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Crónica de campo

Iconografia das fronteiras das Guianas

Iconographie des frontières guyanaises
Iconography of the Guiana borders
Gutemberg de Vilhena Silva, Clicia Vieira Di Miceli et Brenda Farias da Silva

Résumés

Ce texte présente un enregistrement iconographique annoté des frontières des Guyanes. Le travail a été organisé sur des axes majeurs (circulation, commerce et architecture) afin d'analyser des questions importantes et donner une visibilité aux spatialités et aux problèmes par lesquels les villes frontalières guyanaises structurent, interagissent et créent des paysages particuliers dans leurs zones géographiques. Nous avons utilisé dans nos observations diverses sources de données, mais les enregistrements photographiques des travaux sur le terrain, effectués entre novembre et décembre 2017, ont été les plus remarquables. L’évaluation centrale est que toute la complexité présente aux frontières des Guyanes est le résultat de siècles d’occupation, de mobilités et de conflits. En général, divers arrangements institutionnels sur une variété de sujets liés à cet espace géographique sont plus complexes que d'habitude, car les décisions "d'ouvrir" ou de "fermer" les interactions frontalières tiennent compte de toutes les dynamiques politiques et économiques que les pays ont et qui les réflexions se font sentir directement ou indirectement dans les villes frontalières.

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Texte intégral

  • 1 Guiana significa “terra de muitas águas”em língua indígena aruaque (GUYANA, 2015). Grosso modo, o a (...)
  • 2 Nas demais menções, assinaremos Rep. da Guiana.
  • 3 Este trabalho contou com financiamento da Coordenação de Aperfeiçoamento do Pessoal de Nível Superi (...)

1Há aproximadamente uma década, pesquisadores e estudantes da Universidade Federal do Amapá (UNIFAP) têm se debruçado sobre textos, documentos e realizado trabalho de campo com o intuito de compreender comportamentos específicos e padrões gerais nas fronteiras das Guianas1, um complexo regional marcado por aspectos naturais, históricos e geopolíticos, do qual fazem parte Brasil, França (por meio da Guiana Francesa), Suriname, República Cooperativa da Guiana2e Venezuela (SILVA, 2016). Um dos resultados mais emblemáticos deste momento para pesquisadores da UNIFAP que trabalham com fronteiras nos mais variados campos foi a abertura de um Mestrado em Estudos Fronteiriços na UNIFAP, em 2017, tendo nas Guianas um dos principais focos de estudos estratégicos e em suas fronteiras um dos pilares centrais. Nosso intuito aqui é “apresentar” um registro iconográfico comentado das fronteiras das Guianas diminuindo, com isso, parte da lacuna que temos sobre o conhecimento daquela realidade regional. Este trabalho3 não foi estruturado com análises isoladas dos pares de cidades fronteiriças das Guianas (Mapa 1) e sim por temas que julgamos relevantes. A padronização deste trabalho, portanto, está formatada em grandes eixos (circulação; comércio e padrão arquitetônico). Desta maneira, observamos ser possível avaliar assuntos importantes para dar visibilidade a espacialidades e problemas pelos quais as cidades fronteiriças se estruturam, interagem e criam paisagens peculiares em suas geograficidades na região das Guianas.

2Foto 1 – Equipe do Trabalho de Campo nas fronteiras das Guianas

3Descrição: Equipe da missão que percorreu as fronteiras das Guianas por meio da transguianense. Esta foto registra a saída de Macapá, capital do Amapá - Brasil, no início da missão em 28 de novembro de 2017.

  • 4 Este percurso representa a chamada rodovia Transguianense, conjunto de vias terrestres que – ao ser (...)

4Utilizamos em nossas reflexões que se seguem diversas fontes de dados, mas os registros fotográficos de trabalho de campo realizado entre novembro e dezembro de 2017 é o de maior destaque. A equipe composta por quatro pessoas (Foto 1), Clícia Vieira Di Miceli, Brenda Farias da Silva (ambas mestrandas no Programa de Pós-Graduação em Estudos de Fronteira da UNIFAP); Gabriel Flores (documentarista) e Gutemberg Silva (professor-pesquisador da UNIFAP), seguiu – por terra – por todas as fronteiras das Guianas (Mapa 1), em um trajeto que superou 2400 km4. Cabe um último registro: O trabalho aqui apresentado é parte de projeto maior intitulado: Região das Guianas: do arco rodoviário da transguianense ao circuito fluvial Manaus-Santana, ainda para ser publicado em meio científico, mas que já conta com alguns registros fotográficos e informações em rede social (ver https://www.facebook.com/​expedicaoregiaodasguianas/​).

Mapa 1–A região das Guianas e suas fronteiras

Mapa 1–A região das Guianas e suas fronteiras

A região das Guianas por meio de iconografia

  • 5 Na fronteira entre Brasil e França essas embarcações motorizadas são chamadas de catraias e na entr (...)

5A região das Guianas (Mapa 1)é um complexo físico-natural e histórico-geopolítico no norte da América do Sul, constituída por partes do norte do Brasil, leste da Venezuela e as totalidades dos territórios da Guiana Francesa (França), Suriname e Rep. Cooperativa da Guiana (SILVA, 2016). Na região há fronteiras secas, outras conectadas por pontes ou cuja circulação ainda é realizada por meio de balsas e pequenas embarcações com motor de popa5. De um modo geral, cada fronteira cria uma lógica particular com dispositivos que se associam ao seu contexto histórico, embora possamos estabelecer certos “padrões” que são perceptíveis de maneira recorrente.

