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A Concepção de Tempo Geográfico do Mediterrâneo de Vidal de la Blache

Larissa Alves de Lira

Résumés

Cette suite de l'article “Vidal historien” (http://confins.revues.org/9636) a pour but de situer le géographe Paul Vidal de la Blache (1845-1918) dans un « lent » processus d'institutionnalisation de la géographie, entre la fin du XIXe et le début du XXe siècle, et dans son évolution personnelle du métier d’historien à celui de géographe. La formation de Vidal de la Blache comme historien à l'École Normale Supérieure et à l'École d'Athènes, et les relations qu'il a eu avec les historiens (même déjà reconnu comme un géographe), ont marqué sa formation et sa carrière et a été traiteée dans le premier article. C’est grâce à ce croisement entre disciplines qu’il élabore une conception originale du « temps géographique ». C'est cette notion que nous cherchons de définir et d’analyser comme un outil méthodologique important pour l'étude de la géographie humaine et, notamment pour le géographe de terrain, et qui nous étudierons dans ce deuxième article.

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Vidal de la BlacheAfficher l’image
Crédits : BNF Gallica

1No artigo precedente, formulamos o argumento de que a formação e as relações instucionais de Vidal de la Blache o tenham influenciado na manutenção da démarche historique como parte essencial dos estudos de Geografia Humana. Passemos então às definições da noção de “tempo geográfico”, recorrendo a uma revisão bibliográfica dos estudos de Vidal de la Blache sobre o Mediterrâneo. Escolhemos tratar a noção de tempo de Vidal de la Blache a partir do Mediterrâneo porque esta região foi o primeiro objeto de estudo de Vidal e que segue como sendo um tema importante durante toda a sua carreira (LIRA, 2012). Tentaremos demonstrar que a noção de tempo geográfico é essencial para a constituição metodológica da Geografia Humana francesa.

2A distinção de método entre a história e a geografia foi uma preocupação de Vidal de la Blache. No artigo Sur l'esprit géographique (1914) o geógrafo dedica-se às diferenciações e analogias entre as disciplinas. Isso, pois há uma preocupação pedagógica imbuída nessas considerações: a maioria dos professores de geografia dos colégios franceses em fins do século XIX era ou historiador ou amante da natureza. Mas uma nova postura preconizada por La Blache, longe de significar um distanciamento em relação à história, prediz novas "perspectivas de tempo”: “É preciso também tomar certa distância do passado, acostumar-se com outras perspectivas de tempo. O relógio do geógrafo não é exatamente o mesmo que o do historiador.” (VIDAL DE LA BLACHE, 1914, p. 557). Abre-se a via para uma nova concepção de tempo, para um "tempo geográfico". Os aspectos dessa concepção de tempo que iremos salientar, é, na maioria dos casos, uma pista de como observar a história através da paisagem. Por último, elucidaremos qual a importância teórica para a Geografia Humana da abordadem histórica no pensamento de La Blache.

Foto 1: Alexandria, Egito

Foto 1: Alexandria, Egito

MARTINS, Yuri, 2011.

Novos fatos e novos personagens

3Diferenciando-se da disciplina vizinha, a primeira característica de uma história geográfica que vem à tona é a eleição de novos fatos e novos personagens. A famigerada frase, "a geografia é a ciência dos lugares e não dos homens" (VIDAL DE LA BLACHE, 1985, p. 47) - que causou polêmica entre aqueles que se compraziam com uma geografia política (e.g. MORAES, 2007) - deve ser arrolada nesta nova concepção de história. Não mais exclusivamente os homens, mas os homens, os lugares e os aspectos do meio são os novos personagens e os novos fatos históricos. Em 1914, Vidal precisa a fórmula:

O historiador é naturalmente assombrado pela preocupação com obras humanas às quais a geografia não se interessa do mesmo modo. Seria sem dúvida absurdo ignorar o homem em geografia mas, muitas vezes, uma frase que usei em outra ocasião, ‘a geografia é a ciência dos lugares e não dos homens’, implica que se trate dos homens na sua relação com os lugares, ou influenciados por eles, ou modificando-lhes o aspecto. A matéria é, claro, extremamente ampla. O homem é um agente geográfico cuja força não data de ontem.(VIDAL DE LA BLACHE, 1914. p. 558)

