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História da tradição e crítica das variantes em dois sonetos de Garcilaso de la Vega (n.° XVII e n.° XXIX)

Barbara Spaggiari
p. 65-75

Resúmenes

Para el establecimiento del texto de Garcilaso de la Vega, sería indispensable tener en cuenta el conjunto de la tradición, tanto manuscrita como impresa, sin limitarse a reproducir una de las dos ediciones de referencia (1543 o 1569, respectivamente). El caso del soneto XVII muestra la existencia de problemas textuales, que los aparatos de las ediciones críticas hasta hoy han ignorado totalmente, incluso tratándose de lugares útiles para definir las relaciones entre los testimonios. Abordando otra vertiente del problema, en lo que respecta al soneto XXIX, se evidencia la importancia de la bibliography en el estudio de la tradición impresa, canónica y extra-canónica (a saber, el «pliego suelto» de 1536, así como la edición «clandestina» de Lisboa de 1543).

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Notas de la redacción

Article reçu pour publication le 09/07/2018; accepté le 05/11/2018.

Texto completo

  • 1 Do ponto de vista da crítica textual, consideram-se relevantes Keniston, 1925; Rivers, 1964, 1968 e (...)
  • 2 É preciso chegar a Blecua, 1970, para ver interrompida essa persistente atitude de ostracismo contr (...)

1O texto da poesia castelhana de Garcilaso continua reproduzindo, de uma edição para a outra1, a princeps conjunta de 1543 (sigla O), com ou sem emendas. No estabelecimento do texto, essa fidelidade ao bom impresso’ – paralela à fórmula do bon manuscrit’ de Bédier – impede a análise comparativa da varia lectio que é, contudo, um preliminar indispensável para qualquer edição que se pretenda definir como crítica2.

  • 3 É o caso de um volume conservado na BNE de Madrid (R-13.679), cuja portada e relativo alvará por D. (...)

2Falta, até hoje, um levantamento completo dos exemplares, que ainda existem, da princeps de Barcelona. Podemos contudo recorrer ao duplo testemunho de dois antigos bibliógrafos, respectivamente, Sousa Viterbo e Palau y Dulcet, os quais, de forma independente, atestam uma situação nem clara, nem unívoca acerca dessa primeira impressão. Sousa Viterbo, com efeito, declara: «num exemplar desta edição [Barcelona 1543] vem um privilégio por dez anos do Rei do Portugal, D. João III, datado de Almeirim a 18 de Março de 1543» (Viterbo, 1915, p. 217). Palau y Dulcet, por seu lado, afirma: «De esta primera edición corren ejemplares con privilegio portugués o el escudo de Portugal habilmente encolado en la portada» (Palau y Dulcet, 1948, vol. I, p. 254)3.

3Ora, o privilégio de D. João III resulta de dois dias anterior à data do colofão da princeps (respectivamente, a 18 e a 20 de Março de 1543); não há, portanto, qualquer impedimento do ponto de vista cronológico. Trata-se, básicamente, do mesmo privilégio concedido por dez anos à viúva de Boscán, Ana Girón de Rebolledo. A partir destes elementos, pode-se concluir que, em vista da publicação conjunta das obras de Boscán e de Garcilaso, a licença de impressão foi pedida a Carlos V, que a concedeu limitadamente aos reinos de España e de Aragão (a 18 de Fevereiro de 1543). Na mesma altura, o pedido foi apresentado também a D. João III, desta feita assegurando ao livro a possibilidade de correr por terras portuguesas (a 18 de Março de 1543). De facto, entre as datas dos dois privilégios decorre apenas un mês.

4No momento, esta parece ser a única explicação possível para justificar a existência de alguns exemplares saídos no mesmo ano, em Barcelona, da própria oficina de Carles Amorós, cujo frontispício traz quer as armas do imperador Carlos V, quer as quinas do rei D. João III, com o alvará correspondente.

5Se essa hipótese corresponde ao que realmente aconteceu —e só o levantamento completo dos exemplares da princeps (O) poderá nos fornecer uma resposta definiti-va—, a questão da chamada edição clandestina’ de Lisboa (P) se colocaria sob um outro prisma. Como se sabe, até hoje são conhecidos apenas dois exemplares dessa raríssima edição lisboeta, cuja portada se ornamenta do brasão de D. João III.

  • 4 N.° 55 do catálogo, p. 159: LAS OBRAS | DE BOSCAN. Y AL- | GUNAS DE GARCILASSO DE | LA VEGA. repart (...)

6Um exemplar, há muito repertoriado, encontra-se na Biblioteca da Casa de Bragança, em Vila Viçosa4.

