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Dossiê Cartografias ambientais do Rio Grande do Norte

Paisagens do Rio Grande do Norte: uma introdução às diversidades regionais e marcas das ações geográficas no espaço potiguar

Les paysages du Rio Grande do Norte: une introduction aux diversités régionales et aux marques geographiques dans l'espace potiguar
Landscapes of Rio Grande do Norte: an introduction to regional diversity and geographical features on potiguar space.
Rodrigo de Freitas Amorim, Raimundo Nonato Junior et Juliana Felipe Farias Poster

Résumés

Cet article présente des réflexions introductives sur la catégorie géographique du paysage, analysées dans le contexte territorial de l'État du Rio Grande do Norte, au nord-est du Brésil. Son objectif est de proposer de nouvelles façons de lire, d'interpréter et d'analyser les paysages de cet état fédéré brésilien. On analyse la classification du paysage en fonction de l'interaction entre les critères physiques et humains, afin de concevoir une méthodologie d'analyse transversale. Les unités de paysage délimitées indiquent une relation dialogique entre les catégories du paysage et de la région, ainsi que diverses formes de manifestation de celles-ci dans l'espace géographique. La diversité des marques dans la morphologie de l'État est utilisée pour remettre en question une vision erronée sur l’homogénéisation des paysages du Nord-Est du Brésil. Les données indiquent que la conception hybride du paysage est une provocation à la pensée de l'épistémologie géographique contemporaine, aussi bien que ses nouvelles formes de configuration spatiale.

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Index géographique :

Rio Grande do Norte

Índice de palavras-chaves:

paisagem, região, geografia física, geografia regional
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Texte intégral

Natal e o estuarioAfficher l’image
Crédits : Hervé Théry 2015

1Ao abordar as diferenças paisagísticas do Rio Grande do Norte (RN) se poderia aparentemente evocar a realização de uma tarefa simples, em decorrência das dimensões territoriais do Estado, quando comparada ao tamanho do país ou da Região Nordeste. Todavia, aqueles que conhecem suas nuances físicas e sociais sabem que se trata de um contexto extremamente complexo, composto por uma rede de desafios humanos e naturais. Nesse contexto, o objetivo primeiro do presente trabalho é delimitar e discutir as diferentes unidade que compõe o mosaico paisagístico do RN com base na proposta de (Sauer, 1969) e em segundo plano oferecer um texto sintético e de fácil leitura que sirva de base para uma compreensão geral do Estado.

2Para se compreender os compartimentos de paisagem do Rio Grande do Norte é preciso pensar na sobreposição de diferentes níveis de informação, começando pela geologia, passando pela climatologia e geomorfologia, por fim na sociedade que ocupa, marca e molda cada unidade a partir do uso do solo e da regionalização da paisagem por meio das práticas econômicas, sociais e culturais. Assim, a paisagem é compreendida enquanto unidade que caracteriza particularidades de “fatos geográficos” (Sauer, 1969), portanto, ela exibe estruturas, formas e processos, os quais descrevem uma área formada por conjuntos híbridos de condições natruais e forças sociais. Logo, os aspectos naturais e humanos são concebidos enquanto produtores de marcas cujos elementos se encontram imbricados na paisagem, pressupondo-se que:

não há cisão entre geografia física e humana, tampouco entre escalas locais, regionais e internacionais, pois a ciência geográfica é compreendida de forma ampla e dialógica, articulada em redes humanas, políticas, institucionais, culturais, psicológicas, naturais e econômicas (Dantas; Nonato Júnior; Gomes, 2016).

3Se faz mister, também, trazer à baila a paisagem como produto regional e a região tendo sua delimitação diretamente vinculada aos aspectos paisagísticos. Assim, realiza-se um diálogo com os estudos paisagísticos da Geografia Regional, compreendo a paisagem dentro do conceito de “Complexo Geográfico”, conforme cunhado por Monbeig (1957); Théry (1992) e amplamente estudado até a atualidade. Isto significa que a região é pensada como uma das forças que marcam o uso da paisagem, ao mesmo tempo em que também sofre influência desta para produção de sua diferenciação no espaço geográfico. Trata-se, então, de uma região constituída nas tensões geradas na interface entre as ações geográficas e o meio natural, considerando suas contingências e especificidades (Nonato Júnior, 2016).

4Diante deste contexto, as unidades de paisagem pensadas para este estudo foram definidas em função dos principais condicionantes geográficos, conjugando-se questões naturais e os usos sociais do espaço geográfico. Assim, não se trata de classificação unidirecional que utilize um único parâmetro, mas de definição tomada a partir de conjunto de fatores, prevalecendo em algumas unidades o uso por meio das características físicas, enquanto em outras destacam-se marcas na paisagem por processo de regionalização e/ou uso econômico e cultural. Em quaisquer dos casos a paisagem é tomado como objeto híbrido, no qual o natural e social se manifestam simultâneamente.

5O olhar do Geógrafo sobre a paisagem não é algo simples e que possa ser realizado de forma rápida, é preciso paciência e investimento analítico na observação e interpretação dos objetos que a compõem. Buscar entender porque as formas estão organizadas daquela maneira, como os processos atuam na evolução dessas paisagens em diferentes escalas de tempo e espaço. Em um segundo momento é preciso saber como as populações vêm interagindo/produzindo com esse ambiente físico e como elas buscam se organizar a partir dos problemas das variações ambientais. Saber suas técnicas adaptativas e transformadoras das marcas na superficie habitada, bem como compreender em que perspectiva tais ações mudam a paisagem, inclusive do ponto de vista do entendimento dos sujeitos. É a partir desta visão ramificada, integrada e híbrida que os fatos geográficos citados por Sauer são analisados como produtores do complexo geográfico no qual a paisagem é produto e produtora simultânea das relações espaciais e das marcas em sua morfologia.

