1Em dezembro de 2019 surge a notícia de um novo tipo de vírus que apareceu em Wuhan, uma das maiores cidades da China e importante centro industrial. Passados pouco mais de três meses, o vírus tornou-se conhecido como Covid-19, levando a uma situação de pandemia, fazendo com que até mesmo Afuá, cidade localizada na ilha do Marajó e sem acessos terrestres, registrasse casos da nova doença. Isso não diz respeito somente às características do vírus em si, como a sua facilidade de transmissão, mas sim à dinâmica de sua propagação, impulsionada por um mundo cada vez mais globalizado, conectado e urbanizado.
2Nesse sentido, o presente artigo tem como objetivo analisar a trajetória da Covid-19 no estado do Pará, a partir da correlação entre a doença, a rede urbana e as interações espaciais. Para isso, foi feita uma análise a partir dos dados divulgados pela Secretaria de Saúde Pública do Estado do Pará (SESPA), sobre a localização dos casos confirmados da doença. A avaliação foi dividida em dois momentos: 18 de março a 01 de abril, período em que havia a divulgação dos deslocamentos dos pacientes (histórico recente de viagens) e com 41 casos registrados e uma análise mais geral da distribuição espacial dos casos, entre 18 de março e 17 de abril, período em foram registrados 627 casos confirmados. A partir destas informações foram produzidos mapas, quadros e gráficos, que ajudam a compreender a trajetória da Covid-19, juntamente com proposições teóricas, como a teoria da difusão.
3Assim, o trabalho se encontra dividido em duas partes. Na primeira parte, apresentamos, de forma breve, uma discussão sobre a organização da rede urbana do Pará, dando destaque para a presença de elementos de infraestrutura que garantem maior capacidade de interação de algumas cidades com diversos estratos da rede urbana, como por exemplo, os aeroportos.
4Na segunda parte, é feita uma análise do primeiro mês de confirmação de casos da Covid-19 no Pará, através da distribuição espacial destes. A análise permitiu vislumbrar que em um curto período de tempo tanto a Difusão Hierárquica quanto a Difusão por Contágio estiveram presentes como formas de disseminação da pandemia pelo território paraense.
5 A rede urbana paraense é fortemente polarizada por sua capital Belém, cuja área de influência alcança, também, o vizinho estado do Amapá. Há, obviamente, uma explicação na própria formação socioespacial amazônica para que isso ocorra, já que a partir de Belém é que se estruturou o sistema urbano dessa região, desde suas formas mais arcaicas, como a rede dendrítica (CORRÊA, 2006), ainda nos tempos do Brasil-Colônia.
6 Corrêa (2006) faz uma periodização da rede urbana da Amazônia, analisando desde a fundação de Belém, em 1616, até a década de 1980. Para o autor, a rede urbana amazônica possui marcantes diferenças de tempos espaciais, com a presença de segmentos velhos e novos. De fato, no caso do Pará, a rede torna-se mais dinâmica a partir da segunda metade do século XX, com a atuação e os interesses do capital externo nos produtos da região, o que ocasionará o surgimento de novos centros urbanos, seja por meio da ordem intencional ou da espontânea, como afirmou Machado (1999).
7 A Amazônia, que até então tinha nos rios as suas principais “estradas”, começa a se redefinir a partir do traçado das rodovias, que irão atrair pessoas. Nesse aspecto, se destaca a importância das rodovias federais abertas na região a partir da década de 1970, como a Transamazônica (BR-230), Cuiabá-Santarém (BR-153), bem como a Belém-Brasília (BR-010), colaborando para a mudança no padrão locacional da população, que irá se dirigir “para as poeirentas cidades que surgiram à beira de estradas do interior” (SCHMINK; WOOD, 2012, p.194).
8 Uma das consequências dessa mudança de padrão locacional está na própria rede de cidades. Segundo Souza (2015), somente na década de 1980 são criados 22 novos municípios no Pará, cujos principais fatores que influenciaram na criação destes foram a abertura de rodovias federais e estaduais, bem como a exploração mineral, sobretudo estimulado pelo Programa Grande Carajás e a criação da Usina Hidrelétrica de Tucuruí. Entre 1983 e 1997 foram criados 60 novos municípios no Pará, o que equivale a 41,6% dos atuais 144 municípios no estado.
9 De acordo com o último estudo da Região de Influências das Cidades – REGIC (IBGE, 2008), a rede urbana paraense é comanda por Belém, sua Metrópole, e possui como capitais regionais Santarém, localizada no Oeste Paraense, na confluência do Tapajós e Amazonas e às margens da BR-163, além de Marabá, localizada às margens do rio Tocantins e da BR-230 (Transamazônica). Mais recentemente, o estudo Divisão Regional do Brasil (IBGE, 2017) apresentou uma nova proposta de regionalização do país, através da Regiões Geográficas Imediatas e Intermediárias.