4À geografia é oportuno explicar, por exemplo, a hegemonia da Europa, fato de longa duração, cujas causas geográficas entram em conta, sem, contudo, preencher ou satisfazer o conjunto da explicação. Referindo-se à longa preponderância europeia exercida na politica mundial, Vidal pondera a influência das "circunstâncias físicas": "Existiria outra causa deste privilégio a não ser uma razão material retirada do solo e das circunstâncias físicas? Estamos longe de assim pensar. Contudo, quem não se surpreenderia com a parte que cabe às influências geográficas?” (VIDAL DE LA BLACHE, 1873, p.3).

5Aliás, quais são as principais influências físicas no caso do conjunto europeu? A primeira delas é a facilidade de comunicação derivada da configuração dos mares. Se comparada à Ásia, a Europa, pelo afilamento progressivo, se configura como uma península:

Na realidade, Senhores, a principal originalidade da Europa consiste na distribuição dos mares que a banham. O Oceano se multiplica, por assim dizer, ao redor daquele continente e o envolve quase que integralmente, tanto ao norte quanto ao sul, por um duplo sistema de mares secundários ou interiores. Graças a esse aspecto, nosso continente é acessível, em maior alcance que nenhum outro, às influências marítimas. Da mesma maneira, as partes mais distantes foram, desde cedo, postas facilmente em contato (VIDAL DE LA BLACHE, 1873, pp. 5-6).

6A segunda circunstância física essencial do “privilégio europeu” é o fato de a mesma ser atingida pela corrente quente vinda do Golfo México: o Gulf Stream. Na mesma latitude em que os Estados Unidos e o Canadá têm dificuldade em estender os cultivos, a Europa apresenta um clima bem mais cálido, propício ao cultivo e à adaptação das plantas (VIDAL DE LA BLACHE, 1873, p. 9).

7Além dessas relações de causa e efeito entre os fatos físicos e os fatos históricos, Vidal utiliza-se não raras vezes do vocabulário do historiador para referir-se ao surgimento do Mediterrâneo: “Jamais houve, Senhores, revolução comparável em seus resultados do que aquela que, separando violentamente as duas colunas de Hércules, lançou o Mediterrâneo no fundo da bacia que contorna as montanhas da Europa e da África (grifos nossos)” (VIDAL DE LA BLACHE, 1873, p. 13). Essa é a primeira característica do que podemos chamar de concepção de história e tempo geográfico de Vidal de la Blache. A segunda é a percepção de que o “progresso” toma seu rumo com avanços de recuos.

Avanços e recuos dos processos históricos

8A noção de progresso das civilizações está ancorada, no pensamento de Vidal, à luta contra os obstáculos. Vimos que os fenômenos históricos aos quais a geografia se dedica não fazem parte do domínio do espírito e da vontade, segundo definiu o historiador Henri Berr (BERR, 1956). São fenômenos construídos no longuíssimo prazo, numa “outra cronologia”, como a marcha da conquista dos espaços e a longa hegemonia europeia na economia e na política do globo.

9Ele exprime como o salto do progresso é a luta em sanear, cultivar, cavar degraus, construir portos e estradas:

Muitas causas favorecem o desenvolvimento das sociedades humanas na Europa. A principal delas foi estimular sua atividade, impor a si o exercício constante como se fora sua própria lei de existência; o signo do progresso consiste na ação cada vez mais sensível do homem sobre o mundo físico que o cerca. Logo, é mister que sua vigilância trabalhe sem interrupção e sem descanso, apropriando a natureza de acordo com seus fins. Se o homem se abstém ou abandona sua obra, a natureza, longe de servir ainda mais aos seus interesses, antes se torna rebelde e mesmo hostil. Então, o homem torna-se raro e miserável nos próprios lugares onde antes floresceram pujantes civilizações e, a cada dia, acumulam-se obstáculos ao seu redor, diminuindo suas chances de recuperar o terreno perdido. (VIDAL DE LA BLACHE, 1873, p. 27).

