Primeiras imagens do censo brasileiro de 2022
Résumés
L'article présente des cartes élaborées à partir des données du recensement démographique de 2022 réalisé par l'IBGE (Institut brésilien de géographie et de statistique) et de brefs commentaires basés en partie sur les informations fournies par l'institut lors de la publication de chaque série de données.
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Recensement démographique 2022, IBGE, cartes, population, indigènes, quilombolasIndex géographique :
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1Como o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) apontou ao publicar os primeiros resultados de seu novo censo demográfico1, ele constitui a principal fonte de referência para o conhecimento das condições de vida da população em todos os municípios brasileiros e seus resultados fornecem valiosos subsídios à administração pública e ao planejamento social e econômico do País.
2A última operação censitária tinha sido realizada em 2010 era previsto realizar o seguinte em 2020, mas – por causa da pandemia de COVID-19 e dos profundos cortes orçamentários ocorridos em 2021 – a operação foi replanejada para o ano de 2022. Para a sua realização foram visitados 106,8 milhões de endereços e 90,7 milhões de domicílios nos 5 568 municípios instalados até 1° de agosto de 2022, do Distrito Federal e do Distrito Estadual de Fernando de Noronha. Esses resultados estão disponíveis em diferentes níveis geográficos, Brasil, Grandes Regiões, Unidades da Federação, Concentrações Urbanas e Municípios.
3As notas técnicas que integram a publicação indicam os conceitos e definições adotados na investigação e sintetizam os procedimentos gerais utilizados na coleta e no tratamento dos dados da pesquisa, entre outras considerações de natureza metodológica. O conjunto dessas informações encontra-se disponibilizado no portal do IBGE na Internet, no seu Sistema de Recuperação Automática (Sidra)2, na Plataforma Geográfica Interativa-PGI, bem como na página da pesquisa.
4Seguem mapas construídos usando esses dados e breves comentários apoiados em parte nas informações dadas pelo IBGE na ocasião da publicação de cada conjunto de dados.
Um crescimento mais lento
5Uma das primeiras surpresas do censo foi que o crescimento populacional continuou a desacelerar. A estimativa feita pelo IBGE divulgada em agosto de 2021 era que a população brasileira fosse de 213,3 milhões de habitantes, mas o resultado do censo é sensivelmente menor, 203 milhões (mais precisamente 203 062 512). É um acréscimo de 12,3 milhões de pessoas em relação ao total constatado no censo de 2010 (190 755799), que prolonga a série histórica que viu o país passar de menos de 10 milhões de habitante no primeiro censo moderno, em 1872 a mais de 200 em 2020, uma multiplicação por vinte em 150 anos, mas a taxa média de crescimento anual da população brasileira foi a menor já registrada desde 1872, 0,52% (no censo de 2010, ainda era de 1,17%). Obviamente, o crescimento rápido que tinha começado com a redução dos níveis de mortalidade a partir nos anos 1940 parou com o declínio dos níveis de fecundidade nos anos 1960, o que levou, desde os anos 1970 a uma diminuição na taxa de crescimento populacional.
6Porém, e redução não afeta da mesma maneira todo o território nacional, embora todas as regiões estejam com uma taxa média de crescimento anual cada vez menor, o Centro-Oeste, onde avança a frente pioneira da soja e da pecuária tem uma taxa duas vezes maior que a média nacional: enquanto a taxa brasileira anual foi de 0,52%, a do Centro-Oeste foi de 1,23%, contra 1,9% em 2021. Nos Censos de 2010 e 2000, a região que tinha a maior taxa de crescimento era o Norte amazônico, cuja taxa caiu sensivelmente na edição atual, de 2,09 em 2010 para 0,75 em 2022.
Evolução da população entre 2010 e 2022
7Ao todo, portanto, a evolução demográfica entre os dois últimos censos foi positiva. Mas o mapa 1 (onde os pontos amarelos correspondem aos municípios onde a população total registrada pelo IBGE foi contestada na Justiça) confirma que essa tendência está longe de ser uniforme em todo o país: os triângulos verdes que indicam aumento da população dos municípios são maioria e estão particularmente concentrados em um eixo Sul/Norte que vai de Santa Catarina, no Sul, a Roraima, no extremo norte da Amazônia. Os triângulos rosa e vermelho, por outro lado, indicam as regiões que perderam população entre 2010 e 2020, principalmente no Nordeste, mas também no extremo sul (toda a parte sul do Rio Grande do Sul), Rondônia e Maranhão.