10 Segundo IBGE (2017, p.19), as Regiões Imediatas se estruturam “a partir de centros urbanos próximos para a satisfação das necessidades imediatas das populações, tais como: compras de bens de consumo duráveis e não duráveis” e as Regiões Intermediárias “organizam o território, articulando as Regiões Geográficas Imediatas por meio de um polo de hierarquia superior diferenciado a partir dos fluxos de gestão privado e público e da existência de funções urbanas de maior complexidade”. Seguindo tais princípios, as cidades paraenses que organizam o território são Belém, Castanhal, Marabá, Redenção, Santarém, Altamira e Breves.
11 A partir de tais cidades, então, é que se realizam as interações espaciais no território paraense, sejam elas “longas ou curtas, lentas, rápidas ou instantâneas, diárias, semanais ou mensais, separadas por um maior ou menor lapso de tempo” (CORRÊA, 2016, p.132). Para que as formas espaciais se articulem, garantindo a interação espacial, é preciso que existam determinadas estruturas, capazes de realizar tal conexão.
12 A difusão da Covid-19 pelo mundo tem mostrado o quanto tem sido importante a presença de infraestruturas, como aeroportos e portos, no processo de disseminação da doença, possibilitando que o vírus “salte” escalas geográficas graças à maior conectividade e circulação (SPOSITO; GUIMARÃES, 2020).
13 Nesse sentido, a presença de aeroportos em determinadas cidades do Pará garante maior interação espacial da área de influência destas com outras escalas, mas, também podem ter se tornado uma porta de entrada para a Covid-19 e sua difusão pelo território. Segundo dados da ANAC (2020), em fevereiro do corrente ano havia no Pará nove cidades com aeroportos e voos regulares: Almeirim, Altamira, Belém, Breves, Itaituba, Marabá, Parauapebas, Porto de Moz e Santarém. A partir de tais cidades/aeroportos, o território paraense se conecta diretamente com 13 outras localidades no Brasil e 8 no exterior. Todas essas cidades são polos de Regiões Intermediárias ou Imediatas. Na seção posterior, será realizada uma análise entre a presença dos aeroportos e o início da Covid-19 no Pará.
14 Ainda correlacionado a rede urbana com a Covid-19 é importante realizar observação e análise a partir do comportamento da rede de cidades na área de saúde, a partir do estudo recentemente divulgado pelo IBGE (2020), como prévia dos resultados do REGIC 2018. A partir desse estudo é possível investigar o deslocamento de pessoas que saem de um município a outro em busca de acesso a serviços de saúde.
15 No Pará, há novamente destaque para Belém (nesse caso, o Arranjo Populacional de Belém), que está entre os principais destaques do país entre os deslocamentos para serviços de saúde de baixa e média complexidade. Além disso, é destacada a importância de Santarém, Capanema, Redenção, Marabá e Castanhal, pois atendem as cidades que estão nos seus respectivos entornos. Já quando se tratam dos serviços de saúde de alta complexidade, novamente se destaca a importância de Belém na rede urbana paraense, conforme a Figura 1 a seguir.
Figura 1 - Pará: Rede de influência de Belém pelos serviços de saúde (2018)
Elaboração: Souza; Ferreira Júnior (2020)
16 Catão (2016) ao estudar a dengue no estado de São Paulo, inicia suas análises mostrando como a teoria da difusão pode ser um caminho importante para responder perguntas como ‘por onde a doença chegou e como se alastrou? ’. Entre os aportes teóricos elencados pelo autor supracitado, destacamos a Difusão por Expansão, que seria “o processo de propagação espaço-temporal de um bem, ideia ou fenômeno – material ou imaterial [...] a partir de um, ou poucos, lugares para uma extensão maior” (CATÃO, 2016, p.16).
17 Por sua vez, a Difusão por Expansão ocorre de duas maneiras diferentes: pela Difusão por Contágio e pela Difusão Hierárquica (Figura 2). A primeira, pressupõe o contato interpessoal, como nas doenças contagiosas e, quanto mais próximo ao foco, maior probabilidade de contágio; a segunda ocorre a partir de uma lógica de ordem ou hierárquica como, por exemplo, a rede urbana (CATÃO, 2016).
Figura 2 – Tipos de difusão por expansão
Fonte: CATÃO (2016)
18 Após apenas um mês de notificação do primeiro caso de Covid-19 no Pará (primeiro caso registrado em 18 de março), parece ainda prematuro uma análise que confirme explicações mais robustas, visto que o vírus ainda se encontra em circulação. Entretanto, pelas características possíveis de serem analisadas até o momento, a Difusão por Expansão parece ser um caminho promissor para avaliar a trajetória da pandemia pelo território paraense, desde sua primeira notificação.