10Daí nasce a noção de que o progresso não se faz senão por avanços e recuos, pois, se a natureza auxilia em alguns casos, em outros, ela persiste em resistir à sujeição.: “verifica-se com surpresa que muitas destas civilizações estancaram em plena marcha, que a série de progressos se interrompeu e que, em muitos sítios, a seiva de invenções parece ter-se esgotado.” (VIDAL DE LA BLACHE, s/d, p. 264). Em outras palavras: a evolução da humanidade “não implica de maneira alguma que o progresso se faça em marcha regular e uniforme” (VIDAL DE LA BLACHE, s/d, p. 273). Na luta palmo a palmo que se trava contra as tempestades oceânicas para a construção dos portos, pode-se dizer que a “perseverança [do homem] triunfou: ele conquistou, ampliou sem cessar seu domínio, mas não sem, às vezes, sofrer os selvagens retornos de seu eterno inimigo” (VIDAL DE LA BLACHE, 1873).

11No caso do Mediterrâneo, o abandono das terras causa poderosas consequências: é o aparecimento da malária sob os bancos de areia inundados. Ao contrário do Oceano, ali, é a terra que invade o mar. A invasão das terras, retiradas das embocaduras fluviais não cessam e são continuamente renovados seus despojos. Dessa invasão surge a incitação contínua ao saneamento cujas fases de crise ou de guerras podem ameaçar, cobrando um recuo das terras cultivadas e uma alta mortalidade (VIDAL DE L A BLACHE, 1873, 1886).

Cronologia dos espaços e das técnicas

12Sem arriscar periodizações imprecisas, Vidal traça uma cronologia da ocupação dos espaços que se sucedem no tempo. É frequente que, malgrado certos espaços significarem uma evolução das técnicas e um melhor aproveitamento dos meios, estes espaços convivam lado a lado. No Mediterrâneo, é o caso da montanha e da planície. Nesse sentido, a partir do ponto original, notam-se periferias que se sucedem, marcando diferentes momentos de ocupação dos espaços e graus de vida superiores. Os retornos às antigas áreas de cultivo são os sinais de crise, ambiental, econômica ou política (como as guerras). As crises ambientais são a saturação do ambiente, segundo um frágil equilíbrio com a densidade populacional.

13O ponto zero da ocupação dos espaços seriam os primeiros espaços de sedentarização se as considerações geográficas partissem primeiro do homem. No entanto, há que se constatar que, antes da sedentarização, é a natureza que prepara o terreno livremente, mostrando à sabedoria humana as plantas de melhor adaptação. A cultura arbórea pode se alastrar livremente nos terrenos de superfície seca e subsolo úmido, dadas suas longas raízes:

[...] nota-se que as plantas deste gênero que, pela antiguidade da sua cultura, parecem ter desde muito cedo adquirido a preponderância - a vinha, a figueira, a oliveira, e também a amendoeira, - são daquelas que não necessitam de irrigação. Somos levados por todos os indícios a consi­derar as regiões de superfície seca e de subsolo húmido como o mais antigo tipo mediterrâneo de cultura e população densas. (VIDAL DE LA BLACHE, s/d, pp. 125-126).

14Com efeito, são as culturas arbóreas as primeiras plantas adaptadas para a constituição do gênero de vida e a aglomeração da população: “Não é o campo, mas o pomar e a horta que representam aqui o fulcro da vida sedentária" (VIDAL DE LA BLACHE, s/d, p. 121). Há uma evolução do tempo histórico: a oliveira e a figueira (culturas arbustivas) cultivadas nas vertentes, depois, a pastorícia (alternando entre montanhas e planícies), a agricultura (cevada e trigo), instalando-se nas colinas e planícies e, por fim, o campo e o latifúndio, invadindo as planícies (VIDAL DE LA BLACHE, 1918). A cada nova adaptação ao meio, corresponde um grau de aglomeração superior. Ao habitat disperso nas montanhas, sucedem-se as aldeias e pequenas cidades nas colinas até desembocar nas cidades e metrópoles nas planícies, associadas ao latifúndio.