Critérios para delimitação da paisagem

6A definição das unidades de paisagem teve como base a sobreposição dos diferentes componentes do meio físico e seus consequentes arranjos sociais. Para tanto, foram utilizadas a altimetria do Estado, juntamente com os limites litoestruturais, climáticos e geomorfológicos; em justaposição às formas de uso do solo e ocupação do espaço. Essas informações foram complementadas com trabalho de campo em diferentes compartimentos paisagísticos do Estado: Chapada do Apodi, Martins, São Miguel, Patu, Macau, Serra de São Bento, São Miguel do Gostoso, dentre outras localidades. Os campo foram realizados ao longo de 2017 e janeiro de 2018, buscando conhecer in locu todas os contextos paisagísticos que compões o mosaico norte riograndence. Durante os campo foram realizadas entrevistas não estruturadas com moradores dos pequenos centros urbanos, comerciantes, moradores da zona rural, buscando compreender como as pessoas se apropriam da paisagem, nomeiam e utilizam no fazer cotidiano.

7As unidades de paisagem aqui tratadas diferem da classificação das unidades geoambientais do Rio Grande do Norte, definidas por Cestaro et al. (2017), consideradas importantes para compreensão das classificações anteriores, baseadas nos aspectos naturais no tocante as trocas de matéria e energia dentro e entre os geossistemas. A referida classificação se pautou na definição de unidades da escala de análise do Geossistema, tendo como base a metodologia de Bertand (1972) cujo fundamento está nas combinações bio-ecológicas e inorgânicas onde o intercâmbio de matéria e energia orienta os limites das unidades, sendo a apropriação humana um fator secundário.

8A base teórica para delimitação das unidades em nosso trabalho foi o entendimento de paisagem proposta no texto The Morphology of Landscape (Sauer, 1969), no qual os elementos que compõe a paisagem vão além das formas físicas e das trocas de matéria e energia entre diferentes unidades. Buscou-se identificar os elementos do meio físico com base em suas marcas pelas práticas humanas e condições naturais, ao mesmo tempo buscou-se verificar as formas como a sociedade interage com esses elementos, criando usos do solo bem difrenciado em regiões com condições físicas idênticas, mas com particularidades que as individualizam.

9A leitura paisagística aqui aplicada está baseada em uma escala de análise a nível estadual, com trabalhos cartográficos em 1:150.000. Pensar a escala do Estado é importante não apenas por razões administrativas, mas para explicitar as marcas no espaço e o uso e ocupação do solo na interface físico-humano, consideradas as práticas regionais estabelecidas. O conjunto de critérios para a delimitação da paisagem, envolve as relações entre: geologia, geomorfologia, dinâmica climática, hidrografia, uso agrícola do território, uso e ocupação urbano-rural, dinâmicas de regionalização marcadas na superfície por práticas econômicas, sociais e culturais.

10Quanto ao limite entre as unidades, esse não tomou como única consideração o critério clássico de limite das formas de relevo, embora eles façam parte do conjunto de critérios estabelecidos para o complexo geográfico estudado. Tampouco houve restrição de recorte com base nos limites administrativos municipais, tendo em vista que algumas unidades podem abranger partes transfronteiriças de Municípios, microrregiões e macrorregiões do Estado ou de entes federativos vizinhos.

11No decorrer do texto, os conceitos de paisagem e região são tratados como duas manifestações de um mesmo objeto, uma vez que a primeira retrata as marcas, estruturas e contingências territoriais produzidas na dinâmica da segunda. Assim, o próprio conceito de “região” atribuído por muitos sujeitos refere-se ao conjunto das marcas naturais e estruturais do território, onde as características físicas e sociais ganham significado e se diferenciam do entorno.

Unidades de paisagem

12A partir dos conceitos, contextos e critérios metodológicos acima discutidos, o complexo geográfico do Rio Grande do Norte foi definido em 14 unidades de paisagem: Litoral Setentrional (seco), Litoral Oriental úmido, Tabuleiros da cana de açúcar, Agreste, Seridó, Depressão Sertaneja do Oeste, Tabuleiro dos Ventos, Adensamento Urbano Metropolitano, Depressão do Sertão Central, Vales do Apodi e Assu, Chapada do Apodi, Brejo Potiguar, Compartimentos elevados do Oeste, Borborema Potiguar (Mapa 01). Estas representam e delimitam diferentes arranjos geográficos, incluído aspectos físicos e sociais. Cada unidade apresenta particularidades que as individualizam, essas particularidades estão ligadas à geologia, geomorfologia, clima, vegetação, aspectos econômicos e sociais, uso e ocupação do solo.

Mapa 01 – Unidades de Paisagens do Rio Grande do Norte

Mapa 01 – Unidades de Paisagens do Rio Grande do Norte

13A partir da análise integrada da paisagem, fica perceptível que nem sempre a existência de recursos naturais favoráveis ao desenvolvimento econômico é resultado de índices sociais. Um exemplo disso é a existência de IDHs baixo em lugares onde há elevada precipitação, grande disponibilidade de água subterrânea, solos propícios à agricultura e condições ambientais favoráveis em geral. Por outro lado, em lugares do Semiárido onde as condições do meio físico impõem grandes dificuldades às práticas econômicas e agrícolas, limitados aos racionamentos constantes de água impostos pela seca, podem ser observados elevados índices de IDH em diversos municípios ou mesmo numa grande região, como é o caso de Seridó. Assim, não se parte da premissa ingênua de que marcas do desenvolvimento econômico, urbanização, preservação ambiental ou organização espacial sejam oriundos de um fator físico determinante, mas são produtos de um conjunto complexo de interações dos fatos geográficos em interface às condições naturais e práticas culturais de uso, ocupação e dinâmica do território.

Litoral Setentrional (seco)

14De forma geral todo o litoral do Estado apresenta características distintas, tanto no aspecto paisagístico do meio físico quanto de ocupação e uso, sendo o único Estado do país a apresentar condicionantes físicos tão diferentes. As diferenças físicas e sociais se apresentam como um excelente exemplo da análise geográfica, onde é possível aplicar o vasto arcabouço teórico metodológico da Geografia para explicar as significativas distinções entre dois litorais de um mesmo Estado.

15Uma das características mais marcantes do litoral Setentrional está no baixo volume das precipitações, com valores oscilando entre 1.069,7mm em Touros (CPRM, 2005) e Mossoró com valores médios anuais abaixo dos 700mm. A baixa pluviosidade, com valores decrescendo no sentido Leste-Oeste, Touros-Mossoró, está relacionada a circulação atmosférica de escalas regional e global, notadamente em função dos movimentos descendentes do ar por sobre a região, criando altas pressões em níveis baixos da troposfera, os quais desfavorecem a formação de nuvens de chuva.