  • 5 «Une édition de Lisbonne, 1543, in-4., est portée dans le catalogue de Pajot d’Osenbray, n.° 1997, (...)
  • 6 SUB - Niedersächsische Staats - und Universitätbibliothek Göttingen: cota 8 P HISP 894.
  • 7 Uma folha de O contém maioritariamente cinco linhas a mais respeito a uma folha de P.
  • 8 Em O, os poemas são colocados dois a dois, na medida do possível, ou, de qualquer forma, marcando o (...)
  • 9 Toda a parte inicial, que precede os quatro livros de poemas, na princeps é composta em itálico, ao (...)
  • 10 Com algarismos romanos em O, con algarismos árabes em P.
  • 11 Ao longo do volume, os diferentes tipógrafos, ou editores, reservam um tratamento oposto aos encont (...)

7Do segundo, dá notícia por ouvido Brunet, colocando-o em Göttingen5. Podemos agora confirmar a existência desse livro, que actualmente se conserva em bom estado, na biblioteca da Universidade Georg-August de Göttingen6. Comparando esta edição (P) com a princeps de Barcelona (O), resulta tratar-se de duas edições independentes, que divergem no formato7, na disposição da escrita8, nos caracteres utilizados9, no sistema de foliação10, e, além desses elementos gráficos, no tratamento dos encontros vocálicos11.

8Da colação preliminar decorrem os resultados seguintes:

O [Barcelona, 1543]

P [Lisboa, 1543]

[1r] frontispício: armas de Carlos V

[1r] frontispício: armas de D. João III

[1v-2r] A los lectores

[1v-2r] A los lectores

[2v-5v] Tablas de las obras que son en el presente libro

[2v-4v] Tablas de las obras que son en el presente libro

[6r] Soneto de Garcilaso, que se olvidó de poner a la fin con sus obras: «Passando el mar Leandro el animoso»

[6v] [em branco]

[7r-8r] [privilégio] Nos Don Carlos... Datis en Madrid a XVIII de Hebrero MDXLIII.

f. 1r Las obras de Boscan y algunas de Garci

f. 1r Las obras de Boscan y algunas de Garci

Lasso dela Vega repartidas en quatro libros.

Lasso dela Vega repartidas en quatro libros.

A la Duquesa: «A quien daré mis amorosos versos»

A la Duquesa: «A quien daré mis amorosos versos»

f. 18v [fim do livro I]

f. 22r [fim do livro I]

f. 19r Libro segundo de las Obras de Boscan...

f. 22v Libro segundo de las Obras de Boscan...

f. 73r [fim do livro II]

f. 84r [fim do livro II]

f. 84v Soneto de Garcilaso, que se olvidó de poner a la fin con sus obras: «Passando el mar Leandro el animoso»

f. 74r Libro tercero de las Obras de Boscan

f. 85r Libro tercero de las Obras de Boscan

Leandro

Leandro

«Canta con boz suave y dolorosa»

«Canta con boz suave y dolorosa»

9Evidencia-se, de imediato, o facto de que o soneto olvidado’ de Garcilaso muda de colocação de uma edição para a outra. Em razão da sua inserção tardia, o soneto surge em O nas páginas preliminares do volume, entre a Tabla e o privilégio imperial. Em P, pelo contrário, precede —muito logicamente— o poema Leandro, composto por Boscán em versos brancos, o qual ocupa a grande parte do terceiro livro da recolha; o soneto coloca-se, exactamente, entre o fim do II e o começo do III.

  • 12 Pelos vistos, essa edição de Medina del Campo suscita mais dúvidas do que a ‛clandestina’ de Lisboa

10Quanto ao resto da tradição impressa, o soneto XXIX Passando el mar Leandro... encontra-se igualmente em posição fluctuante. Num caso, inclusivamente, o texto não aparece de maneira nenhuma. Com efeito, logo na segunda edição publicada em nome da viúva de Boscán (Medina del Campo, 1544: C = E4), em vez do soneto a Leandro, entre o fim da Tabla e o privilégio imperial, surge outro privilégio, assinado por Juan Vázquez «por mandado de su magestad» e com data de 9 de Fevereiro de 1543, ou seja, anterior à autorização concedida por Carlos V12. Prosseguimos por ordem cronológica. Na primeira edição de Nucio (N = E5), o soneto é impresso antes do livro III de Boscán (= P), enquanto na segunda edição do próprio Nucio (D = E20) é inserido depois do mesmo livro III, como fecho do poema Leandro. Na edição de Lyon (Jean Frelon, 1547: Q = E6), o soneto surge como último poema do volume, a fechar o livro IV das Obras de Garcilaso. O mesmo acontece na edição de Valladolid (Sebastián Martínez, 1553: I = E11), onde precede a folha final que contém o colofão. Finalmente, na edição de Veneza (Gabriel Giolito de’ Ferrari, 1553: U = E12), o soneto encabeça o livro III de Boscán, imediatamente a seguir o título, como se tivesse a função de epígrafe ou de prólogo.

