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A produção do urbano e do imobiliário na região metropolitana de Belém

La production de l’urbain et de l’immobilier dans la région métropolitaine de Belém
The production of the urban and property building in the metropolitan region of Belém
Luiz Augusto Soares Mendes

Résumés

Cet article traite de la dynamique de l'immobilier urbain qui produit la région métropolitaine de Belém dans l'État du Pará (RMB) en prenant la forme de plusieurs fronts d'expansion. Il cherche à comprendre la fermeture de la frontière immobilière urbaine d'un côté de l'espace métropolitain, à Belém, et son expansion de l'autre, dans les autres villes qui composent la région. Il présente les différentes actions immobilières et la spatialisation de ses différents produits, cherchant à montrer ses relations avec les villes qui composent le RMB et l'expansion d'un secteur immobilier structuré de manière différente. Cette spatialisation est le résultat d'observations sur le terrain, d'analyses de documents dans les journaux, d'entretiens, d'applications de questionnaires et de formulaires. Ces actions méthodologiques ont abouti à une analyse approfondie des réalités urbaines, dans laquelle l'extensification et la dispersion urbaines ont été identifiées d'une part, ainsi que l'intensification et la concentration de l'urbain de l'autre.

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Texte intégral

  • 1 Este texto é parte da tese de doutorado intitulada “Urbanização metropolitana estendida: aspectos d (...)

1A Região Metropolitana de Belém é composta por sete municípios: Belém, Ananindeua, Marituba, Benevides, Santa Barbará do Pará, Santa Izabel do Pará e Castanhal. Foi regulamentada junto com as primeiras regiões metropolitanas brasileiras, por meio da Lei Federal nº 14/1973. Resultado da urbanização que tomou dimensões concentradas em grandes cidades e nas capitais do país1.

2O processo de urbanização na Amazônia segue as características do urbano na totalidade nacional, com a especificidade da migração incentivada pela política de desenvolvimento territorial dos Grandes Projetos, a especificidade da urbanização na região, se dá desde o início de sua formação sócio-espacial. Assim, a RMB se estrutura no ano de 1973, com Belém e Ananindeua, e um contingente populacional de 665.651 pessoas (IBGE, 1980). A urbanização e a institucionalização estatal de regiões urbanas fizeram com que no ano de 2017 o contingente populacional atingisse 2.441.761 de habitantes.

3Para compreender esse processo, apresenta-se neste artigo ações e produtos imobiliários que transformam a RMB, tendo como objetivo expor a espacialização de condomínios fechados e de residenciais populares, mostrando as suas relações com as cidades em que são instalados. Busca-se expor a expansão de produtos imobiliários a partir de Belém, caracterizando um setor imobiliário diversamente estruturado e assim revelar os aspectos da urbanização via moradia em condomínios fechados.

4Realiza-se um resgate histórico da produção de condomínios fechados e a sua imbricação com o setor imobiliário. Recorrendo-se a uma metodologia de investigação a partir de pesquisas de campo com observações in loco, à pesquisa documental, à aplicação de questionários, à análise de material jornalístico e fotográfico, bem como, às entrevistas semiestruturadas.

5Com esses procedimentos, revelam-se as diversas formas de atuação do capital imobiliário, que têm diversas frentes de ação em cada cidade da RMB. Essas frentes imobiliárias foi uma descoberta que possibilitou entender a produção da região metropolitana marcada pela financeirização. Dimensão em que o urbano é colocado como modo de vida e se propaga com aspectos “gigantescos”, difundindo os ideários racionalizados e metrificados do urbanismo financeirizado, que conta com a expansão de uma fronteira urbano-imobiliária.

A chegada dos condomínios fechados à Belém e o papel imobiliário na expansão metropolitana

6A dispersão da RMB é acompanhada por um contraditório desenvolvimento econômico, onde a partir da década de 1970 são inseridas, de maneira dialética formas pós-modernas e pré-modernas de habitações e de equipamentos de consumo. Já na década de 1980 conjuntos habitacionais, loteamentos planejados e espontâneos foram construídos em eixos viários da metrópole, marcando a entrada da autossegregação e da segregação imposta na expansão urbana.

7Foram nas Avenidas Augusto Montenegro, do Coqueiro (hoje Mário Covas) e rodovia BR-010/316, em meio às ocupações espontâneas e aos conjuntos habitacionais, que se deram a inserção dos primeiros condomínios fechados destinados às classes de média e alta renda. Condomínios que estavam “ligados à concepção de cidades jardins criadas no século XIX”, conforme definição de Miranda (2000).

8Para Caldeira (2000) os condomínios são enclaves fortificados e representantes da segregação na forma mais contundente de exclusão social que é a autossegregação. Essas formas aumentam os condicionantes estruturantes das contradições, que segundo Miranda (2000), em Belém, consiste na produção de moradias que fundem a ideologia do lazer e do culto ao corpo; do status e da segurança; da vida comunitária e dos modismos estéticos.

9Nessas características os condomínios são multiplicados em Belém e Ananindeua. As primeiras iniciativas são as formas horizontais, construídas na área de expansão na década de 1960, a exemplo do Lago Azul e do City Park na rodovia BR-010. Nas décadas de 1980/90, na Avenida Mário Covas constroem-se os condomínios Greengarden e Cypress Garden, hoje todos situados em Ananindeua (MIRANDA, 2000, p. 143).

10Na década de 1990 constroem-se os condomínios Greenvilles Residence I e II na Avenida Augusto Montenegro, pela Construtora Vila Del Rey. Como fruto dessa expansão periférica são construídos os condomínios Alto de Pinheiros na rodovia Arthur Bernardes, e o Cristalville na Avenida dos Trabalhadores, todos dentro de Belém (MIRANDA, 2000).

11O Condomínio Lago Azul, o pioneiro na RMB, surge antes da definição das regiões metropolitanas nacionais. Esse pioneirismo revela que a partir da concepção e da influência do modelo Alphaville de condomínios é que esses espaços se tornam realidades e dinâmicas presentes na RMB. Tanto é, que os condomínios Greenvilles I, II e Exclusive seguem o padrão e a logística empresarial Alphaville.

12O pioneirismo na concepção era o chamariz do crescimento dos condomínios fechados na RMB. Para Miranda (2000) o condomínio Greengarden é o primeiro nesse formato a ser produzido efetivamente, mas “ainda sob a forma de conjunto de moradias suburbanas, pré-construídas”. Os principais compradores eram profissionais liberais e funcionários públicos de classe média que contavam com auxílio e financiamento da Caixa Econômica Federal. O Greenville I e o Greengarden foram construídos pela mesma empresa, a Vila DelRey, porém possuem concepções arquitetônicas e equipamentos de lazer e consumo diferenciados bem como à destinação arquitetônica da casa.

13Essa difusão chega ao ano de 1999 culminando na construção de dois condomínios no centro de Belém: o Cristalville e o Jardim Universitário. Decorrente da pouca experiência na construção de condomínios, por parte das empresas, eles são colocados em áreas de pouco interesse às elites, devido a possíveis transtornos, como invasões das áreas internas dos condomínios e acidentes, pois o condomínio Cristalville foi construído atrás da pista de decolagem-pouso do aeroporto de Belém.