16Ao longo de todo o litoral a planície costeira é composta por deposições marinhas do Quaternário, com ocorrência de alguns campos de dunas móveis, como as Dunas do Rosado, no Município de Areia Branca, e algumas falésias. Cabe destacar que no litoral setentrional o número e a altura das falésias é bem inferior ao litoral oriental. Isso decorre especialmente das características morfoestruturais distintas e a influência das reativações tectônicas pós rifteamento de abertura do Atlântico.

17Merece destaque os estuários dos rios Piranhas-Assu e Apodi-Mossoró, esses estuários formam grandes planícies flúvio-marinhas, ou planícies de maré, localizadas em vales de rios afogados ou em forma de deltas (DINIZ e VASCONCELOS, 2017). Nesses compartimentos geomorfológicos a topografia rebaixada em relação ao entorno possibilita a entrada de água oceânica, criando um ambiente propício à produção de sal marinho (Figura 01). Para mais informações sobre as planícies flúvio-marinhas do RN, consultar (Guedes et al. 2016; DINIZ e VASCONCELOS, 2017).

Figura 01 – Agrupamento de imagens do Litoral Setentrional.

Figura 01 – Agrupamento de imagens do Litoral Setentrional.

Salina no município de Macau, (B) Praia de Tourinhos no município de São Miguel do Gostoso, (C) planície fluviomarinha do Rio Piranhas-Assu, (D) praia em Macau.

18A junção entre as condições geomorfológicas dos estuários no Rio Grande do Norte, o contexto climático e hidrológico dos rios faz do Estado o maior produtor de sal marinho do Brasil, com produção no ano de 2014 de produzidas 6.050.000t, representando 95% da produção nacional (DNPM, 2015; DINIZ e VASCONCELOS, 2017). Essa atividade cria toda uma cadeia econômica de grande importância financeira e identidade cultural na região do Estado conhecida como costa branca, designação em referência a cor do sal.

19Diferente do litoral oriental, o setentrional ainda apresenta grandes espaços de baixíssima densidade demográfica, sendo relativamente recente a exploração de empreendimentos voltados ao turismo de praia e sol, se comparado ao litoral oriental. Destaca-se, ainda a existência de segundas residências, destinadas ao uso em período de férias e em fim de semana, especialmente utilizadas pela população de diferentes partes do Estado. No tocante a pesca, essa ainda é pouco desenvolvida, ainda é praticada em moldes artesanais, de caráter local.

Litoral oriental úmido

20Em razão da localização geográfica do Rio Grande do Norte no continente Sulamericano, há uma nítida divisão do seu litoral em dois, com condições físicas distintas. As principais características naturais que dividem o litoral do RN são: clima, notadamente a precipitação, a transição altrimétrica entre o tabuleiro costeiro e a linha de praia (expressa pelas falésias) e a distribuição dos campos de dunas. É evidente que essa distinção do meio físico, também se traduziu em ocupações sociais distintas. O litoral oriental tem um processo intenso de ocupação com empreendimentos turísticos, especialmente resorts voltados ao turismo internacional.

21No litoral oriental a precipitação média anual é de 1.500mm, concentrada entre os meses de janeiro e julho. O elevado volume de precipitação ao longo do ano está relacionado à influência das brisas marítimas que são intensificadas no período de inverno do Hemisfério Sul pelas Ondas de Leste originadas no anticiclone localizado por sobre o Atlântico Sul (FERREIRA e MELLO, 2005; MACHADO et al., 2009).

22A segunda característica marcante dessa unidade é a existência de grandes falésias, paredões verticais, esculpidos pelo solapamento das ondas nas rochas, os quais expõe diversas faces litológicas da Formação Barreiras (Figura 02). O resultado da ação erosiva das ondas nos sedimentos, notadamente em função das variações do nível do mar ao longo do Quaternário, expondo sequência estratigráfica da Formação Barreiras cria belos cenários paisagísticos, os quais vêm sendo amplamente explorados pela atividade turística.

Figura 02 – Falésia na Praia de Tabatinga,

Figura 02 – Falésia na Praia de Tabatinga,

Após a falésia é possível observar um campo de dunas e uma espaço urbano utilizado predominantemente para “veraneio”.

23É um litoral bastante ocupado por empreendimentos turísticos com diversas praias famosas, sendo a mais conhecida a praia de Pipa, localizada no município de Tibau do Sul. A junção das belezas naturais e culturais criaram um lugar onde de forma acelerada a paisagem foi sendo modificada de forma a atender as necessidades oriundas da atividade turística, resultando em consequências positivas e negativas para população local (AIRES, 2012).

24A atividade pesqueira se faz presente ao longo de toda a unidade, mas não é tão significativa do ponto de vista paisagístico e econômico, em comparação ao turismo. Nessa área também merece destaque a existência de “casas de veraneio”, pratica bastante comum marcada pela migração sazonal de moradores do interior e da capital nos meses de dezembro, janeiro e fevereiro para segundas residências de uso recreativo na zona litorânea.

Tabuleiro da cana de açúcar

25Localizada entre o litoral oriental úmido e o agreste essa unidade de paisagem está estruturada sobre a geologia sedimentar da Formação Barreiras, compreendendo compartimento geomorfológico, de abrangência regional, dos tabuleiros costeiros, com solos arenosos e profundos. Do ponto de vista climático é uma área influenciada pelos ventos Alísios de Sudeste que proporcionam um volume de precipitação na casa dos 1500mm anual. A junção entre um relevo mais tabular e um elevado volume de precipitação anual, aliado à solos profundos fazem desse unidade uma ótima área para o cultivo da cana de açúcar (Figura 03).

26Figura 03 – Aspecto tabular do relvo, levemente dissecado, recoberto por plantação de cana de açúcar.