11Em conclusão, o soneto em apreço nunca surge no lugar que lhe seria próprio, de maneira a integrar a secção dos sonetos de Garcilaso, que constituem a primeira parte do livro IV. É preciso esperar as Obras de Garcilaso comentadas por Herrera (1580), para o encontrar com o n.° 29 no corpus dos sonetos.

  • 13 Ver Menéndez y Pelayo, 1945, p. 315, o qual remete para as Obras de Bernardim Ribeiro, 1852, onde s (...)

12Além disso, cabe lembrar que precisamente este soneto foi, em absoluto, o primeiro texto de Garcilaso a ser impresso13, não em Catalunha, nem sequer em Espanha, mas em Portugal. Trata-se de um pliego suelto, publicado por Germã Galharde, em Lisboa, no ano de 1536, ou seja, no próprio ano em que Garcilaso faleceu, e sete anos antes que saísse pelos prelos de Carles Amorós a princeps de Barcelona.

13As outras composições impressas nesse precioso item bibliográfico, do qual se conhece apenas o exemplar da BNP, são as Trouvas de dous pastores de Bernardim Ribeiro, um romance anónimo, Belerma, e o vilancete Justa fue mi perdición com as glosas respectivas, ou seja, poemas todos eles compostos em versos de arte menor. Isso faz com que a mancha da folha resulta dividida em três colunas. Daí decorre a singular disposição dos decassílabos de Garcilaso, que são truncados de maneira aleatória, a causa do espaço limitado da coluna. Noutros termos, o seu poema não aparece com as características partições entre quadras e tercetos, que permitem reconhecer de imediato a forma do soneto.

14Além da colocação variável no corpo do volume, o soneto XXIX apresenta outro aspecto, desta vez relevante do ponto de vista do estabelecimento do texto. De facto, existe uma variante substancial, no v. 8, que permite repartir toda a tradição em dois ramos distintos.

  • 14 Excluem-se os items mais tardios, por ser a vulgata constituída com base quer na princeps, quer num (...)

15Considerando como data ante quem a publicação do comentário de Herrera, o soneto Passando el mar Leandro el animoso é transmitido por 17 testemunhos, quer manuscritos quer impressos, que foram todos eles elaborados entre 1536 e 158014.

16A versão do v. 8 («y más del bien que allí perdía muriendo / que de su propia vida congoxoso») opõe a variante vida à variante muerte. Em todas as edições modernas, inclusive as críticas, aceita-se a lição vida, ao passo que muerte é considerado um erro, causado pela presença de muriendo no verso anterior (Rosso Gallo, Morros).

17Excusado será dizer que erro não há, nesse caso, pois muriendo e muerte constituem, do ponto de vista retórico, a chamada figura etimológica’: por conseguinte, a lição muerte é claramente difficilior com respeito a vida e, analisando a varia lectio do passo, patenteia-se como originária.

18Vejamos os dados da questão em pormenor.

  • 15 Madrid, Palacio, Ms. 1577, f. 5r: glosa anón. «Despues que aquella seña deseada» (1550). Cancionero (...)
  • 16 Flor de enamorados..., por Juan Timoneda, Barcelona, 1562 (eds. A. Rodríguez-Moñino e D. Devoto, 19 (...)

19A lição muerte é transmitida por 10 testemunhos, todos eles datáveis de 1536 a 1578, a saber: o pliego suelto de Lisboa, 1536; três cancioneiros manuscritos espanhóis, datados de 1550 a 157815; e duas antologias com título Flor(es), publicadas, respectivamente, em 1562 e em 157716.

20Quanto à tradição impressa das Obras, a variante muerte aparece na edição conjunta de Valladolid (por Sebastián Martínez, 1553, sigla I); em F 1569 (1.a ed. de Garcilaso divorciado’); e nas duas edições comentadas do Brocense (B 74 e B 77). Entre as publicações posteriores, muerte surge em L (Lisboa, Craesbeck, 1626), T (Tamayo de Vargas, Madrid, Luis Sánchez, 1622) e A (Azara, Madrid, 1765).

21A lição vida, por seu lado, figura em 9 testemunhos, datáveis de 1543 a 1580: a princeps das Obras de Boscán y algunas de Garcilaso, Barcelona, 1543 (O = E1); a edição clandestina’ de Lisboa, do mesmo ano (P); as duas de Nucio (1545 e 1556, N = E5); a veneziana de 1553 (Gabriel Giolito de’ Ferrari, U = E12); a edição de Estella, 1555 (Adrián de Anverez, S = E15) e o comentário de Herrera, 1580 (H).

  • 17 http://bdh-rd.bne.es/viewer.vm?id=0000115695&page=1.
  • 18 Thesoro de Varias Poesías de Pedro de Padilla.

22Relativamente à tradição indirecta, a variante vida encontra-se ainda em duas glosas, uma de Antonio de lo Frasso (Los diez libros de Fortuna d’Amor, Barcelona, en casa de Pedro Malo, 1573, f. 59r-61v)17, outra de Pedro Padilla (Thesoro, Madrid, en casa de Francisco Sánchez, 1580, f. 265r-267v)18.

