original Space, knowledge and power: Foucault and geography (páginas 41 a 64), editado por Jeremy W. Crampton e Stuart Elden e publicados pela editora Ashgate Publishing Limited em 2007. Os textos aqui agrupados correspondem às respostas de geógrafos anglo-saxões efetuadas trinta anos depois às mesmas questões formuladas por Foucault à revista Hérodote em 1977. Dentre essas respostas à Foucault há notadamente um texto de David Harvey. Desse modo, podemos avaliar as diferentes recepções e comentários às questões e à obra de Michel Foucault feitas por geógrafos de matrizes teóricas distintas.

4O terceiro texto traduzido é um artigo que foi publicado originalmente sob o título Land, terrain, territory (Terra, terreno, território) no periódico científico Progress in Human Geography em 2010, volume 34. A disponibilização desse trabalho em língua portuguesa resulta do trabalho de tradução de Márcio José Mendonça e revisão de Ana Maria Leite de Barros e Cláudio Luiz Zanotelli. Agradecemos ao autor e à revista que detém os direitos autorais pela permissão de publicar este trabalho na revista Geografares. Este artigo descreve um caminho na busca de uma maior clareza conceitual e histórica em torno da questão do território. O objetivo dele não é o de definir território, no sentido de um significado único; mas indicar as questões que estão em jogo na compreensão de como a categoria tem sido entendida nos diferentes contextos históricos e geográficos.

5Os artigos avaliados pela revista e que serão publicados nesse número estão abaixo enumerados e tratam de temáticas diversas.

6O artigo Metropolização da pobreza de São Paulo: dinâmica imobiliária, violência e a organização socioespacial da metrópole de Thiago Canettieri, analisa o constante processo de expulsão a que os pobres estão submetidos nas metrópoles brasileiras estudando o caso de São Paulo. Ele objetiva demonstrar como os processos de realização de uma metrópole voltada para atender as demandas do Capital significa a contínua despossessão das demandas das classes trabalhadoras.

7O artigo Análise da cobertura vegetal e uso das terras em unidades geoambientais, nos municípios de Castelo do Piauí e Juazeiro do Piauí, Nordeste, Brasil de Francílio de Amorim dos Santos e Cláudia Maria Sabóia de Aquino, se propõe a identificar as unidades geoambientais presentes nos municípios de Castelo e Juazeiro no Piauí e analisar, por meio das imagens do satélite Landsat5 TM e do sensoriamento remoto, o estado da cobertura vegetal e o uso das terras nas referidas unidades. Os dados da cobertura e do uso das terras apontaram correlação entre si e evidenciaram que as referidas unidades geoambientais apresentaram aumento nos valores das classes de maior proteção da cobertura vegetal, na redução das atividades agropecuárias e no aumento da caatinga arbustiva e caatinga arbórea.

8O artigo Inserir o Maranhão na Geografia Oficial do Semiárido: Um Requisito de Justiça Social no Nordeste Brasileiro de José de Jesus Souza Lemos e Raquel Torquato Fernandes, demonstra que o semiárido brasileiro é uma região por demais carente. Mesmo o Ministério do Interior considerando que existam municípios do semiárido em oito dos estados do Nordeste excluindo o Maranhão, mas incorporando municípios do estado de Minas Gerais, o estudo também busca mostrar que pelo menos quinze municípios do Maranhão tem características do semiárido e nesses municípios concentram-se um dos maiores bolsões de pobreza desse ecossistema no Brasil. As evidências do estudo permitem concluir que, em geral, os municípios com características técnicas do semiárido maranhense tem indicadores econômicos, sociais e ambientais piores do que a média dos demais municípios já reconhecidos no semiárido brasileiro.

9O artigo Os reflexos socioeconômicos e ambientais do avanço da rizicultura no município de Cachoeira do Arari no Pará de João Gabriel Pinheiro Huffner e Ruver Seabra Meirelles, analisa sob a ótica do ordenamento territorial as possíveis implicações socioambientais da implantação da rizicultura em município do Pará. O procedimento metodológico adotado perpassou a análise de indicadores socioeconômicos municipais, documentos oficiais que tratam do uso e ocupação do solo em Cachoeira do Arari e entrevistas com moradores e representantes do poder público, além de trabalho de campo. Os resultados obtidos apontam para a ausência do poder público na condução e orientação do processo de implantação da rizicultura em Cachoeira do Arari, bem como no não cumprimento das exigências das leis ambientais para esse tipo de atividade e, por m, no desrespeito às comunidades locais afetadas pelo cultivo.

10O artigo Mudança estrutural e diversificação da produção agropecuária no Espírito Santo de Edileuza Vital Galeano, analisa as mudanças ocorridas na agropecuária do Estado do Espírito Santo entre os anos de 2006 e 2014 relativas à composição do valor da produção deste setor. Foram utilizados o índice de diversificação e o índice de mudança estrutural. Os resultados do índice de diversificação indicam que houve melhora no índice; embora o índice de mudança estrutural tenha indicado que as mudanças foram ainda pouco significativas.

11Para concluir, o artigo A migração no Espírito Santo no período 1991-2010: novidades e continuidades de Ednelson Mariano Dota, explicita que a migração tem contribuído decisivamente para o crescimento demográfico do Estado do Espírito Santo. Essa contribuição foi reforçada na segunda metade da década de 2000 quando o incremento da população via migração aumentou em função dos elevados preços das commodities no mercado internacional. Assim, a partir de uma análise comparativa dos volumes e características da migração e das tendências migratórias nos períodos de 1986-1991, 1995-2000 e 2005-2010 elucida os fatores relacionados a esse processo.

12Boa leitura!

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Para citar este artigo

Referência eletrónica

Cláudio Luiz Zanotelli, «Editorial »Geografares [Online], 21 | 2016, posto online no dia 08 julho 2016, consultado o 05 dezembro 2024. URL: http://0-journals-openedition-org.catalogue.libraries.london.ac.uk/geografares/11965

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Autor

Cláudio Luiz Zanotelli

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Apenas o texto pode ser utilizado sob licença CC BY-NC 4.0. Outros elementos (ilustrações, anexos importados) são "Todos os direitos reservados", à exceção de indicação em contrário.

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