6Nosso texto e registro iconográfico correspondente foi organizado em duas partes: em primeiro, uma abordagem geral sobre a diversidade étnica nas Guianas e suas fronteiras lança bases para o tópico seguinte quando “apresentamos” as cidades fronteiriças nas Guianas e, de modo específico, focamos em três aspectos em especial: a circulação; o comércio e o padrão arquitetônico mais relevante.

Diversidade étnica nas Guianas

7diversidade étnica e cultural nas Guianas é produto de uma agitada história pela qual cada país passou e ainda passa. Isto se reflete nos costumes e hábitos muito diversos que nela se observam. Um dos traços que permeia as fronteiras das Guianas em geral é a representação significativa de povos indígenas e de matrizes africanas, mas também de descendentes de europeus e asiáticos (Índia, Indonésia, China, Laos e Vietnã, por exemplo) de um modo geral, fruto de séculos de mobilidade espacial e de exploração. Registre-se também que outros povos migraram para as Guianas e isso implicou em uma diversidade ainda maior lá existente. Embora as fronteiras carreguem estas marcas de maneira generalizada, é possível estabelecer especificidades em cada par de cidades fronteiriças e com isso lhes atribuir um grau de personalidade, ou seja, uma convergência de atributos culturais, sociais e econômicos que lhes são bem próprios.

8O Brasil, país com a maior quantidade de cidades pareadas nas fronteiras da região e também de maior extensão em limites internacionais ou díades (Mapa 1), destaca-se pela quantidade e diversidade de grupos indígenas (Foto 2) fundadas em três troncos centrais: Carib, Arawak e Tupi. Portanto, nas fronteiras que o Brasil partilha nas Guianas, há sempre um destaque para os dialetos indígenas.

Descritivo: a) Indígenas Waiãpi na fronteira entre França e Brasil; b) Indígena Kalina, etnia presente em toda a região das Guianas, sendo uma das sete etnias com maior predominância na Guiana Francesa; c) Indígenas Macuxi, etnia presente na fronteira do Brasil com a Rep. da Guiana. Também há grupos desta etnia na fronteira do Brasil com a Venezuela; d) Indígenas Palikur, etnia também presente na fronteira franco-brasileira; e) Indígenas Wapixana, etnia também presente nas fronteiras de Brasil e Rep. da Guiana e Brasil e Venezuela. Eles estão em maior número na reserva Raposa Serra do Sol, em Roraima; As fotos f) e h) mostram o povo Karipuna na Aldeia Espírito Santo no Estado do Amapá; A foto g) mostra uma indígena vendendo produtos derivados da mandioca (tucupi e goma de tapioca). É comum encontrar esse tipo de comércio ao longo da BR 156, no Amapá, especialmente nas proximidades do município de Oiapoque.

9Na Guiana Francesa, os grupos étnicos que se destacam são: mestiços (descendentes da mistura de brancos, negros e indígenas), que somando chegam a 46% da população, e indígenas (Foto 2) que vivem no seu interior e se destacam no par de cidades fronteiriças de Saint Georges e Oiapoque. Como visto na Foto 3, também existem minorias como asiáticos oriundos de Laos, China e da Índia, libaneses, franceses metropolitanos, surinamenses, hatianos, peruanos e também brasileiros (INSEE, 2015).

Foto 3– Mosaico de imagens da diversidade na Guiana Francesa

Foto 3– Mosaico de imagens da diversidade na Guiana Francesa

Fonte: Trabalho de campo (2017)

Descritivo: a) Alunos em ambiente escolar na Guiana Francesa, um retrato da diversidade étnica daquela coletividade territorial francesa: Crioulos, franceses metropolitanos e chineses; b) Parte da população é composta por crioulos, mestiços de forte expressão cultural na Guiana Francesa; c) Cena comum, um transeunte de descendência africana, uma chinesa e uma brasileira. Eles são parte da composição étnica da capital, Caiena; d) Mesmo considerados minoria, os franceses metropolitanos fazem parte do mosaico étnico -cultural da Guiana Francesa; e) Feirante de descendência hmong, grupo étnico do Laos que chegaram na década de 1970, estimulados pelo governo central francês a desenvolver a agricultura da Guiana Francesa que até então era incipiente; f) Os indígenas estão em todas as fronteiras da Guina Francesa e muitos já vivem nos centros urbanos como mostra essa imagem feita em Caiena.

10Os brasileiros ali se estabeleceram para inúmeros tipos de trabalho, mas com destaque negativo para a extração mineral ilegal de ouro. Este povo também é relativamente numeroso em todas as fronteiras das Guianas a exceção de Corriverton e Nieuw Nickerie, cidades tratadas com destaque no decorrer deste texto. Nas fronteiras da Guiana Francesa, os brasileiros são incontestavelmente garimpeiros que se deslocam com grande fluidez para trabalho em garimpos ilegais, sendo, portanto, uma população flutuante, móvel, embora possuam nódulos de destaque nas redes que estabeleceram há décadas não somente ali, mas também em toda a região das Guianas, tal como demonstra a Foto 4. Os nódulos criados são pontos de apoio para facilitar os que chegam e saem dos garimpos ilegais.

Descritivo: As imagens mostram trabalhadores em garimpos do Suriname (a); da Guiana Francesa (b) e da Rep. da Guiana (c)

11No Suriname, por sua vez, a demografia é perfilada por pessoas de ascendência indiana, crioula e africana (Foto 5). A língua oficial é o holandês, mas há cerca de 20 línguas faladas no país inteiro, inclusive em suas fronteiras, convergência do caleidoscópio no qual o país se transformou. Além do holandês e do inglês, que boa parte da população domina, muitas outras línguas são utilizadas correntemente, tais como o sranantongo (comumente chamada de Taki Taki), hindi, javanês, chinês, saramaca e variados idiomas indígenas.