23Da recensão de todos os testemunhos, emerge claramente o facto de que muerte é a lição originária, não apenas por ser difficilior do ponto de vista retórico, mas também por ser transmitida por fontes entre si independentes, ao passo que a lição concorrente vida aparece numa família reconhecida dentro da tradição impressa de Garcilaso (ONUS).

  • 19 Ms. 1239 da Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra. Ver Obras de André Falcão de Resende.
  • 20 Ambas as glosas não são registadas nos repertórios da poesia espanhola do século xvi.
  • 21 Remete-se para o apósito capítulo, na introdução da nossa edição crítica do Cancioneiro Juromenha, (...)

24No manuscrito apógrafo das obras de André Falcão de Resende19, que nos transmite in unicum as rimas do poeta eborense, aparecem, uma após outra, duas glosas de outros tantos sonetos, que tiveram grande êxito ao longo do século xvi20. O segundo, Horas breves de meu contentamento, faz parte do grupo de poemas ilustres, cuja autoria controversa está a ser ainda debatida21. O primeiro, por sua vez, corresponde ao soneto XVII de Garcilaso de la Vega, Pensando qu’el camino iba derecho, glosado por Falcão com 18 oitavas (inc. Qual triste Ave nocturna al Sol huyendo).

  • 22 A versão do soneto, em que se baseia a glosa de Falcão de Resende, não coincide com as outras fonte (...)

25Nesta circunstância, são dois os elementos que chamam a atenção: em primeiro lugar, o facto de existir uma tradição indirecta dos poemas de Garcilaso, conservada pelas muitas glosas que foram compostas a partir dos seus versos. Desta feita, temos, por um lado, a possibilidade de conhecer, ou reconstruir, a versão do texto utilizado para a glosa22; e, por outro lado, a ocasião de verificar os modos da recepção num espaço de tempo definido (por exemplo, no caso de Falcão, entre 1580 e 1599).

26O soneto XVII, Pensando que’l camino iba derecho, é transmitido por dois manuscritos (Mg = Madrid BNE 17969, Mm = Madrid BNE 6001) e 9 edições, todas elas impressas entre 1543 e 1580, a saber, O N U S D || F G || B H (+ T, L, A). Os versos que nos interessam colocam-se, ambos, nos tercetos:

  • 23 Erro mecânico de O: mnerte, por inversão de um caracter no momento da composição gráfica. Gralhas d (...)
  • 24 Versão de O. Veja-se Morros, ad loc.: «‘sola aquella parte del sueño, si hay alguno, que es imagen (...)

Del sueño, si ay alguno, aquella parte
Sola, ques ser imagen dela muerte
23
Se aviene con el alma fatigada.
En fin, que como quiera ’sto yo d’arte
Que juzgo ya, por ora menos fuerte
(Aun que en ella me vi) la que es passada
24. (vv. 9-14)

  • 25 Ver Morros 1995, p. 308: «La dialefa de Mg parece mejor solución rítmica que la introdución del pro (...)

27Deixamos de lado a questão do v. 12, que já está resolvida em Rivers, 1981, Blecua, 1970 e Morros, 1995. Com efeito, neste verso a tradição é bipartida: por um lado, a princeps de 1543 e os impressos que dela derivam, trazem (e)stoy yo d’arte, ao passo que cett. registam estoy de arte com dialefa, lição concordemente atestada por Mg (ante 1539), Mm, F (> G), B H (+ T, L, A), que são fontes entre si independentes25.

28Do nosso ponto de vista, resulta mais interessante a situação do v. 10, que em duas edições modernas se lê da forma seguinte:

sola, qu’es imagen de la muerte (-1) (ed. Morros, 1995)
sola, que es imagen de la muerte (ed. Jiménez Heffernan e García Aguilar, 2017)

29A lição registada por Morros (1995) é, sem dúvida nenhuma, hipométrica; falta, contudo, qualquer observação a esse sujeito quer no aparato, quer nas notas. Na edição mais recente, por Jiménez Heffernan e García Aguilar (2017), o verso surge correctamente com dez sílabas, pois foi introduzida uma dialefa entre que e es. Aqui também, nota-se a ausência de comentários, sendo a hipometria corrigida tacitamente.

30Ora, a verdade é que ambas as lições, com ou sem hiato, não encontram abonações na tradição, manuscrita ou impressa que seja. Talvez se trate de uma gralha em Morros, por omissão de uma sílaba; de certeza, porém, não é possível justificar a lição corrigida’ de Jiménez Heffernan e García Aguilar, por ser simplesmente inexistente em todas as fontes.

31Desta vez, com efeito, os testemunhos registam concordemente esse verso, da forma seguinte:

  • 26 O vocábulo cast. sueño corresponde a dois diferentes substantivos em port., a saber, sono (acto de (...)
  • 27 A sinalefa qu’es pode ser grafada também ques ou que es.