15À unidade entre a montanha e a planície, construída ao longo do tempo, segue-se a unidade entre as rivieras. Estas são montanhas e planícies escalonadas ao abrigo do mistral, favorecendo a cabotagem e o contato entre essas unidades. Com a cabotagem, viajando de litoral em litoral, é todo o conjunto de montanhas que se coloca em contato. Essa é a obra de construção da unidade do "mundo" Mediterrânico (VIDAL DE LA BLACHE, s/d, p. 128).

16Que direção seguiram essas emanações? Por que, saindo do Egito, após conquistar a Palestina e o Egeu, essas deslocações marítimas seguiram para Oeste? Haja vista a importância da adaptação dos cultivos como patrimônio das civilizações, o aspecto mais importante da adaptação dessas plantas foi certamente o clima (VIDAL DE LA BLACHE, 1886). É o clima, consequentemente, o direcionador dessas correntes civilizacionais:

[...] das montanhas de Cabul até as proximidades ocidentais do Mediterrâneo, uma corrente geral, que tem seu princípio nas próprias bases na natureza física das áreas, levou rumo ao oeste raças humanas e plantas, e fez desta parte da Ásia o Oriente do Mundo do ponto de vista da natureza humana e da história. (VIDAL DE LA BLACHE, 2002 [1895] p. 143).

A origem e o centro de propaga­ção deste modo de vida podem procurar-se sem hesitação na zona do domínio mediterrâneo confinante com as grandes sociedades antigas do Eufrates e do Nilo. O veículo foi o tráfego marítimo, que as des­cobertas pré-históricas em Creta e no arquipélago egeu nos mostram como um dos factos mais antigos e mais decisivos da geografia das civilizações. Como todos os progressos deste género, foi uma obra de colaboração que se transmitiu por via de contacto e de influências, conforme a analogia dos climas lho permitia. (VIDAL DE LA BLACHE, s/d p. 12).

  • 1 O fenômeno técnico é central no conceito de gênero de vida (SILVEIRA, 2010).

17O retorno ao passado é um fato decisivo à percepção da adaptação simples do homem ao meio, cujas técnicas de cultivo vêm tornar complexa a relação. Contudo, as técnicas não mudam o fato de que as civilizações se propagam segundo os espaços de melhor adaptação da planta1. É por isso que Vidal diz que, entre a Geografia Física e a Geografia Política, o anel intermediário é a Geografia Botânica (VIDAL DE LA BLACHE, 1898, p. 102). O artigo de Vidal publicado em 1886, Des rapports entre les populations et le climat sur les bords européens de la Méditerranée, coloca relevo sobre a adaptação da planta ao meio e também do homem ao clima e à planta. Na escala dos cultivos, é o clima que rege as adaptações e as deslocações (VIDAL DE LA BLACHE, 1886). É como se o clima, que tem um tempo longo e o tempo das estações, orientasse as atividades, a circulação e a fixação dos homens.

18Pode-se dizer que os estados de cultivo evoluem no tempo, mas eles são também complementares uns aos outros. A pastorícia, por exemplo, é estimulada na fase de crise da arbicultura, ou seja, nas épocas de extremo inverno, nas partes altas, ou calor intenso, nas partes mais baixas. O gado, que se desloca facilmente no Mediterrâneo, encontra, assim, momento propício às suas deslocações, como também serve de substituto na alimentação da população (VIDAL DE LA BLACHE, s/d, p. 122-124). O regime de transumância, logo, age a brecha na arbicultura.

19Que bela imagem, dos cultivos e da pastorícia se sucedendo segundo os pontos críticos de cada tipo de alimentação! Esse vai-e-vem de culturas é a própria imagem de um retorno contínuo ao passado, às produções seguras, ainda que, muitas vezes, representando um ponto ótimo do meio às vezes abaixo, às vezes acima das necessidades da densidade populacional. A citação é longa, mas vale a pena pela beleza das imagens e pela densidade do significado histórico:

É um traço característico da Itália peninsular que uma multidão de pessoas passe, de acordo com as estações do ano, de uma região a outra, em busca de ocupações e de salários. Em um país que comporta grandes diferenças de altitude e clima em um espaço muito restrito, as datas das estações e das principais ocupações da vida rural variam de um ponto a outro. No mês de outubro, começa o frio nos Apeninos; os rebanhos que passaram o verão nos altos cumes são expulsos pelo tempo rigoroso; nas partes cultiváveis das montanhas, a semeadura de inverno a esta altura já foi feita, pois ocorre frequentemente quando a safra anterior ainda não foi colhida, nos últimos dias de agosto ou início de setembro. Assim, com os braços livres, tudo convida o homem a descer até as regiões mais baixas. Lá, de fato, as chuvas de outono vêm despertar a natureza e dar o sinal para o início do trabalho agrícola. A sementeira ocorre em outubro e novembro, às vezes, mesmo em dezembro, na Maremma (?) toscana ou romana. É quando as planícies baixas, que ficam desoladas de junho a setembro em razão da malária, começam a ser povoadas; pastores e lenhadores retornam para os maquis costeiros, que são animados pela atividade de todo este mundo; acampamentos temporários estabelecem-se ali para os homens e os animais; semeiam-se aveia e grãos apressadamente, em áreas carpidas. Assim será até que os meses de maio e junho tragam de volta o calor e a febre. (VIDAL DE LA BLACHE, 1889, pp. 494-495).

  • 2 Vidal de la Blache claramente considera a pastorícia como um regime atrasado em relação à agricultu (...)

20Essas oposições são ao mesmo tempo de ordem geográfica e histórica. Oposição de ordem histórica, pois o regime "atrasado" representa um menor excedente2. Oposição geográfica porque é frequente que esses regimes disputem espaços uma vez que se proliferam em fases de crise dos demais cultivos. Mas são ao mesmo tempo complementares, pois representam esquemas de substituição seja da própria alimentação, seja da força de trabalho.

21Uma etapa mais avançada dos cultivos é a instalação da irrigação, após a soberania árabe, bem como o aparecimento de novas plantas de cultivo: cana de açúcar, arroz e citráceas (VIDAL DE LA BLACHE, s/d, p. 137). Estas são plantas trabalhadas na cultura de jardins, belas composições do homem sob a paisagem mediterrânea.

  • 3 Robic (2000) traçou outra classificação das temporalidades vidalianas. Ateve-se, contudo, essencial (...)

22Fecharíamos este item jogando luz sobre os aspectos essencialmente geográficos dessas evoluções do tempo. Vidal avista que a evolução dos regimes, ao se materializar no espaço em seus domínios sucessivos, não se extingue com a disposição de um regime superior. Assim, gêneros de vida "avançados" convivem com os gêneros de vida "atrasados". A observação da paisagem revela esta miscelânea de temporalidades3.

Eu acrescentaria que, desse ponto de vista, toda a ordem de relações novas abre ao espírito. Pois a ação do tempo entra como coeficiente mais importante nas ações exercidas pelas causas naturais. Segundo as zonas sejam mais ou menos avançadas em sua evolução, elas atravessam uma série de mudanças que se ligam entre si por uma espécie de filiação. Umas ainda conservam traços que já foram abolidos em outras. Temos assim como se fossem exemplares vivos dos mesmos fenômenos tomados por diversos estágios.(VIDAL DE LA BLACHE, 2002, p. 146)

23Com efeito, o que se distingue é a noção não só de temporalidades como a de permanências. Noções estas que foram tão caras à historiografia do século XX (e. g. ARRUDA, 1984, BRAUDEL, 2002, 1992, 1972, 1983, 1996, BURKE, 1997, DOSSE, 2003, 2004, LACOSTE, 1989, LIRA, 2008, CLAVAL, 1984, CONTEL, 2010, RIBEIRO, 2006, FOURQUET, 1989, ROJAS, 2003a, 2003b, 2004, 2000, REIS, 2008, SECCO, 2008, WALLERSTEIN, 1989), encontraram terreno fértil na geografia do século XIX, institucionalizada pela pena e obra de um historiador de formação, geógrafo de opção.

Foto 2. Aqaba. Vista do litoral palestino

Foto 2. Aqaba. Vista do litoral palestino

MARTINS, Yuri.. 2011.