Foto 5– Mosaico de imagens da diversidade no Suriname

Foto 5– Mosaico de imagens da diversidade no Suriname

Fonte: Trabalho de campo (2017)

Descrição: As imagens a) e b) mostram crioulos do Suriname e a imagem c) um descendente da Índia vendedor de CD em feira na cidade de Nieuw Nickerie; As imagens d) e e) mostram descendentes da Indonésia, enquanto que a imagem f) representa a população mestiça. Neste exemplo, em primeiro plano, a mistura de descendência africana e asiática.

  • 6 Nome derivado da fusão Bombaim, grande cidade indiana e onde está sediada, e Hollywood, maior indús (...)

12Segundo os últimos dados oficiais do Suriname (ABS, 2012), 27% de sua população é constituída por descendentes de indianos (Foto 4), concentrados acima de tudo na capital e oeste do país onde se localiza cidades como Nieuw Nickerie (Mapa 1, Foto 5); 16% são crioulos (surinameses nativos, em geral de ascendência africana), 14% javaneses (Foto 5) e 22% quilombolas chamados também de maroons, noire-marrons ou bushinengue, existindo ainda mestiços (13%), indígenas e chineses com 1%, e outros (3%). Essa composição se reflete nos hábitos e costumes da população. As culinárias hindu e javanesa, por exemplo, são muito populares e a televisão exibe novelas e filmes produzidos em Bollywood6.

  • 7 Panos quadriculados e bordados, utilizados por homes e mulheres bushinengue em formato de vestiment (...)

13Há ainda 22% de bushinengues (Foto 6), concentrados acima de tudo no leste do Suriname. Estes se tratam de descendentes de africanos que foram escravizados pelos holandeses colonizadores do Suriname entre os séculos XVII e XVIII. Superando a escravidão a partir de fugas para as matas fechadas às margens do rio Maroni, reiniciaram um estilo de vida tribal. Vivendo na floresta, eles se adaptaram à vida amazônica e passaram a dominar a navegação desde rio pedregoso. As Pirogues (Foto 7), os Pangi7 (Foto 6) e a arquitetura que carregam suas marcas sinalizam de forma ímpar a geograficidade dos bushinengue (Fotos 6, 7 e 12).

Foto 6 – Mosaico de imagens de Bushinengue na fronteira França-Suriname

Foto 6 – Mosaico de imagens de Bushinengue na fronteira França-Suriname

Fonte: Trabalho de campo (2017)

Descritivo: Crianças bushinengue do Suriname; b) No bairro La Charbonnière, em Saint-Laurent du Maroni, mulheres bushinengue tecem o pangi, um tipo de tecido que possui um traçado próprio daquela cultura. Os pangis são transformados em saias de uso masculino e feminino, além de vestidos e adornos para a cabeça; c) Às margens do Maroni, mulheres trabalham vestidas de pangi; d) As Bushinengue em Saint Laurent du Maroni; e) Dois bushnengue nos acompanharam nessa parte do trabalho de campo apresentando a dinâmica social, cultural e econômica no curso do rio Maroni. Em destaque, a pirogue que nos transportou e os bushinengue com a bandeira de nossa incursão pelas Guianas; f) Em uma comunidade quilombola no Suriname, o tecido recebe o traço da iconografia bushinengue.

Foto 7– Mosaico de imagens de Pirogues na Fronteira França-Suriname

Foto 7– Mosaico de imagens de Pirogues na Fronteira França-Suriname

Fonte: Trabalho de campo (2017)

Descritivo: a) Na paisagem do rio Maroni é comum a presença das pirogues, tipos de pequenas embarcações que fazem parte da cultura bushinengue; b) As pirogues transportam a população e produtos que circulam na fronteira da Guiana Francesa com o Suriname; c) Uma pirogue em fase de construção. Elas são feitas de tronco de árvore de madeira nobre (Argelim principalmente), as quais, em seu procedimento de fabricação, são cavadas e moldadas para evitar emendas e com isso garantem resistência; A foto d) mostra crianças bushinengue brincando entre as pirogues atracadas às margens do rio Maroni.

  • 8 Conforme Mello (2014), autores como Bickerton (1975) e Rickford (1987) chamaram de “variações criou (...)
  • 9 Misto é uma categoria de identificação, e auto-identificação, extremamente complexa, variável e que (...)

14Já na Rep. da Guiana (Foto 8), muito embora a língua oficial seja o inglês, no cotidiano a maioria das pessoas fala o crioulo8. O último censo da Rep. da Guiana (BoS, 2012) destacou que indianos representam 43,45% da população, espacialmente distribuídos principalmente na capital e no leste do país; descendentes de africanos representam 30,20%, e indígenas com 9,16%, cuja predominância se dá no interior e no sul do país, já na fronteira com o Brasil. Portugueses são 0,20%; chineses são 0,19%; e europeus com 0,06% da população. Há um contingente expressivo de indivíduos categorizados como mistos9, que representam 16,73% da população. Embora menos representativa que indianos e afro-descendentes, as populações indígenas promoveram uma história marcada por deslocamentos em massa.

Foto 8- Mosaico de imagens da diversidade na Rep. da Guiana

Foto 8- Mosaico de imagens da diversidade na Rep. da Guiana

Fonte: Trabalho de campo (2017)

Descritivo: As fotos a), b) e c) mostram os Guianenses de descendência africana, eles são a segunda maior população do país; A imagem d) é a de um jovem de descendência indiana. Eles representam a maioria da população na República da Guiana.