14Alguns condomínios, na sua gênese, não eram para a elite e pouco interessantes à mesma, por conta dos diversos problemas relatados, assim como pela evidente pobreza e ausência de infraestrutura na periferia da RMB nas décadas de 1970, 80 e 90, e perdura até os dias atuais, demonstrando a contradição metropolitana.

15Em meio à aversão da população em sair do centro de Belém e em habitar próximo às ocupações espontâneas, houve investimentos do setor imobiliário que primavam pela construção de espaços e condomínios inovadores em relação ao espaço social da cidade. Para a escolha, destacaram-se a busca por segurança, por casa unifamiliar e por lazer; privilégios e exclusividades que caracterizam o status.

16Nos jornais da época evidenciou-se a expansão dos condomínios fechados em Belém. Esses periódicos estampavam manchetes sobre a realidade dos condomínios, mostrando como eles adentravam e fragmentavam a RMB, conforme a Imagem 1.

Imagem 1- Reportagem sobre proliferação de condomínios em Belém.

Imagem 1- Reportagem sobre proliferação de condomínios em Belém.

Fonte: Jornal O Liberal, edição de 23.06.1995.

17A construção de condomínios horizontais dominou os dois principais eixos de crescimento urbano de Belém: a Avenida Augusto Montenegro e a rodovia BR-010, ultrapassando Ananindeua e chegando em Marituba. Era uma realidade próxima da proposição de Benko (2002), quando alega que as formas ultramodernas, artificializadas marcam uma nova urbanização com um urbano vendável. Os condomínios aparecem como espaços ultramodernos que produzem e consolidam um modo de vida, que adentram a periferia revelando uma extrema pobreza.

18Para Miranda (2000) a expansão do mercado de condomínios na RMB acompanhava a produção de conjuntos habitacionais pela Companhia de Habitação do Estado (COHAB-PA) e pelo Instituto de Previdência do Pará (IPASEP). Para Trindade Jr. (1998) esses conjuntos abriram “a trilha da expansão urbana e da conformação metropolitana”, mostrando como os investimentos do Estado garantiram o crescimento da fronteira urbano-imobiliária.

19Conforme Mendes (2015) a renda acumulada, realiza a formação de um banco de terras e de capital pelas cooperativas da construção civil em Belém e possibilitou a edificação de condomínios e outras formas imobiliárias. Já para Ventura Neto (2012) mesmo o estado abrindo essa expansão metropolitana, sua atuação foi reduzida em relação às construções da COHAB, pois o que fora construído nos outros municípios da RMB não representou nem 15% do total de unidades produzidas entre os anos de 1968 a 1993.

20As interpretações dos autores revelam a intervenção do Estado na produção espacial à acumulação de capital, que deve ser colocado como um agente produtor do espaço urbano. Assim, esses elementos fazem com que a partir do ano 2000 ocorra a construção de vários condomínios verticais no centro de Belém e de horizontais na área de expansão. O que foi incentivado com a vinculação das empresas imobiliárias locais com o setor imobiliário nacional. Modificações percebidas em grande parte da RMB, sendo transformada em um verdadeiro “canteiro de obras”.

21Esse movimento é mais forte entre os anos de 2005 e 2008, onde o índice de financiamento de imóveis novos chegou aos 444%, em nível de Brasil (SANFELICI, 2013). No estado do Pará há um salto quantitativo nas construções imobiliárias na RMB, pois no ano de 2004 os recursos eram na ordem dos R$ 4 milhões, e em 2005 atingem a marca dos R$ 18 milhões, o que em percentual construído chega à ordem de 490%, comparado ao ano anterior. (VENTURA NETO, 2012, p. 133).

22O crescimento das construções imobiliárias, com diversos produtos, intensifica-se na RMB, devido à mudança na destinação dos compradores, principalmente às classes de média e alta renda. Em Belém, isso é registrado nas dinâmicas de produção de condomínios verticais no centro e se intensifica no eixo da Avenida Augusto Montenegro, que após o ano de 2005 são construídos uma gama de outros condomínios horizontais e verticais, sobretudo pela construtora Villa DelRey, tais como: o Greenville Exclusive, o Cidade Jardim I e o Cidade Jardim II. A Imagem 2 expõe as campanhas publicitárias, em jornais locais, dos referidos condomínios, revelando as estratégias de comercialização a partir da exclusividade, da segurança e do diferencial arquitetônico.

Imagem 2- Condomínios Greenville Exclusive e Cidade Jardim I, no ano de 2005

Imagem 2- Condomínios Greenville Exclusive e Cidade Jardim I, no ano de 2005

Fonte: Pesquisa Documental (2016).

  • 2 Segundo Sousa (2007) conurbação é o fenômeno urbano da unificação de duas ou mais cidades que, devi (...)

23Esse movimento de expansão, que no perímetro de conurbação2 de Belém com Ananindeua, utilizou-se dos grandes espaços que estavam desocupados ou eram utilizados para outros fins, como: indústrias, fábricas, galpões, clubes recreativos e sítios. Na Avenida Augusto Montenegro, o processo foi mais intenso, por essa via ser a última fatia do solo urbano dentro do núcleo metropolitano disponível à expansão imobiliária.

24Os condomínios dominam a frente de expansão urbano-imobiliária, que se dá no eixo da BR-010, até a primeira metade da década de 2000 com a produção de lotes, de casas e de apartamentos com equipamentos de uso coletivo. É a efetivação de uma mudança do sistema de valores das classes econômicas que decidem por habitar os “espaços de moradias coletivas”, mas com toda a contrariedade que expressam, conforme Caldeira (2000).

25Na perspectiva de crescimento da fronteira urbano-imobiliária, há uma primeira frente de expansão na cidade de Ananindeua, formada com a emigração da população de Belém. Nesse sentido, o Plano Municipal de Habitação de Ananindeua mostra que “a partir do ano 2005 surge um mercado imobiliário mais dinâmico, com a implantação de novos empreendimentos habitacionais” na cidade. A oferta de 10.197 unidades habitacionais, expressa um modelo empresarial que disponibiliza condomínios fechados e residenciais (ANANINDEUA, 2012, p. 60).

26Foram 13 condomínios fechados construídos em Ananindeua antes do ano de 2005. Destes, seis estão localizados ao longo da BR-010, três na Avenida Mário Covas e quatro na Rodovia do 40 horas. Essas construções consistem em um movimento de atuação do setor imobiliário que continua com a proliferação dos condomínios fechados e demais produtos imobiliários após o ano de 2005. Nesse contexto, a cidade é loteada para as outras classes econômicas, e os espaços tornam-se exclusivamente mercadorias, tornando-se um negócio.

27Em relação à Marituba, uma ação pontual, é marcada com a criação do condomínio Parque Verde, no quilômetro 20 da BR-010, no bairro de mesmo nome. A adoção do termo condomínio fechado, ocorreu após os moradores decidiram fechar a entrada do mesmo, construindo uma guarita, onde um agente de segurança, desde o ano de 2007, realiza o controle de entrada e saída de moradores e visitantes. Esse condomínio era um conjunto habitacional produzido pela COHAB-PA.