Camadas de tempo

24Talvez a noção mais interessante da concepção de tempo geográfico de Vidal seja a ideia de que os fenômenos geográficos narrados historicamente se acumulem como que em camadas de tempo, a exemplo das “camadas” do solo e das rochas. Dessa noção deriva a ideia de permanência. A conquista dos espaços que o homem trava palmo a palmo com os obstáculo físicos deixam marcas profundas. A imagem dos fenômenos da natureza para descrever as permanências não é fortuita:

Quando uma rajada de vento agita violentamente a superfície límpida da água, tudo oscila e se mistura, mas, depois de um tempo, a imagem do fundo desenha-se novamente. O estudo atento do que é fixo e permanente, nas condições geográficas da França, deve ser ou tornar-se mais do que nunca o nosso guia. (VIDAL DE LA BLACHE apud OZOUF, 2000, p. 180).

25De fato, é da observação da natureza que se retira a analogia das permanências. No mesmo artigo em que Vidal discute as diferenças entre o "espírito geográfico" e o espírito histórico, Sur L'Esprit Géographique (ou seja, não se está propriamente discutindo os fenômenos físicos) e, após a reiterada afirmação de que "o relógio" do geógrafo é diferente do relógio do historiador, Vidal disserta sobre os fenômenos de erosão para concluir genericamente como a geografia possui um horizonte permanente como pano de fundo:

Na Bretanha e no Limousin, os olhos abarcam imensas superfícies gastas, que passaram por vários ciclos de erosão, e onde agora os cursos de água, renascidos por conta de alguma mudança do nível de base, começam a desgastar todo o contorno. Em torno dos Alpes, as fases são mais rápidas, o ritmo mais apressado; vemos os vales recentes se imbricando no ambiente quase intacto dos vales mais antigos. Em uma parte do norte da Europa e da América, o aspecto caótico da paisagem mostra que os agentes físicos não tiveram tempo de se desfazer dos destroços trazidos pelo derretimento das antigas geleiras. A topografia do Saara conserva, meio desgastados, vales cavados por rios que se tornaram fósseis. Assim, o ontem e o hoje, lado a lado, confundem-se, justapõem-se ou se sobrepõem. Em toda a parte, um horizonte distante serve de pano de fundo para a geografia. (VIDAL DE LA BLACHE, 1914, p. 557).

26Não nos parece arriscado afirmar que a ideia de permanências foi retirada, logo, da Geologia. As rochas, preservando suas “camadas” profundas, sofrem menos alterações que as camadas superficiais. Ozouf-Marignier nos deu a conhecer como esta camada superficial, para Vidal, era do domínio da política, inserindo na mesma crítica a história de ofício que nos referimos anteriormente: “A procura pelas características ‘permanentes’ do solo francês é uma forma de resposta à história factual, da qual a geografia foi prisioneira até o último quarto do século XIX.". (OZOUF, 2000, p. 180).

27O modo como Vidal coloca em exercício essa imagem das camadas de tempo é de uma perspicaz capacidade de observação da paisagem, mostrando que, além de excelente escrutinador de arquivos, era perito na observação do campo. Referindo-se a Andaluzia, região espanhola que passou por forte domínio dos árabes, ele afirma: “Coisa notável: enquanto que os rios, as montanhas, as fontes termais, as minas se apresentam em geral com um nome árabe, a maioria das cidades conservaram os nomes, provavelmente de origem ibérica, pelos quais eram conhecidos na época romana.” (VIDAL DE LA BLACHE, 1889, p. 378). E então: “Daí podermos inferir que o elemento urbano tenha se perpetuado melhor que o elemento rural através das revoluções que assolaram a região.” (VIDAL DE LA BLACHE, 1889, p. 378). O domínio árabe instalou-se preferencialmente no campo, sendo as cidades espaços de resistência. Elas sobrevivem com seus nomes romanos, denunciando uma primeira ordem geográfica que se acomoda sob outra.

