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Onde estavam as freguesias goianas até 1783?

Où étaient les « freguesias goianas » jusqu'en 1783 ?
Where were the "freguesias goianas" until 1783?
Vinicius Sodré Maluly

Résumés

Cet article propose une étude de la structure ecclésiastique issue de la Capitainerie de Goyaz jusqu'en 1783. L'étude, réalisée à partir de données extraites de la « Notícia Geral da Capitania de Goiás », propose une approche méthodologique propre à la Géographie Historique en utilisant techniques informatiques et analyses quantitatives. A partir de ce cadre procédural, la réalisation d'une cartographie numérique permet la compréhension des différents facteurs pertinents aux « freguesias goianas » (ou paroisses), chapelles et évêchés qui intègrent ce vaste territoire de l'Amérique portugaise. Les facteurs de localisation, et d'autres paramètres directement associés à l'espace, ont été abordés, tels que la juridiction des « freguesias », la composition démographique de cette région et les frontières visibles autour de ces constructions graphiques. Enfin, les analyses quantitatives établies à partir des données recueillies, permettent l'appréhension de tendances relatives à la démographie ainsi qu'à la distance des chapelles entre elles et avec les « freguesias ». Certaines approches, associées à la recherche sur le XVIIIe siècle, ont été proposées, relativement au cadre méthodologique et technique élaboré dans cet article.

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Texte intégral

1O título deste artigo apresenta uma questão direta e que pode ser respondida de maneira simples de acordo com as fontes utilizadas. Ainda, supõe uma discussão que deve ter contornos aparentemente localizacionais, não incidindo em uma formulação mais profunda. De fato, onde estavam as freguesias goianas até o ano de 1783? Para respondermos a essa questão (um tanto incomum), deveremos recorrer a uma análise pautada em fontes históricas que possam revelar a posição das igrejas matrizes dentro dos limites setecentistas da Capitania de Goyaz. Porém, seria possível retirarmos mais conclusões eminentemente geohistóricas a partir dessa simples inquirição? Dada a Geografia enquanto ciência espacial, poderíamos, a partir da análise dessa conjuntura tardia do século XVIII, elaborar outras formulações a respeito da distribuição eclesiástica no seio das intrincadas relações políticas ainda no período colonial brasileiro?

2Gomes (2017, p. 122) explica que uma descrição geográfica deve se ater a uma espécie de "grade espacial" que localize os fenômenos descritos em termos de uma localização e de uma situação. Portanto, deveremos localizar essas tais freguesias até esse tal ano, inserindo-as em determinados parâmetros espaciais que possam reproduzir a resposta que buscamos, adicionando novos elementos para compor um "quadro geográfico" de análise complexa. Entretanto, tendo a localização exata das freguesias, deveremos nos bastar com as respostas alcançadas ou poderemos avançar em termos diversos que não se evidenciam na simples questão posta enquanto título do texto? Ultrapassar o título dependeria de uma série de ferramentas a serem aplicadas na elaboração dessa resposta, mas também de alguns referenciais metodológicos essenciais no decorrer das próximas páginas.

3Poderíamos, então, explicar o espaço apenas a partir do que ele "contém"? Ou seria o espaço algo para além dessa noção receptiva/passiva à qual pode-se incorrer inadvertidamente? Se recorrermos rapidamente a Santos (2006, p. 39), conseguiremos estabelecer que o espaço é formado por "um conjunto indissociável, solidário e também contraditório de sistemas de objetos e sistemas de ações, não considerados isoladamente (...)". Logo, temos sistemas de objetos e sistemas de ações que se relacionam mutuamente e o espaço surgiria a partir desse movimento. Trazemos essa conceituação para aproximá-la da descrição geográfica proposta por Gomes no intuito de enriquecer, de alguma forma, a resposta para a nossa questão inicial: saber onde estavam as freguesias goianas até o ano de 1783 pode nos dizer mais do que apenas as suas localizações? Para isso, tentaremos revelar não apenas a posição cartografada das ditas freguesias, mas também as relações espaciais estabelecidas entre elas, com algum suporte demográfico, aliando técnicas informacionais e quantitativas a esses dados históricos.

4Essas formulações nos permitem estabelecer, portanto, que, se as freguesias goianas estavam em algum dado lugar no ano de 1783, elas lá estavam de acordo com um movimento pautado em localizações e em situações, promovendo contatos com outros elementos espaciais igualmente relevantes para a formulação da qual partimos. Nesse intuito, o uso de diversas técnicas informacionais – tanto no campo do SIG (Sistemas de Informações Geográficas) quanto na composição de bancos de dados – nos permitirá abranger o entendimento trazido pela fonte histórica, construindo outras possibilidades geohistóricas de análise.

5Porém, qual o motivo de estudarmos as freguesias goianas até o ano de 1783? Para responder a essa justíssima questão, necessitaremos de uma crítica à fonte utilizada.

A Notícia Geral da Capitania de Goiás de 1783

6Em 20 de julho de 1782 foi encomendada a dita Notícia Geral da Capitania de Goiás, por Provisão Régia do Conselho Ultramarino, "que estipulava ao segundo vereador das Câmaras vilarengas do mundo lusitano escrever cronologicamente os fatos e casos mais notáveis da história da colonização portuguesa" (BERTRAN, 1996, p. 27). Essa provisão teria sido conduzida pelo Governador e Capitão-General de Goyaz Luís da Cunha Menezes (QUINTELA, 2004, p. 39). Esse documento foi "redescoberto" pelo historiador goiano Paulo Bertran nos arquivos da Biblioteca Nacional e que, depois de perceber a ausência de algumas partes constituintes da Notícia, buscou em outros corpos documentais as seções restantes. O autor, então, transcreveu e organizou toda a notícia, podendo, dessa maneira, ampliar o acesso a essa fonte que apresenta uma das primeiras tentativas textuais de descrição de toda a capitania goiana, fornecendo dados de origens variadas e que alimentam, até hoje, pesquisas sobre a história colonial de Goyaz.

7Embasaremos este artigo nessa fonte, o que nos proporciona alguns aspectos favoráveis e outros menos favoráveis. Ela, obviamente, nos facilita o acesso de acordo com a distribuição editorial e com a organização realizada por Paulo Bertran (a Notícia é composta por um corpo central e por mais 12 anexos escritos a várias mãos, o que inclusive permite o direito ao contraditório na precisão de datas e de especificidades), além de inserir a discussão por nós trazida em um bojo maior de pesquisas que também se centram nessa fonte. O aspecto menos favorável advém do fato de que o acesso direto aos documentos é dificultado pelo caráter esparso dos mesmos, uma vez que se encontram espalhados em arquivos diferentes. Assim, apesar da publicação ter sido revisada para edições diversas, perdemos o contato direto com a fonte que poderia permitir outras versões e/ou interpretações e nos valemos apenas da publicada pelo organizador.