19 Primeiramente é possível fazer uma análise no período compreendido entre o dia 18 de março e 01 de abril, período esse em que a Secretaria de Saúde Pública do Estado do Pará (SESPA) divulgava em seus canais de comunicação a confirmação dos casos, bem como uma trajetória do (a) paciente, com seus últimos deslocamentos, na tentativa de identificar um fluxo do vírus. A partir do dia 02 de abril, o Governo Estadual decretou a ocorrência de transmissão comunitária, não divulgando mais os deslocamentos dos pacientes.
20 Nesse primeiro período, foram confirmados 41 casos de Covid-19 no Pará, dos quais 19 tiveram como origem outro estado ou país; 16 casos de transmissão comunitária e outros casos sem registro ou que os deslocamentos estavam em investigação.
Quadro 1 – Pará: Origem dos casos de COVID-19 conforme município, entre 18 de março e 01 de abril (2020)
Município
|
Quantidade de Casos
|
Origem dos Casos
|
Abaetetuba
|
1
|
Manaus
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Ananindeua
|
7
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Europa (3), Viagem a mais de um estado (1); Transmissão Comunitária (3)
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Barcarena
|
1
|
transmissão comunitária
|
Belém
|
25
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Rio de Janeiro (3); São Paulo (2); Europa (2); Fortaleza (2); Goiânia (1); Sem registro/viagem (4); Transmissão Comunitária (10); em investigação (1)
|
Castanhal
|
1
|
Fortaleza
|
Itaituba
|
1
|
Europa
|
Marabá
|
1
|
São Paulo
|
Marituba
|
1
|
transmissão comunitária
|
Parauapebas
|
1
|
Europa
|
Santarém
|
1
|
sem registro
|
Tucuruí
|
1
|
Belém (transmissão comunitária)
|
Fonte: SESPA (2020). Elaboração: Souza; Ferreira Júnior (2020)
21Neste primeiro momento é possível realizar a análise da difusão da Covid-19 cotejando a rede urbana, as estruturas espaciais e a ideia de Difusão Hierárquica anteriormente exposta. Avaliando o Quadro 1, fica evidente a importância dos casos confirmados em pacientes que se deslocaram para outros estados ou países, tendo o primeiro caso do Pará sido registrado em Belém, a partir de um paciente que esteve no Rio de Janeiro.
22A partir do quadro anterior é possível apreender que: i) 5 municípios possuem aeroportos (Belém, Itaituba, Marabá, Parauapebas, Santarém), sendo que quatro deles registraram casos vindos de fora do estado; ii) presença de casos na Região Metropolitana de Belém (Ananindeua, Belém, Castanhal, Marituba), tanto de transmissão comunitária quanto de casos de origem externa, o que evidencia a importância do aeroporto de Belém, que é referência para esses municípios; iii) casos em municípios muito próximos a Belém (Abaetetuba; Barcarena), inclusive com confirmação de caso de origem externa, o que evidencia, novamente, a importância da circulação e da conectividade entre diferentes estratos da hierarquia urbana.
23Passada essa primeira análise, em que foi possível relacionar os casos de Covid-19 com os deslocamentos dos pacientes infectados, adiante seguiremos com a avaliação a partir da distribuição espacial dos casos, sem considerar a origem do mesmo, procurando relacionar com a rede urbana. A Figura 3 a seguir destaca a distribuição total dos casos confirmados no Pará, até o dia 7 de abril.
Figura 3 – Pará: casos confirmados de Covid-19 (até 7 de abril)
Elaboração: Souza; Ferreira Júnior (2020)
- 1 A RMB é composta pelos municípios de Belém, Ananindeua, Benevides, Marituba, Santa Isabel do Pará, (...)
24A partir da Figura 3 e dos dados disponibilizados até então pela SESPA (2020), é possível analisar que: em 7 de abril, eram 156 casos confirmados, distribuídos por 19 cidades, o que representa 13,2% do total de municípios paraenses. Somente a capital Belém possuía 100 casos confirmados, o que corresponde a 64,1% dos casos. Ao ampliar a análise para a Região Metropolitana de Belém (RMB), esta concentrava 78,2% dos casos confirmados, demonstrando que a Difusão por Contágio – em que a distância é fator essencial – pode explicar a expansão da pandemia, facilitada pelos deslocamentos diários feitos através da estrutura rodoviária da RMB1.
25No interior, destaque para a presença de casos em municípios que ocupam posição hierárquica de destaque na rede urbana estadual: Marabá e Santarém (Capitais Regionais); Altamira, Cametá, Itaituba, Parauapebas, Tucuruí (Centros Sub-regionais) e, em especial, em municípios que possuem aeroportos (Marabá, Santarém, Parauapebas, Itaituba) e registraram casos vindos de outros estados e outros países, como já destacado anteriormente.
