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Riscos hidrometeorológicos híbridos na bacia do Alto Iguaçu – Paraná (Brasil)

Risques hydrométéorologiques hybrides dans le bassin de l'Alto Iguaçu - Paraná (Brésil)
Hybrid hydrometeorological risks in the Alto Iguaçu basin - Paraná (Brazil)
Gabriela Goudard et Francisco de Assis Mendonça

Résumés

Comprendre les risques liés au climat est très complexe, ce qui nécessite de comprendre les conditions de danger, de susceptibilité et de vulnérabilité de manière combinée. Dans ce contexte, le présent article met en évidence une analyse des risques hybrides liés aux épisodes de pluies extrêmes (inondations) dans le bassin Alto Iguaçu. Pour cela, les données des zones d'inondations, de susceptibilité et de vulnérabilité sont utilisées et sont analysées de manière intégrée. Les principaux résultats mettent en évidence les points suivants: I) le risque hybride est le résultat d'une combinaison de facteurs sociaux, naturels et technologiques de l'environnement; II) les risques hydrométéorologiques hybrides sont différenciés le long du bassin, avec des chevauchements entre les zones de vulnérabilité élevées à très élevées et les parties les plus affectées par les épisodes de pluies extrêmes et; III) la proposition d'analyse de risque hybride est configurée comme une tentative d'analyse systémique et holistique, visant la gestion des risques.

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Texte intégral

1Os riscos climáticos encontram-se presentes na pauta dos temas da ciência desde longa data. Na atualidade, constituem-se em um assunto da mais alta relevância, em face da intensa alteração das paisagens, da concentração humana em áreas urbanas e da severa insegurança mediante aos cenários de mudanças climáticas globais. Estes fatos os têm colocado na pauta das discussões políticas e científicas, evidenciando aspectos importantes da “sociedade de risco” preconizada por Beck (2008) como perspectiva geral da humanidade.

2Dentre as várias questões colocadas pelos cenários futuros do clima destacam-se aquelas relacionadas à intensificação das temperaturas médias do planeta e da frequência e intensidade de extremos climáticos, os quais figuram como potenciais desencadeadores de desastres e de impactos no mundo. No Sul do Brasil, região de interesse da abordagem aqui sintetizada, as modelagens regionais indicam aumentos de cerca de 30% nas precipitações até o final deste século (PBMC, 2014). Esta afirmação torna-se motivo de preocupação, considerando-se que os principais desastres naturais do Brasil são aqueles de origem pluvial (Monteiro, 1991; EM-DAT, 2015), especialmente quando dos excessos positivos ou negativos, quais sejam: as estiagens/secas, as inundações (analisadas neste artigo) e os movimentos de massa.

3Em face destes cenários, as relações expressas entre o clima e as sociedades tomam novos matizes no momento histórico presente e demandam abordagens holísticas no intuito de avaliar as condições de risco, os elementos e fatores relacionados a sua ocorrência, e a variabilidade espacial e temporal de suas manifestações.

4Desse modo, a compreensão dos riscos climáticos reveste-se de grande importância, quer seja pela necessidade de entendimento das complexidades inerentes ao sistema atmosférico, quer seja pela análise conjugada e sistêmica de processos da natureza e da sociedade, a partir de conceitos de perigo, suscetibilidade e vulnerabilidade.

5Dentro desta perspectiva, no âmbito deste texto, os riscos são compreendidos como resultantes de uma construção socio-natural (Dauphiné, 2001; Dubois-Maury e Chaline, 2004; Veyret, 2007), de modo que as condições físicas da natureza não são determinantes, mas é a ação humana que faz com que um fenômeno gerado pela natureza se converta em uma ameaça à sociedade (Mendonça, 2014).

6Para Birkmann (2007) a análise destes processos perpassa necessariamente pela compreensão de três pilares, quais sejam: 1) os mais vulneráveis, 2) os espaços expostos aos riscos e, 3) os fatores que influenciam e/ou produzem vulnerabilidades e riscos.

7Partindo destas premissas, o risco pode ser considerado produto das relações expressas entre os seguintes aspectos: I) perigos climáticos (evento deflagrador – as chuvas com potencial de impacto, no caso dos episódios pluviais extremos analisados neste artigo), II) a suscetibilidade (condições físico-naturais que favorecem o acúmulo de água, potencializando a ocorrência de inundações) e III) a vulnerabilidade das populações (grau de exposição das populações às condições de risco), conforme destacam autores como Pelling (2003), Veyret (2007), Almeida (2010), Mendonça (2010; 2014) e Goudard (2019) – Figura 1.