8Porém, como destacamos, a Notícia Geral oferece uma série de informações vitais para a pesquisa sobre Goyaz colonial e dela nos valeremos para investigar sobre as suas freguesias e outros elementos a elas vinculadas.

Breve Notícia da Comarca de Goiás

  • 1 Segundo Fonseca e Venâncio (2008, p. 184, rodapé 19), "os concelhos eram reagrupados em circunscriç (...)
  • 2 Devemos nos cuidar do fato da indicação de que esse anexo teria sido "anterior à Notícia Geral em m (...)

9Anexada à Notícia Geral está a "Breve Notícia da Comarca1 de Goiás" e nela encontramos dados extremamente pontuais e instigantes a respeito da disposição eclesiástica goiana à época2:

Reparte-se esta Comarca em os dois Bispados de Maranhão e Rio de Janeiro. Tem quinze vigairarias que Sua Majestade costuma colar e algumas delas de avultadas conveniências. Tem trinta e duas Capelanias e Filiais, e muitas delas Sacramento com que se assiste aos Arraiais mais distantes das Matrizes. (BERTRAN, 1996, p. 89)

  • 3 Obviamente não devemos estabelecer uma conexão lógica direta entre o surgimento de um núcleo popula (...)

10Esses dados iniciais nos dão uma ideia quantitativa geral da distribuição eclesiástica goiana, mas também nos fornecem algumas outras indicações qualitativas. A primeira é a respeito das "vigairarias que Sua Magestade costuma colar". Estamos a tratar, amplamente, de capelas disseminadas em todo o território colonial que eram instaladas de acordo com os diferenciados núcleos urbanos que surgiam. No caso de Goyaz, os arraiais eram resultado direto da ocupação de determinados locais por mineradores e por toda uma sociedade na qual eles estavam inseridos e as capelas se associavam diretamente a esse fenômeno.3 Com o avançar dessas ocupações, determinadas capelas eram transformadas em freguesias, ou seja, sedes paroquiais com direito a igreja matriz. Fonseca (2011, p. 83) destaca que essas promoções de capelas eram, "frequentemente, uma das consequências do crescimento e da prosperidade dos arraiais em que se situavam, mas também dos espaços rurais circundantes".

11Definindo melhor os termos, assim coloca Fridman (2009, p. 95): "A freguesia, designação portuguesa de paróquia, é um território submetido à jurisdição espiritual de um cura que também exerce a administração civil." Assim, as freguesias tinham uma notável relevância posta a existência de uma administração própria. Na documentação que fizemos referência, porém, há referência às freguesias enquanto "vigairarias", nome derivado da necessidade de haver um vigário (ou, como coloca Fridman, um cura). O dicionário de Raphael Bluteau, de 1728, apresenta o seguinte significado para o termo vigararia: "Benefício ou Igreja que tem cura d'almas & todo o lugar que fica sogeito a ella". Vigário, por sua vez, seria o "Cura d'almas" ou "O que faz as vezes & funçoens do Prelado na sua ausencia" (BLUTEAU, 1728, p. 485). Para nos familiarizarmos com os termos sem entendimentos dúbios, faremos uso do termo "freguesia" (equivalente a paróquia ou a vigararia), porém esses nomes costumam se equivaler frequentemente na documentação primária, sendo que o nome "vigairaria" é sobressalente na Breve Notícia (...). Por fim, nos explica Fridman (2009, p. 96) que existiam dois tipos de capelas: as colativas e as curadas. Aquelas teriam a dedicação exclusiva de um vigário remunerado pela Fazenda Real, enquanto que estas "eram dependentes das "benesses do pé do altar"".

12Retornando ao extrato que destacamos sobre as "vigairarias que Sua Magestade costuma colar", há ainda a informação de que existiam "trinta e duas Capelanias e Filiais, e muitas delas Sacramento com que se assiste aos Arraiais mais distantes das Matrizes". Ou seja, para as 15 freguesias destacadas na Breve Notícia (...) havia ainda 32 filiais que eram, por sua vez, capelas de menor instância associadas às igrejas matrizes. Trataremos cartograficamente dessa distribuição (mapa 5), mas devemos nos atentar brevemente à importância dessas subdivisões eclesiásticas, pois elas nos dão uma noção de como se regulavam e se organizavam as instituições em tempos coloniais. A. Andrade (2013, p. 175–176) avança nesse sentido:

Essa dispersão pela região em nada era aleatória; ela passava pelo crivo e autorização da hierarquia eclesiástica secular. Outrossim, construir edifícios religiosos, mesmo que modestas capelas, era demarcar fisicamente a presença sobre o território ocupado e propagar o ideário católico (diretamente vinculado aos interesses da Coroa), junto ao agrupamento atraído pela nova centralidade.

13Assim, torna-se fundamental que compreendamos os elementos territoriais que eram conectados com a propagação dos edifícios religiosos católicos e o jogo de escalas inerente a esse processo, já que as capelas e as freguesias organizavam-se politicamente dentro da lógica portuguesa de colonização e também, como coloca F. Andrade (2007, p. 166), nas próprias escalas familiares do lugar de instalação.

Mapeando as freguesias

14A "Breve Notícia da Comarca de Goiás" prossegue oferecendo diversos dados que nos permitem debruçar sobre a distribuição das freguesias goianas na segunda metade do século XVIII. Na tabela 1 elencamos as "vigairarias" citadas (em um total de quinze) e também a população atribuída a cada uma, informação esta igualmente presente na documentação. A ordem das freguesias está de acordo com a apresentação do próprio documento.

Tabela 1 – Vigairarias de Goyaz em 1783

Tabela 1 – Vigairarias de Goyaz em 1783

Fonte: BERTRAN, P. (Org.) Notícia Geral da Capitania de Goiás em 1783. Goiânia: Universidade Católica de Goiás, 1996. p. 90-92. Elaborado por Vinicius Maluly, 2018

15Com os dados apresentados na tabela 1 podemos realizar uma série de comparações, notando os movimentos de dispersão e de concentração da população nas ditas freguesias. Porém, devemos nos cuidar do fato de que essas informações demográficas são de natureza estimativa, variando entre cada descrição. Por exemplo, diz a Breve Notícia (...) que a "Vigairaria de Santa Cruz (...) terá até duas mil pessoas, duas mil e quinhentas". Já a "Vigairaria de Natividade (...) tem mais de seis mil pessoas" (BERTRAN, 1996, p. 90;92).