28A mesma imagem, ainda mais criativa, é surge a propósito da luta de colonização germânica na região italiana do Tirol, que se instala como uma camada sob a ordem romana. Esta, por sua vez, dá pistas nas suas sobrevivências do nível técnico de exploração do meio e da mais íntima relação com os elementos do meio e seus graus de dependência:

Pouco a pouco, nos vales abertos, uma camada germânica triunfou em se sobrepor ao fundo romano, por uma transformação análoga àquela que se realiza em nossos dias nos vales renanos do país dos Grisons. Os nomes romanos restam ainda ligados aos regatos, às florestas, às fazendas isoladas, mas pelas cidades e castelos, a língua e os costumes, os (não seria a língua e os costumes alemães?) alemães se estenderam pelo cume meridional dos Alpes réticos. (VIDAL DE LA BLACHE, 1889, pp. 460-461).

29Ao mundo agrícola sucede o mundo urbano. Há uma sucessão no tempo, e uma acumulação no espaço. A que se presta o exercício dessas temporalidades? É a última questão, quando clarearmos a importância da démarche historique para o conhecimento das relações de determinação do meio sob o homem e vice-e-versa, no interior de uma filosofia possibilista (FEBVRE, 1954).

A importância da noção de tempo geográfico para o determinismo vidaliano4

  • 4 É certo, porém, que o determinismo vidaliano é de ordem diferente daquele do século XVIII (ver SODR (...)
  • 5 Ary França localiza os escritos de Ratzel como o primeiro formulador da unidade entre o homem e o m (...)

30Cabe finalizar com a discussão do porquê de a abordagem histórica ser essencial para desenredar as relações de dependência entre o homem e o meio, pedra angular da geografia5. Os geógrafos possibilistas são impulsionados pela crença da libertação progressiva do homem das influências diretas do meio. Nisso consiste a liberdade do homem e a fuga a determinações estreitas. Consoante Claval, “os geógrafos franceses deduzem que a parte da disciplina dedicada às humanidades primitivas, nas quais a dependência em relação ao meio é maior, é mais garantida do que aquela voltada para as sociedades desenvolvidas.”(CLAVAL, 1993, p. 150). Certamente, todavia, não se descarta o determinismo como parte essencial da explicação geográfica:

Ritter inspira-se também nestas idéias no seu Erdkund, mas fá-lo mais como geógrafo. Se, por uns restos de prevenção histórica, atribui uma acção especial a cada grande individualidade continental, a interpretação da natureza continua a ser para Ritter o tema primordial. Pelo contrário, à maioria dos historiadores e dos sociólogos a Geografia não interessa senão a título consultivo. Parte-se do homem para chegar ao homem; representa-se a Terra como a ‘cena em que se desenrola a actividade do homem’, sem refletir que a própria cena tem vida. O problema consiste em dosar as influências sofridas pelo homem, em aceitar que um certo gênero de determinismo actuou no decurso dos acontecimentos da História. Assuntos sem dúvida sérios e interessantes, mas que para serem resolvidos exigem um conhecimento simultaneamente geral e profundo do mundo terrestre, conhecimento que não foi possível obter senão recentemente (grifos nossos) (VIDAL DE LA BLACHE, s/d, p. 25)

  • 6 Sousa Neto ressalta como na construção da nacionalidade brasileira a tradição geográfica foi apropr (...)

31A aproximação histórica, por conseguinte, está relacionada à aproximação das relações de dependência direta do homem em relação ao seu meio fora das aproximações deterministas estáticas6.

os historiadores [que] se preocuparam em enfatizar as influências geográficas obedeceram sobretudo à ideia de que essas influências, fortes ou mesmo predominantes no início, em seguida se enfraquecem, ao ponto de se tornarem, para muitos deles, insignificantes. Esse não é o ponto de vista do geógrafo. Seguramente, a emancipação por meio da qual o homem se libera, pouco a pouco, do jugo das condições locais, é uma das lições mais instrutivas que nos oferece a história. Mas, civilizado ou selvagem, ativo ou passivo, ou melhor, sempre ao mesmo tempo um e outro, o homem não deixa de ser, em seus diversos estados, parte integrante da fisionomia geográfica do globo (VIDAL DE LA BLACHE, 1898, p. 99).