8Além disso, no presente texto, os riscos são abordados em sua dimensão hidrometeorológica (Figura 1), pautada no fato de que os episódios pluviais extremos (inundações, enchentes e alagamentos) são deflagrados a partir das interações entre as dinâmicas atmosféricas (eventos meteorológicos extremos – tempestades, chuvas concentradas), suas repercussões em processos hidrológicos (eventos hidrológicos extremos – inundações, enchentes e alagamentos) e os impactos na sociedade (exposições das populações perante as condições de riscos) que dão origem aos desastres.

9Salienta-se que a abordagem dos riscos passou por diversas alterações ao longo da evolução das sociedades, sendo estes categorizados, genericamente, conforme a gênese natural, social ou tecnológica dos fenômenos, como reiteram autores como Dauphiné (2001), Dubois-Maury e Chaline (2004), Veyret (2007), Almeida (2010) e Mendonça (2014).

10Entretanto, no contexto urbano dos países não desenvolvidos, a sobreposição entre as diferentes tipologias dos riscos (naturais, sociais e tecnológicos) faz com que a análise destes processos apresente maior complexidade e não se limite apenas a uma abordagem. Desse modo, Mendonça (2010) concebe os riscos como híbridos, posto que as suas manifestações não decorrem de um elemento único e isolado; há sempre a interação entre um fenômeno desencadeador que, no decorrer do processo, é intensificado pela junção de muitos outros. Esta concepção coloca em evidência o fato de que os desastres e os riscos são essencialmente relacionados às sociedades humanas.

11Neste sentido, utilizando os episódios pluviais extremos, notadamente as inundações urbanas como exemplo da hibridização dos riscos (Figura 1), nota-se que se tratam de processos cuja gênese está relacionada à um fenômeno natural e que são intensificados pelas dinâmicas humanas, estando diretamente atrelados à sociedade, que é impactada de maneiras diferenciadas de acordo com o seu grau de vulnerabilidade (Pelling, 2003; Almeida, 2010).

Figura 1 - Categorias dos riscos

Figura 1 - Categorias dos riscos

Fonte: Goudard e Mendonça (2021) baseados em Veyret e Richemond (2007), Almeida (2010) e Mendonça (2010).

12Neste cenário, salienta-se que existem sobreposições, em muitos casos, de riscos naturais (perigos e suscetibilidades que se refletem em inundações que afetam populações) e riscos sociais (acesso diferenciado aos recursos e às condições de vida, que potencializam os impactos de inundações), o que confere à análise de riscos um conjunto de dificuldades quando são concebidos de maneira estanque como sendo naturais ou sociais ou tecnológicos.

13Desse fato advém a necessidade de pensar os riscos de maneira híbrida, sendo estes produtos das relações coexistentes entre as esferas naturais e sociais, sobretudo nos ambientes urbanos dos países não desenvolvidos, em que estes processos são mais evidentes (Mendonça, 2010). Assim, a proposta de risco híbrido desenvolvida por Mendonça (2010) converte-se em uma tentativa de realizar análises sistêmicas em relação às condições de riscos, sendo estas de fundamental importância para a gestão integrada destas dinâmicas.

14A Bacia do Alto Iguaçu (Figura 2), recorte espacial do presente artigo, apresenta área de 2881,7 Km² e contempla uma parcela do aglomerado urbano da Região Metropolitana de Curitiba (AU-RMC), destacando-se perante a impactos históricos ligados às chuvas, notadamente, às inundações urbanas, para as quais apresenta alta exposição (Figura 2).

  • 1 Adotou-se o recorte e nomenclatura da bacia conforme dados delimitados e disponibilizados por SUDER (...)

Figura 2 – Bacia do Alto Iguaçu – Localização geográfica1 e exposição às inundações

Figura 2 – Bacia do Alto Iguaçu – Localização geográfica1 e exposição às inundações

Organização: Goudard e Mendonça (2021). Fonte dos dados: Águas Paraná - SUDERHSA (2002), Exposição às inundações: Agência Nacional de Águas (ANA, 2016).

15Partindo-se destes pressupostos, o presente texto coloca em evidência um estudo de caso da bacia do Alto Iguaçu, destacando as áreas de impactos ocasionados por precipitações (perigos), as condições de suscetibilidade (físico-naturais) e de vulnerabilidade (social), as quais, em conjunto, possibilitam a análise das diversas condições de riscos híbridos evidenciadas na área de estudo.

16Para tanto, as análises desenvolvidas sustentam-se nos pressupostos da Climatologia Geográfica, especificamente o Sistema Clima Urbano – S.C.U. (Monteiro, 1976), e o Sistema Ambiental Urbano – S.A.U. (Mendonça, 2004), os quais, em conjunto, possibilitam realizar abordagens integradas das excepcionalidades climáticas (componente natural) e de seus impactos no ambiente urbano (componente social e construído).