16Como colocam Fonseca e Venâncio (2008, p. 185), a imprecisão das cifras paroquiais (praticamente as únicas disponíveis para o século XVIII) não oferece a possibilidade de análise dos arraiais ou das vilas onde se localizam essas igrejas matrizes, mas apenas do contexto regional que elas abrangiam, pois os limites de cada freguesia iam para muito além dos limites dos núcleos urbanos. A existência de terras extensas no entorno de cada fundação eclesiástica, inclusive, servia de motivação para os sertanistas, segundo F. Andrade (2011, p. 273–274), pois a prática de fundar capelas "foi uma das estratégias de apropriação estável de terras (agrícolas ou minerais), de capital e de trabalho, evitando-se ainda neste caso a fragmentação da divisão da herança, nas fronteiras da colonização dos senhores do planalto paulista". Além disso, "os sertanistas poderosos, quando instituíam um patrimônio de terras ao redor das capelas, praticavam vincular índios de aldeamentos da demarcação" Dessa maneira, devemos supor as intrincadas relações que estavam por trás de cada localidade citada, em diversas escalas de análise. Porém, para este artigo, nos bastaremos com as evidências regionais despertadas pela cartografia digital.

17O mapa 1 evidencia a localização das freguesias goianas listadas na tabela 1. Com o auxílio dos recursos em SIG, podemos também visualizá-las em proporção à estimativa demográfica atribuída a cada uma, o que nos possibilita não apenas uma noção de onde estavam as freguesias goianas até 1783, mas também quantas pessoas havia em cada uma. Dessa maneira, podemos expandir a questão posta na introdução deste artigo extraindo da fonte documental outras perspectivas de análise que compõem uma mais abrangente ideia do que eram esses núcleos eclesiásticos.

  • 4 Para mais informações sobre as relações territoriais entre Meia Ponte e Vila Boa no contexto de ele (...)
  • 5 Fonseca e Venâncio (2008, p. 182–183) discutem o peso demográfico no contexto setecentista das Mina (...)

18Ao analisarmos o mapa 1, podemos logo perceber uma determinada equivalência demográfica entre Vila Boa, Meia Ponte, Trahíras e Natividade. Por certo, apesar de Vila Boa ter sido criada em 1739 (elevando-se o arraial de Sant'anna à categoria de vila) e tornada capital da capitania fundada em 1748, isto não se deu apenas em termos de importância demográfica. Como podemos notar, a distribuição demográfica entre essa vila e outros arraiais não era desproporcional. Apesar de não caber aqui uma maior discussão a esse respeito4, é de singular importância compreender os motivos diferenciados que levaram Vila Boa a esse estatuto. Vidal (2009, p. 248;256) demonstra que o fundador do arraial de Sant'anna e um dos bandeirantes a reivindicarem o "descobrimento" das minas goianas, Bartolomeu Bueno da Silva, detinha "um poder quase discricionário sobre o conjunto da região", o que levou o Governador de São Paulo Dom Luís de Mascarenhas a elevar aquele arraial à condição de vila para não "manter de fato os poderes de Bartolomeu Bueno e de sua família". Dessa maneira, a instalação da administração portuguesa nesse caso não teria se dado por razões meramente demográficas, mas sim para controlar o poder local em uma região de ampla importância no contexto minerador da América portuguesa5.

Mapa 1 – Localização e distribuição demográfica das freguesias de Goyaz em 1783

Mapa 1 – Localização e distribuição demográfica das freguesias de Goyaz em 1783

Fonte: BERTRAN, P. (Org.) Notícia Geral da Capitania de Goiás em 1783. Goiânia: Universidade Católica de Goiás, 1996. p. 90-92. Elaborado por Vinicius Maluly, 2018

19Ainda em relação ao mapa 1, podemos observar algumas concentrações das freguesias na extensão territorial goiana. Temos a freguesia do arraial de Santa Cruz ao sul, o que se devia majoritariamente à sua relação com o caminho de São Paulo (1730) (PALACÍN; MORAES, 1994, p. 12–13). Também temos freguesias concentradas a oeste, uma proximidade notável entre Trahíras e Sam Jozé e, por fim, as freguesias dos arraiais do norte que, como podemos ver no mapa 2, se distinguiam em termos de organização eclesiástica das do sul.

Mapa 2 – Distribuição das freguesias goianas em 1783 de acordo com o seu pertencimento aos Bispados do Maranhão e do Rio de Janeiro

Mapa 2 – Distribuição das freguesias goianas em 1783 de acordo com o seu pertencimento aos Bispados do Maranhão e do Rio de Janeiro

Fonte: BERTRAN, P. (Org.) Notícia Geral da Capitania de Goiás em 1783. Goiânia: Universidade Católica de Goiás, 1996. p. 90-92. Elaborado por Vinicius Maluly, 2018

Mapa 3 – "Capitaniá de Goyás

Mapa 3 – "Capitaniá de Goyás

Fonte: Autoria desconhecida, século XVIII (Biblioteca Pública de Évora)

20Devemos deixar explícito o fato de que tratamos de duas escalas de análise e de organização diferentes, mas todavia bastante entrelaçadas: a escala "administrativa", que compõe os limites da Capitania de Goyaz, e a escala "eclesiástica", indicada pela ligação entre as freguesias e os bispados. A questão de pertencimento de determinadas freguesias à jurisdição de um ou de outro bispado não aparece frequentemente em produções cartográficas sobre Goyaz, mas certamente havia um valor territorial nessa disposição. Podemos perceber uma exceção a esse quesito no mapa 3, "Capitaniá de Goyás", que explicita territorialmente a divisão entre cada bispado. O mapa 4 constitui um recorte do mapa 3 e dá enfoque a uma verdadeira divisão interna à Capitania quanto ao que pertencia ao Bispado do Pará e ao que pertencia ao Bispado do Rio de Janeiro. Ainda, temos a indicação de outros limites, como o Bispado de Mariana, o de Pernambuco, o do Maranhão e o Arcebispado da Bahia. Portanto, confluíam nesse território central do Brasil colônia ao menos 6 bispados diferentes com os seus respectivos limites.

Mapa 4 – Detalhe do mapa "Capitaniá de Goyás" a respeito da divisão territorial entre os bispados do Pará e do Rio de Janeiro

Mapa 4 – Detalhe do mapa "Capitaniá de Goyás" a respeito da divisão territorial entre os bispados do Pará e do Rio de Janeiro

Fonte: Autoria desconhecida, século XVIII (Biblioteca Pública de Évora)

  • 6 [Tradução livre do autor deste artigo.]