15Os venezuelanos (Foto 9) têm uma rica composição étnica também. A partir do período colonial, ocorreu a miscigenação de índios, espanhóis e africanos. Os mestiços, combinação de ancestrais europeus, indígenas e africanos, independente de onde nasceram, somam 69%. Venezuelanos de ascendência predominantemente européia formam o segundo maior grupo étnico do país, computando cerca de 43,6% de toda a população; 4% são afro-descendentes, 1% de indígenas e 5% de asiáticos (INE, 2014). O idioma oficial da Venezuela é o espanhol, mas também são falados idiomas indígenas (superando trinta), dos quais podemos destacar o Wayúu, o Warao e Pemón (SIMONS; FENNING, 2018).

Foto 9- Mosaico de imagens da diversidade na Venezuela

Foto 9- Mosaico de imagens da diversidade na Venezuela

Fonte: Trabalho de campo (2017)

Os registros a) e b) foram feitos na fronteira Brasil - Venezuela, na cidade de Pacaraima, porta de entrada para venezuelanos que buscam abrigo em países vizinhos em razão de crise política, econômica e social que ali se instalou nos últimos anos. Essa vivência nos permitiu, entre outros aspectos, perceber a composição étnica daquela nação; A foto c) mostra Venezuelanas na cidade de Santa Elena de Uairem; A foto d) foi feita nas ruas de Boa Vista. Venezuelanos chamam a atenção da população de Roraima com cartazes pedindo ajuda e acolhimento.

16Toda esta composição étnica, fruto de séculos de ocupação, mobilidades e conflitos, influenciou as práticas espaciais, a geografia econômica, o patrimônio arquitetônico e as demais formas e conteúdos pelos quais as cidades de fronteira da região das Guianas foram sendo configuradas. A seguir daremos atenção a estas cidades que, por sua localização, canalizam uma dimensão internacional muito forte e a proximidade com outro país e formas de gestão territorial diferente impõe uma complexidade no uso do território fronteiriço.

As cidades em interface fronteiriça nas Guianas: circulação, atividades econômicas e padrões arquitetônicos

17Na região das Guianas há 5 conjuntos de cidades fronteiriças, sendo dois deles articulados por pontes, outros dois através de embarcações e uma terrestre (Mapa 1). Na fronteira entre Brasil e França o limite internacional é o rio Oiapoque, por meio do qual a cidade de mesmo nome do lado brasileiro, pelo estado do Amapá, comunica-se com Saint Georges de l’Oyapock, na Guiana Francesa (Mapa 2). De todas as fronteiras das Guianas, esta é a mais peculiar do ponto de vista político-institucional, haja vista ter próximo do Brasil, país sul-americano, uma Coletividade Territorial da França, a Guiana Francesa. Vários arranjos institucionais em variados temas atinentes àquele espaço geográfico são mais complexos que o usual, tendo em vista que as decisões de “abrir” ou “fechar” nas interações fronteiriças consideram parâmetros estabelecidos também pela União Europeia, bloco regional do qual a França é signatária.

Mapa 2- Cidades fronteiriças de Oiapoque e Saint Georges

Mapa 2- Cidades fronteiriças de Oiapoque e Saint Georges
  • 10 Na Guiana Francesa, a moeda é o Euro ao passo que no Suriname é o Dólar do Suriname (SRD). Segundo (...)

18Seguindo no sentido anti-horário a partir da fronteira franco-brasileira, as cidades fronteiriças seguintes são Saint Laurent du Maroni, francesa, e Albina, surinamesa (Mapa 3). O núcleo urbano da cidade francesa é o mais organizado de todas as cidades fronteiriças das Guianas, que conta também com uma riqueza histórico-cultural de destaque na Guiana Francesa. No outro lado do rio Maroni, Albina, com uma fraca demografia quando comparada às demais cidades de fronteira, mas significativa população flutuante, tem uma precária infraestrutura urbana. Duas observações sobre a cidade de Albina: em primeiro lugar que aquela cidade parece ser muito mais um centro comercial de Saint Laurent10 do que efetivamente uma cidade. Em segundo lugar, que aparenta ser também muito mais um entreposto comercial para garimpeiros brasileiros que se movem de maneira intermitente para o interior da Guiana Francesa do que uma moradia fixa.

Mapa 3 – Cidades fronteiriças de Saint Laurent e Albina

Mapa 3 – Cidades fronteiriças de Saint Laurent e Albina

19Seguindo pela transguianense, a proximidade entre Nieuw Nickerie, Suriname, e Corriverton, Rep. da Guiana, forma o conjunto de cidades fronteiriças que marca o rio Corantine (Mapa 4). Estas cidades estão abaixo da linha do mar e por esta razão barragens foram construídas de modo a conter o avanço da massa hídrica sobre aquelas cidades. Isto ocorreu porque canais foram abertos e o fluxo hídrico que por lá passa é controlado por comportas e elas são vistas no decorrer do trajeto da tranguianense, sobretudo no trecho entre o Suriname e a Rep. da Guiana. Na chegada à cidade de Nieuw Nickerie estes canais já fazem parte do cotidiano.

20No mapa 4 se observa um grande distanciamento entre as cidades que margeiam o Corantine. Isto dificulta ainda mais as interações entre elas, somado a uma história marcada por litígios marítimo-territoriais (SILVA, 2017) os quais promoveram um sistemático afastamento e truncadas relações diplomáticas entre o Suriname e a Rep. da Guiana. Considerando como ponto de apoio as interações entre Nieuw Nickerie e Corriverton, é possível afirmar que estas são as mais frágeis politicamente para fortalecimento transfronteiriço na região das Guianas.