27O destaque paisagístico dessa unidade está no relevo variando de plano a suavemente ondulado, com a drenagem predominantes orientada no sentido Oeste-Leste, obedecendo aos controles estruturais definidos pelo rifteamento de abertura do Atlântico. Alguns dos principais rios formam grandes vales alargados de fundo plano, delimitados nas bordas por grabens bem definidos. A maior parte dessa unidade é recoberta pela monocultura de cana de açúcar, com um estrutura fundiária formada por grandes fazendas, atualmente, em sua maioria, controladas por empresa do setor agroindustrial.

28É uma unidade onde as características naturais já foram amplamente modificadas, especialmente quanto a vegetação. Antes da ocupação europeia, toda a área era coberta por vegetação de Mata Atlântica, sendo amplamente removida para dar lugar às plantações de cana de açúcar, base da ocupação e economia do Estado durante muito tempo.

Agreste

29Localizada entre a unidade com grande umidade de predomínio da cana de açúcar e o Semiárido, essa unidade representa uma zona de transição, no vocabulário biogeográfico: um ecótono. Dentro de uma perspectiva geográfica essa faixa de transição abrange vários aspectos, se pensar em um transecto litoral interior tem-se uma diminuição gradativa da precipitação, ao mesmo tempo o relevo se apresenta progressivamente mais movimentado em função do contato entre o tabuleiro costeiro com o Planalto da Borborema. A vegetação se revela, consequentemente, mais arbustiva e o cherofilismo passa a ser ressaltado na paisagem. Os usos também mudam. A ocupação do solo deixa de ser marcada pela cana de açúcar para dar lugar a pastagens voltadas à criação de gado (Figura 04) e a plantações de mandioca.

Figura 04 - Paisagem típica da região do agreste.

Figura 04 - Paisagem típica da região do agreste.

O relevo varia de suavemente a ondulado, em rua maioria recoberto por pastagens, com predomínio da criação de bovinos.

Seridó

30Talvez a região de maior identidade cultural no Estado seja o Seridó, caracterizada pelos elevados índices de desenvolvimento humano. Segundo os dados do IBGE (2010) o Seridó é a região do Estado que apresenta a maior concentração de municípios com valores de IDH superiores 0.644. Esses valores contrastam bastante com as características físicas da região, marcada por contexto semiárido, com déficit hídrico anual de 1.000mm, aliado a solos predominantes rochosos com geologia cristalina, fato que não favorece as práticas agrícolas (Figura 05).

Figura 05 – Aspecto paisagístico do Seridó com destaque para o afloramento rochoso de granito e o crescimento de cactáceas nas fissuras da rocha.

Figura 05 – Aspecto paisagístico do Seridó com destaque para o afloramento rochoso de granito e o crescimento de cactáceas nas fissuras da rocha.

31Essa região tem uma grande tradição na produção mineral, foi uma importante fonte para produção de sheelita (Tungstênio) durante a segunda guerra mundial. Essa vocação à exploração de minério está especialmente relacionada a uma formação geológica que leva o nome da região e caracteriza-se pela grande diversidade de minerais e rochas. Cabe destacar a criação do Geoparque Seridó, o qual tem incentivado o geoturismo de forma significativa. Destacam-se, também o turismo religioso estrelado às padroeiras dos municípios e o de festas, como o carnaval do Caíco, um dos maiores no Estado.

Depressão do Oeste

32Os atributos que individualizam essa região estão centrados nas características do meio físico, notadamente estruturada em geologia cristalina do embasamento ígneo-metamórfico, pertencente a faixa de dobramentos do Nordeste, Cinturão Brasiliano, de idade pré-cambriana. Os aspectos paisagísticos são constituídos por extensas área aplainadas (Figura 06), onde as condições climáticas promoveram um acentuado processo de dissecação levando a formação da unidade morfoescultural Depressão Sertaneja, de abrangência regional.

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Figura 06 - Depressão Sertaneja vista da Serra de Martins..

Figura 06 - Depressão Sertaneja vista da Serra de Martins..

Na foto é possível notar uma certa planura do relevo, sendo pontuado por inselbergues. O aspecto seco da vegetação se justifica em função da foto ter sido tirada no auge do período seco, mês de dezembro

34O relevo varia de ondulado a suavemente ondulado, marcado pela monotonia de vertentes suaves, com amplitudes que raramente ultrapassam os 300 metros. Essa característica geral é pontuada pela ocorrência isolada de intrusões plutônicas (inselbergs), os quais destoam do entorno, resultado da atuação dos processos morfogenéticos atuando na exumação de rochas mais resistentes ao intemperismo.

35Os solos são predominantemente litólicos, com predomínio da classe Luvissolos Crômicos, esses são recobertos pela vegetação de Caatinga com os mais variados estágios de desenvolvimento, em sua maioria já não apresentam mais a sua estrutura fisiografia original, resultado de séculos de exploração agrícola e agropecuária (Figura 07). As condições pedológicas e a semiaridez dificultam as práticas agrícolas, as quais ocorrem predominantemente nos baixios e aluviões. Muitas vezes as safras são perdidas em razão da grande sazonalidade espaço temporal da precipitação. Essa sazonalidade aliada a uso inadequado das terras, intensifica a erosão do solo, fazendo com que as encostam percam o fino horizonte de solo existente, dificultando ainda mais o desenvolvimento da agricultura na região (AMORIM, 2015)

Figura 07 – Aspecto paisagístico do relevo suavemente ondulado, solos rasos e padrão de ocupação das áreas rurais.

Figura 07 – Aspecto paisagístico do relevo suavemente ondulado, solos rasos e padrão de ocupação das áreas rurais.

36Fato interessante é que as porções mais elevadas, compreendidas pelos inselbergs, são comumente utilizadas como lugares de adoração religiosa, especialmente por católicos, expressa na construção de cruzeiros e pequenas capelas. Na região o maior símbolo religioso está localizado por sobre um inselberg no município de Patu, conhecido como Santuário do Lima (Figura 08). Fundado em 29 de Janeiro de 1758, o santuário abriga a estátua de Nossa Senhora dos Impossíveis, trazida de Portugal, sendo as romarias celebradas no dia 21 de novembro e 1º de janeiro. 

Figura 08 Inselberg no município de Patu, com seta indicando a localização do Santuário do Lima.

Figura 08 Inselberg no município de Patu, com seta indicando a localização do Santuário do Lima.

