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Dossiê Cartografias ambientais do Rio Grande do Norte

Cartografias ambientais do Rio Grande do Norte

Cartographies environnementales du Rio Grande do Norte
Environmental cartography of Rio Grande do Norte
Raimundo Nonato Junior, Aldo Aloísio Dantas et Rita de Cássia da Conceição Gomes

Résumés

Nous présentons ici les bases conceptuelles et méthodologiques des travaux qui composent ce dossier sur les cartographies environnementales dans l´État fédéré brésilien du Rio Grande do Norte. L'objectif est de contextualiser les grands enjeux qui sous-tendent les productions du groupe, aussi bien que établir un dialogue entre les bases conceptuelles de la cartographie et des textes qui composent le matériel. En général, l'approche environnementale du territoire est diverse dans l'articulation des concepts et des méthodes de la géographie physique et humaine, pensée sous le biais du concept de complexe géographique.

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Texte intégral

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Crédits : Hervé Théry 2015

1O território do Rio Grande do Norte (RN) representa uma das menores unidades federativas do Brasil em termos de extensão territorial [52 811,126 km², equivalentes a 3,42% da área do Nordeste e a 0,62% da superfície do Brasil (IBGE, 2016)]. Todavia, a grandeza de sua diversidade ambiental é fator surpreendente à análise científica, bem como à dinâmica de sua transição, marcada no espaço por muitas formas e práticas singulares. Único Estado da federação emoldurado por duas faixas litorâneas distintas (Oriental e Setentrional), o RN abriga vastas áreas de coberturas dunares, contando com remanescentes da Mata Atlântica. A presença do Agreste e do Sertão é multirepresentativa, marcada por diferentes formas de expressão em formações geológicas oriundas de processos diversos. A Geomorfologia do RN revela marcas e formas plurais em todas as unidades ambientais do Estado, materializadas no uso do solo pela agricultura e na ocupação do espaço por diferentes práticas econômicas, exploração de energia e modos de vida entrelaçados entre redes urbanas e rurais. Neste contexto, a água é temática central, pois apresenta os desafios do território ao desenvolvimento econômico e social, bem como as possibilidades de sua sustentabilidade.

2Foi a partir deste contexto natural complexo que se elaborou o presente dossiê de pesquisas geográficas intitulado “Cartografias ambientais do Rio Grande do Norte” que propõe analisar desafios ambientais do Estado a partir de uma cartografia crítico-analítica respaldada por discussão científica aplicada aos estudos da Paisagem, da Hidrografia, da Atmosfera e da ocupação e uso do solo pela agricultura no território estadual.

3Conforme citado na primeira edição do dossiê (Dantas; Nonato Júnior; Gomes, 2017), o olhar provocador a partir do qual foram realizadas tais pesquisas se origina do Projeto ATLAZ - Avaliação Territorial e Ambiental modeliZada do Rio Grande do Norte, concebido e organizado pelo pesquisador Hervé Théry (CNRS/USP) em parceria com a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Neste projeto, destaca-se o objetivo de articular grupos de pesquisadores da área de Geografia que trabalham sobre a complexidade do território do Rio Grande do Norte, discutindo-se problemáticas de pesquisa e proposições metodológicas para análise geográfica. Nesta perspectiva, o projeto ATLAZ se debruçou sobre “Dinâmicas territoriais, fluxos e redes do Rio Grande do Norte [...] bem como seus efeitos múltiplos e cruzados sobre o território brasileiro” (Théry, 2015).

4No que se refere a concepção de Cartografia que guiou este trabalho, segue-se a perspectiva desenvolvida em projeto de pesquisa institucional da UFRN (Nonato Júnior, 2016, p. 16), ao considerar que A produção cartográfica deve refletir a produção da vida e de suas diversas problemáticas”, representando a evolução e os entraves na história da humanidade, a formação e desenvolvimento cognitivo humano mediado pelos desafios socioespaciais, políticos e ambientais que caracterizam às diferentes formas de representação.

5Nesta perspectiva, os trabalhos do presente dossiê tem a Cartografia como fundamento epistemológico (do saber), teórico (da interpretação e análise), técnico (do sistema de procedimentos sobre o fazer) e tecnológico (dos padrões cognitivos e informacionais sobre o fazer), seguindo a ideia do estudo cartográfico tomado de maneira complexa nestas quatro dimensões e não como mera figuração da realidade (Nonato Júnior, 2016). Assim, a Cartografia é pensada sob um viés epistemológico, enquanto produtora de conhecimento, provocadora da interpretação e análise do objeto de estudo da Ciência Geográfica (Brunet, 2001; Harley, 1987; Padovesi, 2007). O saber cartográfico também é pensado como provocação crítico-analítica ao estudo científico da realidade, a fim de discutir as disparidades e desafios do território, conforme apontado na Cartografia de base argumentativa, analítica e crítica da contemporaneidade (Théry; Mello, 2008).

