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Registro de pesquisa

O imprescindível acesso à internet no campo: a capilarização da informação no Brasil e na França

L’indispensable accès à internet à la campagne : la capillarisation de l'information au Brésil et en France
The indispensable access to the internet in the countryside: the capillarization of information in Brazil and France
Mait Bertollo
Traduction(s) :
L’indispensable accès à internet à la campagne : la capillarisation de l'information au Brésil et en France [fr]

Résumés

Les recherches menées sur les objets d'information utilisés dans les campagnes brésiliennes, dans la première étape, mettent en évidence leur participation croissante à des activités qui se traduisent par une augmentation potentielle de la production. Dans le secteur agroalimentaire, ces systèmes et objets techniques tels que les capteurs, les équipements et les machines, connectés numériquement grâce à l'internet des objets (IdO), permettent de partager avec une plus grande fluidité d'importants volumes de données de types les plus variés, alimentant d'innombrables systèmes de contrôle des différentes étapes des différents circuits spatiaux de production. Avec l'avènement de l'IdO, le rythme de croissance de la production et collecte des données ont augmenté de manière exponentielle, nécessitant de connecter les établissements ruraux et à chaque étape de la production aux réseaux de télécommunications. L'analyse des acteurs impliqués dans le développement, la diffusion et la connexion de ces systèmes et de leur impact sur la production agricole peut apporter des réponses sur l'utilisation de l'IdO dans les campagnes brésiliennes mais aussi françaises, dans la deuxième étape, comme une possibilité d'atténuer les disparités entre grands et petits producteurs par la diffusion et la banalisation de l'utilisation des technologies de l'information et des infrastructures internet dans le cadre de l'agriculture familiale, en profitant de la diversité des connaissances des petits et moyens producteurs, des actions en coopératives et du renforcement de la production alimentaire et de l'agroécologie.

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Texte intégral

A internet da cidade para o campo no Brasil

1O território brasileiro atualmente passa por diversos processos ligados à capilarização da informação por meio do smartphone, que resulta em diversas implicações espaciais, sob a regulação de agentes públicos e privados para a implementação e o uso dessas infraestruturas no espaço urbano (Bertollo, 2019). Esta é uma realidade há pelo menos 10 anos no Brasil, quando a partir de 2014 os smartphones se tornaram os aparelhos preferenciais, ultrapassando os computadores, para conexão à internet (CETIC, 2022).

2A convergência das técnicas de telefonia e internet, cuja rede é formada por diversos equipamentos e serviços, teve um alcance importante para atender à demanda crescente de conexão, se manifestando na banalização do acesso à internet num contexto em que os brasileiros de várias classes de renda passaram a realizar atividades cotidianas ligadas ao trabalho, relacionamento pessoal, estudos e lazer por meio do smartphone. Soma-se a esse processo o uso massificado destas técnicas também pelas diversas instituições, corporações e Estados.

3A partir da expansão destas redes que perpassam as cidades e chegam ao campo, ainda que pese a qualidade de conexão e densidade de infraestruturas, há uma possibilidade cada vez mais potente da utilização da internet no âmbito do ordenamento, produção, comercialização, financeirização e políticas na agropecuária, principalmente em grandes e médias propriedades, se estendendo ainda com certa lentidão para os pequenos produtores e na produção familiar.

O campo brasileiro: disparidades e possibilidades de uso da internet

  • 1 A IoT presume o fluxo de produtos e informações sem a interferência direta do ser humano nos proces (...)

4A pesquisa em andamento desdobra esta questão no campo brasileiro e traz debates sobre as disparidades entre o agronegócio e os pequenos e médios produtores na recente implementação e uso da internet das coisas (IoT)1 no fomento à produção agropecuária e que enseja importantes impactos territoriais.

5Uma série de exposições, discussões e produções de textos sobre a pesquisa, desde o seu início no segundo semestre de 2021 até o presente momento, trouxeram aportes para o seu desenvolvimento.

  • 2 Agtechs são empresas, geralmente startups, cuja finalidade é produzir inovações digitais para as at (...)