21Segundo Muniz (2012, p. 39–40), "desde o início da colonização do Brasil e também nas outras áreas do Império português, a cruz e a coroa caminharam juntas". Entretanto, também evidencia a autora que essa relação nem sempre foi amistosa. Desde a concessão do direito universal do padroado à Coroa Portuguesa, em 1516, existia a possibilidade de um certo nível de intervenção do rei português em termos religiosos, mas os conflitos que daí derivavam também eram recorrentes. Vasconcelos (2008, p. 233), de maneira sucinta, assim descreve as relações entre ambas as instituições: "A Igreja da América portuguesa dependia do Estado em virtude do regime do Padroado pelo qual o Estado mantinha o clérigo e as propriedades religiosas em troca de dízimos devidos à Igreja."6 Boaventura (2007, p. 137) acompanha essa interpretação: "O padroado, uma vez estabelecido juridicamente, mediante inúmeras trocas de benefícios e favores, legou ao Estado uma série de atribuições que antes eram de competência da Igreja, o que, com o tempo, invariavelmente o fortaleceu".

  • 7 Como, por exemplo, Boaventura (2007, p. 79) e Apolinário (2005, p. 42). O roteiro da viagem realiza (...)
  • 8 Dessa forma, quando fizermos referência ao bispado que abrangia as freguesias e as capelas do norte (...)

22Tanto no mapa 2 quanto nos mapas 3 e 4 podemos notar que os limites dos bispados iam até os arraiais de São Félix e de Flores, mas há uma inconstância entre as duas fontes. Segundo a "Breve Notícia da Comarca de Goiás", estariam as referidas freguesias sob a jurisdição do Bispado do Maranhão (1676). Porém, segundo a cartografia histórica apresentada, estariam sob os limites do Bispado do Pará (1719). Diversos autores irão atribuir o pertencimento dessas freguesias ao Bispado do Pará.7 Também temos uma recorrência na associação eclesiástica dessas freguesias ao Pará na documentação consultada (como veremos adiante), o que nos permite especular que: 1) podemos identificar na "Breve Notícia da Comarca de Goiás" um simples engano na denominação dos bispados; ou 2) a associação desse território no entorno do rio Tocantins pertencia anteriormente ao Bispado do Maranhão, sendo incorporado posteriormente pelo Bispado do Pará no ato de sua criação e tal transformação não foi identificada a tempo na Breve Notícia (...). De qualquer forma, apesar da fonte que estamos privilegiando neste artigo vincular as freguesias ao norte de São Félix enquanto componentes do Bispado do Maranhão, devemos assinalar a exorbitante maioria de outras produções (documentais e bibliográficas) que demarcam esse pertencimento ao Bispado do Pará.8

23Para além da escala eclesiástica, também conformavam os arraiais dessa jurisdição uma forma bastante diferenciada de vida dos arraiais do centro-sul de Goyaz. Em termos de formação territorial, a própria composição desses arraiais era heterogênea, já que os arraiais do sul apresentavam uma característica aurífera de exploração vultosa e os arraiais do norte, resumidamente, também estabeleciam ligações comerciais de variadas naturezas de acordo com os caminhos que seguiam para a Bahia e Pernambuco. Outrossim, os arraiais do norte de Goyaz localizavam-se em partes da capitania muito mais habitadas por gentio que os do centro-sul. Como coloca Lemke (2010, p. 288): "A grande extensão da capitania proporcionava vulnerabilidades que a distante Coroa nem sempre foi capaz de controlar". Dessa maneira, devemos sempre considerar a heterogeneidade da Capitania de Goyaz em quaisquer considerações que fizermos.

24Se recorrermos a outros documentos, também notaremos como influenciava a questão da jurisdição de um ou de outro bispado no cotidiano goiano. Temos, por exemplo, a "Carta do ouvidor de Goiás, Manuel Antunes da Fonseca, ao rei [D. João V] sobre o estado civil e eclesiástico das povoações do norte das Minas de Goiás", de 10 de junho de 1743, que nos apresenta uma relação bastante interessante quanto a esse assunto. Ao descrever a situação em que se achavam as ditas povoações sob o mando do "Bispado do Gram Pará", diz o ouvidor:

Não há meyo poderozo que possa reduzir a melhora a parte daquelle Bispado no estado prezente; porque entre os ecclesiasticos nella consistentes não achará com facilidade o Prellado hú que cumpre as obrigações da justiça com temor de Deus, retidão, e desenteresse no Gram Pará (segundo a supplica que tenho do tempo em que naquelle lugar servi a Vossa Magestade) considero não passão de quatro, ou cinco aquelles a que podia convidar ao regimen de tão distantes povos (AHU_ACL_CU_008, Cx. 3, D. 223).

25Após realizar diversas denúncias (muitas delas, como podemos ver, orientadas à própria "retidão" dos administradores desse corpo eclesiástico), Manuel da Fonseca ainda indica a impossibilidade existente de contato entre o norte de Goyaz com o Grão-Pará, seja por terra quanto pelo rio Tocantins, "prohibido, e cheyo de perigos" e, por fim, sugere o desmembramento das referidas terras e a associação delas ao bispado mais próximo que seria o da Bahia.

262.1 Quantificando os dados

27Temos, pois, uma distribuição territorial identificada nos mapas 1 e 2 a partir da aplicação de tecnologias da informação aos dados que organizamos. Nesse mesmo sentido, também podemos realizar algumas quantificações de natureza demográfica que nos abrem alguns outros entendimentos, complementando a cartografia digital apresentada.

Gráfico 1 – Distribuição demográfica relativa entre os bispados

Gráfico 1 – Distribuição demográfica relativa entre os bispados

Fonte: BERTRAN, P. (Org.) Notícia Geral da Capitania de Goiás em 1783. Goiânia: Universidade Católica de Goiás, 1996. p. 90-92. Elaborado por Vinicius Maluly, 2018.

28De acordo com os dados demográficos dos quais dispomos, podemos realizar uma composição gráfica que indique a distribuição demográfica relativa entre os bispados (gráfico 1). Segundo essa visualização, nota-se a preponderância quantitativa do Bispado do Rio de Janeiro (78%) em detrimento do Bispado do Maranhão (22%), o que está em consonância igualmente com a quantidade de arraiais existentes em cada jurisdição. Nota-se visivelmente a partir do mapa 2 que há um número maior de freguesias na porção sul e também arraiais com maiores populações. Dada essa distribuição relativa, que também podemos associar à maior quantidade de providências administrativas voltadas aos arraiais do centro-sul por parte da Coroa portuguesa (como, por exemplo, a instalação de Vila Boa em 1739), podemos buscar uma distribuição absoluta entre as freguesias que compõem cada bispado (gráfico 2). Dessa maneira, torna-se visível uma quantificação demográfica em diversas escalas, ensejando múltiplas interpretações.