37A rede de drenagem é completamente intermitente, com exceção de canais perenizados por barragem, sendo que os canais de maior ordem nem sempre tem água no período chuvoso, tanto em virtude da variação no volume da precipitação na escala década, quanto pela existência de grandes barramentos, os canais estão predominantemente orientados pelas principais estruturas dúcteis e rúpteis do embasamento cristalino, com direções de NE-SW (MAIA e BEZERRA, 2014; DINIZ et al. 2017).

Tabuleiro dos ventos

38Contrastando com as riquezas naturais da região, é nessa unidade de paisagem onde se encontram o maior aglomerado de municípios com os menores IDHs do Estado. É nesta região, todavia, que está implantado um dos maiores campos de energia eólica do pais. Diferente de outras unidades, essa região é definida por um critério invisível, mas de grande importância: o vento. Esse critério só passa a ter sentido a partir do ano de 2004 quando o primeiro parque eólico, no Estado, foi instalado na cidade de Macau, implantada pela Petrobras com três aerogeradores e potência de 600 KW cada, gerando uma potência de 1.8 MW (SOUSA JÚNIOR, 2015).

39 Uma área de geologia sedimentar, abrangendo parte do Arenito Assu, Calcário Jandaira, Formação Barreiras e areais quartzosas quaternárias, recobrindo a Formação Barreiras. O relevo é caracterizado pelo aspecto tabular relativamente plano, com várias depressões formando lagoa onde os sedimentos eólicos recobrem a Formação Barreiras. A drenagem existente forma pequenos vales, de pouca expressão no contexto da região. No tocante ao aspecto climático essa área se destaca por apresentar uma condição mais chuvosa ao sul e semiárida ao norte. O regime de ventos é predominante de Leste, com os ventos Alísios de Sudeste impulsionando os aerogeradores que tem sido implantados, especialmente após 2010.

40A localização na “esquina da América do Sul”, faz do Rio Grande do Norte um dos Estados com maior potencial de geração de energia eólica (CCEE, 2017). Essas caraterísticas tem atraído muitas empresas do setor, criando uma verdadeira cadeia produtiva na região, transformado a paisagem que agora passa a ser identificada pela presença de aerogerados em diversas partes (Figura 09). Segundo a Central de Comercialização de Energia Elétrica o Estado apresenta uma produção de 1.267,5 MW médios em 2017, sendo nesse mesmo ano o maior gerado no pais, bem como maior capacidade instalada, somando 3.181 MW, entre todos os Estados.

41Desta forma, essa unidade de paisagem é delimitada por seu potencial eólico, o qual vem sendo explorado com a implantação de diversos parques eólicos, modificando a paisagem tanto no aspecto visível, em virtude dos aerogradores que passam a compor o mosaico paisagístico, quanto na transformação da dinâmica econômica e social. A instalação de empresas do setor tem modificado a dinâmica dos municípios com a nova demanda de serviços que tem surgido. Diante deste contexto, faz-se necessário também destacar as diversas sobreposições territoriais geradas com a instalação dos parques eólicos e zonas de preservação, bem como territórios de populações tradicionais e áreas de agricultura de subsistência. Em termos econômicos, os grandes investimentos eólicos contratam mão de obra especializada externa e ocupam vastas áreas territoriais, por isso, abrigam a contradição de ser uma estratégia muito produtiva em termos macroeconômicos e problemáticas diante da realidade microeconômica das comunidades historicamente instaladas nas áreas dos parques.

Adensamento Urbano Metropolitano

42 Nesta unidade de predominância urbana, o que prepondera são as transformações impostas pela sociedade alterando as formas e dinâmicas naturais, edificando a estrutura espacial. A paisagem é constituída pela mancha urbana de Natal e cidades vizinhas, se aproximando um pouco do recorte que delimita a região metropolitana. Nela a impressão principal é o ambiente construído de prevalência urbana, onde as transformações impostas pela sociedade modificaram de tal forma o meio físico, que esse já não se destaca mais no visível, quando um observador busca compreender a área (Figura 10).

Figura 10 – Paisagem urbana do município de Natal

Figura 10 – Paisagem urbana do município de Natal

43É importante ressaltar que os elementos do meio natural ainda existem, geologia, dinâmica climática, revelo, hidrografia. Contudo, esses agora passam a ser fortemente influenciados pela dinâmica social, o solo passa a ser um Tecnossolo onde não se consegue mais reconhecer suas características originais (PUSKÁS e FARSANG, 2009). Canais são retificados, e o relevo é terraplanado para dar lugar a casas e avenidas, compondo um mosaico de novas estruturas que modificam a dinâmica de escoamento superficial da água da chuva. Muitas vezes a impermeabilização resulta em alagamentos e enchentes, trazendo transtornos à população, o que exige um nível maior de intervenção através da construção de canais e túneis para escoamento pluvial.

44O tráfego de veículos ao mesmo tempo em que gera ruído, lança na atmosfera material particulado que polui o ar, recobrindo as superfícies da cidade com fuligem preta e tóxica, bem como poluindo o ar e causando causa problemas respiratórios à sociedade local. Nesse contexto, a população menos favorecida economicamente é a mais afetada, especialmente pela dificuldade de acessar os serviços básicos de saúde. Na paisagem urbana os cheiros e ruídos são diferentes, portanto os elementos paisagísticos se materializam de forma distinta aos que existiam antes da ocupação urbana na área.

Depressão do Sertão Central

45A depressão Sertão Central está localizada entre o Seridó, Borborema Potiguar, Tabuleiro dos Ventos e Vales do Apodi e Assu. É uma região marcada pela baixa precipitação, solos litólicos e superfícies variadas da Depressão Sertaneja. O que individualiza essa unidade é que suas características não se compatibilizam com as unidades vizinhas. Do ponto de vista geomorfológico ela não se adequa ao Planalto da Borborema, nem Tabuleiro dos Ventos e Vales do Apodi e Assu. Se fosse levado em consideração a geologia, geomorfologia e clima, ela estaria enquadrada no Seridó, porém os aspectos de identidade cultural do Seridó diferem da parte do Sertão Central. Dessa forma, um dos principais fatores que identificam essa unidade é a não correspondência dos seus aspectos com as regiões do entorno.