28Nos municípios de Benevides, Santa Bárbara do Pará e Santa Izabel do Pará não há o registro de condomínios fechados antes do ano de 2005. Essa constatação decorre das entrevistas e da pesquisa empírica realizada. Isso ajuda a compreender a dimensão do capital financeiro após a primeira metade da década de 2000 na RMB, e possibilita visualizar como seus investimentos alargam a fronteira urbano-imobiliária.

29Por outro lado, a ação do capital imobiliário local pode ser percebida nos demais centros urbanos que, antes do ano de 2005, não pertenciam ao arranjo metropolitano, mas estavam sob a influência de Belém, como capital do Estado. Em Castanhal, identifica-se a presença do setor imobiliário voltado às classes de alta e média renda, devido à realidade socioeconômica da cidade.

30A forma de moradia sob o regime condominial em Castanhal surge como proposta de moradia no ano 1987, quando a empresa Ckom Engenharia, com origem na própria cidade, constrói o Edifício João Coelho da Mota, no bairro Centro. A empresa é pioneira na produção de habitação em regime condominial, passando depois a construir condomínios fechados na cidade.

31Há uma forma de domínio de modelo de conjuntos residenciais nos espaços de habitação em Castanhal, o que ocorre, em sua maioria, fora do centro da cidade, nas áreas de expansão urbana desde a década de 1980. Trata-se de um incipiente alargamento da fronteira do urbano, vinculada ao crescimento do tecido da cidade e à atuação de empresas imobiliárias locais, como marcas relevantes do investimento da COHAB-PA.

32Não há registros de condomínios fechados em Castanhal até o ano de 2005. As ações do capital imobiliário na cidade eram pontuais e restritas nas formas das habitações citadas anteriormente. O que havia era a atuação de duas empresas, a Ckom Engenharia e a Servic Construtora. Ambas surgem em Castanhal, mas a “Servic” que surgiu no ano de 1994, só passou a construir habitações no modelo condominial no ano de 2010, com a oferta de condomínios fechados horizontais.

  • 3 O Governo Federal produz um “surto de crédito imobiliário no Brasil, iniciado na década de 2000”. S (...)

33Ao revelar a introdução de outras formas imobiliárias na RMB, busca-se situar como os espaços condominiais são conformados, a partir das políticas de liberalização econômica que o país adotou em 20053.

As (re)definições da fronteira urbano-imobiliária na região metropolitana de Belém

34Em decorrência das articulações do setor imobiliário na RMB, que atua em diferentes frentes, busca-se mostrar o jogo escalar que decorre com diferentes dimensões imobiliárias em Belém, Ananindeua, Marituba e Castanhal. Nessas cidades as relações são diferenciadas das de Benevides, Santa Bárbara e Santa Izabel, onde o capital imobiliário está como frente de expansão.

  • 4 Em nossa tese de doutorado definimos o conceito de urbanização metropolitana estendida a partir da (...)

35Na RMB foram registrados 349 empreendimentos imobiliários incorporados, construídos e comercializados por 38 empresas todos sob o regime condominial no centro de Belém. Revela-se uma complexidade imobiliária, pois as construções no núcleo metropolitano estão dispostas e espalhadas por toda a cidade, uma característica que revela o crescimento urbano metropolitano e as redefinições do capital financeiro sobre o setor imobiliário, que produz a cidade e sua região com uma urbanização metropolitana4.

36São 09 empresas controladas por grupos financeiros com investimentos de capitais listados nas Bolsas de Valores, que operam com diferentes estratégias. Ações que vão desde a compra de empresas imobiliárias locais até a associação com grupos locais de supermercados, para que esses implantem filiais, próximo ou dentro dos empreendimentos imobiliários.

  • 5 Belém é cercada pelo rio Guamá e pela Baía do Guajará, que é formada pelos rios Pará, Amazonas, Aca (...)

37No núcleo metropolitano as transformações dos produtos imobiliários são observadas na paisagem a partir da Baía do Guajará5, como edifícios de 40 pavimentos, com apartamentos de R$ 3.000.000,00. Os exemplos podem ser os do Edifício Aquarius, com uma unidade por andar e os apartamentos duplex do Mirage Bay. Na Imagem 3, podem-se observar as ofertas imobiliárias no centro de Belém e a referida Baía.

Imagem 3– Edifícios no centro de Belém e a fundo a Baía do Guajará

Fonte: Jornal Diário do Pará, Caderno Negócios, edição de 14.04.2011.

38Os bairros antes periféricos, dominados pelas palafitas e áreas alagadiças são tomados pela forte atuação do capital imobiliário. Os bairros do Telégrafo, Pedreira e Sacramenta estão sendo promovidos pelo marketing imobiliário para retirar o estigma de áreas pobres, de ocupação espontânea e violentas, como se observa na Imagem 4:

Imagem 4– Promoção imobiliária na periferia de Belém

Imagem 4– Promoção imobiliária na periferia de Belém

Fonte: Jornal Diário do Pará, edição de 05/05/2011.

39Essa promoção incentiva a ocupação da periferia por empreendimentos voltados às classes de maior poder aquisitivo na RMB. Fenômeno comprovado a partir da escolha de vastas áreas, ainda que escassas, para a construção de condomínios verticais, como no bairro da Sacramenta, o condomínio Torres Trivento em uma área de 14.494,73m², com 300 apartamentos. Outro exemplo é o empreendimento das empresas Leal Moreira e a multinacional Poder de Garantir, com o Condomínio Torres Dumont, construído em área de 13.000m², totalizando 462 apartamentos.

40Uma dimensão da reestruturação de Belém e sua contradição estão nos bairros do Marco e Umarizal. Na imagem 5, visualiza-se a presença de prédios em dois momentos da metropolização da cidade.

Imagem 5– Realidade urbana nos bairros do Marco e Umarizal

Imagem 5– Realidade urbana nos bairros do Marco e Umarizal

Fonte: http://fernandonobreproducoesfotograficas.blogspot.com/​2011/​03/​belem-do-lixo-canal-da-visconde-de.html. Acesso em 23/01/2018.

41Revela-se então as modificações urbanísticas nas áreas insalubres utilizadas pelo setor imobiliário à construção de habitação aos diferentes segmentos econômicos. Observa-se a contradição das políticas urbanísticas, o descaso e o abandono da manutenção dos canais em que habitam as populações de baixo poder aquisitivo.

42Essas modificações representam a estruturação do capital imobiliário em Belém e resultam das ações do poder público em diversas escalas. Em 2011 a Câmara dos Vereadores de Belém alterou, sem o aumento do valor da outorga onerosa, o coeficiente de área construída dos prédios de 3.5 para 4.2, nos bairros da Batista Campos, do Umarizal, da Pedreira, do Telégrafo, do Marco, de Nazaré, de São Brás e da Sacramenta.