8O Mapa 2 leva em conta apenas as mudanças populacionais - positivas e negativas - de mais de 3.000 habitantes por município: assim ficam mais visíveis a perdas de população ocorridas em várias cidades do Nordeste. Elas aparecem também nos confins do Maranhão e do Pará e em Rondônia, que era áreas pioneiras e de afluxo de população em décadas anteriores.
9O Mapa 3 mostra os ganhos populacionais de cada Estado usando símbolos proporcionais (triângulos vermelhos), e o fundo anamorfoseado, com base na população de cada um deles, assume uma cor correspondente à sua taxa de variação.
Idades da população
- 3 https://www.ibge.gov.br/estatisticas/sociais/populacao/22827-censo-demografico-2022.html?edicao=381 (...)
10Na sua quarta divulgação3, o IBGE trouxe a público informações sobre a população residente por idade e sexo, bem como alguns indicadores derivados, como a idade mediana, o índice de envelhecimento e a razão de sexo (relação entre o número de homens e mulheres). A idade mediana – o indicador que divide uma população entre os 50% mais jovens e os 50% mais velhos – subiu de 2010 para 2022 de 29 anos para 35 anos, evidenciando o envelhecimento da população. No mesmo período, esse indicador aumentou no Norte de 24 para 29 anos, no Nordeste de 27 para 33 anos, no Sudeste de 31 para 37 anos, no Sul, de 31 para 36 anos e no Centro-Oeste de 28 para 33 anos.
11Embora seja claro que essa idade média ainda é muito baixa em comparação com os países do Velho Continente (e que, portanto, o Brasil não tem muito com o que se preocupar no curto prazo quando se trata de pagar aposentadorias), a distribuição entre as faixas etárias também é muito diferente de uma região para outra: como mostra o mapa 4, os jovens são muito mais numerosos no Norte, no Centro-Oeste e em grande parte do Nordeste. Os grupos em idade ativa predominam no Sudeste e no Centro-Oeste (o coração econômico do país) enquanto a proporção de idosos se torna mais significativa no Sul e em algumas partes do Sudeste.
12Se construirmos uma tipologia a partir dessa distribuição de grupos etários em três faixas, podemos revelar, usando uma CAH (classificação hierárquica ascendente, mapa 5) regiões em que um (ou dois) deles, sem predominar, se distingue/m da média nacional. Na maior parte do país predominam os jovens, com uma presença ainda mais forte no Alto Amazonas. Os grupos populacionais em idade ativa estão particularmente presentes ao longo do eixo pioneiro que avança para o noroeste e, secundariamente, para certas partes do Nordeste, marcando as frentes agrícolas para as quais migram os pioneiros. No Sudeste, onde a economia é mais madura, há uma coabitação de trabalhadores e idosos, sendo que estes últimos se tornam dominantes no extremo sul do país e em regiões específicas, como o norte de Minas Gerais e o centro do estado da Bahia: são regiões de emigração, de onde partem exatamente os pioneiros.
População por cor
- 4 https://www.ibge.gov.br/estatisticas/sociais/populacao/22827-censo-demografico-2022.html?edicao=386 (...)
13Com a quinta divulgação temática da pesquisa4, o IBGE trouxe a público informações que permitem conhecer o quantitativo da população residente sob a perspectiva do seu pertencimento étnico-racial, considerando-se para tal dois princípios norteadores. A categorização de cor ou raça historicamente é investigada desde o Censo Demográfico Primeiro, 1991 (branca, preta, amarela, parda e indígena). A novidade é a adoção, pela primeira vez, de metodologias quantitativa e qualitativa que visaram compreender os diferentes aspectos da percepção pessoal acerca de tais categorias, posto que variados critérios de pertencimento identitário podem ser usados para essa classificação (origem familiar, cor da pele, traços físicos, etnia, entre outros), e as cinco categorias estabelecidas podem ser entendidas, também, de forma variável pelo informante.
14As estatísticas disponibilizadas, disponíveis para os recortes Brasil, Grandes Regiões, Unidades da Federação e Municípios, estão organizadas em várias dimensões de análise: população residente para cada categoria de cor ou raça e a sua respectiva participação relativa no total da população residente, sexo, grupos de idade, idade mediana e índice de envelhecimento. Em abordagem complementar, a publicação traz ainda um panorama da participação de cada uma das cinco categorias de cor ou raça consideradas no total da população residente na Amazônia Legal, em virtude de sua representatividade espacial no território brasileiro.