46Nessa unidade o destaque na morfologia da área é o Pico do Cabugi (Figura 11) com cerca de 590m de altitude, constituído por um necks vulcânico na forma de cone oriundo da suite basáltica alcalina Terciária, concentrada no Rio Grande do Norte, composta de ankaratritos, basanitos e olivina basaltos com afinidades basaníticas ou toleíticas (Sial, 1976; FERREIRA e SIAL, 2009).

Figura 11 – Pico do Cabugi ressaltando-se na paisagem do Sertão Central.

Figura 11 – Pico do Cabugi ressaltando-se na paisagem do Sertão Central.

47Pela sua localização no semiárido sobreposta ao embasamento cristalino, essa região tem poucos recursos hídricos disponíveis naturalmente. O contraste se dá pela existência do maior reservatório artificial de água do Estado, a Barragem Armando Ribeiro Gonçalves, o qual barra o Rio Piranhas-Assu. Com 2,4 milhões de m3 d'água a barragem é fundamental para o abastecimento de água em grande parte da região central e Seridó do Estado. Em termos socioeconômicos, classifica-se também como uma região de depressão econômica, tendo dados muito modestos de produção, industrialização e desenvolvimento humana; além de se caracterizar pela baixa densidade demográfica dos Municípios. Esta combinação entre limites extremos do ambiente, do clima e do desenvolvimento também se constituem como uma das marcas para a caracterização comum da área sertaneja central enquanto uma unidade de extremos humanos e naturais.

Vales do Apodi e Assu

48Inserida por sobre a geologia do Arenito Assu e abrangendo os aluviões dos vales do Apodi e Assu, essa unidade se destaca pela grande quantidade de recursos hídricos, superficiais e principalmente subsuperficiais. Ao mesmo tempo a região dispõe de solos propícios à agricultura, especialmente NEOSSOLOS QUATZARÊNICOS e NEOSSOLOS FLÚVICOS, os quais são amplamente utilizados na fruticultura irrigada. Do ponto de vista geomorfológico as superfícies são predominante planas, com vales amplos naturalmente recobertos por extensos carnaubais (Figura 12).

Figura 12 - Agrupamento de imagens da Chapada do Apodi

Figura 12 - Agrupamento de imagens da Chapada do Apodi

(A) plantação de banana no município de Apodi, (B) fila de caminhões esperando para o abastecimento na cidade de Apodi, (C) leito arenoso do Rio Apodi-Mossoró, (D) plantação irrigada de feijão de corda, (E) aspecto plano do relevo e o aglomerado urbano da cidade de Apodi.

49Nessa unidade o destaque é a produção agrícola através de irrigação, com dimensões variadas é possível encontrar desde de pequenos agricultores até grandes corporações internacionais produzindo frutas tropicais em escala industrial. Dentre os pequenos agricultores, destaca-se a produção de feijão do tipo macassar ou de corda. Na culinária regional é comum o feijão verde cozido com queijo de coalho. Somente no período das chuvas, o qual o sertanejo nomeia de “inverno”, é possível plantar feijão. Para além do período chuvoso, ele é produzido por pequenos produtores rurais através da irrigação.

50Uma outra característica importante dessa região é a extração de água subterrânea através de diversos poços, os quais abastecem desde de pequenos sítios até os aglomerados urbano da região. O Arenito Assu possui um grande reservatório subterrâneo de água, o qual vem sustentando o abastecimento de grande parte das regiões Oeste, Seridó, Sertão e parte da Paraíba.

Chapada do Apodi-Mossoró

51A Chapada do Apodi apresenta um diferencial físico e econômico e seu entendimento tem sido objeto de muitos esforços por parte de Geógrafos importantes, dentre ele merece destaque Ab’Saber (1974), um dos pioneiros a chamar atenção para a existência de petróleo na região. Essa unidade de paisagem também se destaca pelo seu relevo predominante plano recoberto por vegetação de Caatinga arbustiva e arbórea, intercalado por feições carste, facilmente encontradas no Lajedo Soledade, um sítio arqueológico com pinturas e marcações rupestre gravadas nas paredes das rochas calcárias (Imagem 13).

(A) Imagens de satélite com destaque em amarelo da formas na paisagem oriundas da extração de petróleo (Fonte Google Maps), (B) Tubulação de petróleo em meio a vegetação de Caatinga arbustiva, (C) estrutura de exploração de óleo e gás da Petrobras, (D) aspecto aplainado do relevo da chapada, (E e F) afloramento rochoso e pintura rupestre no Lajedo Soledade, (G) plantação de banana irrigada.

52A existência da cidade de Mossoró, segunda maior cidade do Estado, polarizadora na região, exercendo também sobre cidades médias fronteiriças no Ceará, como Limoeiro do Norte e Russas. Também na região descata-se a produção de fruticlultura e indústria de transformação calcária e produção de cimento. A condição edafológica favorável possibilitou atividade agrícola de larga escala, colocando a região da Chapada no mapa da fruticultura nacional, com destaque à produção de melão, banana e espécimes cítricas.

Brejo Potiguar

53Essa unidade de paisagem abrange os municípios de Serra de São Bento, Monte das Gameleiras e parte de Passa e Fica, caracterizada por sua localização privilegiada na fachada oriental do Planalto da Borborema. Ela recebe os ventos alísios de sudeste, os quais aliados a variação no relevo criam uma condição climática de menores temperaturas e precipitações ligeiramente mais elevadas que o entorno. Nos meses de junho a agosto o aumento de nuvem na região, decorrente da intensificação do Anticiclone do Atlântico Sul, diminui as temperaturas fazendo com que várias pessoas procurem a região para aproveitar menores temperaturas.

54Desenvolvimento do “turismo de frio” ou turismo de inverno, juntamente com o turismo de aventura, dessa região está organizado no “Roteiro Paraísos do Agreste” está focado nas características da região, tais como mirantes, trilhas ecológicas, escaladas, rapel, pousadas simples e sofisticadas, visitação em fábricas e clima serrano agradável, com destaque para as riquezas, valores e sabores da região (MELO, 2016).