Del sueño26, si ay alguno, aquella parte
sola, qu’es ser imagen de la muerte
27.

  • 28 Ver Faciamus hominem ad imaginem et similitudinem nostram [26] e Fecit Deus hominem ad imaginem Dei(...)
  • 29 Ver August., Quaest. in Hept., lib. V in Deut., q. 4 (PL 34).
  • 30 Ver August., De div., q. 83, q. 74 (PL 40).

32O problema reside no redobro do verbo ser, que aparece, anteriormente, na forma do presente do indicativo (concluindo a frase relativa que es), e, logo em seguida, como infinitivo antes de imagen. A aparente incongruência sintáctica desaparece se considerarmos ser imagen’ como um sintagma único, com valor de substantivo. Ainda hoje, nos escritos teológicos, el ser-imagen’, hifenizado, constitui um termo recorrente, cuja origem remonta a S. Agostinho. De facto, Agostinho foi o primeiro teólogo quem encarou a questão da diferença entre imagem’ e semelhança’, relativamente a dois passos do Gênese (Gen. I, 26-27)28, comentados numa epístola de S. Paulo (Col. I, 15). O capítulo intitulado «Quae differentia sit inter similitudinem et imaginem» integra as Quaestiones in Deuteronomium29, ao passo que «De eo quod scriptum est in Epistula Pauli ad Colossenses» faz parte do tratado De diversis quaestionibus octoginta tribus (q. 74)30.

  • 31 Veja-se também «quibusdam visum est similitudinem aliquid amplius esse quam imaginem [...]. Cum eni (...)

33Desses longos capítulos, limitar-nos-emos a citar apenas a síntese que S. Agostinho propõe na quaestio 74: «ubi imago, continuo similitudo [...]; ubi similitudo, non continuo imago»31. A partir dessa reflexão, S. Tomás elabora os nove argumentos da quaestio 93, em que chega à conclusão seguinte:

  • 32 Thomae Aquinatis, Summa Theologica, Pars prima, q. 93 a. 1 co.: «Respondeo dicendum quod, sicut Aug (...)

Manifestum est autem quod in homine invenitur aliqua Dei similitudo, quae deducitur a Deo sicut ab exemplari, non tamen est similitudo secundum aequalitatem, quia in infinitum excedit exemplar hoc tale exemplatum. Et ideo in homine dicitur esse imago Dei, non tam perfecta, sed imperfecta. Et hoc significat Scriptura, cum dicit hominem factum ad imaginem Dei, praepositio enim ad accessum quendam significat, qui competit rei distanti32.

34Voltando ao verso de Garcilaso, o poeta refere-se precisamente àquela parte do sono que é ‘ser-imagen’ da morte, ou seja, àquela parte do sono que tem a mesma natureza, não apenas a mesma aparência da morte. Nessas palavras, além das fontes patrísticas, ecoa sem dúvida a teoria do sono e do sonho, tal como foi elaborada e divulgada pelo neoplatonismo renascimental.

35Abreviaturas

36Manuscritos
Mg = ms. 17969 da Biblioteca Nacional de España, Madrid (Lastanosa-Gayangos), corresponde a L na ed. de Boscán.
Mm = ms. 6001 da Biblioteca Nacional de España, Madrid.
Mp = ms. Esp. 307 da Bibliothèque Nationale de France, Paris.
Mz = ms. 17689 da Biblioteca Nacional de España, Madrid.

37Impressos
O = LAS OBRAS | de boscan y algunas de gar | cilasso dela vega repar | tidas en quatro | libros. || cum privilegio | imperiali. | carles amoros. Colofon: Acabaron se de imprimir las obras de Boscã | y Garci | Lasso dela Vega: en Barcelona | en la officina de Garles [sic] Amoros | a los xx. del mes de Março: | Año M.D.XL.III [princeps].
P = LAS OBRAS | DE BOSCAN. Y AL- | GUNAS DE GARCILASSO DE | LA VEGA. repartidas | en quatro li | bros. Título a negro e vermelho; por cima, o escudo das Armas Reaes com o grypho]. Colophon: f. 264r FIN DE LAS OBRAS DE GARCILA- | SSO DELA VEGA. | Acabaron se de imprimir las obras de | de Boscan, y Garci Lasso de la ue-|ga: en Lisboa en casa de Luis | Rodriguez librero delrey | nosso sñor ados dias | de Noueimbre. | MDXLIII [princeps].
N = [Las obras de Boscán y algunas de Garcilaso...], Amberes, Martin Nucio, 1544.
U = Las obras de Boscán y algunas de Garcilaso..., Venecia, Gabriel Giolito de’ Ferrari, 1553.
S = Las obras de Boscán y algunas de Garcilaso..., Stella, Adrián de Anverez, 1554.
D = Las obras de Boscán y algunas de Garcilaso..., Amberes, Martin Nucio, 1556.
F = Las obras del excelente poeta Garcilaso de la Vega, Salamanca, Matías Gast, 1569.
G = Las obras del excelente poeta Garcilaso de la Vega, Madrid, Alonso Gómez, 1570.
B = Obras del excelente poeta Garcilaso de la Vega. Con anotaciones del lic. Francisco Sánchez... (Brocense), Salamanca, Pedro Laso, 1574, 1577 (reimp. 1581, 1589, 1600).
H = Obras de Garcilaso de la Vega con anotaciones de Fernando de Herrera, Sevilla, Alonso de la Barrera, 1580.
T = Garcilaso de la Vega, natural de Toledo, príncipe de los poetas castellanos. De don Tomás Tamayo de Vargas, Madrid, Luis Sánchez, 1622.
L = Obras de Garcilaso de la Vega, príncipe de los poetas castellanos. Cuidadosamente revistas en esta última edición por el Doctor Luis Brizeño de Córdoba, Lisboa, Pedro Crasbeeck, 1626.
A = Obras de Garcilaso de la Vega, ilustradas con notas [por José Nicolás de Azara], Madrid, 1765.