Procedimentos adotados para a análise dos riscos híbridos

17No intuito de evidenciar os riscos híbridos, os seguintes procedimentos foram adotados:

Caracterização do histórico de impactos na bacia

18A caracterização do histórico de impactos foi realizada com base em dados secundários de jornais locais (Gazeta do Povo), da Defesa Civil (SISDC) e da Guarda Municipal (Sistema de Gerenciamento da Guarda Municipal - SISGESGUARDA), bem como por meio dos estudos de Zanella (2006), Lohmann (2011), Mendonça, Deschamps e Lima (2013) e Goudard (2015, 2019).

19Além disso, foram utilizados mapeamentos de áreas de inundações modelados para tempos de retorno de 10 e 25 anos por meio do modelo Mike11, pelo Instituto das Águas do Paraná (2002 – antiga SUDERHSA), possibilitando evidenciar as áreas impactadas por inundações no recorte espacial deste estudo.

Construção do mapeamento de suscetibilidade

20O mapeamento de suscetibilidade foi realizado com base na técnica Analytic Hierarchy Process (AHP), proposta por Saaty (1977). Trata-se de uma análise multicritério e ponderada entre os fatores relacionados à problemática de estudo, neste caso: uso da terra, tipos de solos, declividade e hipsometria. Estes dados foram coletados por meio da base do Instituto das Águas do Paraná e da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA) – especificamente no caso dos solos.

21Ressalta-se que a referida técnica foi utilizada de maneira satisfatória em estudos de Lohmann et al. (2014) ao realizar mapeamento de inundações e deslizamentos para o estado do Paraná e de Hoffmann, Mendonça e Goudard (2014), ao avaliarem condições de riscos reais e potenciais de inundações no estado do Paraná.

22O primeiro passo para o mapeamento da suscetibilidade foi a atribuição de pesos de 0 a 10 para as classes dos fatores previamente selecionados, onde 0 refere-se à menor e 10 à maior suscetibilidade (Figura 3). Este procedimento foi baseado em aportes da literatura, consultas à especialistas e trabalhos anteriores desenvolvidos com a mesma técnica e problemática socioambiental (Hoffmann, Mendonça e Goudard, 2014; Lohmann et al., 2014).

Figura 3 – Pesos (variações de 0 a 10) e classes dos fatores aplicados à análise de suscetibilidade

Figura 3 – Pesos (variações de 0 a 10) e classes dos fatores aplicados à análise de suscetibilidade

Organização: Goudard e Mendonça (2021).

23Na sequência, a Escala de Comparadores proposta por Saalty (1977) foi aplicada aos fatores supracitados, qual seja: 1 – Igualmente importante; 3 - Fraca importância; 5 - Moderada importância, 7 - Forte importância; 9 - Absoluta importância; 2, 4, 6, 8 - Valores intermediários; e 1/3, 1/5, 1/7, 1/9 - Valores inversos dos fatores.

24Este processo possibilitou a construção de uma matriz de comparação pareada entre os fatores utilizados (Quadro 1), tendo como base estudos de Hoffmann, Mendonça e Goudard (2014).

Quadro 1 - Matriz de comparação pareada entre os fatores adotados para o mapeamento de suscetibilidade

Fatores

Declividade

Uso

Solo

Altitude

Declividade

1,0

2,0

3,0

5,0

Uso

0,20

1,0

5,0

7,0

Solo

0,33

0,20

1,0

7,0

Altitude

0,20

0,14

0,14

1,0

SOMA

(FATOR DE DIVISÃO)

1,7333

3,3429

9,1429

20,0

Organização: Goudard e Mendonça (2021).

25A referida matriz permitiu a atribuição de pesos aos fatores, sendo estes resultantes da divisão de cada elemento pelo somatório da coluna correspondente (Quadro 1) e da média final de cada fator (Quadro 2). Desse modo, no âmbito deste estudo, os pesos finais atribuídos aos fatores foram de 43,83% para a declividade, 32,79% para uso, 17,79% para tipos de solo e 05,59% para a hipsometria (Quadro 2).

Quadro 2 – Pesos atribuídos aos fatores de suscetibilidade com base na divisão dos fatores apresentados no quadro anterior

Fatores

Altitude

Tipo de Solo

Uso da Terra

Declividade

Pesos

(média)

Declividade

0,5769

0,5983

0,3281

0,2500

0,4383

Uso da Terra

0,1154

0,2991

0,5469

0,3500

0,3279

Solo

0,1923

0,0598

0,1094

0,3500

0,1779

Altitude

0,1154

0,0427

0,0156

0,0500

0,0559

Organização: Goudard e Mendonça (2021).

26A matriz de comparação e os pesos atribuídos permitiram a análise multicritério e a integração das variáveis em ambiente SIG – Sistema de Informações Geográficas, por meio da ferramenta Raster Calculator do software ArcGIS, consolidando o mapeamento de suscetibilidade. Ressalta-se que a escala dos dados não permite um mapeamento de detalhe. Contudo, a técnica AHP possibilita aproximações em relação às áreas preferenciais de acúmulo de água em bacia hidrográficas.