  • 6 Lei no 02/1999, alterada em 2007 define a Avenida Pedro Alvares Cabral como via de serviços. Por me (...)

43A outorga onerosa é um instrumento que obedece à lógica dos coeficientes de espaço construído, de áreas adicionais de piso utilizável, que não estejam apoiadas diretamente sobre o solo (SOUSA, 2008, p. 233). Ela deve ser utilizada para taxar essas construções e, com o banimento da cobrança, incentivou-se a produção espacial de formas condominiais. A Lei Complementar de Controle Urbanístico (LCCU)6 foi alterada no ano de 2007 pela mesma Câmara mudando as áreas de interesse social da cidade.

  • 7 Ventura Neto (2012, p. 136) menciona o número de empreendimentos imobiliários, com unidades multifa (...)

44Com as modificações na legislação e o capital disponível para ser investido, houve a expansão do setor imobiliário para fora do centro da cidade. É possível verificar esse setor ultrapassando os limites naturais do centro de Belém, o Cinturão Institucional7, com diversos produtos imobiliários. A produção do Shopping Grão Pará e dos edifícios que irão compor o complexo condominial Cidade Ville, demonstram esse rompimento e a expansão.

  • 8 Os bairros do Distrito de Icoaraci: Cruzeiro, Agulha, Águas Negras, Campina, Maracacuera, Paracuri, (...)

45A verticalização também se expande, ocorre nos bairros da Marambaia, do Sousa, segue pelos bairros sob a influência da Avenida Augusto Montenegro (Mangueirão e Parque Verde) e chega ao Distrito de Icoaraci8. Essa expansão imobiliária no formato condominial atinge o bairro do Curió Utinga, com condomínios na Avenida Perimetral da Ciência e na Estrada da Ceasa. Foram instalados os condomínios Morada Verde e Jardim Itororó nesse bairro, que se origina de ocupação espontânea na década de 1990.

46Ao longo da Avenida Augusto Montenegro, até o ano de 2015 foram produzidos 46 condomínios nos formatos horizontal e vertical. Os investimentos das empresas imobiliárias possibilitaram a construção de condomínios em grandes áreas ao longo da referida via, às classes de alta e média renda. Os produtos imobiliários situados ao longo dessa Avenida, segundo Mendes, (2015) fecham a fronteira urbano-imobiliária para o capital local e aos empresários individuais com pouca força de atuação no núcleo da RMB.

47Esses fatos possibilitaram a abertura de uma frente de expansão imobiliária, em direção à parte insular de Belém, principalmente nas Ilhas de Caratateua e de Mosqueiro, e às demais cidades metropolitanas. Na Ilha de Caratateua foram construídos três empreendimentos: o Alphaville Belém, o Blue Marina e o residencial do Programa do Governo Federal Minha Casa Minha Vida (PMCMV) Viver Maricá. Observa-se a entrada da marca Alphaville na RMB, demonstrando como o mercado imobiliário nesse espaço mostra-se pulsante.

  • 9 A maioria desses condomínios é destinada à segunda moradia ou casa de veraneio, Mosqueiro possui pr (...)

48Em Mosqueiro se identificou quatro empreendimentos às classes alta renda: os Condomínios Solar da Ilha, Netuno, Pouso dos Arirambas e Residencial Variantes9. Ainda, foram produzidos dois residenciais do PMCMV, dois loteamentos por investidores locais e, por fim, a Empresa Incorplan com a pretensão de construir um condomínio horizontal country.

49A expansão imobiliária ao longo da BR-010 ocorre desde os anos de 1990, mas é no de 2010 que ela é influenciada pelo PMCMV. Surgiram 38 condomínios fechados nos primeiros oito quilômetros da via, dos quais 28 são de casas e 10 de edifícios e prédios, todos localizados em Ananindeua. Há um processo de crescimento vertical na cidade influenciada pelo marketing imobiliário, como consta na imagem 6:

Imagem 6- Promoção Imobiliária na área de conurbação entre Belém e Ananindeua

Imagem 6- Promoção Imobiliária na área de conurbação entre Belém e Ananindeua

Fonte: Jornal Diário do Pará (2011).

50Na imagem observa-se a expansão do capital imobiliário à cidade de Ananindeua, sobretudo no bairro da Cidade Nova, revelando que este não pode mais ser compreendido como um conjunto habitacional, e sim um espaço estratégico ao mercado imobiliário. Não funciona mais como cidade-dormitório, pois ali se ofertam serviços e comércios, em que há a disponibilidade de empregos. À medida que foi se desenvolvendo economicamente, o bairro se torna um subcentro metropolitano, uma área de destinos e renda-localização.

51A Cidade Nova deixa de ser classificada como uma “zona selvagem” segundo os pressupostos de Sousa Santos (1999). E, com os investimentos imobiliários e algumas ações estatais, o bairro pode ser classificado como zona civilizada, recebendo investimentos de empresas imobiliárias de capital nacional e internacional. Não é apenas dominada por pobre e pela miséria, mas também por classes de maior renda atrativas ao capital imobiliário.

  • 10 O PMCMV lançado em março de 2009 pelo Governo Federal subsidia a aquisição de casas e apartamentos (...)

52Nos nove conjuntos que compõem a Cidade Nova, não há substituição das construções por condomínios e outros produtos imobiliários. Porém, há vastos terrenos que circundam esse bairro, o que possibilita uma massiva construção de condomínios verticais e horizontais. Realidade observada no entorno das Avenidas Mário Covas, 40 horas, Jiboia Branca e do Una. Na cidade de Ananindeua também foram identificados produtos imobiliários vinculados a empreendimentos comerciais ou de serviços, financiados pelo PMCMV nas faixas de financiamento 02 e 0310, sobretudo no eixo da BR-010/316.

53A grande quantidade de empreendimentos residenciais e comerciais nessa área decorre de três motivos: (i) substituição ou à presença de um “conteúdo socioeconômico” que por décadas foi dominada por moradias precárias e espontâneas; (ii) da entrada de empresas regidas por grupos financeiros com capital na bolsa de valores e; (iii) das dinâmicas espaciais ao que se pautam com o surgimento de outra subcentralidade na RMB.

54São oito condomínios que associam o lugar da moradia com o espaço de trabalho e de consumo ao longo deste trecho da BR-010. O crescimento do urbano pela lógica de reprodução financeira da vida, aqui toma o espaço e se mostra na efetivação da produção da cidade. Isso é observado nas ações do Grupo MB Capital que junto ao grupo Sá Cavalcante, implantaram o primeiro shopping center fora do núcleo metropolitano, o Metrópole Ananindeua.

55A ideia de uma “cidade como um canteiro de obra” de Sanfelici (2013) se estende a toda à RMB. Em Marituba, que já se conurba com Ananindeua, são registrados diversos empreendimentos em construção ou finalizados como o Condomínio Cittá Maris, das empresas Leal Moreira e PDG, entregue em 2015 com 20 torres de cinco pavimentos, totalizando 940 apartamentos.