6Primeiramente, foi observada a crescente presença de Agtechs2 globais e nacionais, o que estabelece um novo paradigma de competitividade para alguns agentes hegemônicos, resultando na incapacidade de certas regiões para acompanhar esse desenvolvimento tecnológico custoso e veloz e, consequentemente, na sua desvalorização. Isto ocorre pela falta de condições para a capilarização da internet e IoT no campo dada a disparidade de renda dos produtores nas diversas porções do território e pela desigualdade na distribuição das infraestruturas, que é o fundamental componente da acessibilidade.

7E para a possibilidade de implantação dessa estrutura técnico-organizacional, sobretudo em regiões mais distantes dos grandes centros urbanos, em periferias das cidades e/ou de segmentos sociais de menor poder aquisitivo, um outro agente reconhecido neste processo são os Provedores Regionais de conexão à internet (PRs) (Bertollo, 2021).

8Eles são também chamados de Prestadores de Telecomunicações de Pequeno Porte (PPPs) que realizam um importante movimento de capilarização das redes de infraestrutura pelo território para que sejam fornecidos o sinal e a conexão no campo, com um crescimento relevante onde não há um oferecimento eficiente, em quantidade e qualidade, de serviços de grandes empresas provedoras em regiões com menor densidade de redes e menor densidade populacional e/ou onde os habitantes têm menor poder aquisitivo.

9Os PRs estão presentes principalmente em cidades de 5 mil até 50 mil habitantes, como pode ser visto no Mapa 1, e nota-se, portanto, possibilidades para os “pequenos” dentro de uma rede hegemonizada, ainda que o acesso à informação viabilizado pelos provedores regionais às populações de menor renda não torna, de modo geral, o nexo informacional exatamente mais emancipador.

Mapa 1: Porte das empresas provedoras de internet, por número de pessoas ocupadas e por Unidade da Federação, Brasil, 2018

Mapa 1: Porte das empresas provedoras de internet, por número de pessoas ocupadas e por Unidade da Federação, Brasil, 2018

Fonte: Bertollo, 2019.

10Dando prosseguimento à pesquisa, a análise da capilarização da informação no campo levou ao conhecimento sobre as ações das Agtechs e institutos de pesquisa públicos no território brasileiro, o que permitiu vislumbrar a coexistência de um trabalho global, um trabalho nacional e um trabalho local, resultando em combinações distintas (Bertollo, 2021a).

11Ao mesmo tempo em que há obstáculos para a capilarização da internet no campo, há perspectivas de suporte tecnológico, de informações e financeiro; de infraestrutura física (energia, telecomunicações e armazenamento); de aporte de ciência e tecnologia (como as Agtechs, institutos de pesquisa e universidades) e serviços de educação básica, que podem ser oferecidos por diferentes instituições e organizações, e são capazes de gerar condições positivas para adoção de tecnologia.

  • 3 Diante do grande volume, variedade e velocidade de dados gerados pela IoT, há contínua criação de B (...)

12Tais técnicas podem motivar a mobilidade geográfica do produtor, isto é, a capacidade do agente de movimentar bens, mercadorias, informação banal, fluxos materiais e fluxos informacionais (CASTILLO, 2017), principalmente aos pequenos que praticam agricultura familiar. Há possibilidades de um tipo de uso das tecnologias para o aumento da produtividade e da competitividade na nova divisão territorial do trabalho, na comercialização dos produtos suprimindo intermediários, no uso racional de recursos naturais, na preservação do meio ambiente, na prática da agroecologia, na cooperação e troca de informações em rede e, principalmente, como viabilidade de diminuir as desigualdades entre os pequenos e grandes produtores rurais3.

13A exploração de dados e informações sobre o tema derivou em trabalhos cartográficos para espacializar as dinâmicas ligadas ao processo de implantação da IoT no campo (Bertollo, 2022), como pode ser analisado no Mapa 2 em relação à concentração das Agtechs No Brasil, num movimento que é capaz de articular todas as etapas da produção agropecuária, com base no que existe de mais sofisticado nas áreas da automação e das tecnologias da informação, envolvendo sensores, equipamentos autônomos e armazenamento de dados em nuvem.