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15Em uma publicação complementar5, o IBGE indicou que, na ocasião desse censo de 2022, cerca de 92,1 milhões de pessoas se declararam pardas, o equivalente a 45,3% da população do país. Desde 1991, esse contingente não superava a população branca, que chegou a 88,2 milhões (ou 43,5% da população do país). Outras 20,6 milhões se declaram pretas (10,2%), enquanto 1,7 milhões se declararam indígenas (0,8%) e 850,1 mil se declaram amarelas (0,4%).
16O Mapa 6 foi construído desenhando em cada uma das “regiões imediatas” definidas pelo IBGE, círculos proporcionais ao número de pessoas a cada uma dessas categorias de cor de pele, e atribuindo-lhes uma gama cromática quanto mais escura quanto maior for sua proporção na população total. O maior grupo, os pardos, predomina na Amazônia, no Nordeste e no Centro-Oeste. Ele está menos presente no Sudeste, especialmente nas duas principais cidades, São Paulo e Rio de Janeiro, e é claramente minoritário nos dois Estados do Sul. Em contraste, o segundo maior grupo, o dos brancos, está maciçamente presente em número e proporção nos três Estados do Sul e no Estado de São Paulo. A presença de pessoas que se declaram pretos é forte em Salvador e em todo os Estados da Bahia, do Maranhão, de Rio de Janeiro e de Minas Gerais, mas muito limitada em outros lugares. Finalmente, para as duas últimas categorias, os amarelos (brasileiros de origem asiática) e os indígenas, foi necessário adotar uma escala diferente para a representação dos círculos proporcionais, pois elas têm poucos membros: o mapa assim modificado mostra que os primeiros estão presentes principalmente no Estado de São Paulo e no norte do Paraná (para onde seus pais ou avós foram trazidos no passado para cultivar café) e os segundos no extremo noroeste da Amazônia e em alguns outros Estados, com números muito menores e uma proporção muito menor da população total.
17Se resumirmos essa distribuição de grupos de cor de pele em uma tipologia, também baseada em uma classificação hierárquica ascendente (mapa 7), podemos ver que na maior parte do país são os pardos que têm a presença mais forte, enquanto no Sul são os brancos. As outras categorias só estão presentes de forma significativa em um pequeno número de regiões: certas partes do Nordeste para os pretos, parte de São Paulo para os “amarelos” e a alta Amazônia para os indígenas. Em todos os três casos, há algumas exceções ligadas a migrações para regiões de produção muito específicas (como culturas irrigadas ou pimenta do reino para colonos de origem japonesa) ou áreas de refúgio (como as populações negras que criaram quilombos no interior do Nordeste).
Indígenas
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18Nesta edição do censo o IBGE procurou informações que permitam conhecer melhor a população indígena, a sua distribuição dentro e fora das Terras Indígenas6. Para esse fim, estabeleceu parcerias com diversos órgãos e entidades, contou com o apoio fundamental dos guias comunitários indígenas, e beneficiou-se do acompanhamento de diversas organizações representativas, com a interlocução da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil-APIB, garantindo o direito de consulta livre, prévia e esclarecida em todas as etapas da operação.
19Com essa divulgação o IBGE atualiza as estatísticas anteriormente disponibilizadas e, organizadas em grandes temas: população indígena residente e sua proporção em relação à população total residente, total de domicílios particulares permanentes ocupados com pelo menos um morador indígena, número de moradores (total e indígenas), média de moradores (total e indígenas), e o percentual de moradores indígenas em relação ao total de moradores nesses domicílios.
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20Os resultados foram divulgados durante um evento realizado na Casa do Olodum, localizada no Pelourinho, em Salvador7. A solenidade contou com representantes de importantes parceiros do Instituto, como o Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), os ministérios da Igualdade Racial, do Planejamento e dos Povos Indígenas, do Olodum, da Secretaria de Promoção de Igualdade Racial e dos Povos e Comunidades Tradicionais da Bahia (Sepromi) do Governo do Estado da Bahia, entre outras instituições.