Mapa 4 – Cidades fronteiriças de Nieuw Nickerie e Corriverton

Mapa 4 – Cidades fronteiriças de Nieuw Nickerie e Corriverton

21As cidades de Lethen, Rep. da Guiana, e Bonfim, Brasil, (Mapa 5) são as cidades fronteiriças seguintes pelo percurso da transguianense e, tal como no rio Oiapoque, há uma ponte binacional como nódulo técnico de articulação entre elas. A cidade guianense é pequena, com uma fraca demografia e problemas substanciais na estrutura urbana, a exemplo de Albina, no Suriname. Atualmente serve acima de tudo como local para compra de produtos chineses.

Mapa 5- Cidades fronteiriças de Lethen e Bonfim

Mapa 5- Cidades fronteiriças de Lethen e Bonfim

22Por fim, há as cidades fronteiriças de Pacaraima, Brasil, e Santa Elena de Uairén, Venezuela, única fronteira seca nas Guianas e a que possui a maior distância física entre as duas cidades. São cerca de 20 minutos de veículo motorizado para transitar de uma a outra cidade. De todos os pares de cidades fronteiriças, este conjunto é o mais noticiado hoje no mundo em razão da crise política, econômica e social pela qual os venezuelanos passam e tal configuração tem alterado sistematicamente as interações transfronteiriças. A Foto 9, por exemplo, mostra venezuelanos em Boa Vista, chamando a atenção para o problema pelo qual passam com a crise acima mencionada.

Mapa 6– Cidades fronteiriças de Pacaraima e Santa Elena

Mapa 6– Cidades fronteiriças de Pacaraima e Santa Elena

23Após a análise geral acima sobre a diversidade e algumas das características centrais de cada par de cidades de fronteira nas Guianas, os tópicos seguintes focarão nos três eixos centrais deste texto: circulação, atividades econômicas-interações e patrimônio arquitetônico

Formas de circulação

  • 11 Elas pertencem ao patrimônio material da cultura Bushinengue.
  • 12 Uma das alegações principais é o reduzido quantitativo de servidores do lado brasileiro para o func (...)

24O primeiro eixo de destaque é a maneira como as cidades fronteiriças se articulam e o grau de intensidade com o qual elas interagem (Foto 10). A circulação pelos rios Oiapoque, fronteira do Brasil com a França, e Maroni, entre Suriname e França,é feita por pequenas e médias embarcações motorizadas. São localmente chamadas de catraias e pirogues11, respectivamente. No rio Oiapoque a circulação também é feita utilizando a ponte binacional, inaugurada em 2017, para trânsito de pessoas de segunda a sábado. Neste momento o deslocamento é possível apenas para carros de passeio12. Já no Maroni a circulação de veículos motorizados como carros é realizada por balsas.

25A circulação pelo rio Corantine (Foto 10) é a mais limitada, já que ocorre oficialmente 01 vez por dia de cada lado por meio de balsa, embora em momentos de festividades, como no Natal, este trânsito seja efetuado duas ou três vezes ao dia, segundo relatos. Nesta fronteira, ainda há a circulação de pequenas embarcações motorizadas, mas cuja movimentação entre ambos os lados se faz na informalidade. Na fronteira entre Lethen e Bonfim a circulação até 2011 era feita por meio do rio Tacutu, mas desde então é realizada através de ponte binacional, embora ainda haja, com baixa frequência, a circulação de pequenas embarcações pelo rio. Entre Brasil e Venezuela há a única fronteira seca das Guianas (Mapa 1), cuja circulação é realizada por via terrestre.

Foto 10 - Mosaico de imagens sobre circulação nas fronteiras das Guianas

Foto 10 - Mosaico de imagens sobre circulação nas fronteiras das Guianas

Fonte: Trabalho de campo (2017)

Descritivo: a) Mesmo com a inauguração da ponte binacional, as catraias continuam articulando o vai e vem de pessoas e mercadorias entre as cidades do lado Brasileiro e Francês.É uma atividade realizada predominantemente por brasileiros e é regulamentada através de cooperativas e associações nas cidades de Oiapoque e Saint Georges; b) Ponte Binacional sobre o rio Oiapoque entre as cidades de Oiapoque e Saint Georges; c) Balsa que faz a travessia entre a Guiana Francesa e o Suriname. Embarcação que transporta passageiros e automóveis dos dois lados da fronteira. No ponto de partida-chegada há fiscalização aduaneira para controle de entrada e saída de pessoas e produtos; d) Pirogues. Elas pertencem ao patrimônio material da cultura Bushinengue; e) Passageiros a caminho da balsa que sai do Suriname com destino à República da Guiana. A travessia dura aproximadamente 50 minutos; f) A maneira formal de circulação no rio Corantine é através de ferryboat, um modelo de balsa preparada para acomodar carros e passageiros. Essa travessia é possível e é feita uma vez ao dia em cada margem da fronteira; g) Essas pequenas embarcações circulam no rio Corantine. Mesmo com baixa densidade, é uma das alternativas para se transitar entre as cidades de fronteira ao longo do dia; h) O rio Tacutu marca a fronteira entre República da Guiana e o Brasil. Nele foi erguida uma ponte que liga as duas nações; i) Essa é a única fronteira seca em todo o trajeto da Transguianense. A foto i) mostra o posto de fiscalização do lado brasileiro em Pacaraima. A foto j) mostra o posto de controle aduaneiro do lado venezuelano em Santa Elena de Uairem.