Construção do cenário de vulnerabilidade

27Para a construção do cenário de vulnerabilidade social foram coletados dados relativos às condições de renda, educação e saneamento por setores censitários, segundo o censo de 2010 (IBGE, 2010), refletindo as condições dos moradores e dos domicílios, conforme Quadro 3. De modo a complementar a análise, levantamentos de invasões e ocupações irregulares (Silva, 2012) também foram incorporados ao mapeamento.

28Para Almeida (2010) estas variáveis refletem condições de desvantagens sociais, possibilitando evidenciar as vulnerabilidades das populações perante à problemas socioambientais, visto que buscam englobar características sociais, demográficas, ambientais e econômicas, de maneira integrada.

29O cenário de vulnerabilidade foi consolidado por meio da análise multicritério e da técnica de cartografia de síntese, conforme procedimentos descritos por Martinelli (1991; 2003) e Sampaio (2012), por meio das etapas de normalização, padronização e ponderação de dados.

30A normalização consiste na divisão da variável de interesse por uma variável padrão normalizadora (Quadro 3) a nível de setor censitário. A padronização ocorre mediante a relação das variáveis normalizadas com os máximos, os mínimos e a amplitude da amostra de dados, sendo estabelecida pela seguinte fórmula: (variável – valor mínimo) / (amplitude da amostra). Por fim, a ponderação relaciona-se à atribuição de pesos às variáveis padronizadas anteriormente, possibilitando a síntese dos dados e o mapeamento em ambiente SIG.

31Ressalta-se que a escolha das referidas variáveis e dos pesos atribuídos foi pautada em estudos de Almeida (2010), Nascimento (2013) e Buffon (2016), conforme expresso no Quadro 3.

Quadro 3 - Variáveis e ponderações aplicadas ao cenário de vulnerabilidade

Categoria

Peso

Subcategoria

Peso

Variáveis

Variável normalizadora

Características dos moradores

40%

Alfabetização

10%

Total de responsáveis não alfabetizados

Pessoas responsáveis

Renda

30%

Total responsável com renda até 2 salários mínimos

Pessoas responsáveis

Características dos domicílios

60%

Rede de esgoto ou fossa séptica

10%

Domicílios particulares permanentes sem rede de esgoto ou fossa séptica

Domicílios particulares permanentes

Moradia Irregular

30%

Domicílios particulares permanentes em outra condição de ocupação (não são próprios, nem alugados, nem cedidos)

Domicílios particulares permanentes

Coleta de lixo

20%

Domicílios particulares permanentes sem coleta de lixo, com depósito na propriedade, em terreno baldio, logradouro, rio, lago ou mar, ou outro destino

Domicílios particulares permanentes

Organização: Goudard e Mendonça (2021). Fonte dos dados: IBGE (2010).

Construção do mapeamento de risco híbrido

32A construção do mapeamento de risco híbrido pautou-se na combinação entre as condições de alta suscetibilidade, alta vulnerabilidade e a existência de manchas de inundação do modelo Mike11, de modo a refletir sobreposições entre riscos de ordem natural (inundações) e social (pobreza, ausência ou insuficiência de infraestrutura habitacional e urbana, insegurança de habitações, entre outros) na área de estudo.

33No intuito de caracterizar as diversas condições relacionadas aos riscos híbridos na bacia foram realizados levantamentos diretos em expedições à área de estudo. Estes pautaram-se em conferência de georreferenciamento dos pontos críticos e em registros fotográficos conjugados aos mapeamentos de suscetibilidade e vulnerabilidade previamente elaborados.

Os riscos hidrometeorológicos híbridos: uma abordagem a partir da bacia do Alto Iguaçu

34Na bacia do Alto Iguaçu os impactos ligados às chuvas, derivados de eventos pluviais extremos (precipitações extremas e persistentes), são históricos e recorrentes, verificando-se registros dos mesmos desde a fundação do núcleo urbano no século XVII (Geissler e Loch, 2004; Mendonça, Deschamps e Lima, 2013).

35As inundações na região de Curitiba são decorrentes da associação de duas dimensões, quais sejam: de um lado as chuvas concentradas associadas à extensas porções de relevo plano (dimensões físico-naturais) e, de outro, à dinâmica de ocupação e crescimento (dimensões sociais) que, em grande parte, desconsiderou os cursos d’agua, conforme destacam Geissler e Loch (2004), Mendonça, Deschamps e Lima (2013) e Goudard e Mendonça (2020).

36A Figura 4 permite evidenciar alguns exemplos de episódios pluviais extremos que impactaram a área de estudo, bem como as manchas de inundação e suas relações com as ocupações subnormais/irregulares ao longo da bacia, denotando associações entre estes processos, sobretudo, na porção leste de Curitiba.