21De acordo com os IBGE, a população indígena do país chegou a 1.693.535 pessoas em 2022, o que representa 0,83% do total de habitantes. Um pouco mais da metade (51,2%) estava concentrada na Amazônia Legal. Em 2010, quando foi realizado o Censo anterior, foram contados 896.917 indígenas no país: isso equivale a um aumento de 88,82% em 12 anos
22De acordo com a responsável pelo projeto de Povos e Comunidades Tradicionais do IBGE, Marta Antunes, o aumento do número de indígenas no período intercensitário é explicado majoritariamente pelas mudanças metodológicas feitas para melhorar a captação dessa população. “Só com os dados por sexo, idade e etnia e os quesitos de mortalidade, fecundidade e migração será possível compreender melhor a dimensão demográfica do aumento do total de pessoas indígenas entre 2010 e 2022, nos diferentes recortes. Além disso, existe o fato de termos ampliado a pergunta ‘você se considera indígena?’ para fora das terras indígenas. Em 2010, vimos que 15,3% da população que respondeu dentro das Terras Indígenas que era indígena vieram por esse quesito de declaração”, explica.
23No Censo Demográfico anterior, o quesito de cor ou raça foi aplicado a todas as pessoas recenseadas no país. Mas somente quando elas eram residentes das Terras Indígenas oficialmente delimitadas e se declaravam como brancas, pretas, pardas ou amarelas, ou seja, não respondiam que eram indígenas nesse quesito, havia a abertura da pergunta “você se considera indígena?”. Em 2022, houve a extensão dessa pergunta de cobertura para outras localidades indígenas, que incluem, além desses territórios oficialmente delimitados pela Funai, os agrupamentos indígenas identificados pelo IBGE e as outras localidades indígenas, que são ocupações domiciliares dispersas em áreas urbanas ou rurais com presença comprovada ou potencial de pessoas indígenas. No Censo 2022, cerca de 27,6% da população indígena do país assim se declararam por meio dessa pergunta de cobertura.
24Essa mudança na metodologia explica a quase duplicação do número de indígenas contados pelo censo e destaca o fato de que contar apenas os presentes em “terras indígenas” tornou invisíveis as pessoas que, embora ainda se considerem indígenas, optaram por deixar essas reservas e migrar para áreas onde a maioria dos habitantes pertence a outros grupos.
25A primeira imagem do mapa 8 compara os semicírculos vermelhos dos que vivem em terras indígenas com os semicírculos azuis dos que optaram por se estabelecer em outro lugar. Na Amazônia, eles se juntaram às comunidades mais povoadas no vale do Amazonas e seus principais afluentes, enquanto no Nordeste muitos mais vivem na costa do que nas poucas reservas remanescentes. Foi somente ao longo de um eixo sudoeste/nordeste que eles optaram, em sua maioria, por permanecer em terras indígenas, exceto no Mato Grosso do Sul, onde alguns tiveram de migrar para as cidades devido à estreiteza das terras que lhes foram deixadas.
26A segunda imagem, referente aos habitantes não indígenas que vivem em terras indígenas, mostra que eles estão presentes em quase todo o país, com altas proporções no Nordeste e nas frentes pioneiras do Pará. A terceira mostra a distribuição das pessoas que se consideram indígenas, mas que vivem fora das terras indígenas, e sua distribuição corresponde bem à hierarquia urbana brasileira, com predominância das principais metrópoles. A gradação de cor correspondente à proporção de pessoas fora das terras reservadas a elas só é alta na alta Amazônia, em segundo lugar no centro do Maranhão e em algumas partes de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.
Quilombolas
- 8 Quilombolas são os habitantes de quilombos, comunidades formadas originalmente por escravos fugidos (...)
- 9 https://www.ibge.gov.br/estatisticas/sociais/populacao/22827-censo-demografico-2022.html?edicao=374 (...)
27Nesta edição o IBGE investigou, pela primeira vez em um levantamento censitário, a população quilombola8 e suas características demográficas, geográficas e socioeconômicas9. Para esse fim, estabeleceu parcerias com diversos órgãos e entidades, contou com o apoio fundamental das lideranças comunitárias desse grupo étnico, e beneficiou-se do acompanhamento permanente da Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas-Conaq, garantindo o direito de consulta livre, prévia e esclarecida em todas as etapas da operação. O levantamento inédito foi saudado como um resgate histórico por autoridades e sobretudo pelas várias lideranças quilombolas presentes ao evento de lançamento, que reuniu mais de 120 pessoas no Auditório da sede do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), em Brasília.
28A divulgação de que o país tem 1.327.802 pessoas, ou 0,65% do total de habitantes, foi destaque nos principais veículos de imprensa nacional e até do exterior, com matérias publicadas pelo jornal britânico The Guardian e a emissora BBC. O presidente interino do IBGE, Cimar Azeredo, ressaltou que, com esses dados, o Instituto cumpre a sua missão de retratar o Brasil. Para ele, o principal benefício de se ter um levantamento inédito sobre a população quilombola é que a partir de agora poderão ser elaboradas políticas públicas baseadas em evidências, e não em narrativas.