Principais atividades econômicas nas interações

26As principais atividades econômicas são variadas, mas em nenhuma há destaque para a industrial. Os setores primário e terciário dominam a geografia econômica das fronteiras (Foto 11). O comércio de produtos para consumo e a atividade aurífera são emblemáticos nas cidades de Oiapoque e Albina, centros de tais atividades nas suas respectivas fronteiras. Um destaque na paisagem do rio Maroni é o comércio de combustível do lado surinamês para o francês e, acima de tudo, para os variados garimpos no interior da Guiana Francesa. Há um comércio de venda de produtos variados em Albina tendo à frente chineses que, como dito antes, a cidade funciona como entreposto para quem chega ou parte dos/para os garimpos. Nesse tipo de estabelecimento, que é muito comum na região das Guianas, vendem-se inúmeros tipos de produtos, do ouro ao frango congelado, de utensílios de casa a maquinário de garimpo, de eletrodoméstico a material de papelaria, de combustível a descartáveis e serviço de câmbio.

27A produção de arroz é o carro chefe nas cidades de Nieuw Nickerie e Corriverton, embora a extração de madeira também tenha destaque nesta última. De Corriverton a madeira, in natura, saem toras de madeira principalmente via o porto de Demerara, em Georgetown, para abastecer os mercados europeu e norte americano. A Foto 11 mostra uma instalação situada no rio Corantine onde parte destas toras é estocada. Em Lethen, cidade de fronteira com Bonfim, a atividade econômica se dá com o mercado varejista, cuja atividade é predominantemente controlada por chineses. Esses produtos abastecem o comércio de cidades brasileiras dos Estados de Roraima e Amazonas. Este mercado se intensificou com a abertura da ponte sobre o rio Tacutu, haja vista que vários comerciantes de Manaus e Boa Vista passaram a se deslocar para comprar produtos baratos nesta cidade da Guiana e vender no lado brasileiro. Por fim, com a crise já mencionada na Venezuela, há com frequência a ida de venezuelanos para Pacaraima comprar alimentos e vestuário.

Foto 11- Mosaico de imagens sobre atividades econômicas nas fronteiras das Guianas

Foto 11- Mosaico de imagens sobre atividades econômicas nas fronteiras das Guianas

Fonte: Trabalho de campo (2017)

Descritivo: a) Interior de um dos comércios do lado surinamense no qual se demonstra uma variedade de produtos em exposição, boa parte adquirida por garimpeiros que entram e saem a todo momento do interior da Guiana Francesa sobretudo; b) Retrata parte da dinâmica comercial das duas principais cidades do rio Maroni. Mostra homens em Albina abastecendo com combustível os tonéis para serem comercializados do outro lado da fronteira; c) Registro do momento em que um carro do lado francês é abastecido clandestinamente com combustível do Suriname, uma cena comum na dinâmica local; d) Orla de Albina. Em destaque os tonéis para armazenamento de combustível prontos para serem embarcados nas Pirogues. Os destinos são vários, especialmente garimpos no interior da Guiana Francesa e para a cidade francesa de Saint Laurent du Maroni; e) Trabalhadores das plantações de arroz da fronteira do Suriname com a Rep. da Guiana. Do lado surinamense, os lagos e canais estão por quase toda a extensão da rodovia que leva à cidade de Neauw Nickerie. O trabalho de irrigação dessa cultura se faz de forma mecanizada; f) Maquinários utilizados na produção de arroz. É comum encontrá-los nas ruas de Nieuw Nickerie por serem os arrozais a principal atividade econômica da cidade; g) Em destaque uma estrutura para armazenamento de arroz na cidade de Corriverton; h) Na Rep. da Guiana é comum a atividade madeireira. O registro é na cidade de Corriverton, uma das portas de saída desse produto, que sem nenhum tipo de beneficiamento são enviados para os mercados estadunidense e europeu principalmente; i) A foto mostra um anúncio de publicidade sobre a exportação de madeira da Rep. da Guiana para a União Européia; j) Comércio varejista na cidade de Lethen dominado quase que em sua totalidade por chineses. É comum a presença de brasileiros que se deslocam em busca dessas mercadorias para serem revendidas nos estados de Roraima e Amazonas; As fotos k) e l) destacam carros venezuelanos na cidade de Pacaraima anunciando serviço de transporte entre aquele país e o Brasil. Na foto k), o anuncio no para-brisas oferece o serviço de frete; l) No vidro traseiro podemos identificar a rota ofertada: é entre a cidade de Puerto La Cruz e a região de La Gran Savana, onde estão as cidades fronteiriças de Santa Elena e Pacaraima; m) Venezuelano retornando ao seu país após fazer compras de necessidades básicas em Pacaraima.

Patrimônio arquitetônico

28O padrão arquitetônico das fronteiras das Guianas também é muito variado (Foto 12). Em geral, diferentes tipos de construções indígenas são visíveis em toda região das Guianas e as suas fronteiras expressam isso, a exceção da fronteira da Rep. da Guiana com o Suriname. Alguns detalhamentos, contudo, são necessários em relação a este tema. Em Saint Georges é possível identificar casas criolas, enquanto em Oiapoque as palafitas e casas ribeirinhas fazem parte de sua estrutura. Na outra ponta da Guiana Francesa a arquitetura quilombola dos marrons no bairro La Charbonnière é bastante emblemática. Na fronteira entre Suriname e Rep. da Guiana são notórios os templos hindus e as mesquitas. Toda esta arquitetura é fruto da diversidade étnica exposta no início deste texto.