Figura 4 - Bacia do Alto Iguaçu (A.I) - Episódios pluviais extremos, manchas de inundações e ocupações subnormais/irregulares

Figura 4 - Bacia do Alto Iguaçu (A.I) - Episódios pluviais extremos, manchas de inundações e ocupações subnormais/irregulares

Organização: Goudard e Mendonça (2021). Fonte dos dados: SUDERHSA (2002), Defesa Civil (1986-2015), Gazeta do Povo (2018), Silva (2012).

37No período de 1986 a 2015 foram registrados 240 episódios pluviais extremos, considerando os dados provenientes de jornais locais, da Defesa Civil (SISDC) e da Guarda Municipal (SISGESGUARDA). Estas inundações são mais frequentes nos meses de verão (dezembro, janeiro e fevereiro) e de transição (março e setembro), denotando a sazonalidade dos impactos do ponto de vista das condicionantes do clima, como demonstrado em estudos de Goudard e Mendonça (2020).

38Contudo, assim como destaca Deschamps (2004), os riscos e as vulnerabilidades não podem ser apenas localizáveis no espaço, como também variam ao longo da dimensão espacial, sendo distribuídos de forma desigual. Desso modo, as repercussões espaço-temporais destes processos não são homogêneas ao longo da bacia, apresentando relações com a suscetibilidade dos locais (dimensão físico-natural) e a vulnerabilidade das populações (dimensão social).

39No que concerne à suscetibilidade nota-se a partir da análise multicritério (técnica AHP) entre hipsometria, declividade, solos e uso e ocupação (Figura 5), que os valores mais elevados encontram-se nas margens dos rios e nas porções mais urbanizadas da bacia (Figura 5A), de modo que estas conjunturas favorecem o acúmulo de água e as potenciais inundações.

Figura 5 – Bacia do Alto Iguaçu (A.I) - Suscetibilidade aos episódios pluviais extremos.

Figura 5 – Bacia do Alto Iguaçu (A.I) - Suscetibilidade aos episódios pluviais extremos.

Organização: Goudard e Mendonça (2021). Fonte dos dados: SUDERHSA (2002), Embrapa (2013).

40De um modo geral, verifica-se que as condições naturais da bacia (baixas declividades – Figura 5C, solos pouco espessos e encharcados – gleissolos – Figura 5D) são agravadas ao se analisar a espacialização do uso e ocupação (Figura 5E), com altas taxas de impermeabilização ao longo dos rios, favorecendo a deflagração de impactos a partir da dinâmica fluvial (enchentes/inundações) e também dos alagamentos, ligados aos sistemas de drenagem deficitários em ambientes urbanos.

41Neste sentido, as áreas mais suscetíveis a estas dinâmicas concentram-se, principalmente, no município de Curitiba (altamente urbanizado e com drenagens modificadas) e ao longo do Rio Iguaçu, na confluência com os municípios de Pinhais e São José dos Pinhais (porção leste do município com menores declividades e solos pouco permeáveis) – Figura 5A.

42Para além das questões físico-naturais, as populações são expostas de maneiras distintas a estes processos, refletindo a vulnerabilidade e a capacidade de reação dos grupos sociais em relação aos riscos (Pelling, 2003).

43Do ponto de vista do cenário de vulnerabilidade (Figura 6A), a cartografia de síntese das variáveis ligadas à alfabetização (Figura 6B), renda (Figura 6C), rede de esgoto (Figura 6D), moradias irregulares (Figura 6E), coleta de lixo (Figura 6F), ocupações e invasões (Figura 6G), permite revelar as áreas da bacia com maiores vulnerabilidades sociais. Estas estão mais presentes nas periferias geográficas (à medida em que ocorrem distanciamentos do centro de Curitiba e da bacia) e encontram-se associadas às periferias sociológicas (porções próximas ao centro de Curitiba e da bacia, que apresentam alta vulnerabilidade social), considerando todas as variáveis envolvidas no mapeamento (Figura 6A).

Figura 6 – Bacia do Alto Iguaçu (A.I) - Cenário de vulnerabilidade aos episódios pluviais extremos

Figura 6 – Bacia do Alto Iguaçu (A.I) - Cenário de vulnerabilidade aos episódios pluviais extremos

Organização: Goudard e Mendonça (2021). Fonte dos dados: Setores censitários – IBGE (2010), Ocupações e invasões: Silva (2012).

44A Figura 6A permite constatar que os menores índices de vulnerabilidade social localizam-se na porção centro-norte da bacia, com melhores condições de alfabetização (Figura 6B), renda (Figura 6C), esgotamento sanitário (Figura 6D) e coleta de lixo (Figura 6F), bem como menores densidades de moradias irregulares (Figuras 6E e 6G).