29“Hoje colocamos os quilombolas no mapa e vamos colocar os indígenas e os moradores de favela no mapa. Esse é um ponto importante, porque são as populações que precisam mais dessas estatísticas. Precisamos saber quantas escolas, quantos postos de saúde, tudo que essas populações precisam. O que está acontecendo é uma reparação histórica. Vimos os quilombolas se identificando e se enxergando no Censo 2022. Isso traz muito orgulho para o IBGE”, ressaltou Azeredo.
- 10 Arroba (do árabe ar-rub, a quarta parte) equivalia originalmente à quarta parte do quintal, 25 libr (...)
- 11 https://congressoemfoco.uol.com.br/projeto-bula/reportagem/bolsonaro-quilombola-nao-serve-nem-para- (...)
30Essa declaração obviamente contrasta com a feita por Jair Bolsonaro, quando candidato à Presidência da República, (PSC-RJ): ele tinha feito ataques de cunho racista contra negros durante palestra no Clube Hebraica, no Rio de Janeiro e afirmou que, se for eleito, pretendia acabar com todas as reservas de terra de indígenas e quilombolas. “Eu fui num quilombo. O afrodescendente mais leve lá pesava sete arrobas10. Não fazem nada. Eu acho que nem para procriador ele serve mais”11.
31O mapa 9, que localiza as populações quilombolas, mostra claramente as áreas onde os escravos que fugiam das principais regiões de plantação conseguiram encontrar refúgio ao se deslocarem para o interior: em direção à região pre-amazônica do Maranhão, ao interior do Pará ou ao extremo sul do Estado de São Paulo (Vale do Ribeira). O grupo mais notável, no entanto, é aquele que forma dois eixos nordeste/sudoeste ao longo da costa e no centro do Estado da Bahia, com extensões do norte ao sul de Minas Gerais e em direção a Goiás-Tocantins: essa configuração é completamente nova e merecerá uma pesquisa específica quando outros dados censitários forem disponibilizados pelo IBGE.
Notes
1 https://www.ibge.gov.br/estatisticas/sociais/populacao/22827-censo-demografico-2022.html
2 https://sidra.ibge.gov.br/home/pmc/brasil
3 https://www.ibge.gov.br/estatisticas/sociais/populacao/22827-censo-demografico-2022.html?edicao=38166
4 https://www.ibge.gov.br/estatisticas/sociais/populacao/22827-censo-demografico-2022.html?edicao=38698
5 https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-noticias/2012-agencia-de-noticias/noticias/38719-censo-2022-pela-primeira-vez-desde-1991-a-maior-parte-da-populacao-do-brasil-se-declara-parda
6 https://www.ibge.gov.br/estatisticas/sociais/populacao/22827-censo-demografico-2022.html?edicao=37417
7 https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-noticias/2012-agencia-de-noticias/noticias/38725-censo-2022-ibge-divulga-primeiros-resultadospara-cor-ou-raca-em-salvador-2
8 Quilombolas são os habitantes de quilombos, comunidades formadas originalmente por escravos fugidos das fazendas. A palavra quilombo vem do idioma banto, sendo uma referência a “guerreiro da floresta”.
9 https://www.ibge.gov.br/estatisticas/sociais/populacao/22827-censo-demografico-2022.html?edicao=37415
10 Arroba (do árabe ar-rub, a quarta parte) equivalia originalmente à quarta parte do quintal, 25 libras (aproximadamente 12 kg). Com a introdução do Sistema Internacional de Unidades, a arroba perdeu boa parte de sua função, mas não deixou de existir, no Brasil ainda é usada para medir o peso do gado, bovino e porcino. O seu símbolo "@" é hoje amplamente usado na informática para indicar a localização de endereços de correio eletrônico.
11 https://congressoemfoco.uol.com.br/projeto-bula/reportagem/bolsonaro-quilombola-nao-serve-nem-para-procriar/
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Référence électronique
René Somain, « Primeiras imagens do censo brasileiro de 2022 », Confins [En ligne], 61 | 2023, mis en ligne le 28 décembre 2023, consulté le 09 décembre 2024. URL : http://0-journals-openedition-org.catalogue.libraries.london.ac.uk/confins/54974 ; DOI : https://0-doi-org.catalogue.libraries.london.ac.uk/10.4000/confins.54974
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