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Viterbo, Francisco Marques de Sousa, A Litteratura Hespanhola em Portugal, Lisboa, Imprensa Nacional, 1915.

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Notas

1 Do ponto de vista da crítica textual, consideram-se relevantes Keniston, 1925; Rivers, 1964, 1968 e 1981; Blecua, 1970; Rosso Gallo, 1990 e Morros, 1995. Exclui-se a edição mais recente de Jiménez Heffernan e García Aguilar, 2017, por ser declaradamente baseada na de Bienvenido Morros, com as consequências que vão ser ilustradas logo em seguida.

2 É preciso chegar a Blecua, 1970, para ver interrompida essa persistente atitude de ostracismo contra os manuscritos. Só Blecua, com efeito, admite que, de vez em quando, os manuscritos podem trazer lições correctas contra os erros patentes de O. Chega, contudo, a conclusões opostas outra editora, M. Rosso Gallo, 1990, a qual (de acordo com Ávila, 1992) considera todos os manuscritos como descripti de O e, por conseguinte, desprovidos de qualquer autoridade, mesmo frente aos erros manifestos de O. A posição de Blecua é, pelo contrário, retomada por Bienvenido Morros, que utiliza os códices para corrigir o texto de O, embora ele também admita seguir «mayoritariamente» a princeps.

3 É o caso de um volume conservado na BNE de Madrid (R-13.679), cuja portada e relativo alvará por D. João III são reproduzidos em Rivers, 1968, pp. xviii-xix.

4 N.° 55 do catálogo, p. 159: LAS OBRAS | DE BOSCAN. Y AL- | GUNAS DE GARCILASSO DE | LA VEGA. repartidas | en quatro li | bros. Título a negro e vermelho; por cima, o escudo das Armas Reaes com o grypho]. Colophon: f. 264r FIN DE LAS OBRAS DE GARCILA- | SSO DELA VEGA. | Acabaron se de imprimir las obras de | de Boscan, y Garci Lasso de la ue-|ga: en Lisboa en casa de Luis | Rodriguez librero delrey | nosso sñor ados dias | de Noueimbre. | MDXLIII (en 4°, 264 folhas, caracteres itálicos, excepto a taboada e os prólogos, que são en caracteres góticos).

5 «Une édition de Lisbonne, 1543, in-4., est portée dans le catalogue de Pajot d’Osenbray, n.° 1997, et, au rapport de Bouterwek, il s’en trouve un exemplaire dans la bibliothèque de Göttingen» (Brunet, 1860, I, col. 1122).

6 SUB - Niedersächsische Staats - und Universitätbibliothek Göttingen: cota 8 P HISP 894.

7 Uma folha de O contém maioritariamente cinco linhas a mais respeito a uma folha de P.

8 Em O, os poemas são colocados dois a dois, na medida do possível, ou, de qualquer forma, marcando o começo e o fim de cada texto. Em P, pelo contrário, a escrita é contínua, acontecendo normalmente que, por exemplo, um soneto seja impresso em duas páginas distintas. Daí decorre também o facto das duas edições não corresponderem no número da folha em que anda um texto específico.

9 Toda a parte inicial, que precede os quatro livros de poemas, na princeps é composta em itálico, ao passo que na edição de Lisboa figura em gótico. Quanto ao texto dos poemas, O utiliza o redondo, P por sua vez, o itálico. Entre os estudiosos de Garcilaso, apenas Ávila (1992, pp. 88-90) analizou P, «sin dejar de pensar en ese manuscrito que Sá de Miranda supuestamente recibió de Garcilaso», chegando porém à conclusão de que P reproduz a princeps «sin rasgos que indiquen que se recurrió a manuscrito alguno para mejorar la edición». Contudo, de forma algo contraditória, Ávila acaba por afirmar que «algunas de sus lecturas [de P] pasan a N, y tendrán una larga trayectoria».