45Em contrapartida, nas periferias geográficas (porções distantes do centro da bacia e da cidade de Curitiba) notam-se condições de moderada a muito alta vulnerabilidade (Figura 6A), com destaque para os municípios de Campo Largo, Almirante Tamandaré e Colombo, nos quais as concentrações de moradias irregulares e de infraestruturas precárias são mais presentes. Em Curitiba, município marcado por maiores suscetibilidades (Figura 5A) e impactos de episódios extremos (Figura 4), verificam-se condições de muito alta vulnerabilidade na porção leste, nas margens do Rio Iguaçu (bairros Cajuru, Uberaba e Boqueirão, na confluência com os municípios de Pinhais e São José dos Pinhais), no extremo sul (bairros Caximba, Campo do Santana e Tatuquara), oeste (Cidade Industrial de Curitiba), no Parolin e Prado Velho (zonas próximas ao centro marcadas como periferias sociológicas).

46Estas condições refletem o fato de que ainda que estas populações sejam impactadas por um mesmo evento pluvial extremo, as respostas ao fenômeno são muito distintas ao se considerar as vulnerabilidades associadas. Em geral, as populações em áreas de alta e muito alta vulnerabilidade social apresentam dificuldades de resposta perante a materialização dos riscos.

47Neste contexto, no intuito de evidenciar as regiões mais críticas em relação aos episódios pluviais extremos, a Figura 7 coloca em destaque a sobreposição dos mapeamentos de suscetibilidade e vulnerabilidade desenvolvidos. Assim, esta figura permite evidenciar as áreas onde os riscos híbridos são mais intensos, nas quais constatam-se sobreposições entre condições de alta suscetibilidade (favorecendo o acúmulo de água em superfície) e alta vulnerabilidade (menores condições em relação a alfabetização, renda, esgotamento sanitário, coleta de lixo e moradias irregulares).

48Estas porções mais críticas encontram-se localizadas, sobretudo, no leste de Curitiba (confluência com os municípios de Pinhais e São José dos Pinhais), no Parolin (Curitiba), ao longo da bacia do Barigui (porção oeste de Curitiba), em porções dos municípios de Pinhais, Araucária, Almirante Tamandaré, Colombo e São José dos Pinhais (Figura 7).

49Neste contexto, os seguintes recortes espaciais presentes na Figura 7 (condições de riscos híbridos intensos) merecem destaque no que se refere à sobreposição de alta suscetibilidade, alta vulnerabilidade e presença de manchas de inundação: (1) – Almirante Tamandaré; (2) – Porções de Colombo e Pinhais; (3) – Bacia do Barigui na região da Cidade Industrial de Curitiba; (4) – Parolin e Prado Velho em Curitiba; (5) – Rio Iguaçu – confluência entre os municípios de Curitiba, Pinhais e São José dos Pinhais; (6) – porções do município de Araucária; (7) – extremo sul de Curitiba e (8) – Bacia do Ribeirão dos Padilhas – bairro Sítio Cercado em Curitiba.

Figura 7 – Bacia do Alto Iguaçu (A.I) - Riscos hidrometeorológicos híbridos

Figura 7 – Bacia do Alto Iguaçu (A.I) - Riscos hidrometeorológicos híbridos

Organização: Goudard e Mendonça (2021). Fonte dos dados: SUDERHSA (2002), Embrapa (2013), Setores censitários – IBGE (2010), Ocupações e invasões: Silva (2012).

50Salienta-se que ao longo da bacia constatam-se diferentes condições de suscetibilidade, vulnerabilidade e a combinação destes dois fatores, de modo que estes processos são explorados na Figura 8. A figura 8 ilusta as seguintes condições:

51I) Alta suscetibilidade e baixa vulnerabilidade: destaque para as porções centro e norte do município de Curitiba, com alta densidade de rios modificados e taxas de adensamento urbano, porém com melhores condições sociais (alfabetização, renda, esgotamento sanitário, coleta de lixo). Dessa forma, ainda que estas populações possam ser impactadas, as respostas em relação aos riscos são mais efetivas;

52II) Baixa suscetibilidade e alta vulnerabilidade: algumas porções mais elevadas, de maiores declividades e mais distantes dos cursos d’água, nas quais nota-se pouco potencial de inundações, porém constatam-se elevados graus de exposição das populações (vulnerabilidade) perante aos riscos. Neste cenário, as populações são mais impactadas por riscos de ordem social;

53III) Alta suscetibilidade e vulnerabilidade: configurações de riscos híbridos nas quais evidenciam-se sobreposições entre riscos naturais (inundações, enchentes e alagamentos) e riscos sociais (menor capacidade de resposta das populações em face dos riscos e de acesso aos recursos). Estas dinâmicas são verificadas, sobretudo, na porção leste de Curitiba (confluência com Pinhais e São José dos Pinhais – bairros Uberaba, Cajuru, Boqueirão e Sítio Cercado), no oeste de Curitiba (porções da Bacia do Rio Barigui – Cidade Industrial), em regiões próximas ao centro, marcadas como periferias sociológicas (Parolin e Prado Velho) e em algumas parcelas da Região Metropolitana (Figuras 7 e 8).