32No caso do Mediterrâneo, será seguindo as adaptações que se fez nas montanhas (no caso Ocidental) e nos deltas dos rios (o caso Oriental), focos originários dos gêneros de vida, que se alcançará uma formulação mais precisa da escolha da tríade alimentar como organização base da vida social. Vidal franqueia limites de periodização, no espaço e no tempo, para encontrar determinações mais precisas do meio sobre os homens e trabalha com a noção de permanência para associar essas influências numa justa medida de manter a liberdade de atuação do homem sobre o meio geográfico. Assim, o recuo histórico é peça essencial para se observar relações de dependência de forma direta. Porém, a medida que avançamos no tempo, rumo ao presente, observa-se uma progressiva libertação do homem em relação ao meio, ao mesmo tempo que as antigas determinações se mantém devido às permanências. Portanto, as relações de determinação do possibilismo são observados dentro de uma dinâmica histórica.

Conclusão

33Intentamos em demonstrar, neste artigo, a importância metodológica da noção de tempo geográfico na geografia humana francesa. O ingrediente do tempo geográfico, um tempo que se observa na paisagem, é essencial das relações de causa e efeito da dependência do homem em relação ao seu meio. É através dessa fórmula sutil que se entrelaçam as liberdades humanas e os imperativos do meio geográfico. As influências agem de forma direta (longínquas no tempo), indireta (mais próximas das realidades atuais) e através das permanências. Chamamos esta concepção de tempo geográfico, pois o leitor terá notado que as temporalidades vidalianas são todas passíveis de serem observadas na paisagem, num trabalho de campo. As “narrativas geográficas” e as temporalidades originárias são um roteiro de observação do geógrafo para que se veja a história através das paisagens e que se descortinem as relações de dependência entre o homem e o meio.

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Bibliographie

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Notes

1 O fenômeno técnico é central no conceito de gênero de vida (SILVEIRA, 2010).

2 Vidal de la Blache claramente considera a pastorícia como um regime atrasado em relação à agricultura (VIDAL DE LA BLACHE, 1889, p. 523).

3 Robic (2000) traçou outra classificação das temporalidades vidalianas. Ateve-se, contudo, essencialmente aos fatos históricos, salvo que fora as escalas de tempo adotadas nos domínios da história: temporalidade da extensão do ecúmeno, da exploração dos recursos, da sucessão das gerações, do progresso das civilizações e da instalação da modernidade. (ROBIC, 2000).

4 É certo, porém, que o determinismo vidaliano é de ordem diferente daquele do século XVIII (ver SODRÉ, 1992). Segundo Gomes (1996), “enquanto, para o determinismo, o homem era apenas um elemento entre os outros, com Vidal, ele se faz mestre dos outros, pois se adapta à natureza e a transforma em seu próprio benefício.” (GOMES, 1996, p. 201).

5 Ary França localiza os escritos de Ratzel como o primeiro formulador da unidade entre o homem e o meio. A La Blache, cabe a inserção desta fórmula num espírito contingencialista, fugindo das rígidas interpretações ratzelianas. O debate com a dita escola determinista, não foi estimulado por Paul Vidal de la Blache. (FRANÇA, 1950).

6 Sousa Neto ressalta como na construção da nacionalidade brasileira a tradição geográfica foi apropriada de forma finalística na definição dos destinos da 'ilha Brasil' (SOUSA NETO, 2000).

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Table des illustrations

Titre Foto 1: Alexandria, Egito
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Titre Foto 2. Aqaba. Vista do litoral palestino
Crédits MARTINS, Yuri.. 2011.
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Pour citer cet article

Référence électronique

Larissa Alves de Lira, « A Concepção de Tempo Geográfico do Mediterrâneo de Vidal de la Blache »Confins [En ligne], 22 | 2014, mis en ligne le 26 novembre 2014, consulté le 12 décembre 2024. URL : http://0-journals-openedition-org.catalogue.libraries.london.ac.uk/confins/9781 ; DOI : https://0-doi-org.catalogue.libraries.london.ac.uk/10.4000/confins.9781

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Auteur

Larissa Alves de Lira

Bacharel em Geografia, mestre em Geografia Humana com bolsa FAPESP (Fundação de Amapro à Pesquisa do Estado de São Paulo), doutoranda em Geografia Humana pela Universidade de São Paulo, bolsista FAPESP. lara.lira@gmail.com

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