Os circuitos espaciais de produção do petróleo no Rio de Janeiro e em São Paulo: formação e integração da megarregião Rio - SP
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1Link para a Revista Geographia, do Programa de Pós-Graduação em Geografia da UFF
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Resumo:
5A atividade petrolífera de extração, circulação e beneficiamento de petróleo produziu nos estados Rio de Janeiro e São Paulo uma cadeia produtiva que se vertebra por meio de um circuito espacial de produção. Buscamos nesta comunicação uma interpretação sobre como essa fração do capital contribuiu no processo espacial de constituição e expansão da megarregião RJ-SP – tanto em termos do circuito espacial como de sua nebulosa urbana – e as novas formas e arranjos espaciais daí decorrentes. A pesquisa analisa cada uma das estruturas produtivas e redes técnicas estabelecidas no que denominamos Circuito Espacial do Petróleo e dos Royalties nos estados do Rio de Janeiro e em São Paulo, apresentando em mapas as redes formadas pelas bases operacionais e instalações. A partir da interpretação dessas bases busca-se conjugar os fatores dinâmicos da urbanização que nos parece apresentar características cada vez mais regionais e de metropolização do espaço.
6Palavras-chave: Economia do petróleo. Megarregião. Economia Rio de Janeiro. Circuito espacial da produção.
Introdução
7Este artigo descreve criticamente como o setor de petróleo, representando uma fração do capital, produz e “lubrifica” socialmente o espaço e vem contribuindo para a constituição da megarregião Rio-SP. É uma pesquisa sobre os movimentos do capital, que, por meio do enraizamento no território e da materialidade de suas instalações, reproduz condições para acumulação.
8Assim, o artigo tem como objetivo inserir na interpretação sobre a constituição e a expansão da megarregião Rio-SP ̶ e sua nebulosa urbana ̶ o papel de integração e adensamento determinado pelos “circuitos espaciais de produção do petróleo e gás” (CEPs) presentes no território, a partir de sua ampla cadeia produtiva (geração de valor), com suas bases industriais, seus eixos de circulação e modais de logística (portos) de distribuição e armazenagem. Propomos, assim, um esforço analítico de recuperação do conceito de “Circuitos Espaciais de Produção” (CEPs), a fim de interpretar, nesse caso, os movimentos das frações do capital (petróleo e logística) e sua influência sobre o processo de metropolização do espaço.
9A pesquisa procura evidências, no campo da geografia econômica/política (relações de poder) e economia regional, sobre a potência das relações entre os processos, as atividades econômicas e as transformações territoriais. Investiga-se um conjunto de instalações físicas, bases operacionais e infraestruturas, constituídas como capital fixo sobre o território e suas conexões com a rede global do setor petróleo. Busca-se a compreensão dos fatores de integração das sub-redes e de como os CEPs podem estar contribuindo para novas formas de urbanização e modos de vida nesses espaços.
10Partiu-se, assim, da análise sobre o Circuito Espacial do Petróleo e dos Royalties do Estado Rio de Janeiro (CEPR-RJ), incluindo agora observações sobre a identificação e a constituição do Circuito Espacial do Petróleo e dos Royalties do Estado de São Paulo (CEPR-SP). Até aqui, as interpretações reforçam a hipótese de que os fatores e as formas de constituição, organização e expansão desses circuitos levam à integração não apenas entre o CEPR-RJ e o CEPR-SP, mas também, em especial, da megarregião Rio-SP.
11O relato desta pesquisa destaca como elemento-chave a forte integração ̶ pouco percebida ̶ entre os circuitos e sub-redes que envolvem as bases operacionais e as instalações desta fração do capital, relacionando-a aos processos de urbanização que possuem características mais regionais e de metropolização do espaço, que levam, simultaneamente, ao adensamento e à expansão paulatina dos limites da megarregião Rio-SP. De forma complementar, também se levanta a hipótese de que, no capitalismo contemporâneo, os CEPs contribuem para o desenvolvimento de urbanizações regionais integradas, mas dispersas, que possuem fortes influências na constituição de megarregiões em outras partes do mundo.
12Na investigação desses fenômenos, utilizam-se várias bases documentais ̶ em sua essência ̶ , além de pesquisas de campo e entrevistas, reportagens de diversas mídias, relatórios de corporações, documentos, dados e indicadores de gestões públicas (Estado) nas diferentes escalas. As observações no campo e, dialeticamente, a análise de dados e indicadores nos municípios e regiões visaram identificar as formas de produção do espaço e de construção do território. Nesse processo, identificou-se a formação de redes urbanas com características mais regionais, sempre interligadas por eixos de circulação mais vinculados aos interesses econômicos e corporativos interpretados como Condições Gerais de Produção (CGP).
13Através da mediação entre a pesquisa empírica de campo e a análise de dados, buscou-se uma interpretação mais ampla e de totalidade desse processo reprodutivo do capital, que possui características sistêmicas, transescalares e multidimensionais, chegando-se à formulação da hipótese de que há uma relação de integração entre os CEPR-RJ e os CEPR-SP que contribui para a formação, a expansão e o adensamento da megarregião Rio-SP.
Imagem síntese:
Referências
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35Site:
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Para citar este artigo
Referência eletrónica
Roberto Moraes Pessanha e Floriano José Godinho de Oliveira, «Os circuitos espaciais de produção do petróleo no Rio de Janeiro e em São Paulo: formação e integração da megarregião Rio - SP», Espaço e Economia [Online], 15 | 2019, posto online no dia 27 outubro 2019, consultado o 07 novembro 2024. URL: http://0-journals-openedition-org.catalogue.libraries.london.ac.uk/espacoeconomia/6442; DOI: https://0-doi-org.catalogue.libraries.london.ac.uk/10.4000/espacoeconomia.6442
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