Foto 12–Patrimônio arquitetônico de destaque nas fronteiras das Guianas

Foto 12–Patrimônio arquitetônico de destaque nas fronteiras das Guianas

Fonte: Trabalho de campo (2017)

Descritivo: a) Esses casarões erguidos em madeira são de arquitetura crioula e marcam parte da paisagem local da Guiana Francesa. É uma herança histórica das elites crioulas, especialmente as ligadas à atividade garimpeira de séculos passados. Hoje, a maioria destes casarões foi transformado em hotéis, restaurantes, centros culturais e pequenos comércios como esse na cidade de Saint Georges; b) Casas do bairro La Charbonnière, criado na década de 1980 na cidade de Saint Laurent du Maroni . A arquitetura é bushinengue e marca uma parte da paisagem dessa cidade as margens do rio Maroni; c) Os templos hindu presentes nas cidades de Corantine são expressão da significativa parcela da população descendente de indianos que vive no Suriname e Rep. da Guiana. A cidade de Neauw Nickerie, representada na imagem, é uma das que mais possui habitantes desse grupo; d) Mesquitas em Corriverton.As fotos e) e f) mostram casas ribeirinhas suspensas em palafitas às margens do rio Oiapoque, lado Brasileiro.

Conclusão

29Como já mencionado no início do texto, pesquisadores e estudantes da UNIFAP têm se debruçado sobre textos, documentos e realizado trabalho de campo com o intuito de compreender comportamentos específicos e padrões gerais nas fronteiras das Guianas e o Mestrado em Estudos de Fronteira abriu novas oportunidades de pesquisa. Este trabalho foi uma singela, mas necessária contribuição para “apresentar” uma configuração atual das fronteiras das Guianas a partir de um registro iconográfico comentado. Estruturado em três grandes eixos (circulação; comércio e padrão arquitetônico) o texto enfocou assuntos importantes para dar visibilidade a espacialidades e problemas pelos quais as cidades fronteiriças se estruturam. A avaliação central é que toda a complexidade lá presente é resultado de séculos de ocupação, mobilidades e conflitos. A avaliação específica sobre a i) circulação, ii) o comércio e a iii) arquitetura é a seguinte:

30i) Nos 5 conjuntos de cidades fronteiriças (Oiapoque - Saint Georges / Saint Laurent du Maroni – Albina /Nickerie–Corriverton /Lethen – Bonfim / Pacaraima – Santa Elena de Uairém), a circulação em dois deles é articulada por pontes, outros dois por meio de embarcações e uma terrestre. Em geral, vários arranjos institucionais em múltiplos temas atinentes àquele espaço geográfico são mais complexos que o usual, tendo em vista que as decisões de “abrir” ou “fechar” nas interações fronteiriças consideram toda a dinâmica política e econômica que os países possuem e cujos reflexos são sentidos direta ou indiretamente nas cidades fronteiriças.

31ii) As principais atividades econômicas são variadas, mas em nenhuma há destaque para a industrial.

32iii) O padrão arquitetônico é diversificado. Em geral, diferentes tipos de construções indígenas são visíveis em toda região das Guianas e as suas fronteiras expressam isso, a exceção da fronteira da Rep. da Guiana com o Suriname. Ademais, o padrão étnico influencia as especificidades arquitetônicas de cada par de cidades de fronteira.

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Fotos indígenas

http://portal.iphan.gov.br/pagina/detalhes/54

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http://www.luizcribeiro.com/first-world-indigenous-games

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Notes

1 Guiana significa “terra de muitas águas”em língua indígena aruaque (GUYANA, 2015). Grosso modo, o aruaque era falado por vários grupos indígenas americanos, alguns dos quais foram os primeiros habitantes das Guianas.

2 Nas demais menções, assinaremos Rep. da Guiana.

3 Este trabalho contou com financiamento da Coordenação de Aperfeiçoamento do Pessoal de Nível Superior (CAPES), por meio do projeto Transfronteirizações na América do Sul: Dinâmicas Territoriais, Desenvolvimento Regional, Integração e Defesa nas Fronteiras Meridional e Setentrional do Brasil (Edital nº031/2013 Pró-Defesa/CAPES, código 42001013065P3). Agradecemos ao Dr. Yurgel Caldas pela leitura atenta na revisão textual deste trabalho e também ao Dr. Stéphane Granger que leu cuidadosamente a versão preliminar do manuscrito e apontou melhorias que incorporamos ao texto.

4 Este percurso representa a chamada rodovia Transguianense, conjunto de vias terrestres que – ao ser associada com as conexões por pontes ou balsas – interliga os países acima mencionados e por meio da qual ocorreu a viagem da equipe.

5 Na fronteira entre Brasil e França essas embarcações motorizadas são chamadas de catraias e na entre França e Suriname de pirogues. Nas demais fronteiras fluviais não há uma expressão peculiar para essas pequenas embarcações.

6 Nome derivado da fusão Bombaim, grande cidade indiana e onde está sediada, e Hollywood, maior indústria cinematográfica do mundo, nos Estados Unidos. Trata-se da maior indústria de cinema de língua híndi.

7 Panos quadriculados e bordados, utilizados por homes e mulheres bushinengue em formato de vestimenta ou adorno.

8 Conforme Mello (2014), autores como Bickerton (1975) e Rickford (1987) chamaram de “variações crioulizadas do inglês”. Também chamado de “pidgin english”, ou “broken english”, o “crioulo” é comumente usado para o dialeto de base francesa falado na Guiana Francesa, Antilhas francesas e no Haiti.

9 Misto é uma categoria de identificação, e auto-identificação, extremamente complexa, variável e que coloca em xeque a suposta rigidez das identidades étnicas guianenses, embora ainda não se tenha refletido devidamente acerca dessa categoria.