56No ano de 2012 a Direcional Engenharia, empresa capitalizada na bolsa de valores, junto com a Síntese Engenharia, constroem o condomínio Total Ville Bella Città. Empreendimento financiado pelo PMCMV direcionado a todas as faixas de renda, onde foram construídos três condomínios: Algodoal, Marajó e Salinas, com 16 torres de quatro pavimentos cada um, totalizando 2.400 unidades habitacionais, destinadas à faixa 02. Foram ainda produzidos 5.000 apartamentos destinados à faixa 01, no Residencial Viver Melhor Marituba.

57Assim, o investimento de capital possibilita o aumento da produção de unidades habitacionais, bem como a ampliação da área de atuação das empresas, que deixam o núcleo metropolitano para lucrar com a diversificação de público na periferia da RMB. A oferta imobiliária à classe de alta renda também compõem o imobiliário em Marituba, a exemplo dos condomínios Reserva Jardins e Miriti Internacional Golfe Marina.

58O primeiro consiste em um bairro planejado com 400 lotes, distribuídos em seis condomínios horizontais, ofertando uma “nova cidade” com shopping center, escolas, restaurantes, hotéis, etc. (imagem 7). Quanto ao segundo, nele se oferece um condomínio com clube, quadra de golfe, marina, heliponto e mais 16 itens de lazer e consumo.

Imagem 7- Folder de divulgação do Complexo Condominial Reserva Jardins

Imagem 7- Folder de divulgação do Complexo Condominial Reserva Jardins

Fonte: http://jardinscoimbra.com/​#. Acesso em 23/09/2016

59Localizados às margens da BR-010, entre os quilômetros 16 e 20, os condomínios retratam as formas diferenciadas de atuação do capital imobiliário na cidade, com a ausência de empreendimentos imobiliários para classes de rendimentos a partir de três Salários Mínimos no eixo da BR. Segundo explicação do Secretário de Infraestrutura e de Habitação da cidade, isso ocorre devido aos índices de violência nos demais bairros que estão situados fora do referido eixo viário e são originários de ocupações espontâneas.

60Para tanto, a cidade comporta-se como uma frente de expansão para a dimensão da habitação, via financiamentos na RMB. Além dos condomínios, incluem-se nesse processo de financiamento imobiliário os residenciais: Jardim dos Eucaliptos, com 256 casas, e o Parque dos Umaris, com 749 habitações, ambos destinados à faixa 01 do PMCMV. Os sete empreendimentos imobiliários situados em Marituba demostram uma diversificação imobiliária para diferentes classes de renda. Além do PMCMV, em que se pautam grupos nacionais e internacionais financeirizados do setor imobiliário, há o Programa Cheque Moradia do Governo do Estado, que viabiliza a aquisição de imóveis ou mesmo a reforma da casa própria.

61Na cidade de Benevides as dimensões do imobiliário como fronteira se expressam com dinâmicas diferentes das realidades apresentadas até então. Antes do ano de 2010 não era possível identificar nenhum empreendimento imobiliário com as características descritas para as três cidades anteriores, e assim sem ação efetiva do capital imobiliário nacional ou internacional.

62Apesar de Benevides ter sido inserida na dinâmica metropolitana a partir do crescimento de Belém no ano de 1995, essa realidade não pode ser observada do ponto de vista imobiliário, ou de como esse processo é identificado como fronteira. Segundo a Secretaria de Infraestrutura do Município a dinâmica de crescimento urbano da cidade, via proliferação de condomínios fechados, possui apenas quatro anos. Com 12 condomínios no total e a maioria localizados no Distrito de Benfica, há um único empresário responsável por tais construções, que inaugura essa tipologia na cidade com a construção do condomínio Rio das Flores em 2010, e já no ano de 2013 lança os Residenciais Santa Maria I, II e III. Nessa fronteira urbano-imobiliária registra-se a construção de condomínios horizontais por empresas capitalizadas e por proprietários fundiários locais. A associação de empresas locais, com o capital imobiliário financeiro (grupo CV Empreendimentos de São Paulo) produziu o condomínio Esperanza Resort, em terreno de uma igreja evangélica.

63Na Imagem 8 destaca-se a localização desse condomínio e se alude à venda da vida metropolitana.

Imagem 8- Croqui de localização do Esperanza residencial resort

Imagem 8- Croqui de localização do Esperanza residencial resort

Fonte: Pesquisa de Pesquisa de Campo. Julho/2017

64Como está sendo inserida na dinâmica urbano-imobiliária, em Benevides está se intensificando a produção de um cotidiano pautado nas transformações do capital. Além dos condomínios, registra-se o loteamento de terras por pequenos proprietários e incorporadores que com diversas ações alteram a dinâmica da cidade, permitindo a produção do urbano sob a égide financeira, e uma pluralidade de ações. Características que se aproximam das ideias de Lavinas e Ribeiro (1991), quando conceituam a fronteira urbano-imobiliária.

65Percebe-se que a venda do urbano-metropolitano nas cidades da RMB, é antecedida de várias estruturas, como a do mercado imobiliário e seus múltiplos agentes, bem como da reprodução de um sistema de signos que exploram o urbano. Portanto, inicia-se a metropolização do espaço com ao avanço da técnica, dos meios de transporte, de comunicação e do consumo (BENKO, 2002).

  • 11 A construção do Residencial Jardim Buriti na faixa de renda 01, em 2009, mostra a função do PMCMV, (...)

66Em Benevides, o setor imobiliário possui várias frentes de ação, sendo possível observar, também, a presença dos pequenos proprietários fundiários que produziram loteamentos fechados, com duas características diferentes: (i) casa e lotes dentro de espaço murado, exemplo do Loteamento Jardim Bela Vida I; (ii) a autoprodução imobiliária, como o Residencial Itacolomy e; (iii) e imóveis do PMCMV - o residencial Jardim Buriti; primeiro investimento para habitação de interesse social na RMB, construídos 30 quilômetros distante do centro de Belém11, no ano de 2010 .

67Há ainda a produção de condomínios com casas geminadas, unindo moradia a atividades rurais e os condomínios logísticos do grupo MB Capital, que permitem visualizar a diversidade com que a cidade é ocupada pelo imobiliário. Destaca-se a segurança, a disponibilidade de grandes glebas, de espaços rurais e naturais à produção imobiliária, possibilitando a expansão da fronteira urbano-imobiliária.

  • 12 Essa rodovia inicia na BR-010 e termina na Ilha de Mosqueiro, localizado ao norte de Belém e não po (...)

68Já na cidade de Santa Bárbara do Pará ainda são registrados poucos empreendimentos, mas devido os espaços rurais e naturais já reservados à expansão urbana, esse número tende a aumentar. Por hora, identificou-se o bairro planejado Fazendinha, empreendimento de casas, situado no bairro Centro, à margem da rodovia Augusto Meira Filho, principal via da cidade12. Uma promoção imobiliária que situa-se na faixa 02 do PMCMV e conta com uma espécie de “autofinanciamento”, no qual a pessoa interessada em adquirir o imóvel, assume o compromisso de crédito com a própria empresa construtora, após pagar uma “entrada” de até R$ 5.000,00. Uma evidente demonstração da produção de formas rentistas por pequenos empreendedores imobiliários.