Mapa 2: Principais áreas de concentração de Agetchs no território brasileiro

Mapa 2: Principais áreas de concentração de Agetchs no território brasileiro

FONTE: Bertollo, 2022

14Foram identificados e analisados os principais agentes envolvidos no desenvolvimento, difusão e conexão digital de objetos informacionais no campo brasileiro, avaliando algumas de suas consequências para o uso do território e para as diversas categorias de produtores agropecuários, ao explorar os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, Radar AgTech Brasil e o Mapeamento das Startups do Setor Agro Brasileiro realizado pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).

15Além disso, foram discutidas as diversidades dos segmentos sociais do campo brasileiro e as escalas geográficas da distribuição, comercialização e consumo de seus produtos; o papel de agentes públicos e privados que desenvolvem tecnologias e prestam serviços de IoT no campo (como as Agtechs); e quais os desafios e possibilidades de disseminação socioespacial das tecnologias da informação no campo brasileiro.

16Ao tratar da disseminação da internet e equipamentos que promovem a IoT no campo, também foi observado o papel das cidades do agronegócio neste contexto (Bertollo, 2022). A tendência de homogeneização da produção agropecuária com o uso das tecnologias da informação se intensificou e impactou de forma importante nestas cidades, com novas formas de produção e distribuição de bens agrícolas, por meio da aplicação de novos sistemas técnicos. Há uma nova forma de monopolizar os serviços e produtos de grandes plataformas e Bigtechs que se envolvem na produção agrícola e exploram as redes para vender seus serviços em parceria com as corporações transnacionais do agronegócio. Portanto, há uma lógica em que a circulação de insumos, mercadorias, equipamentos e manutenção dos sistemas que poderiam vir, em princípio, das cidades próximas à produção, as cidades do agronegócio.

17Contudo, atualmente existe a possibilidade desses elementos virem de outros lugares, inclusive distante de onde se realiza a produção, impactando a médio e longo prazo nessas cidades que sempre tiveram como função atender a produção agrícola do seu entorno e que mais recentemente se submetem à cada nova transformação tecnológica para obedecer aos comandos de lugares distantes.

18Outro ponto muito importante tratado sobre a digitalização no campo e a efetiva utilização da internet, dispositivos e aplicativos no Brasil foi o problema da universalização do acesso à internet principalmente no campo, o que possibilita a mobilidade geográfica aos cidadãos (Bertollo, 2022).

19O controle da produção, comercialização e distribuição da produção no campo atualmente depende cada vez mais do acesso à internet e às variadas redes sociais, questão importante especialmente para os pequenos produtores rurais no Brasil, em grande parte excluídos dessa modernização e distantes de exercer sua mobilidade geográfica. Um dos pontos principais desta discussão é o papel das Estações Rádio Base (ERB) (ou as chamadas antenas), que são infraestruturas indispensáveis para a conexão à internet por meio dos smartphones e para a inclusão dos agentes do circuito inferior das economias agrárias (Elias, 2013). O Mapa 3 apresenta a distribuição das ERBs, concentradas nas áreas urbanas e em pontos e manchas de maior densidade populacional, e essa estrutura é basilar para o funcionamento das redes 2G, 3G, 4G e 5G, operando numa ampla área como uma rede integrada, permitindo a transmissão e estendendo a conexão à internet a vários quilômetros de distância de cada estação (torre). Para tornar essa rede mais densa, ressalta-se a função primordial de políticas públicas inclusivas, pois as operadoras privadas de telefonia móvel e internet não têm interesse em porções do território e segmentos sociais que não têm viabilidade econômica.

Mapa 3 - Distribuição das ERB (Estação Rádio Base) no território brasileiro, 2018

Mapa 3 - Distribuição das ERB (Estação Rádio Base) no território brasileiro, 2018

Fonte: Bertollo, 2019.

O desafio da produção de alimentos no campo brasileiro no processo de digitalização

20O desenvolvimento da pesquisa abriu também a possibilidade de discutir sobre a produção de alimentos tradicionais e mais acessíveis no Brasil, como o feijão, o arroz e a mandioca, e um crescimento expressivo da área de produção de commodities no território, o que contribui sobremaneira sobre a crise da fome no país (Bertollo, 2022).