10 Com algarismos romanos em O, con algarismos árabes em P.

11 Ao longo do volume, os diferentes tipógrafos, ou editores, reservam um tratamento oposto aos encontros vocálicos no limite das palavras: qualquer vogal final, frente à vogal inicial da palavra seguinte, na princeps de Barcelona é regularmente considerada em sinalefa, sendo por conseguinte indicada com apóstrofo. O mesmo signo gráfico indica a ênclise dos monossílabos átonos na idéntica colocação, ou então, a aférese da vogal inicial nos polissílabos. Na edição de Lisboa, pelo contrário, em todas as situações acima aludidas, conservam-se rigorosamente as vogais, nunca assinalando os fenómenos de elisão, de ênclise ou de aférese (mesmo quando são responsáveis pela hipermetria). Propomos apenas alguns exemplos tirados da Tábua: qu’ en O, que en P – que ’n O, que en P – atento ’stava O, atento estava P – me ’mbia O, me embia P – que ’scrivir O, que escrivir P – que ’ste O, que este P – muerte’ stá O, muerte está P – que ’l P, que el P – que ’nel O, que en el P – rompido ’stá O, rompido está P – d’ una O, de una P – d’Amor O, de Amor P – en lalma mia O, en el alma mia (+1) P – m’ ha dado O, me a dado P. Quanto às variantes substanciais, na comparação das duas edições, mesmo limitando-se à Tábua, é possível registar lições divergentes (algumas das quais erradas): Do ’stan mis ojos que su luz no viene O] que su luz no veen P – Dizien O] Dizen P – Este fuego que agora yo en mi siento O] ya en mi siento P – Gran tiempo a que ’l coraçon me ’ngaña O] Gran tiempo ha que la razon me engaña – L'alto monte d'Olympo O] Leal monte de Olimpo P – No pierda más quien a tanto perdido O] quien tanto ha perdido P – Otras tiempo lloré O] Otro tiempo P – Quien dize que’l ausencia causa olvido O] Quien dixo que el ausencia... P – Si mi querer pudiera O] pudiere P – Señor Boscan quien O] Señor Boscan que P – Todo es amor aquien de verdad ama O] en quien P – Ya puedo soltar O] Ya puedo soltas P.

12 Pelos vistos, essa edição de Medina del Campo suscita mais dúvidas do que a ‛clandestina’ de Lisboa.

13 Ver Menéndez y Pelayo, 1945, p. 315, o qual remete para as Obras de Bernardim Ribeiro, 1852, onde se encontra a primeira notícia sobre o folheto. Os editores J. Leal e F. I. Pinheiro transcrevem integralmente o seu conteúdo, atribuindo-o a Bernardim Ribeiro, inclusive "a poezia" sobre Leandro que publicam de versos quebrados, reproduzindo fielmente o impresso original (Obras de B. Ribeiro, 1852, pp. 315, 356, 363-364).

14 Excluem-se os items mais tardios, por ser a vulgata constituída com base quer na princeps, quer numa das edições comentadas, respectivamente, pelo Brocense (B 1574, 1577) e por Herrera (H 1580).

15 Madrid, Palacio, Ms. 1577, f. 5r: glosa anón. «Despues que aquella seña deseada» (1550). Cancionero sevillano de Toledo, f. 353r: glosa anón. «Ausencia puede tanto» (1560-1570). Cancioneiro Cristóvão Borges, f. 34v: glosa anón. «Aquel que ya su vida va cumpliendo» (1568-1578; ed. Askins n.° 61).

16 Flor de enamorados..., por Juan Timoneda, Barcelona, 1562 (eds. A. Rodríguez-Moñino e D. Devoto, 1954), f. 64v. Flores de Baria Poesía, BNM, Ms. 2973, 1577 (ed. M. Peña, 2004).

17 http://bdh-rd.bne.es/viewer.vm?id=0000115695&page=1.

18 Thesoro de Varias Poesías de Pedro de Padilla.

19 Ms. 1239 da Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra. Ver Obras de André Falcão de Resende.

20 Ambas as glosas não são registadas nos repertórios da poesia espanhola do século xvi.

21 Remete-se para o apósito capítulo, na introdução da nossa edição crítica do Cancioneiro Juromenha, no prelo.

22 A versão do soneto, em que se baseia a glosa de Falcão de Resende, não coincide com as outras fontes conhecidas, tendo ao menos uma singularis que o distingue de cett. Em pormenor: Falcão concorda com o ms. Mg contra O nos vv. 2 vine] viene O, e 10 quiere estoy de arte] quiera ’sto yo d’arte O, na linha representada por FGBH. No v. 6, porém, apresenta uma lição por si difficilior (com hiato, como nos vv. 7-8), que não encontra abonação nos outros testemunhos: para mi escura] para mi es escura cett. O mesmo verso, no corpo da glosa, aparece na forma com sinalefe.