55A beleza dessa unidade está relacionada aos compartimentos elevados do Planalto da Borborema e sua localização geográfica, os quais juntos criam um senário distintos do entorno, constituindo um atrativo para visitação. Do ponto de vista paisagístico o destaque nessa unidade é a Pedra da Boca (Figura 14), uma formação rochosa de aproximadamente 336 metros de altura localizada no Parque Estadual da Pedra da Boca.

Figura 14 – Paisagem da Pedra da Boca, com evidencia para as variações topograficas no releveo e o aspecto paisagisto da região.

Figura 14 – Paisagem da Pedra da Boca, com evidencia para as variações topograficas no releveo e o aspecto paisagisto da região.

56O nome “Brejo Potiguar” deriva do fato dessa unidade está localizada ao lado da Região do Brejo Paraibano, Estado vizinho. Na Paraíba essa região é conhecida por suas temperaturas amenas, tradição na produção de cachaça e turismo serrano e de evento. No Rio Grande do Norte apenas os municípios de Serra de São Bento e Monte das Gameleiras apresentam características semelhantes, o que torna a região pouco competitiva em termos numéricos ao contexto turístico do Estado.

Compartimentos elevados do Oeste

57Os dois aglomerados serranos compreendidos por Martins e Portalegre e a região de São Miguel e Luiz Gomes criam verdadeiras ilhas fisiográficas e cultural na paisagem do Semiárido na Região Oeste do Rio Grande do Norte. Essa unidade tem seus limites controlados pelo relevo, onde controles litológicos e estruturais destoam das superfícies aplainadas da Depressão Sertaneja que circunda os dois núcleos dessa unidade. No que tange ao aspectos geomorfológicos, regionalmente esse compartimento está localizada na unidade morfoestrutural Maciços Residuais (BRASIL, 1981). O relevo é movimentado (Figura 15), com vales em V, profundos de amplitudes que ultrapassam os 400 metros. Nas Serras de Martins e Portalegre o capeamento sedimentar da Formação Serra do Martins confere um aspecto de planura no topo.

Figura 15 - Aspecto montanhoso e movimentado do relevo próximo a cidade de São Miguel.

Figura 15 - Aspecto montanhoso e movimentado do relevo próximo a cidade de São Miguel.

58Em uma região onde as características principais são as elevadas temperaturas, baixas e irregularidade espaço-temporal da precipitação, o que leva a um déficit hídrico de supera os 1.000mm, as paisagens serranas se destacam por temperaturas mais amenas e uma melhor distribuição da precipitação e menores valores de evapotranspiração. As áreas elevadas em diversas partes do Rio Grande do Norte formam paisagens de exceção, também conhecida como brejos de altitude, na forma de ilhas de umidade que se inserem no conjunto do Semiárido (AB’SÁBER, 1974; AMORIM e SILVA 2016).

59Essas características criam condições que promovem uma diferenciação, tanto física como cultural. Por exemplo, a existência de festival de inverno em pleno Semiárido a uma latitude de 06 graus sul. A paisagem e a condição climática diferenciada desta unidade também são importantes para influenciar as contingências das marcas humanas sobre o território. Os padrões de urbanização, distribuição espacial e as características fundiárias se apresentam diferentemente, criando-se um ‘ilha’ continental de diversidades geográficas tanto físicas como humanas.

Borborema Potiguar

60A grande característica dessa unidade é sua diferenciação quanto ao relevo, um compartimento elevado do Estado, com relevos movimentados pertencentes ao Planalto da Borborema, com limites por uma série de desnivelamentos topográficos com amplitudes na ordem de 100 m ou superior em relação às áreas circundantes (CORRÊA et al., 2010; Diniz et al. 2017). Na poção compreendida pela Serra de Santana o embasamento cristalino é capeado por uma cobertura de arenitos conglomeráticos da Formação Serra do Martins, com cerca de 30 m de espessura. Na área da Serra de Santana as características topográficas aliadas ao capeamento arenítico são aproveitados para cajucultura e outros tipos de cultivo que dependem de solos arenosos e profundos.

61Os limites dessa unidade são marcados por escarpa, que ressaltam de controles litológicos e estruturais os quais imprimem características de descontinuidade na topografia da região (Figura 16). As variações topográficas são distintas nas bordas e estão relacionadas aos controles estruturais existentes nas diferentes faces do planalto como um todo.

Figura 16 - Vista do contato entre superfícies planas do agreste, localizado no compartimento morfoestrutural da Depressão Sertaneja e o relevo elevado e mais movimentado do Planalto da Borborema.

Figura 16 - Vista do contato entre superfícies planas do agreste, localizado no compartimento morfoestrutural da Depressão Sertaneja e o relevo elevado e mais movimentado do Planalto da Borborema.

62As condições climáticas são semiáridas em toda essa unidade, contudo a variação orográfica promove um leve aumento na precipitação da porção ocidental, onde as altitude na cimeira chegam 700m. Ao mesmo tempo os ventos de sudeste que advectam próximo a superfície tendem a elevar-se e resfriar em virtude do gradiente pseudoadiabático, resultando em temperaturas mais amenas nas áreas de topo.

63Um aspecto importante dessa unidade é que no que tange as características culturais, a porção ocidental, que faz fronteira com o Seridó tem preponderância do contexto cultural dessa região. Na porção oriental predomina os aspectos culturais da região com Mato Grande, polarizada pelo município de Santa Cruz, tornando essa região um híbrido quanto ao aspectos cultural.

Considerações finais

64Pensar a paisagem é sempre um convite para mergulhar na epistemologia da Ciência Geográfica, uma vez que a análise das marcas e de sua morfologia superficial revelam temas, histórias e complexidades muito mais profundas do que se pode inicialmente supor. Assim, a paisagem é a marca do visível, mas também daquilo que não se pode captar em um primeiro olhar e requer amadurecimento de quem observa. É o cenário simultâneo do presente e do passado, bem como um indicador de muitas possibilidades para o futuro. Foi diante desta complexidade conceitual que o atual estudo buscou compreender introdutoriamente a organização das materialidades naturais e humanas que compõem o cenário morfológico do Rio Grande do Norte.