Figura 8 – Bacia do Alto Iguaçu - Diferentes configurações de riscos híbridos

Figura 8 – Bacia do Alto Iguaçu - Diferentes configurações de riscos híbridos

Organização: Goudard e Mendonça (2021). Fonte: Acervo pessoal (2018, 2019) e Google Earth (2018).

Legenda: 1 (a,b,c,d) - Porção Centro – Norte de Curitiba (Bacia do Belém); 2 - Almirante Tamandaré; 3 - Campo Largo; 4 – Araucária; 5 – Curitiba: Parolin, Guaíra e Prado Velho; 6 - Curitiba: Xaxim e Sítio Cercado; 7 – Curitiba: Cajuru e Uberaba; 8 - Almirante Tamandaré.

54Tendo como base os resultados apresentados, constata-se a complexidade da análise de riscos em áreas densamente urbanizadas e marcadas por desigualdades sociais expressivas. Nesta perspectiva, uma análise integrada dos riscos hidrometeorológicos perpassa necessariamente por uma abordagem sistêmica e holística entre perigo, suscetibilidade e vulnerabilidade.

55A abordagem apresentada neste artigo, no que concerne aos riscos híbridos, configura-se como uma boa opção para a integração das dimensões supracitadas, ainda que apresente algumas limitações, sobretudo, ligadas à disponibilidade e à escala dos dados. Em face das limitações impostas a eficiente aplicação desta abordagem, podem-se citar:

561) A escala espacial, nem sempre detalhada e atualizada, dos dados de uso da terra, tipos de solos, declividade e hipsometria utilizados para a confecção da suscetibilidade;

572) O AHP, assim como a maior parte dos modelos de base físico-naturais utilizados para mapeamentos de suscetibilidade e espacialização de zonas inundáveis, configura-se como sendo generalizado, possibilitando evidenciar apenas as áreas mais propícias ao acúmulo de água em superfície. Estas modelagens, em geral, são produzidas com base em processos fluviais (naturais) e em atributos físicos, o que não reflete adequadamente as dinâmicas altamente modificadas das áreas urbanas;

583) A escala temporal de 10 anos dos dados censitários, o que não possibilita detalhamentos em termos temporais das vulnerabilidades. Neste sentido, estudos que necessitem de maiores aproximações em relação às variáveis sociais demandam outras técnicas envolvidas, tais como as entrevistas;

594) A carência de dados climáticos em escalas finas (escalas temporais horárias), o que dificulta a compreensão da variabilidade dos eventos pluviais extremos em ambientes urbanos;

605) As disparidades nas formas de registros de impactos de episódios pluviais extremos (inundações, enchentes e alagamentos), por parte dos jornais, Defesas Civis e demais órgãos competentes em escalas estaduais, municipais e metropolitanas. Este fato dificulta a integração dos dados e a compreensão dos riscos de ordem climática.

61Contudo, ainda que existam limitações diversas em relação à análise de riscos híbridos em contextos urbanos, a depender da disponibilidade de dados de cada realidade espacial, a abordagem apresentada neste artigo configura-se como uma importante contribuição em termos de análise integrada entre perigo, suscetibilidade e vulnerabilidade, podendo ser aplicada em outras realidades.

62Ademais, em comparação aos demais trabalhos desenvolvidos no âmbito da bacia em análise e de seus municípios integrantes, nota-se que ainda que diversos estudos tenham colocado em evidência as inundações urbanas, as abordagens realizadas ora destacam aspectos climáticos (eventos extremos de precipitação) e físico-naturais (modelagens pautadas em atributos do meio físico), ora elucidam questões ligadas ao planejamento e à gestão urbana. Portanto, a abordagem aqui explicitada possibilita análises integradas em relação à temática.

Considerações Finais

63Os riscos hidrometeorológicos apresentam consideráveis impactos no âmbito das cidades brasileiras, de modo que estudos que os coloquem em evidência tornam-se fundamentais para a gestão ambiental urbana e para a tomada de decisão por parte do poder público. Neste contexto, o presente artigo possibilitou constatar os seguintes aspectos:

64Na bacia do Alto Iguaçu os riscos são marcados pela interação de vários elementos e fatores, tanto de ordem física (dinâmica climática dos extremos pluviais, extensas áreas planas e densa rede de drenagem que favorecem os episódios pluviais extremos), como de ordem social (ocupações desordenadas/não planejadas, com diferentes exposições das populações aos extremos climáticos);