Gráfico 2 – Distribuição demográfica absoluta entre as freguesias e os bispados

Gráfico 2 – Distribuição demográfica absoluta entre as freguesias e os bispados

Fonte: BERTRAN, P. (Org.) Notícia Geral da Capitania de Goiás em 1783. Goiânia: Universidade Católica de Goiás, 1996. p. 90-92. Elaborado por Vinicius Maluly, 2018

29Reforçamos que os dados demográficos aqui elencados não devem ser utilizados para investigar possibilidades materiais de quantificação das populações de cada arraial goiano, posto que, como também já dissemos, a própria composição de dados paroquiais são de natureza estimativa e imprecisa. Os trazemos à discussão por revelarem uma efetiva forma de comparação regional entre os ditos núcleos auríferos. Portanto, se temos Vila Boa com uma envergadura populacional similar à de Meia Ponte, Trahiras e Natividade, isto nos oferece mais ferramentas para compreender os motivos alheios ao quantitativo populacional que estavam por trás da elevação do antigo arraial de Sant'anna a vila, como já destacamos.

30A partir do gráfico 2 podemos visualizar com mais clareza as informações trazidas no gráfico 1. O Bispado do Rio de Janeiro vinculava o dobro de arraiais que o Bispado do Maranhão (ou Pará) e também apresentava arraiais com uma população mais numerosa. Podemos destacar, para além dos arraiais já citados, os arraiais de Pillar e de Sam Jozé que têm mais de 4.000 habitantes. Já os núcleos do Bispado do Maranhão apresentam populações sempre abaixo de 2.000 habitantes, com exceção de Natividade que desponta visivelmente. Assim, apesar desse bispado compreender 1/3 dos arraiais identificados, as suas populações eram bastante reduzidas.

Mapeando as distâncias

31Notamos na análise demográfica anterior uma disparidade, principalmente com relação aos arraiais pertencentes ao Bispado do Maranhão (ou Pará). Como podemos pensar essa discrepância e, ainda, como podemos reconsiderar explicações para essa característica? Apresentaremos uma possível forma de abordagem do problema com o uso de Sistemas de Informações Geográficas.

Mapa 5 – Localização e distribuição das freguesias goianas e de suas capelas filiais em 1783

Mapa 5 – Localização e distribuição das freguesias goianas e de suas capelas filiais em 1783

Fonte: BERTRAN, P. (Org.) Notícia Geral da Capitania de Goiás em 1783. Goiânia: Universidade Católica de Goiás, 1996. p. 90-92. Elaborado por Vinicius Maluly, 2018.

32O mapa 5 apresenta um outro fator à nossa análise: a distância entre as freguesias e as suas capelas filiais (ou, como traz o documento, entre as vigairarias e as suas filiais). Essa informação aparece na descrição de cada freguesia. Entretanto, podemos notar que, apesar de serem listadas as capelas filiais, não há uma precisão dessas distâncias. Deve-se ter em mente que a própria estimação dessas distâncias poderia ser bastante dificultosa, principalmente em localidades ainda pouco conhecidas e habitadas por núcleos de colonização. Em outros excertos temos algumas estimações de distâncias. Logo, neste caso, se recorrermos ao mapa 5, poderemos estabelecer as distâncias entre cada freguesia e suas capelas filiais, estando esta informação explícita no documento ou não. Isto acontece pelo fato de que podemos, com as tecnologias de sensoriamento remoto, localizar onde ficavam essas filiais e "ligá-las" às suas matrizes. Por isso, também, preferimos demonstrar essas subordinações com o uso de linhas. No caso da freguesia de Barra da Palma, por exemplo, as suas filiais estavam mais próximas da freguesia de Natividade, que certamente também teria um "efeito gravitacional" em relação às povoações ao seu redor. Inclusive, segundo os dados primários apresentados, a capela da Taboca está apresentada enquanto filial tanto da Barra da Palma quanto de Natividade (com mais detalhe no mapa 6).

Mapa 6 – Localização e distribuição das freguesias de Natividade, Barra da Palma, Arraias e Sam Felis e de suas capelas filiais em 1783

Mapa 6 – Localização e distribuição das freguesias de Natividade, Barra da Palma, Arraias e Sam Felis e de suas capelas filiais em 1783

Fonte: BERTRAN, P. (Org.) Notícia Geral da Capitania de Goiás em 1783. Goiânia: Universidade Católica de Goiás, 1996. p. 90-92. Elaborado por Vinicius Maluly, 2018.

33Ainda que imaginemos que, para cada freguesia, havia uma série de filiais específicas, as imprecisões dos limites de circunscrição de cada matriz eram obviamente bastante notórias, o que poderia trazer esse tipo de dubiedade em um documento abrangente como o que estamos trabalhando. Para resolver uma questão dessa ordem, o mais indicado seria buscar documentos específicos a esses núcleos eclesiásticos para ter outras alternativas, mas, em termos gerais, não podemos fechar os olhos para a possibilidade real de existirem confusões dessa espécie na organização eclesiástica setecentista.

34Ainda sobre a questão de uma mesma capela filial aparecer subordinada a duas matrizes diferentes, isto pode ter uma origem até mesmo fiscal. Sabe-se que cada vigário deveria exercer a cobrança dos tributos devidos àquela igreja – os "direitos paroquiais". No caso de dois vigários diferentes cobrarem em regiões similares poderia ocasionar esse sobreposicionamento hierárquico, denunciado pela cartografia. Por exemplo, se os moradores de Taboca foram taxados por freguesias diferentes, supunha-se, então, que o pertencimento eclesiástico daquele núcleo era a duas matrizes diferentes. Claro que estamos em termos meramente hipotéticos, mas esses casos excepcionais poderiam certamente existir e aparecer na nossa documentação. No mapa 6 ainda temos a mesma situação com relação à capela do Carmo que pertenceria tanto à freguesia de Natividade quanto à de Sam Felis.