65O presente trabalho confirmou inicialmente a premissa da paisagem enquanto objeto de um estudo híbrido, formado por interações geográficas físico-humanas, não percebendo relevância na análise sectária entre estas duas formas de analisar o conhecimento geográfico. Também esteve em destaque a importância de construir critérios de leitura, interpretação e análise espacial na interface entre conceitos naturais e sociais que, de forma imbricada, se materializam na análise científica geográfica. Nesta perspectiva, outro fator a reforçar esta perspectiva de análise foi a escolha das bases teóricas capazes de agrupar conceitos igualmente complexos à leitura da realidade. Encontrou-se tal arcabouço em clássicos como Sauer e Monbeig, bem como em diversos contemporâneos que retomam algumas das questões clássicas fundamentais sobre o estudo da paisagem: a forma, a história, as contingências, os meios, as técnicas, o tempo e suas consequentes interações.

66A classificação das unidades de análise apresentaram a característica da produção de sua diferenciação em relação ao contexto estadual, podendo haver destaque sobre questões naturais ou sociais de diferentes aspectos. Outro diferencial apresentado foi a organização das unidades em si, propondo leituras inovadoras em relação as clássicas distribuições enciclopédicas. Na proposta apresentadas, a organização das unidades paisagísticas se apresenta como produtos de diferentes, escalas, tempos e origens; não havendo um critério norteador, mas a combinação entre um conjunto de critérios. Dentre eles, o uso e ocupação do solo se destacou como importante componente humano em diálogo as condições geológicas, pedológicas e geomorfológicas.

67A discussão paisagística apresentada também questinou a associação ingênua entre condições naturais favoráveis à produção e o desenvolvimento econômico, discutindo que alguns dos melhores IDHs do Estados se encontram sobre unidades de condições naturais severas. Neste contexto, a regionalização exerce papel fundamental, mobilizando estratégias de cunho cultural, histórico e político que ressignificam as formas de uso e ocupação do solo.

68Região e paisagem se revelaram como conceitos atravessados sendo a primeira uma forma de diferenciação espacial dos agrupamentos humanos que incorpora a segunda em sua constituição, enquanto também se vê parte dela. Assim, não há hierarquia entre ambas, mas duas manifestações de uma análise geográfica integrada sobre a realidade.

69Evidentemente, seria impossível em um texto como esse descrever todos os detalhes e as condições geográficas das diferentes unidades de paisagem que compõe o Estado do Rio Grande do Norte. Entretanto, é possível instigar o pensamento a um primeiro exercício de leitura, intepretação e análise desta realidade.

70Em suma, este artigo introdutório, conforme anunciado no título, é uma “provocação intelectual” a todos que vêem na paisagem um objeto fértil, complexo, rico e sempre inovador das muitas questões que compõem o universo investigativo da ciência geográfica.

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Table des illustrations

Titre Mapa 01 – Unidades de Paisagens do Rio Grande do Norte
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Fichier image/png, 2,0M
Titre Figura 01 – Agrupamento de imagens do Litoral Setentrional.
Légende Salina no município de Macau, (B) Praia de Tourinhos no município de São Miguel do Gostoso, (C) planície fluviomarinha do Rio Piranhas-Assu, (D) praia em Macau.
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Fichier image/jpeg, 188k
Titre Figura 02 – Falésia na Praia de Tabatinga,
Légende Após a falésia é possível observar um campo de dunas e uma espaço urbano utilizado predominantemente para “veraneio”.
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Titre Figura 04 - Paisagem típica da região do agreste.
Légende O relevo varia de suavemente a ondulado, em rua maioria recoberto por pastagens, com predomínio da criação de bovinos.
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Titre Figura 05 – Aspecto paisagístico do Seridó com destaque para o afloramento rochoso de granito e o crescimento de cactáceas nas fissuras da rocha.
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Titre Figura 06 - Depressão Sertaneja vista da Serra de Martins..
Légende Na foto é possível notar uma certa planura do relevo, sendo pontuado por inselbergues. O aspecto seco da vegetação se justifica em função da foto ter sido tirada no auge do período seco, mês de dezembro
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Titre Figura 07 – Aspecto paisagístico do relevo suavemente ondulado, solos rasos e padrão de ocupação das áreas rurais.
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Titre Figura 08 Inselberg no município de Patu, com seta indicando a localização do Santuário do Lima.
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Titre Figura 10 – Paisagem urbana do município de Natal
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Titre Figura 11 – Pico do Cabugi ressaltando-se na paisagem do Sertão Central.
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Titre Figura 12 - Agrupamento de imagens da Chapada do Apodi
Légende (A) plantação de banana no município de Apodi, (B) fila de caminhões esperando para o abastecimento na cidade de Apodi, (C) leito arenoso do Rio Apodi-Mossoró, (D) plantação irrigada de feijão de corda, (E) aspecto plano do relevo e o aglomerado urbano da cidade de Apodi.
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Légende (A) Imagens de satélite com destaque em amarelo da formas na paisagem oriundas da extração de petróleo (Fonte Google Maps), (B) Tubulação de petróleo em meio a vegetação de Caatinga arbustiva, (C) estrutura de exploração de óleo e gás da Petrobras, (D) aspecto aplainado do relevo da chapada, (E e F) afloramento rochoso e pintura rupestre no Lajedo Soledade, (G) plantação de banana irrigada.
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Titre Figura 14 – Paisagem da Pedra da Boca, com evidencia para as variações topograficas no releveo e o aspecto paisagisto da região.
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Titre Figura 15 - Aspecto montanhoso e movimentado do relevo próximo a cidade de São Miguel.
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Titre Figura 16 - Vista do contato entre superfícies planas do agreste, localizado no compartimento morfoestrutural da Depressão Sertaneja e o relevo elevado e mais movimentado do Planalto da Borborema.
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Rodrigo de Freitas Amorim, Raimundo Nonato Junior et Juliana Felipe Farias Poster, « Paisagens do Rio Grande do Norte: uma introdução às diversidades regionais e marcas das ações geográficas no espaço potiguar »Confins [En ligne], 34 | 2018, mis en ligne le 10 juin 2018, consulté le 12 décembre 2024. URL : http://0-journals-openedition-org.catalogue.libraries.london.ac.uk/confins/12961 ; DOI : https://0-doi-org.catalogue.libraries.london.ac.uk/10.4000/confins.12961

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Rodrigo de Freitas Amorim

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