69O proprietário de posse do boleto bancário emitido mensalmente pode efetuar o pagamento das parcelas na própria corretora imobiliária. Formas de transações comerciais que revelam o domínio da financeirização econômica por um lado e, por outro, como as relações de crédito pessoal ainda perpassam e se adaptam às dimensões de precariedade em que o moderno adentra o tradicional e os espaços não seguros para a obtenção de lucro, conforme as normativas dos fundos financeiros. Essa dimensão da fronteira urbano-imobiliária deve ser vista como característica dos espaços em transição, realidades que estão entre os domínios do cotidiano, do vivido e dos escritórios imobiliários capitalizados que estipulam os padrões financeiros.

70Destaca-se que não há a presença de condomínios fechados horizontais ou verticais nessa cidade, mas existem propostas de construção, como a do Grupo MB Capital, que visa instalar o Reserva Santa Bárbara, um condomínio residencial e turístico. Empreendimento a ser construído às margens do Rio Furo das Marinhas, e contará com parque temático, marina, pista para pouso de aeronaves, moradias unifamiliares e multifamiliares, galeria de lojas, etc., conforme apresenta a Imagem 9.

Imagem 9- Localização e projeção do condomínio Reserva Santa Bárbara

Imagem 9- Localização e projeção do condomínio Reserva Santa Bárbara

Fonte: http://www.mbcapital.com.br/​data/​book/​MB%20Capital%20-%20portfolio-revista%20v8.13.1.pdf. Acesso em: 03/02/2018.

71A cidade representa a expansão da fronteira urbano-imobiliária em que a terra é apropriada pelo ritmo capitalista, mas com um movimento mais fraco de capitalização e de expansão do mercado, conforme explica Trindade Jr. (1998). Processo observado na produção da cidade de Santa Izabel, onde se visualiza uma diversidade de formas habitacionais vinculadas à expansão metropolitana e à disponibilidade de terras reservadas ao crescimento urbano, bem como à ação do capital imobiliário com seus múltiplos agentes e escalas.

72O capital imobiliário em várias modalidades domina a cidade mostrando a chegada de condomínios fechados. Destaca-se o Vila Catarina (imagem 10) e o Fazenda Real, ambos tratados como condomínios fechados, vinculados ao setor imobiliário nacional.

Imagem 10- Outdoor promocional do Condomínio Vila Catarina

Imagem 10- Outdoor promocional do Condomínio Vila Catarina

Fonte: Pesquisa de Campo. Outubro/2017.

73Os condomínios são apresentados como propostas diferenciadas de morar em espaços fechados. O Fazenda Real é o primeiro na RMB a associar a moradia à ruralidade, e, contraditoriamente à ideia da metropolização. Além da segurança, do lazer e do verde, que aqui vem carregado de um “retorno” à vida campestre agora metrificada e pautada pelos sistemas de vigilância, oferendo um condomínio country. É um caso emblemático, pois se lança no mercado da RMB o conceito de fazenda real residence, em um condomínio situado em Santa Izabel, mas para efeitos de aceitação no mercado é vendido como se fosse Belém, a grande RMB.

74Assim, a metropolização do espaço é colocada como fator expressivo na ação dos grupos imobiliários ao se expandirem pela RMB. Ressalta-se, por exemplo, que a empresa responsável pela promoção e comercialização do Fazenda Real também é responsável por dois outros empreendimentos, postos como formas condominiais importantes: o Miriti, localizado na cidade de Marituba e o Fazenda Real II, uma proposta de lançamento na cidade de Santa Bárbara do Pará.

75Outros empreendimentos imobiliários estão localizados em Santa Izabel. Os condomínios verticais Sávulo Augusto Residence, construído em 2014 e o MN Residence, este em fase de construção. Ambos implicam em uma dinâmica imobiliária local, tendo como oferta produtos verticalizados. Cumpre destacar que ao seguirem a lógica da verticalização, ela não se justifica, pois não há saturação e raridade espacial no centro da cidade.

76O MN Residence foi construído dentro do Valle da Porangaba, um empreendimento localizado no bairro Jardim Miraí em Santa Izabel. Lançado no ano de 2013 com 2.093 lotes comercializados pela Valle Empreendimentos, empresa que propõe uma espécie de autopromoção imobiliária característica da financeirização. Os negócios dessa empresa não consistem apenas na venda de lotes em um bairro planejado, mas sim na comercialização de projetos urbanísticos de multiusos, com áreas para esporte, lazer e convívio. Dessa forma, padrões arquitetônicos e urbanísticos “modernos e funcionais”, tornam-se potencialidades para a promoção dos empreendimentos.

77Essas dimensões adentram o que afirma Miller (2012, p. 66), ao definir que a sociedade vive na “era do marketing”, pois os espaços estão assentados em uma “produção baseada não mais na massa, mas sim na diversão da massa”. Não é apenas produzir lotes e/ou espaços residenciais, mas colocá-los como signos de representação de outra vida para o consumidor especial, com status e diferenciação socioespacial.

78No Estado do Pará a empresa “Valle” é responsável pela produção de onze loteamentos, atua conjuntamente com pequenos e médios proprietários fundiários e na RMB está em Castanhal e Santa Izabel. Porém a atuação da empresa é diferente em ambas: em Santa Izabel vincula a cidade à sua funcionalidade na RMB e ancora o discurso na forte expansão metropolitana, assim como do consumo.

  • 13 A Landis atua no desenvolvimento​, gerenciamento e implantação de Shopping centers, possui capacida (...)

79Já Castanhal é promovida como cidade média de domínio meso-regional do Nordeste Paraense. Nesta cidade a Valle está associada a um proprietário fundiário e está produzindo os loteamentos Salles Jardins I, II, III e o Jardim Castanhal, situados na área de expansão da cidade e somam 8.265 terrenos. Nesses empreendimentos se visualiza a lógica do parcelamento do solo urbano à produção do capital financeiro. Essa questão está baseada no fato do Grupo MB capital, juntamente a Valle e o grupo Landis13 na produção do segundo shopping fora do núcleo da RMB. O Shopping Modelo, um empreendimento imobiliário construído dentro do Residencial Salles Jardins. Além de um empreendimento que dinamiza a economia da cidade esse shopping é inserido como produto imobiliário e incentiva o consumo dos condomínios fechados.

80Nos quatro loteamentos fica evidente a dinâmica imobiliária, que associa a moradia a hotéis, à casa de shows e a prédios corporativos com participação de outros agentes imobiliários. Assim, o setor imobiliário em Castanhal demostra a potencialidade que a cidade possui no nordeste paraense, e como essa posição não é usada para liga-la à RMB, mas produzindo outra centralidade regional. Nesse sentido, a empresa Valle usa o marketing de Castanhal, como um polo regional, uma cidade média.

81Trata-se de uma crescente diversificação na oferta de imóveis e demais produtos imobiliários. Dinâmica identificada por Alves (2012), ao registrar os movimentos do capital imobiliário na cidade, caracterizando-os não pelo vínculo com a RMB. Mas como esse setor é impactado na cidade, pela dinâmica metropolitana, que sai de Belém e se dispersa na expansão do metropolitano.