Pensando os limites

35Temos uma organização bastante diversa no mapa 5, com as especificidades de cada freguesia em relação às suas capelas filiais. Ainda, podemos notar o incremento demográfico de determinadas "vigairarias" de acordo com a maior quantidade de capelas filiais. Podemos tomar o já citado caso de Natividade que apresenta uma série de capelas filiais no seu entorno (mapa 6) e, como podemos notar no gráfico 2, destacava-se enquanto a freguesia mais populosa do Bispado do Maranhão (ou Pará) em Goyaz. Logo, devemos considerar que as estimativas demográficas apresentadas fazem respeito a toda a circunscrição dessas freguesias, englobando as suas capelas filiais.

36F. Andrade (2007, p. 158–159), sobre a distribuição das capelas filiais em relação às suas matrizes, também destaca que certas capelas, ao atingirem um destaque social mais notório, poderiam rivalizar com as suas matrizes em termos de fregueses e de rendimentos:

As capelas fundadas pelos habitantes subordinavam-se, pelo menos teoricamente, às matrizes, tornando-se capelas filiais. Estas podiam assumir uma dimensão pública, quando havia ampliação do número de assistentes e as atividades religiosas (cultos e obrigações sacramentais) ficavam constantes. (...) Os parócos das Minas Gerais ainda avisavam o Rei sobre a "inconstância dos povos" afetando os seus direitos, porque havia capelas filiais com maior número de fregueses e mais rendimentos do que as suas matrizes, devido à entrada de habitantes atraídos aos descobertos de ouro.

37Assim, surgiria uma "inconstância dos povos" que afetaria diretamente as estruturas hierárquicas eclesiásticas. Porém, na cartografia por nós criada (mapas 5 e 6), não há a possibilidade de estabelecermos essas relações, já que a "Breve Notícia da Comarca de Goiás" não apresenta o número de fregueses de cada capela, mas engloba o cálculo total à freguesia correspondente.

38Apesar dessa restrição, os mapas 5 e 6 nos permitem pensar um outro elemento inquietante com relação à organização eclesiástica goiana em fins do século XVIII: o limite territorial de cada freguesia. Já realizamos algumas considerações a respeito das circunscrições dos bispados (ver mapas 2, 3 e 4) e pudemos estabelecer um rebatimento efetivamente territorial desses limites eclesiásticos, mas seriam as freguesias também correspondentes nesse sentido?

39Dada a quantidade de informações apresentada no mapa 5, preferimos dar enfoque em algumas porções que não foram privilegiadas visualmente na escala adotada. Já o fizemos no mapa 6 e o faremos no mapa 7 que destaca a visualização das freguesias de Trahiras, Sam Jozé, Vila Boa, Meia Ponte e Santa Luzia. Foram escolhidas essas porções do território por apresentarem uma confluência maior de dados, assim como a freguesia de Natividade, que não têm, pois, clara visualização no mapa 5.

40O que esses mapas nos podem fazer questionar são os limites dessas freguesias, balizadas pelas suas capelas filiais. Nesse sentido elabora Fonseca (2011, p. 86–87):

A grande extensão territorial é, portanto, uma das características das freguesias mineiras. (...) os territórios paroquiais, os concelhos e comarcas, não eram, em geral, demarcados de modo preciso quando da sua instituição. Inicialmente, a paróquia definia-se como o espaço habitado pelos fiéis que frequentavam a mesma igreja matriz; os limites só se constituíam à medida que o povoamento se intensificava e que surgiam novas paróquias ao redor.

41Portanto, os limites das freguesias somente eram dados a partir do surgimento de outras freguesias nas intermediações, separando as capelas sucursais e ensejando uma nova organização. O caso de Goyaz certamente não foi diferente.

42No caso do mapa 7, os limites das freguesias de acordo com a disposição das suas sucursais ficam bastante evidentes. O uso de linhas, ao invés de polígonos, também favorece um entendimento mais poroso dessas circunscrições, já que não delimitamos de forma fechada as freguesias. Polígonos encerrariam demasiadamente esses territórios, enquanto que as linhas nos dão uma concepção mais abrangente de que aquelas freguesias alcançavam (ou poderiam alcançar) determinadas partes, sem provocar interpretações errôneas sobre a realidade setecentista. Ainda nesse sentido, as linhas pontilhadas também visam considerar essas delimitações de maneira parcial, já que elas podiam se cruzar com os pertencimentos de outras freguesias. As capelas de Chapada e de Carmo, no mapa 6, "atravessam" a freguesia de Natividade. Para não "endurecer" o entendimento que queremos propor, o uso das linhas pontilhadas traz certos benefícios metodológicos.

Mapa 7 – Localização e distribuição das freguesias de Trahiras, Sam Jozé, Vila Boa, Meia Ponte e Santa Luzia e de suas capelas filiais em 1783

Mapa 7 – Localização e distribuição das freguesias de Trahiras, Sam Jozé, Vila Boa, Meia Ponte e Santa Luzia e de suas capelas filiais em 1783

Fonte: BERTRAN, P. (Org.) Notícia Geral da Capitania de Goiás em 1783. Goiânia: Universidade Católica de Goiás, 1996. p. 90-92. Elaborado por Vinicius Maluly, 2018

43Outra vantagem que podemos apontar nesse tipo de georreferenciamento está no "sentido" que algumas freguesias poderiam ter. Essa noção só surgiu a partir do momento que elaboramos a cartografia digital e certos pontos interessantes se fizeram perceber nesse processo. Tomemos como exemplo as freguesias de Trahiras e de Sam Jozé, destacadas no mapa 7: o limite das ditas freguesias está em relação à posição das suas capelas filiais e ambas têm sentidos opostos. Trahiras tem as relações estabelecidas a oeste, enquanto que Sam Jozé a leste. Assim, caso encerrássemos as "fronteiras" dessas freguesias, poderíamos imaginar mais nitidamente o alcance territorial de ambas, sem sobreposições. Meia Ponte também teria um certo padrão, já que praticamente não apresenta sucursais ao sul e Vila Boa teria por filiais as capelas dos arraiais de Barra, Ferreiro e Ouro Fino, sendo que esses três núcleos teriam sido fundados nas mesmas circunstâncias que Vila Boa (antigo arraial de Sant'anna): todos à beira do rio Vermelho ainda na segunda metade da década de 1720 (MALULY, 2017, p. 91–94).

  • 9 [Tradução livre do autor deste artigo.]

44Portanto, temos alguns casos específicos que ficam mais evidentes de acordo com a forma da representação que adotamos. Se tivéssemos tomado escolhas diferentes na confecção dos mapas, teríamos tido resultados igualmente diversos. Assim, é de se reafirmar o caráter "construtivo" da cartografia em geral. Como define Ingold (2013, p. 119), "a cartografia é um modo de ocupação e não de habitação"9, destacando o caráter ativo dessa forma de linguagem.