65Os resultados alcançados demonstram que mesmo perante a um mesmo perigo (impacto pluvial) e as mesmas condições físico-naturais de suscetibilidade, as populações são expostas aos riscos de maneiras diferenciadas em função do grau de vulnerabilidade. Este fato é corroborado por autores como Pelling (2003), Veyret (2007), Mendonça (2010), Almeida (2010), entre outros; e denota a complexidade de análises que contemplem todos estes aspectos;

66A análise combinada entre as áreas de inundação, suscetibilidade e vulnerabilidade demonstrou que os riscos híbridos são diferenciados ao longo da bacia, sendo que há uma estreita relação entre a localização espacial dos grupos que apresentam desvantagens sociais (populações socialmente vulneráveis, com condições de alta a muito alta vulnerabilidade) e áreas suscetíveis a perigos ambientais (manchas de inundação e suscetibilidades aos episódios extremos);

67A proposta de análise dos riscos sob a concepção de riscos híbridos, desenvolvida neste artigo, advém da multiplicidade de interfaces que envolvem o tema, refletindo a íntima relação entre os aspectos da natureza e da sociedade. Dessa forma, configura-se como uma tentativa de análise sistêmica e holística dos riscos hidrometeorológicos.

68Partindo-se destas premissas, o presente artigo colocou em evidência, por meio de um estudo de caso, a necessidade de estudos que promovam análises integradas da tríade ameaça/perigo – suscetibilidade – vulnerabilidade em uma abordagem híbrida, com o intuito de possibilitar melhores subsídios à gestão de riscos atrelados ao clima.

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Notes

1 Adotou-se o recorte e nomenclatura da bacia conforme dados delimitados e disponibilizados por SUDERHSA (2002) – Atual Instituto das Águas do Paraná.

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Table des illustrations

Titre Figura 1 - Categorias dos riscos
Crédits Fonte: Goudard e Mendonça (2021) baseados em Veyret e Richemond (2007), Almeida (2010) e Mendonça (2010).
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Titre Figura 2 – Bacia do Alto Iguaçu – Localização geográfica1 e exposição às inundações
Crédits Organização: Goudard e Mendonça (2021). Fonte dos dados: Águas Paraná - SUDERHSA (2002), Exposição às inundações: Agência Nacional de Águas (ANA, 2016).
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Fichier image/jpeg, 491k
Titre Figura 3 – Pesos (variações de 0 a 10) e classes dos fatores aplicados à análise de suscetibilidade
Crédits Organização: Goudard e Mendonça (2021).
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Titre Figura 4 - Bacia do Alto Iguaçu (A.I) - Episódios pluviais extremos, manchas de inundações e ocupações subnormais/irregulares
Crédits Organização: Goudard e Mendonça (2021). Fonte dos dados: SUDERHSA (2002), Defesa Civil (1986-2015), Gazeta do Povo (2018), Silva (2012).
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Titre Figura 5 – Bacia do Alto Iguaçu (A.I) - Suscetibilidade aos episódios pluviais extremos.
Crédits Organização: Goudard e Mendonça (2021). Fonte dos dados: SUDERHSA (2002), Embrapa (2013).
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Titre Figura 6 – Bacia do Alto Iguaçu (A.I) - Cenário de vulnerabilidade aos episódios pluviais extremos
Crédits Organização: Goudard e Mendonça (2021). Fonte dos dados: Setores censitários – IBGE (2010), Ocupações e invasões: Silva (2012).
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Titre Figura 7 – Bacia do Alto Iguaçu (A.I) - Riscos hidrometeorológicos híbridos
Crédits Organização: Goudard e Mendonça (2021). Fonte dos dados: SUDERHSA (2002), Embrapa (2013), Setores censitários – IBGE (2010), Ocupações e invasões: Silva (2012).
URL http://0-journals-openedition-org.catalogue.libraries.london.ac.uk/confins/docannexe/image/44833/img-7.jpg
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Titre Figura 8 – Bacia do Alto Iguaçu - Diferentes configurações de riscos híbridos
Crédits Organização: Goudard e Mendonça (2021). Fonte: Acervo pessoal (2018, 2019) e Google Earth (2018).
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Pour citer cet article

Référence électronique

Gabriela Goudard et Francisco de Assis Mendonça, « Riscos hidrometeorológicos híbridos na bacia do Alto Iguaçu – Paraná (Brasil) »Confins [En ligne], 54 | 2022, mis en ligne le 29 mars 2022, consulté le 08 décembre 2024. URL : http://0-journals-openedition-org.catalogue.libraries.london.ac.uk/confins/44833 ; DOI : https://0-doi-org.catalogue.libraries.london.ac.uk/10.4000/confins.44833

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Auteurs

Gabriela Goudard

Universidade Federal do Paraná (UFPR), gabigoudard.ufpr@gmail.com

Francisco de Assis Mendonça

Universidade Federal do Paraná (UFPR) chico@ufpr.br

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