21Outro ponto importante é o entendimento da digitalização do campo como um potencial elemento da dependência da agricultura às agroindústrias, num momento em que ocorria o contingenciamento das políticas públicas ligadas à segurança alimentar com uma diminuição sensível da produção de alimentos no Brasil no ano de 2022 (Bertollo, 2022a).

22A discussão enfatizou as novas técnicas no campo que mobilizam uma crescente substituição de intermediários nos processos de produção e comercialização, com a coleta permanente de dados da terra, da produção e dos agricultores, bem como o papel fundamental da agricultura familiar na produção alimentar, visto que é responsável por uma parte significativa dos alimentos que chegam às famílias brasileiras, concomitantemente com a formação de redes de grandes produtores de insumos, agrotóxicos e equipamentos envolvendo as Bigtechs e a financeirização do campo por meio de Fintechs.

23Para compreender com mais profundidade e de forma interescalar esse movimento global do uso massivo dessas tecnologias no campo, foram analisados documentos da Comissão Europeia, Banco Mundial e da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), que indicam a aplicação de uma estratégia do agronegócio global denominada “da fazenda ao garfo” (ou farm to fork), definindo que os sistemas alimentares - desde a produção, logística e comercialização - sejam abertos aos novos operadores da cadeia de valor dos alimentos, com as Bigtechs e Fintechs no controle global dessas dinâmicas, acompanhado do desenvolvimento científico. O objetivo dessa estratégia é o maior controle de todas as etapas produtivas sob a justificativa de redução de emissões líquidas de gases de efeito estufa, trazendo à tona a discussão sobre a soberania nacional na produção de alimentos (Bertollo, 2024).

24A interlocução, discussão e difusão dos resultados da pesquisa derivaram na produção de um trabalho de análise específica sobre as disparidades no campo brasileiro no âmbito dos principais processos espaciais ligados à políticas neoliberais recentes no Brasil (Bertollo, 2023) e aos discursos ligados às soluções de problemas sociais nas cidades e no campo por meio do uso das tecnologias da informação e demais equipamentos (Bertollo, 2024a).

O campo no Brasil e na França: diferenças e similaridades

25No prosseguimento da pesquisa houve uma série de trabalhos de campo no ano de 2022 que resultaram num avanço importante da pesquisa ao conhecer melhor as instituições brasileiras como o Instituto Agronômico de Campinas (IAC) e Embrapa Digital. Também foram realizados trabalhos de campo em instituições francesas, com visitas técnicas à ACTA (Les Institutes Techniques Agricoles), ligada ao Ministério da Agricultura e da Alimentação, às Fazendas Experimentais e Conectadas Digifermes, Confédération Paysanne e Institut Convergence DigitAg, ligado ao CIRAD (Centre de Cooperation Internationale en Recherche Agronomique pour le Développement). Por meio das informações obtidas foi visto que características e problemas dos pequenos e médios agricultores na França têm algumas similaridades com os produtores desta escala no Brasil, envolvendo instituições importantes para o fomento da produção e desenvolvimento científico e tecnológico e a análise além do agronegócio abarcando o potencial uso da IoT para os pequenos e médios produtores em escala nacional.

  • 4 Os trabalhos de campo resultaram na produção de um artigo intitulado “As redes informacionais no ca (...)

26Esses contatos foram fundamentais para conhecer e sistematizar as informações sobre a participação de agentes globais e nacionais em parceria com esses institutos, bem como a participação do Estado no que tange à implementação, subsídios e fundos financeiros governamentais, e sobre como a conformação de redes atendem o setor do agronegócio e pequenos produtores com o intuito de capilarizar as informações4.

27Como resultado das parcerias internacionais, do desenvolvimento empírico e teórico da pesquisa e dos trabalhos de campo, o atual estágio de pós-doutorado tem a finalidade de construir uma análise espacial sobre o relevante dinamismo do setor agropecuário e a intensificação do uso das redes informacionais no território no período da globalização, considerando a diversidade de agentes, modelos produtivos e situações que coexistem, de modo complementar e conflituoso no Brasil e na França.