10 Na Guiana Francesa, a moeda é o Euro ao passo que no Suriname é o Dólar do Suriname (SRD). Segundo dados de 03 de outubro de 2018, € 1,00 correspondia a SRD 8,60 (https://coinmill.com/EUR_SRD.html). O peso econômico do Euro fez com que a cidade de Albina, na carência de densidade econômica associado à importância que a sua vizinha Saint Laurent possui, se estruturasse como um centro de vendas de produtos dos mais variados para garimpeiros e àqueles que moram do lado francês da fronteira.

11 Elas pertencem ao patrimônio material da cultura Bushinengue.

12 Uma das alegações principais é o reduzido quantitativo de servidores do lado brasileiro para o funcionamento da estrutura aduaneira nos finais de semana.

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Table des illustrations

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Titre Mapa 1–A região das Guianas e suas fronteiras
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Fichier image/png, 301k
Titre Foto 2–Mosaico de imagens de povos indígenas nas Fronteiras das Guianas
Crédits Fonte: Trabalho de Campo (2017) http://portal.iphan.gov.br/​pagina/​detalhes/​54; http://www2.unifap.br/​oiapoque/​2016/​11/​22/​povo-palikur-arukwayene-realiza-a-kayka-aramtem-na-terra-indigena-uacaoiapoque/​; http://www.luizcribeiro.com/​first-world-indigenous-games; http://g1.globo.com/​rr/​roraima/​noticia/​2014/​07/​em-rr-inss-pode-pagar-ate-r100-mil-por-danos-morais-ao-povo-macuxi.html; http://www.jesuitasbrasil.com/​newportal/​2013/​04/​10/​pe-urbano-relata-missao-em-comunidades-indigenas/​
URL http://0-journals-openedition-org.catalogue.libraries.london.ac.uk/confins/docannexe/image/17689/img-3.jpg
Fichier image/jpeg, 68k
Titre Foto 3– Mosaico de imagens da diversidade na Guiana Francesa
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Fichier image/jpeg, 48k
Titre Foto 4 – Garimpos na Rep. da Guiana, Suriname e Guiana Francesa
Crédits Fontes: http://guyanachronicle.com/​2016/​02/​29/​uk-company-eyes-large-scale-gold-mining-here; https://brasil.efeagro.com/​noticia/​brasil-e-franca-devem-agir-contra-garimpo-ilegal-de-ouro/​; https://www.vice.com/​en_us/​article/​ppqqg8/​inside-surinames-rainforest-destroying-gold-rush
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Fichier image/jpeg, 24k
Titre Foto 5– Mosaico de imagens da diversidade no Suriname
Crédits Fonte: Trabalho de campo (2017)
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Fichier image/jpeg, 48k
Titre Foto 6 – Mosaico de imagens de Bushinengue na fronteira França-Suriname
Crédits Fonte: Trabalho de campo (2017)
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Fichier image/jpeg, 52k
Titre Foto 7– Mosaico de imagens de Pirogues na Fronteira França-Suriname
Crédits Fonte: Trabalho de campo (2017)
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Fichier image/jpeg, 44k
Titre Foto 8- Mosaico de imagens da diversidade na Rep. da Guiana
Crédits Fonte: Trabalho de campo (2017)
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Fichier image/jpeg, 40k
Titre Foto 9- Mosaico de imagens da diversidade na Venezuela
Crédits Fonte: Trabalho de campo (2017)
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Fichier image/jpeg, 44k
Titre Mapa 2- Cidades fronteiriças de Oiapoque e Saint Georges
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Titre Mapa 3 – Cidades fronteiriças de Saint Laurent e Albina
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Fichier image/jpeg, 24k
Titre Mapa 4 – Cidades fronteiriças de Nieuw Nickerie e Corriverton
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Titre Mapa 5- Cidades fronteiriças de Lethen e Bonfim
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Fichier image/jpeg, 36k
Titre Mapa 6– Cidades fronteiriças de Pacaraima e Santa Elena
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Fichier image/jpeg, 32k
Titre Foto 10 - Mosaico de imagens sobre circulação nas fronteiras das Guianas
Crédits Fonte: Trabalho de campo (2017)
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Titre Foto 11- Mosaico de imagens sobre atividades econômicas nas fronteiras das Guianas
Crédits Fonte: Trabalho de campo (2017)
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Titre Foto 12–Patrimônio arquitetônico de destaque nas fronteiras das Guianas
Crédits Fonte: Trabalho de campo (2017)
URL http://0-journals-openedition-org.catalogue.libraries.london.ac.uk/confins/docannexe/image/17689/img-18.jpg
Fichier image/jpeg, 53k
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Pour citer cet article

Référence électronique

Gutemberg de Vilhena Silva, Clicia Vieira Di Miceli et Brenda Farias da Silva, « Iconografia das fronteiras das Guianas »Confins [En ligne], 39 | 2019, mis en ligne le 22 mars 2019, consulté le 11 décembre 2024. URL : http://0-journals-openedition-org.catalogue.libraries.london.ac.uk/confins/17689 ; DOI : https://0-doi-org.catalogue.libraries.london.ac.uk/10.4000/confins.17689

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Auteurs

Gutemberg de Vilhena Silva

Universidade Federal do Amapá (UNIFAP). bgeografo@gmail.com

Articles du même auteur

Clicia Vieira Di Miceli

Mestranda no PPGEF-UNIFAP, cliciadimiceli@gmail.com

Brenda Farias da Silva

Mestranda no PPGEF-UNIFAP, brenda.fariasds@gmail.com

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Droits d’auteur

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Le texte seul est utilisable sous licence CC BY-NC-SA 4.0. Les autres éléments (illustrations, fichiers annexes importés) sont « Tous droits réservés », sauf mention contraire.

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