23 Erro mecânico de O: mnerte, por inversão de um caracter no momento da composição gráfica. Gralhas deste tipo não podem ser consideradas significativas para estabelecer as relações entre as várias fontes, apesar do que parece entender Rosso Gallo, 1990, pp. 192-193.

24 Versão de O. Veja-se Morros, ad loc.: «‘sola aquella parte del sueño, si hay alguno, que es imagen de la muerte, se corresponde (se aviene) con el alma fatigada’, ‛estoy de tal manera, que incluso me parece hora menos grave o dolorosa ... la que ya ha pasado’».

25 Ver Morros 1995, p. 308: «La dialefa de Mg parece mejor solución rítmica que la introdución del pronombre yo en O (E. L. Rivers, 1981, p. 113), por más que pueda aducirse una relación fónica entre yo e ya (v. 13) (M. Rosso Gallo, 1990, p. 193): la forma sintética estoy podría explicar la aparición del pronombre yo (estoy estó yo)». Não há dúvida sobre a etiologia, pois a lição intermédia (e)sto yo d’arte mostra que a diplografia estoy yo nasce em reacção a um hiato originário.

26 O vocábulo cast. sueño corresponde a dois diferentes substantivos em port., a saber, sono (acto de dormir) e sonho (acto de sonhar).

27 A sinalefa qu’es pode ser grafada também ques ou que es.

28 Ver Faciamus hominem ad imaginem et similitudinem nostram [26] e Fecit Deus hominem ad imaginem Dei [27].

29 Ver August., Quaest. in Hept., lib. V in Deut., q. 4 (PL 34).

30 Ver August., De div., q. 83, q. 74 (PL 40).

31 Veja-se também «quibusdam visum est similitudinem aliquid amplius esse quam imaginem [...]. Cum enim nulla similitudo fit, procul dubio nec imago fit; quoniam si imago, utique et similitudo. Non autem si fit similitudo, continuo fit et imago: tamen si nulla similitudo, sequitur ut nulla imago».

32 Thomae Aquinatis, Summa Theologica, Pars prima, q. 93 a. 1 co.: «Respondeo dicendum quod, sicut Augustinus dicit in libro octoginta trium quaest., ubi est imago, continuo est et similitudo; sed ubi est similitudo, non continuo est imago. Ex quo patet quod similitudo est de ratione imaginis, et quod imago aliquid addit supra rationem similitudinis, scilicet quod sit ex alio expressum, imago enim dicitur ex eo quod agitur ad imitationem alterius. Unde ovum, quantumcumque sit alteri ovo simile et aequale, quia tamen non est expressum ex illo, non dicitur imago eius».

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Para citar este artículo

Referencia en papel

Barbara Spaggiari, «História da tradição e crítica das variantes em dois sonetos de Garcilaso de la Vega (n.° XVII e n.° XXIX)»Criticón, 134 | 2018, 65-75.

Referencia electrónica

Barbara Spaggiari, «História da tradição e crítica das variantes em dois sonetos de Garcilaso de la Vega (n.° XVII e n.° XXIX)»Criticón [En línea], 134 | 2018, Publicado el 20 diciembre 2018, consultado el 12 diciembre 2024. URL: http://0-journals-openedition-org.catalogue.libraries.london.ac.uk/criticon/4916; DOI: https://0-doi-org.catalogue.libraries.london.ac.uk/10.4000/criticon.4916

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Autor

Barbara Spaggiari

Barbara Spaggiari, Catedrática de Filología Románica, ha impartido docencia en las Universidades de Firenze y Perugia, habiendo obtenido la «Habilitation à diriger des recherches» (HDR) en Lengua y Literatura Portuguesas en la Université de la Sorbonne Nouvelle. Su investigación se desarrolla en el ámbito de la crítica textual y de la edición de textos, cuyo objeto de estudio son las lenguas románicas, en particular el occitano, el catalán y el portugués. Dirige el Centre International d’Études Portugaises de Genève (CIEP). Recientemente ha publicado los Fundamentos da crítica textual (en colaboración con Maurizio Perugi, Rio de Janeiro, Lucerna, 2004), Obras de André Falcão de Resende (Lisboa, Colibri, 2009, 2 vols.), Clepsidra de Camilo Pessanha (Lisboa, IN-CM, 2014) y Le Rime de Luigi Groto, Cieco d’Adria (Adria, Apogeo, 2014, 2 vols.). Ha colaborado asimismo en varios de los volúmenes del Comentário a Camões, editados por Rita Marnoto (Coimbra-Genève, CIEC-CEL, 2012-2016).
bspaggiari@bluewin.ch
Chemin du Mont-Blanc 16, 1224 Chêne-Bougeries, Genève (Suisse).

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