82Identificou-se 22 produtos imobiliários em Castanhal implantados a partir do ano de 2010, que evidenciam a expansão do urbano-imobiliário. Há um mixes de produtos para os diversos segmentos de atuação das empresas locais, regionais e nacionais que produzem e reproduzem o intraurbano. Registra-se a financeirização na comercialização de produtos imobiliários, porém sem a liquidez, devido à ausência do financiamento junto ao banco. Assim, a financeirização está no cotidiano das empresas locais, na forma da moradia e de obtenção do lucro.

83A geografia do urbano imobiliário e metropolitano na RMB pode ser visualizada no mapa 1.

Mapa 02 - Espacialização dos condomínios fechados na Região Metropolitana de Belém.

Mapa 02 - Espacialização dos condomínios fechados na Região Metropolitana de Belém.

84Esse mapa expressar a unidade metropolitana a partir da moradia, nos espaços que foram definidos como condomínios fechados, mas que possuem diversas características e outros produtos imobiliários. O mapa apresenta o mosaico de diferentes relações e lugares que tem na metropolização sua categoria de análise principal.

85As diferenças entre as cidades mostram não apenas a singularidade com que cada uma é vista, mas a forma como são inseridas em dinâmicas metropolitanas, pouco diversificadas no sentido do urbano, mas intensificadas pela expansão imobiliária, que acarreta modificações nos aglomerados e nos locais em que são construídos. Essa ideia alinha-se às ponderações de Limonad (2007) sobre a concentração e a dispersão urbana, que resultam em uma intensificação e extensificação da urbanização.

86Por fim, é válido aludir à ideia da “era urbana” conceituada por Brenner (2014), pois ela está na dominância da produção do espaço na região metropolitana de Belém, quando os múltiplos espaços condominiais podem ser observados sob uma forma de dispersão–concentração a partir de Belém.

87A sociedade urbana do consumo se perfaz a cada momento, não é a urbanização completa da sociedade como define Lefebvre (2008), em que todos têm acesso aos elementos que fazem do urbano uma “modernidade desmedida”. Porém, tem como resultado a “cidade fragmentada” por espaços de moradia que seguem um padrão metrificado e pré-estabelecidos nos escritórios e agências do capital financeiro e imobiliário.

Considerações finais

88As discussões que foram apresentadas nesse artigo possuem o intuito de revelar a dinâmica imobiliária na RMB. Assim, fez-se necessário realizar uma explanação, mesmo que fragmentada, de cada uma das sete cidades, mostrando as singularidades e particularidades nos processos que constroem as realidades urbano-imobiliárias.

89Além das particularidades, há processos comuns a todas as cidades da RMB que são responsáveis pela unidade metropolitana. Ainda que não haja contradição sobre a gestão desse espaço, buscou-se aqui situar informações geográficas que viessem subsidiar uma reflexão da gestão e do planejamento político e econômico, que leve em consideração as grandezas metropolitanas comuns. Para assim, visualizar a necessidade de compreender o crescimento urbano, com foco no setor imobiliário. Os 249 produtos imobiliários resultam em um parcelamento do solo urbano, que colocou mais de 32.000 unidades habitacionais no mercado de imóveis na RMB.

90Concentradas em Belém, Ananindeua, Marituba e Castanhal as habitações nos condomínios fechados geram transformações na ordem urbana. Desde a disponibilidade de serviços e comércios alocados próximo aos condomínios e até mesmo a mobilidade de mão de obra e a localização do mercado de trabalho.

91A nova disposição dos espaços de consumo se mostra associada à moradia; ora dentro, ora vizinho dos condomínios de alta renda. Quando não, estes centros de consumo são implantados no centro das cidades, como no caso de Benevides e de Santa Izabel, potencializando as transformações na centralidade urbana dessas cidades.

92Os processos imobiliários que transformam e modificam a RMB expõem a dinâmica na produção dos condomínios fechados modificando a morfologia das periferias metropolitanas e intraurbanas. A financeirização das relações e a expansão da fronteira urbano-imobiliária como indutora de outro modo de vida metropolitano se estende, e o modo de vida da metrópole com outras arquiteturas e com a difusão do automóvel, produz status e novos signos da urbanização.

93Desse modo, o necessário resgate da história da introdução dos condomínios fechados evidencia a sua imbricação na trilha urbana imobiliária e a importância de organismos do Estado na estruturação do espaço metropolitano e, diante da oferta imobiliária, bem como do mercado, a sua imbricação com o setor imobiliário.

94Portanto, apresentar as dimensões imobiliárias na escala da RMB vislumbra uma produção que está pulsante nesse espaço, mesmo com a crise econômica e política que assola o país desde 2014. Pouco se falou do aspecto intramuros dos condomínios fechados, devido ao grande número de realidades, e às complexidades que os cercam, mas que pela dimensão do marketing vendem-se empreendimentos que agregam o status, a natureza, a comodidade e a segurança.

95Desse modo, espera-se ter mostrado as duas faces do que se intitulou para a realidade urbana da RMB uma urbanização metropolitana estendida. Em que de um lado a concentração das relações, da população, assim como dos empreendimentos imobiliários, e do outro o urbano disperso, com a produção de novos espaços de consumo nas cidades, a partir da expansão do setor imobiliário e da produção de novos condomínios fechados com várias finalidades além da moradia.

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Notes

1 Este texto é parte da tese de doutorado intitulada “Urbanização metropolitana estendida: aspectos da produção do espaço de Belém e de sua região”, apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Geografia da Universidade Federal Fluminense.

2 Segundo Sousa (2007) conurbação é o fenômeno urbano da unificação de duas ou mais cidades que, devido ao seu crescimento geográfico, fundem-se umas às outras. O processo de conurbação é um dos responsáveis pela formação das regiões metropolitanas.

3 O Governo Federal produz um “surto de crédito imobiliário no Brasil, iniciado na década de 2000”. Segundo Sanfelici (2013), essa atuação do Estado foi incisiva para promover reformas em prol do financiamento imobiliário. Sob ritmo do Sistema Financeiro Imobiliário (SFI) e o estabelecimento de um conjunto de leis e medidas provisórias para promover uma maior segurança jurídica nos contratos de financiamento habitacional e um fomento à liquidez no mercado secundário de recebíveis imobiliários. Esses aparatos possibilitaram ao Estado, como agente financiador, cumprir o papel de agente produtor do espaço urbano, porém elegendo tão somente determinadas classes econômicas. Sanfelici (2013) destaca que as iniciativas para aumentar a liquidez foram diversas, aparecendo em forma de resoluções da Comissão de Valores Mobiliários.

4 Em nossa tese de doutorado definimos o conceito de urbanização metropolitana estendida a partir da ideia de que a urbanização hoje é pautada pela extensão da vida metropolitana. O modo de vida das metrópoles em uma espécie de sociedade do consumo redefine a urbanização, alargando as suas fronteiras, para as demais cidades, impondo um ritmo de reprodução da vida mais efêmera, de utilização de tecnologia sob o ditame das relações de troca (MENDES, 2018).

