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O DEBATE SOBRE A DESINDUSTRIALIZAÇÃO NO BRASIL: ABORDAGENS CONCORRENTES E UM OLHAR A PARTIR DA GEOGRAFIA

THE DISCUSSION ON DEINDUSTRIALIZATION IN BRAZIL: COMPETING APPROACHES AND A LOOK FROM GEOGRAPHY
Edilson Alves Pereira Júnior

Texto integral

Boletim Goiano de Geografia (2019)

Link para a revista:

1https://www.revistas.ufg.br/​bgg/​article/​view/​56942

Link para o artigo:

2https://www.revistas.ufg.br/​bgg/​article/​view/​56942/​33344

Resumo

3Avaliar os elementos constitutivos dos processos de industrialização e desindustrialização e observar a pertinência dos mesmos para o contexto das transformações do mais recente regime de acumulação no Brasil são os principais objetivos deste artigo. Para isso, acreditamos que qualquer debate sobre os processos de industrialização e desindustrialização deve passar pela relação que esses têm com dois fenômenos específicos da realidade contemporânea, a saber: 1) a relação entre terciarização e produção manufatureira; e 2) a reestruturação territorial e produtiva materializada nas últimas décadas. Considerados os dois fenômenos para a realidade industrial brasileira, o país parece apontar para uma nova combinação entre relações espaciais, produtivas, financeiras e de serviços, capaz de revelar mecanismos complexos de organização dos sistemas industriais. Desse modo, conceitos, metodologias e tipologias convencionais tendem a não capturar inteiramente a complexidade das transformações setoriais e espaciais da indústria na contemporaneidade, e a atualização dos mecanismos de interpretação faz-se necessário.

Introdução

4A geografia industrial do planeta sofreu importantes alterações nas últimas décadas. Com as novas articulações possibilitadas pela alteração tecnológica, visualizou‑se o domínio da flexibilização, da informatização nos negócios, da automação da produção industrial e da manipulação biotecnológica, o que representou, em última instância, uma revalorização dos preceitos responsáveis pela produção e pela circulação do valor no capitalismo contemporâneo, garantidores da sua mais recente configuração de acumulação. Este artigo procura levantar algumas interpretações acerca das questões arroladas, obviamente, tratando do tema com o devido cuidado e procurando não esgotar as complexas possibilidades de leitura que o assunto engendra. É lugar comum atualmente, sobretudo em publicações da literatura econômica especializada, a análise apressada sobre as consequências da nova configuração de acumulação capitalista e seus impactos sobre o Brasil. Expressões como “desindustrialização” e “reprimarização da economia” já são tão recorrentes em alguns debates que sequer o questionamento de seus reais significados merece menção. Avaliar o caráter efetivo e duradouro de alguns desses fenômenos e observar a pertinência de todos eles para o Brasil no contexto das transformações do mais recente regime de acumulação financeirizado (Chesnais, 2006) faz‑se mister, em especial para evitar que as interpretações dos fatos mais atrapalhem do que ajudem. Para este artigo, o objetivo principal é debater os processos de industrialização e desindustrialização a partir da relação entre terciarização, produção manufatureira e reestruturação territorial e produtiva. Como recurso metodológico analisamos as muitas leituras feitas sobre a desindustrialização no Brasil, à luz da ciência econômica, contrapondo diferentes interpretações sobre as seguintes variáveis: a) valor adicionado da indústria face ao Produto Interno Bruto (PIB) nacional; b) comportamento das exportações de manufaturados; e c) participação do emprego industrial sobre o emprego total. Foram contemplados indicadores que abrangeram um período de 35 anos, entre 1980 e 2015, para que o debate sobre o tema pudesse ser realizado de maneira processual. Em seguida, selecionamos duas dinâmicas contemporâneas das transformações produtivas, a saber, a) a terciarização da economia e sua relação com a industrialização e b) a relocalização da atividade industrial no espaço geográfico; e as interpretamos sob um ponto de vista multidimensional e transescalar, considerando as múltiplas complexidades das relações políticas, socioeconômicas e territoriais. O artigo é composto por esta introdução, pelas considerações finais e por duas outras sessões que discutirão as muitas formas de interpretação da desindustrialização no Brasil e as mudanças nos padrões da economia brasileira, suas metamorfoses produtivas e nos serviços e as novas articulações das formas de acumulação.

5Bol.Goia. Geogr. 2019, v. 39: 56942 Artigohttps://revistas.ufg.br/​bgg

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Para citar este artigo

Referência eletrónica

Edilson Alves Pereira Júnior, «O DEBATE SOBRE A DESINDUSTRIALIZAÇÃO NO BRASIL: ABORDAGENS CONCORRENTES E UM OLHAR A PARTIR DA GEOGRAFIA »Espaço e Economia [Online], 15 | 2019, posto online no dia 02 novembro 2019, consultado o 10 outubro 2024. URL: http://0-journals-openedition-org.catalogue.libraries.london.ac.uk/espacoeconomia/7872; DOI: https://0-doi-org.catalogue.libraries.london.ac.uk/10.4000/espacoeconomia.7872

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Autor

Edilson Alves Pereira Júnior

Edilson Pereira Júnior – Mestre e graduado em Geografia pela Universidade Estadual do Ceará. Doutor em Geografia pela Universidade Estadual Paulista, Campus de Presidente Prudente/SP. Professor adjunto da Universidade Estadual do Ceará do Programa de Pós-Graduação em Geografia. Bolsista Produtividade CNPq nível 2. https://orcid.org/0000-0003-4734-5500

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