28Conhecer o funcionamento dessas estruturas é importante para pensar em soluções adaptadas à conjuntura brasileira, que tem condições para ser vanguarda na agroecologia e agricultura familiar, ao utilizar a tecnologia no campo para resultados positivos socialmente e ambientalmente. Consideramos as instituições públicas de pesquisa e fomento à produção agrícola francesas e brasileiras como organizações sociais que produzem cooperação no agronegócio e no mundo agrário em questões políticas, comerciais e sociais, perfazendo círculos de cooperação dos variados circuitos espaciais produtivos (Moraes, 1985) no âmbito da agropecuária, o que permite um desenvolvimento econômico, produtivo, logístico, ambiental, social e tecnológico importante aos agentes de menor escala.

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Bibliographie

BERTOLLO. A capilarização das redes de informação no território brasileiro pelo smartphone. Tese (Doutorado) – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH). Universidade de São Paulo - USP, São Paulo-SP, 2019.

BERTOLLO. A internet das coisas (IoT) no campo brasileiro: as redes informacionais, as novas dinâmicas da produção agrícola e os provedores regionais. XIV Encontro Nacional de Pós Graduação e Pesquisa em Geografia – ENANPEGE, João Pessoa-PB, 2021.

BERTOLLO. A informação no campo brasileiro: o papel das Agtechs e dos Institutos de Pesquisa Públicos. IV Simpósio Internacional de Geografia do Conhecimento e da Inovação. Universidade Estadual de Campinas – Unicamp, 2021a.

BERTOLLO. O papel das cidades do agronegócio no uso das redes e os novos agentes no território: a IoT e as plataformas digitais na produção agrícola. XVII Simpósio Nacional de Geografia Urbana – SIMPURB. Curitiba-PR, 2022.

BERTOLLO. A digitalização do campo brasileiro e a produção de alimentos. In: TOZI, F. (org) Plataformas Digitais: Caminhos de pesquisa e debates interdisciplinares. Editora Consequência, Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), 2022b.

BERTOLLO. A agricultura digitalizada e as disparidades do campo brasileiro - II Seminário Internacional Espaço urbano, pobreza e neoliberalismo: construção e reconstrução das práticas espaciais coletivas. Boletim Campineiro de Geografia, v. 13, 2023.

BERTOLLO. Da fazenda ao garfo: o papel da informação no campo brasileiro globalizado In: BERTOLLO. (orgs) Agricultura científica globalizada: produção, circulação e usos do território. São Paulo: Editora Hucitec, 2024.

BERTOLLO. A capilarização da informação nas cidades e no campo no Brasil e a emergência de uma psicoesfera no planejamento e desenvolvimento territorial. In: Psicosfera: contribuições teóricas a partir de investigações geográficas. Organização SILVA, L. P. D.; FRANK, B. J. R. 1. ed. Porto Alegre, RS: Totalbooks, 2024a.

BERTOLLO. COVID-19 pandemic and food production: the use of the Internet of Things and the new dynamics of agricultural production in Brazil. Congresso da União Geográfica Internacional (UGI), Paris (França), 2022.

BERTOLLO. Internet das coisas (IoT) e novas dinâmicas da produção agrícola no campo brasileiro. Confins - Revue franco-brésilienne de Géographie / Revista franco-brasilera de Geografia. Número 56, 2022.

CASTILLO, R. A. Mobilidade geográfica e acessibilidade: uma proposição teórica. Geousp – Espaço e Tempo (Online), v. 21, n. 3, p. 644-649, dez. 2017.

BERTOLLO. Mobilidade geográfica como direito social: uma discussão sobre o acesso à internet no campo brasileiro. Revista da Anpege. V. 18. N. 36, 2022.

CETIC.br. TIC Domicílios 2021. Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação, 2022. Disponível em https://cetic.br/pt/tics/domicilios/2021/domicilios/A5/ Acesso mar. 2024.

ELIAS, D. Globalização, agricultura e urbanização no Brasil. ACTA Geográfica, Boa Vista, Ed. Especial. Geografia Agrária, 2013.

MORAES, A. C. R. Os circuitos espaciais de produção e os círculos de cooperação no espaço. Mimeografado. São Paulo, 1985.