6Com base nestes preceitos gerais, o grupo de pesquisadores se debruçou sobre temáticas ambientais do Rio Grande do Norte, analisando as representações cartográficas e imagéticas juntamente aos textos analítico-discursivos. Como produto, surgiram sete artigos que tratam das seguintes temáticas: Paisagens híbridas, formadas por ações geográficas integradas da Geografia Física e Humana; Recursos hídricos, sua cartografia e diversidade; Gestão da água, desafios à sustentabilidade; Saneamento básico e a cartografia dos inúmeros desafios ambientais articulados à gestão do território; Fatores atmosféricos no cotidiano das populações, cruzando estudos pluviométricos e suas correlações à saúde; Uso do solo e do território à agricultura no Estado, bem como uma cartografia das políticas públicas que atingem às populações do campo.

7A concepção ambiental utilizada neste dossiê não produz cisão entre geografia física e humana, tampouco opõe escalas locais, regionais e internacionais, pois a ciência geográfica é compreendida de forma ampla e dialógica, articulada em redes humanas, naturais, políticas, institucionais, culturais, psicológicas e econômicas. Para tanto, utiliza-se a noção de “Complexo Geográfico” (Monbeig, 1957; Dantas, 2009) como conceito articulador da rede de questões ambientais pesquisadas. Assim, “O RN se apresenta como Complexo Geográfico ao pensamento contemporâneo, aludindo provocações aos limites e potencialidades da epistemologia geográfica para leitura dos diversos sistemas socio-fisico-político-econômico-culturais que subjazem na constituição de um espaço em território” (Dantas; Nonato Júnior; Gomes, 2017, p. 04).

8Em suma, compreende-se que pesquisar o Rio Grande do Norte sob o viés da análise cartográfica é também fomentar espaços de debate sobre a condição epistemológica contemporânea da Ciência Geográfica, uma vez que a primeira é pensada em diálogo indissociável com a segunda. As representações cartográficas, tomadas como linguagem integrada à problematização do texto científico, são compreendidas como redes cognitivas de leitura/produção/ interpretação do espaço. Por isso, imbricadas com a Geografia em suas mais diversas leituras físicas e humanas e nas inúmeras formas de representação do espaço.

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Bibliographie

Brunet, Roger.  Le Déchiffrement du Monde, théorie et pratique de la Géographie. Berlin, Paris, 402 p, 2001.

Dantas, A. «  Monbeig e a noção de complexo geográfico ».  Revista Confins. Nr. 07, 2009. Disponível em : http://confins.revues.org/6091   

Dantas; A. A.; Nonato Júnior, R. N. Gomes, R. C. C. « Geografias contemporâneas do Rio Grande do Norte: diversidades e singularidades do território », Confins [En ligne], 32 | 2017, mis en ligne le 27 septembre 2017. URL : http://0-journals-openedition-org.catalogue.libraries.london.ac.uk/confins/12385

Harley, J. B. The History of Cartography. Volume I. Chicago: University Press, 1987.

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística/ IBGE. Séries Estatísticas – Rio Grande do Norte. Dados censitários por unidade da federação. Disponível em: http://seriesestatisticas.ibge.gov.br/lista_tema.aspx?op=1&no=2&nome=uf. Consultado em março/abril 2016.

Monbeig, P. Novos estudos de Geografia humana brasileira. São Paulo : difusão européia do livro, 1957.

Nonato Júnior, R. Geografia e internacionalização do conhecimento. Projeto de pesquisa institucional junto ao Programa de Pós-Graduação em Geografia. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Natal, 2016.

Nonato Júnior, R.; Théry, H. « O Rio Grande do Norte no Brasil: uma contextualização em onze imagens », Confins [En ligne], 32 | 2017, mis en ligne le 22 septembre 2017. URL : http://0-journals-openedition-org.catalogue.libraries.london.ac.uk/confins/12315

Padovesi Fonseca, F. « O potencial analógico da Cartografia ». Boletim Paulista de Geografia. São Paulo, nº 87, p. 85-110, 2007.

Santos, M. Metamorfoses do espaço habitado. Paulo: Hucitec, 1996.

Théry, Hervé. Projeto ATLAZ - Avaliação do Territorial e Ambiental Modelizada do Rio Grande do Norte . Relatório na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Natal, 2015.

Théry, Hervé e Mello, Neli Aparecida de. Atlas do Brasil: Disparidades e dinâmicas do território. Edições da Universidade de São Paulo EDUSP, São Paulo 2005, 312 páginas. Reimpressão 2008.

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Pour citer cet article

Référence électronique

Raimundo Nonato Junior, Aldo Aloísio Dantas et Rita de Cássia da Conceição Gomes, « Cartografias ambientais do Rio Grande do Norte »Confins [En ligne], 34 | 2018, mis en ligne le 07 avril 2018, consulté le 09 décembre 2024. URL : http://0-journals-openedition-org.catalogue.libraries.london.ac.uk/confins/12950 ; DOI : https://0-doi-org.catalogue.libraries.london.ac.uk/10.4000/confins.12950

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Auteurs

Raimundo Nonato Junior

Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), nonatorjr@gmail.com

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Aldo Aloísio Dantas

Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), aldodantasufrn@gmail.com

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Rita de Cássia da Conceição Gomes

Doce Universidade Federal do Rio Grande do Norte, ricassiacg@gmail.com

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