26A partir da Figura 4 a seguir, é possível analisar comparativamente a distribuição espacial da pandemia, a partir de um novo período de mapeamento.
Figura 4 - Pará: casos confirmados de Covid-19 (até 17 de abril)
Elaboração: Souza; Ferreira Júnior (2020)
27Em 17 de abril, haviam sido confirmados 627 casos de Covid-19 no Pará. Comparando as Figuras 3 e 4 é possível perceber que no segundo momento há uma maior distribuição de casos pelo território paraense. Todas regiões do estado possuem casos notificados, destacando-se o aumento no Nordeste Paraense, relativamente próximo à RMB e onde não havia casos em 07 de abril.
28Além disso, neste pequeno intervalo de 10 dias é possível perceber que os casos confirmados no Pará aumentaram em 401%. O número de municípios com confirmações mais que dobrou, passando a um total de 43, o que equivale a 29% dos municípios. Há grande concentração de casos em Belém (433), de onde se disseminam para a região metropolitana e para o Nordeste Paraense, regiões que concentram a maior parte da população do Estado.
29No interior, preocupação em Santarém (importante "entroncamento" entre Belém, Manaus e Macapá, capitais que concentram muitos casos) e também com Parauapebas, cidade com histórico de fluxos migratórios importantes, além de sua ligação com a "cadeia" de produção mineral, o que amplifica as interações espaciais desta cidade. O Quadro 1 a seguir apresenta uma síntese dos dois momentos analisados. Além disso, o Gráfico 1 mostra uma evolução dos casos ao longo do tempo.
Quadro 1 – Pará: Síntese comparativa de casos de Covid-19 entre 07 e 17 de abril (2020)
Situação
|
07 de Abril
|
17 de Abril
|
Casos Confirmados
|
156
|
627
|
Municípios Atingidos (Total)
|
19
|
43
|
Municípios atingidos (%)
|
13%
|
29%
|
Percentual de casos em Belém
|
64,1%
|
69%
|
Percentual de casos na RMB
|
78,2%
|
83,4%
|
Elaboração: Souza; Ferreira Júnior (2020)
Gráfico 1 – Evolução dos Casos
Fonte: SESPA (2020). Elaboração: Souza; Ferreira Júnior (2020)
30A partir do gráfico anterior é possível analisar que no início da transmissão da doença, quando analisamos que a Difusão Hierárquica parece explicar melhor essa dinâmica, o número de casos diários era relativamente baixo. Entre 18 de março e 01 de abril (quando se tinha divulgação dos deslocamentos dos pacientes) o número máximo de casos confirmados em um único dia foi 8, em 31 de março. Até então, como já dito anteriormente, grande parte dos casos confirmados no Pará eram originários de outros estados e da Europa, por meio de paciente que relataram viagens a estes locais. Isso nos remete a lembrar que as interações espaciais ocorrem, também, a partir de desigualdades, pois, como afirmou Corrêa (2016, p.132), “o mapa do mundo é recoberto por inúmeros fluxos, distintos qualitativa e quantitativamente, revelando a espacialidade humana desigual, reforçando a desigualdade das formas espaciais”.
31Sobretudo a partir do dia 03 de abril, com a confirmação de 27 novos casos, começa a se verificar a expansão destes, que atingiram o pico de 103 confirmações em 15 de abril. Somente entre os dias 14 e 17 de abril foram confirmados 317 novos casos, o que é equivalente a 50,5% do total. Nesse período é que se pode começar a perceber a Difusão por Contágio como modelo explicativo para a expansão da Covid-19 no Pará, com o aumento tanto dos casos quanto da concentração dos mesmos, sobretudo na RMB.
32A pandemia de Covid-19 que nos atingiu tem demonstrado alguns aspectos importantes para a relação entre a Geografia e as Ciências da Saúde. Olhando pelo prisma das escalas, podemos perceber a importância da rede urbana na disseminação da Covid-19 pelo território brasileiro: a entrada no país através de São Paulo, a “Grande Metrópole Nacional”, e a partir dela o contato com outros estratos da rede, passando pelas capitais estaduais e, posteriormente para os demais estratos da rede. Há de ressaltar também a importância dos Sistemas de Objetos, representado pelos aeroportos e rodovias, principalmente, como instrumentos que ‘facilitam’ o fluxo da Covid-19 pelo território.
33A partir dos casos confirmados no Pará e sua distribuição espacial, é possível concluir, preliminarmente, que a teoria da difusão parece ser uma importante ferramenta teórico-metodológica que ajuda a compreender os caminhos percorridos pela Covid-19 no estado, em que as interações espaciais, proporcionadas pela presença das infraestruturas viárias, permitiriam o contato com áreas onde a doença já havia se manifestado, no Brasil e no mundo. Assim, a difusão hierárquica pode explicar a entrada da pandemia no território paraense e, a difusão por contágio, o seu estágio atual de disseminação.