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Notes

1 A IoT presume o fluxo de produtos e informações sem a interferência direta do ser humano nos processos, sincronizando todos os agentes envolvidos nesse sistema em que equipamentos e máquinas possam ser identificados, detectados e controlados remotamente usando sensores e dispositivos conectados à internet, como os smartphones e tablets. No agronegócio, a IoT tem a capacidade realizar o monitoramento da produção e desenvolvimento de culturas, controlar o desempenho zootécnico animal, processar alimentos, prever variáveis meteorológicas, controlar pragas, utilizar mais racionalmente os recursos naturais, substituir o uso de agrotóxicos e aplicar técnicas da agroecologia, aperfeiçoar a gestão agronômica e assegurar a padronização e rastreabilidade dos produtos, ao utilizar a microeletrônica, a telemática, e o sensoriamento remoto.

2 Agtechs são empresas, geralmente startups, cuja finalidade é produzir inovações digitais para as atividades agropecuárias, com base no Big Data, na IoT e na inteligência artificial. As Agtechs podem realizar parceria com outros tipos de startups, com produtores, investidores, com universidades e centros de pesquisa, e serem associadas ou compradas por grandes corporações.

3 Diante do grande volume, variedade e velocidade de dados gerados pela IoT, há contínua criação de Big Data e com processos analíticos da Ciência de Dados que desenvolvem técnicas preditivas para tomada de decisões sobre produtividade, qualidade, riscos, rastreabilidade e demais processos administrativos, além de construir modelos de uso de informações e serviços, controlando e configurando a aplicação para atender as demandas do dispositivo conectado, do indivíduo ou da produção, e mesmo a criação de algoritmos. A intensificação do uso das TIC no campo implica na atuação cada vez maior dos agentes que controlam as tecnologias telemáticas e proveem esse acesso, como os grandes provedores (por exemplo Claro, Vivo e Oi), os provedores regionais e as maiores corporações ligadas à tecnologia da informação, as chamadas Bigtechs, como Amazon, Apple, Google, Facebook e Microsoft. Essas empresas controlam diferentes tipos de dados por meio dos seus softwares e aplicativos, produzem e propagam informações, monitoram e coletam informações sobre produção agrícola e extraem valor dos dados, influenciando os diversos circuitos espaciais produtivos (Moraes, 1985). Há um movimento importante das Bigtechs em parceria com as tradicionais corporações ligadas à produção agrícola como Raízen Energia, Cargill Agrícola, Bunge Alimentos e Bayer por exemplo, intensificando a aplicação da IoT no campo, ao articular todas as etapas de produção agrícola com o armazenamento de informação em nuvem e em data centers, e proporcionar conectividade e autonomia aos equipamentos.

4 Os trabalhos de campo resultaram na produção de um artigo intitulado “As redes informacionais no campo brasileiro e no campo francês e papel dos círculos de cooperação no espaço” que está em avaliação para breve publicação.

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Table des illustrations

Titre Mapa 1: Porte das empresas provedoras de internet, por número de pessoas ocupadas e por Unidade da Federação, Brasil, 2018
Crédits Fonte: Bertollo, 2019.
URL http://0-journals-openedition-org.catalogue.libraries.london.ac.uk/confins/docannexe/image/57217/img-1.png
Fichier image/png, 310k
Titre Mapa 2: Principais áreas de concentração de Agetchs no território brasileiro
Crédits FONTE: Bertollo, 2022
URL http://0-journals-openedition-org.catalogue.libraries.london.ac.uk/confins/docannexe/image/57217/img-2.png
Fichier image/png, 430k
Titre Mapa 3 - Distribuição das ERB (Estação Rádio Base) no território brasileiro, 2018
Crédits Fonte: Bertollo, 2019.
URL http://0-journals-openedition-org.catalogue.libraries.london.ac.uk/confins/docannexe/image/57217/img-3.jpg
Fichier image/jpeg, 126k
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Pour citer cet article

Référence électronique

Mait Bertollo, « O imprescindível acesso à internet no campo: a capilarização da informação no Brasil e na França »Confins [En ligne], 63 | 2024, mis en ligne le 25 juin 2024, consulté le 06 décembre 2024. URL : http://0-journals-openedition-org.catalogue.libraries.london.ac.uk/confins/57217 ; DOI : https://0-doi-org.catalogue.libraries.london.ac.uk/10.4000/11wvb

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Auteur

Mait Bertollo

Instituto de Geociências da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), mabertollo@gmail.com

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