Quantificando as distâncias

Gráfico 3 – Distribuição das distâncias entre as capelas filiais e as freguesias

Gráfico 3 – Distribuição das distâncias entre as capelas filiais e as freguesias

Fonte: BERTRAN, P. (Org.) Notícia Geral da Capitania de Goiás em 1783. Goiânia: Universidade Católica de Goiás, 1996. p. 90-92. Elaborado por Vinicius Maluly, 2018

45Por fim, a partir dos dados que expomos nos mapas 5, 6 e 7, elaboramos o gráfico 3 que resulta da quantificação das distâncias entre as capelas filiais e as suas respectivas freguesias. No mapa 7, por exemplo, podemos observar que as capelas de Ouro Fino, Ferreiro e Barra pertenciam à freguesia de Vila Boa e estavam nas suas proximidades. O mesmo pode ser deduzido a partir do gráfico 3 em relação à baixa distância demonstrada em relação a tais capelas.

46Construímos o gráfico, pois, para atender a uma curiosidade que surgiu a partir da análise do mapa 5. Aparentemente nos pareceu que as capelas filiais pertencentes às freguesias do Bispado do Maranhão (ou Pará) localizavam-se, em termos gerais, em maior distância às suas igrejas matrizes que as do Bispado do Rio de Janeiro. Porém, apenas o uso de gráficos poderia atender integralmente a essa inquirição.

47Primeiramente, podemos notar que há poucas variações drásticas no que se refere ao Bispado do Rio de Janeiro. Com exceção às capelas do Itiquira (freguesia de Santa Luzia), da Aldeia de Santa Anna e do Rio das Pedras (freguesia de Santa Cruz), há uma conformidade geral na disposição das distâncias. O mesmo não podemos dizer das capelas do Bispado do Maranhão (ou Pará). Há uma quantidade muito maior de variações, com picos mais visíveis. Inclusive, as maiores distâncias são registradas nesse segundo recorte, sendo as capelas da Chapada (freguesia de Natividade) e do Carmo (freguesia de Sam Felis) as mais expoentes nesse sentido.

48Uma hipótese explicativa para esse fenômeno pode estar relacionada ao fato de que as capelas filiais do centro-sul de Goyaz obedeciam a uma lógica de ocupação territorial mais consoante com essa porção da capitania. Havia uma maior quantidade de arraiais em comparação com as terras mais ao norte e estavam esses núcleos mais conjugados entre si, dispostos de maneira mais concentrada. Outrossim, como já citamos, a presença indígena nas terras localizadas ao norte era ainda muito mais abundante, estando o gentio ao centro-sul mais reduzido e combatido com maior envergadura por parte da colonização (MALULY, 2017, p. 143). Portanto, a dispersão proto-urbana desses núcleos de povoamento se dava com muito menor potência ao norte, o que reflete diretamente na quantidade menor de capelas e, igualmente, nas grandes distâncias entre esses estabelecimentos e as suas respectivas freguesias.

Considerações finais

49Este artigo procurou debater algumas questões geohistóricas a partir da análise cartográfica e quantitativa da organização eclesiástica na Capitania de Goyaz até o ano de 1783. A construção de mapas e de gráficos nos permitiu extrair informações relevantes sobre a ocupação territorial goiana que não eram aparentes no primeiro tratamento dos dados. Assim, devemos destacar a superação de uma noção de mera visualização que se atribui corriqueiramente à produção cartográfica. Nesta pesquisa, os resultados obtidos não foram dispostos posteriormente em mapas, mas, ao contrário, foram apreendidos elementarmente a partir da interpretação desses mapas.

50Também devemos destacar o fato de que a compreensão desses resultados se deu de forma limitada a apenas um observador que é também o próprio produtor dessa cartografia. Assim, certamente inúmeras outras compreensões podem ser auferidas dessas criações que evidentemente não foram exauridas nesta análise, mas apenas propostas.

51Um dos elementos que mais nos saltou aos olhos foi o fato de que a distribuição das freguesias e das capelas filiais se deu de maneira bastante particular a depender do bispado ao qual elas correspondiam. Essa ligação não é primária, mas reflete termos diversos de ocupação territorial que estão para além de uma suposta "instância eclesiástica". O território reflete e produz constantemente formas diluídas e concentradas que transitam entre as escalas de análises construídas analiticamente. O espaço advém desse movimento. Também notamos o fato de que, quando georreferenciamos os dados paroquiais, podemos ensejar verdadeiras fronteiras a essas ocupações, o que não é uma informação dada frequentemente nas fontes primárias setecentistas. Dessa forma, as capelas pertencentes ao Bispado do Maranhão (ou Pará) se localizavam de maneira mais esparsa que as do Bispado do Rio de Janeiro, em articulação com os termos da própria formação territorial diferenciada dessa parte da capitania. Evidencia-se a heterogeneidade goiana.

52Por último, buscamos cruzar informações de natureza diversa em produções únicas, tanto em termos de localização, de demografia, de distância e de hierarquização jurisdicional. Com isso, pudemos discutir as formações goianas no último quartel do século XVIII segundo uma perspectiva que integrasse não apenas fatores históricos, mas também geográficos, dando contornos outros à pesquisa. Isso se refletiu no pertencimento da mesma capela filial a mais de uma freguesia, por exemplo. O mesmo com a distribuição demográfica da capitania, visivelmente concentrada ao centro-sul. Assim, aliar técnicas em quantificação a produções cartográficas nos permitiu qualificar, de maneira diferenciada, a pesquisa ainda embrionária sobre as distribuições eclesiásticas goianas.

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Documentos consultados

ARQUIVO HISTÓRICO ULTRAMARINO. Carta do ouvidor de Goiás, Manuel Antunes da Fonseca, ao rei [D. João v] sobre o estado civil e eclesiástico das povoações do norte das Minas de Goiás. AHU_ACL_CU_008, Cx. 3, D. 223.

CAPITANIÁ DE GOYÁS. 1750 – 1775. Autoria desconhecida. 1 mapa: colorido, 67 x 131 cm. Biblioteca Pública de Évora.

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Notes

1 Segundo Fonseca e Venâncio (2008, p. 184, rodapé 19), "os concelhos eram reagrupados em circunscrições mais vastas, as comarcas, que correspondiam à jurisdição dos ouvidores – magistrados que tinham, entre as suas numerosas atribuições, a tutela da gestão financeira e da justiça administrada pelos juízes municipais". [Tradução livre do autor]

2 Devemos nos cuidar do fato da indicação de que esse anexo teria sido "anterior à Notícia Geral em mais ou menos 25 anos" (BERTRAN, 1996, p. 89), o que recairia em fins da década de 1750. Porém, em virtude da imprecisão dessa nota, nos bastaremos com a data à qual toda a Notícia faz referência.