5 Belém é cercada pelo rio Guamá e pela Baía do Guajará, que é formada pelos rios Pará, Amazonas, Acará, Araguaia-Tocantins e Guamá, e circunda Belém de sudoeste a norte. Já o rio Guamá banha Belém na porção sul.

6 Lei no 02/1999, alterada em 2007 define a Avenida Pedro Alvares Cabral como via de serviços. Por meio da Lei nº 8.080/2001 definiu “O trecho da BR-316, que se situa no município de Belém, entre a Avenida Pedro Alvares Cabral e a Estrada Moça Bonita, em corredor de comércio e serviços, considerando como zona de uso misto, em ambas as laterais.” No Art. 5º- A rodovia Augusto Montenegro entre a Avenida Almirante Barroso e a Rua Primeira da Campina, tem sua designação alterada de corredor de tráfego para corredor de comércio e serviços, considerada como Zona de Uso Misto e zona de habitação.

7 Ventura Neto (2012, p. 136) menciona o número de empreendimentos imobiliários, com unidades multifamiliares nos bairros fora da primeira légua patrimonial: Segunda Légua (08) [não especifica os bairros], Marambaia (09), Coqueiro (01), Mangueirão (01), Souza (01) e Tapanã (01).

8 Os bairros do Distrito de Icoaraci: Cruzeiro, Agulha, Águas Negras, Campina, Maracacuera, Paracuri, Parque Guajará, Ponta Grossa e Tenoné. Fonte: Plano Diretor Municipal de Belém (2008).

9 A maioria desses condomínios é destinada à segunda moradia ou casa de veraneio, Mosqueiro possui praias de balneabilidade para as férias de julho e lazer; condomínios situados nessa Ilha são destinados às classes de médio poder aquisitivo. Outros condomínios são destinados às classes de alta e média renda em Salinópolis a 250 quilômetros de Belém, no litoral norte do Pará.

10 O PMCMV lançado em março de 2009 pelo Governo Federal subsidia a aquisição de casas e apartamentos por famílias com renda até R$ 1.800,00, faixa 01. E facilita as condições de acesso ao imóvel ás famílias com renda até R$ 7.000,00, faixas 02 e 03.

11 A construção do Residencial Jardim Buriti na faixa de renda 01, em 2009, mostra a função do PMCMV, dentro do Sistema Financeiro de Habitação, visto que produz moradia fora de Belém. Ele está há 32 quilômetros distante do centro econômico, de trabalhos e empregos.

12 Essa rodovia inicia na BR-010 e termina na Ilha de Mosqueiro, localizado ao norte de Belém e não possui ligação viária coma cidade.

13 A Landis atua no desenvolvimento​, gerenciamento e implantação de Shopping centers, possui capacidade de investimento e reconhecido histórico na execução de projetos. 

Fonte: www.landis.com.br. Acesso em 26/11/2018.

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Table des illustrations

Titre Imagem 1- Reportagem sobre proliferação de condomínios em Belém.
Crédits Fonte: Jornal O Liberal, edição de 23.06.1995.
URL http://0-journals-openedition-org.catalogue.libraries.london.ac.uk/confins/docannexe/image/26489/img-1.jpg
Fichier image/jpeg, 84k
Titre Imagem 2- Condomínios Greenville Exclusive e Cidade Jardim I, no ano de 2005
Crédits Fonte: Pesquisa Documental (2016).
URL http://0-journals-openedition-org.catalogue.libraries.london.ac.uk/confins/docannexe/image/26489/img-2.jpg
Fichier image/jpeg, 80k
Crédits Fonte: Jornal Diário do Pará, Caderno Negócios, edição de 14.04.2011.
URL http://0-journals-openedition-org.catalogue.libraries.london.ac.uk/confins/docannexe/image/26489/img-4.png
Fichier image/png, 291k
Titre Imagem 4– Promoção imobiliária na periferia de Belém
Crédits Fonte: Jornal Diário do Pará, edição de 05/05/2011.
URL http://0-journals-openedition-org.catalogue.libraries.london.ac.uk/confins/docannexe/image/26489/img-5.jpg
Fichier image/jpeg, 288k
Titre Imagem 5– Realidade urbana nos bairros do Marco e Umarizal
Crédits Fonte: http://fernandonobreproducoesfotograficas.blogspot.com/​2011/​03/​belem-do-lixo-canal-da-visconde-de.html. Acesso em 23/01/2018.
URL http://0-journals-openedition-org.catalogue.libraries.london.ac.uk/confins/docannexe/image/26489/img-6.jpg
Fichier image/jpeg, 112k
Titre Imagem 6- Promoção Imobiliária na área de conurbação entre Belém e Ananindeua
Crédits Fonte: Jornal Diário do Pará (2011).
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Fichier image/jpeg, 352k
Titre Imagem 7- Folder de divulgação do Complexo Condominial Reserva Jardins
Crédits Fonte: http://jardinscoimbra.com/​#. Acesso em 23/09/2016
URL http://0-journals-openedition-org.catalogue.libraries.london.ac.uk/confins/docannexe/image/26489/img-8.jpg
Fichier image/jpeg, 36k
Titre Imagem 8- Croqui de localização do Esperanza residencial resort
Crédits Fonte: Pesquisa de Pesquisa de Campo. Julho/2017
URL http://0-journals-openedition-org.catalogue.libraries.london.ac.uk/confins/docannexe/image/26489/img-9.jpg
Fichier image/jpeg, 36k
Titre Imagem 9- Localização e projeção do condomínio Reserva Santa Bárbara
Crédits Fonte: http://www.mbcapital.com.br/​data/​book/​MB%20Capital%20-%20portfolio-revista%20v8.13.1.pdf. Acesso em: 03/02/2018.
URL http://0-journals-openedition-org.catalogue.libraries.london.ac.uk/confins/docannexe/image/26489/img-10.jpg
Fichier image/jpeg, 64k
Titre Imagem 10- Outdoor promocional do Condomínio Vila Catarina
Crédits Fonte: Pesquisa de Campo. Outubro/2017.
URL http://0-journals-openedition-org.catalogue.libraries.london.ac.uk/confins/docannexe/image/26489/img-11.jpg
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Titre Mapa 02 - Espacialização dos condomínios fechados na Região Metropolitana de Belém.
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Pour citer cet article

Référence électronique

Luiz Augusto Soares Mendes, « A produção do urbano e do imobiliário na região metropolitana de Belém »Confins [En ligne], 44 | 2020, mis en ligne le 16 mars 2020, consulté le 09 décembre 2024. URL : http://0-journals-openedition-org.catalogue.libraries.london.ac.uk/confins/26489 ; DOI : https://0-doi-org.catalogue.libraries.london.ac.uk/10.4000/confins.26489

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Auteur

Luiz Augusto Soares Mendes

Doutor em Geografia pela Universidade Federal Fluminense. lasmgeo@hotmail.com

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