3 Obviamente não devemos estabelecer uma conexão lógica direta entre o surgimento de um núcleo populacional e o estabelecimento posterior de uma capela, dado que esse movimento poderia se dar de forma variada e nada causal (ANDRADE, 2007, p. 165) ou até mesmo inversa (JUCÁ NETO; ANDRADE; PONTES, 2014, p. 29), mas devemos notar a conexão íntima existente entre essas duas formas de ocupação territorial nas regiões mineradores setecentistas.

4 Para mais informações sobre as relações territoriais entre Meia Ponte e Vila Boa no contexto de elevação da vila, considerando-se a rede de caminhos e a sua importância para a constituição do arraial de Meia Ponte, ver MALULY, V. Como se fossem para o cabo do mundo: geohistória e cartografias sobre os caminhos e os descaminhos de Goyaz (1725-1752). 2017. Dissertação (Mestrado em Geografia) - Universidade de Brasília, Brasília, 2017, p. 146-160.

5 Fonseca e Venâncio (2008, p. 182–183) discutem o peso demográfico no contexto setecentista das Minas Gerais e demonstram como que a definição de uma "grande povoação", que aparece na documentação por eles consultada, não faz referência direta a estimativas numéricas, mas provavelmente a lugares de relativa grande extensão, abrangendo uma vila ou um arraial e também os seus subúrbios.

6 [Tradução livre do autor deste artigo.]

7 Como, por exemplo, Boaventura (2007, p. 79) e Apolinário (2005, p. 42). O roteiro da viagem realizada pelo vigário José Monteiro de Noronha no ano de 1768 também identifica as minas de São Félix e da Natividade enquanto última freguesia e termo do Bispado do Pará pela parte do sudeste (NORONHA, 1862, p. 5).

8 Dessa forma, quando fizermos referência ao bispado que abrangia as freguesias e as capelas do norte de Goyaz, o denominaremos "Bispado do Maranhão (ou Pará)".

9 [Tradução livre do autor deste artigo.]

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Table des illustrations

Titre Tabela 1 – Vigairarias de Goyaz em 1783
Crédits Fonte: BERTRAN, P. (Org.) Notícia Geral da Capitania de Goiás em 1783. Goiânia: Universidade Católica de Goiás, 1996. p. 90-92. Elaborado por Vinicius Maluly, 2018
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Titre Mapa 1 – Localização e distribuição demográfica das freguesias de Goyaz em 1783
Crédits Fonte: BERTRAN, P. (Org.) Notícia Geral da Capitania de Goiás em 1783. Goiânia: Universidade Católica de Goiás, 1996. p. 90-92. Elaborado por Vinicius Maluly, 2018
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Titre Mapa 2 – Distribuição das freguesias goianas em 1783 de acordo com o seu pertencimento aos Bispados do Maranhão e do Rio de Janeiro
Crédits Fonte: BERTRAN, P. (Org.) Notícia Geral da Capitania de Goiás em 1783. Goiânia: Universidade Católica de Goiás, 1996. p. 90-92. Elaborado por Vinicius Maluly, 2018
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Titre Mapa 3 – "Capitaniá de Goyás
Crédits Fonte: Autoria desconhecida, século XVIII (Biblioteca Pública de Évora)
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Titre Mapa 4 – Detalhe do mapa "Capitaniá de Goyás" a respeito da divisão territorial entre os bispados do Pará e do Rio de Janeiro
Crédits Fonte: Autoria desconhecida, século XVIII (Biblioteca Pública de Évora)
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Titre Gráfico 1 – Distribuição demográfica relativa entre os bispados
Crédits Fonte: BERTRAN, P. (Org.) Notícia Geral da Capitania de Goiás em 1783. Goiânia: Universidade Católica de Goiás, 1996. p. 90-92. Elaborado por Vinicius Maluly, 2018.
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Titre Gráfico 2 – Distribuição demográfica absoluta entre as freguesias e os bispados
Crédits Fonte: BERTRAN, P. (Org.) Notícia Geral da Capitania de Goiás em 1783. Goiânia: Universidade Católica de Goiás, 1996. p. 90-92. Elaborado por Vinicius Maluly, 2018
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Titre Mapa 5 – Localização e distribuição das freguesias goianas e de suas capelas filiais em 1783
Crédits Fonte: BERTRAN, P. (Org.) Notícia Geral da Capitania de Goiás em 1783. Goiânia: Universidade Católica de Goiás, 1996. p. 90-92. Elaborado por Vinicius Maluly, 2018.
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Titre Mapa 6 – Localização e distribuição das freguesias de Natividade, Barra da Palma, Arraias e Sam Felis e de suas capelas filiais em 1783
Crédits Fonte: BERTRAN, P. (Org.) Notícia Geral da Capitania de Goiás em 1783. Goiânia: Universidade Católica de Goiás, 1996. p. 90-92. Elaborado por Vinicius Maluly, 2018.
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Titre Mapa 7 – Localização e distribuição das freguesias de Trahiras, Sam Jozé, Vila Boa, Meia Ponte e Santa Luzia e de suas capelas filiais em 1783
Crédits Fonte: BERTRAN, P. (Org.) Notícia Geral da Capitania de Goiás em 1783. Goiânia: Universidade Católica de Goiás, 1996. p. 90-92. Elaborado por Vinicius Maluly, 2018
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Titre Gráfico 3 – Distribuição das distâncias entre as capelas filiais e as freguesias
Crédits Fonte: BERTRAN, P. (Org.) Notícia Geral da Capitania de Goiás em 1783. Goiânia: Universidade Católica de Goiás, 1996. p. 90-92. Elaborado por Vinicius Maluly, 2018
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Référence électronique

Vinicius Sodré Maluly, « Onde estavam as freguesias goianas até 1783? »Confins [En ligne], 40 | 2019, mis en ligne le 05 juin 2019, consulté le 10 décembre 2024. URL : http://0-journals-openedition-org.catalogue.libraries.london.ac.uk/confins/20785 ; DOI : https://0-doi-org.catalogue.libraries.london.ac.uk/10.4000/confins.20785

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Auteur

Vinicius Sodré Maluly

Mestre em Geografia pela Universidade de Brasília. Atualmente conduz pesquisa associado à École des Hautes Études en Sciences Sociales, vmaluly@gmail.com

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