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Dossiê Paraná em suas diversas escalas

A cartografia do litoral paranaense

Demografia, acesso à universidade, densidade populacional, razão de sexo e temas gerais
La cartographie de la cote du Paraná : démographie, accès universitaire, densité de population, sexe et thèmes généraux
The cartography of Paraná's coast: demography, university access, population density, sex ratio and general themes
Ricardo Rodrigues Monteiro et André Nagy

Résumés

Dans ce travail, nous présentons la Cartographie de thèmes variés de la côte de Paraná, principalement pour le recensement de 2010 et sur l'échelle de tous les secteurs de recensement. La méthode de représentation cartographique comprenait l'utilisation de logiciels gratuits, en particulier l'application Philcarto, pour les cartes thématiques, Carte & Données, pour les cartes d'écoulement, Inkscape, pour l'édition des images exportées de Philcarto et GIMP pour l'édition finale images. Les textes ont été écrits afin d'être accessibles aux lecteurs spécialisés et non spécialisés. Nous avons cherché une représentation générale de thèmes tels que: la formation territoriale et la croissance démographique des communes côtières, depuis 1872, selon la population selon les groupes d'âge et les projections démographiques pour 2015, les groupes d'âge et le sexe des étudiants inscrits à l'UFPR Litoral entre 2008 et 2016, les inscriptions au réseau scolaire et les déplacements à distance pour accéder aux universités, les décroissances et la carte des secteurs urbain et rural selon la classification de l'IBGE, les ménages privés permanents et les domiciles inoccupés à des fins occasionnelles (deuxième résidences), le nombre moyen d'habitants par ménage et la densité de population et le sexe. L'intention est d'aider les actions de planification par les institutions publiques et de nourrir avec des données et des informations cartographiques les discussions sur l'enseignement, la recherche et l'extension à toutes les échelles de l'éducation publique et / ou privée locale.

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Texte intégral

1O presente trabalho foi desenvolvido a partir dos dados por setor censitário, principalmente de2010. A representação contemplou a totalidade dos setores em 2010 (um pouco menos que 500), dando destaques nas principais concentrações urbanas e na orla do atlântico, onde se encontra a maior quantidade de setores, que foram ampliados duas vezes em algumas representações.

Formação Territorial dos Municípios Litorâneos desde 1872

  • 1 Pelo decreto n.º 2439, de 05/12/1931, o município de Porto de Cima é extinto, sendo seu território (...)

2No Censo de 1872, havia cinco municípios no litoral paranaense: Antonina, Guaratuba, Morretes, Paranaguá e Porto de Cima, este último vindo a ser anexado à Morretes em 19311. Nessa época o Paraná tinha apenas 16 municípios, e sua população total (126.722 habitantes) era uma das menores do país, representando apenas 1,3% da população brasileira. O litoral, então com 26.666 habitantes, representava um quinto da população do estado e um terço do número de municípios.

3Nesse Censo ainda havia a distinção entre população livre e escrava, de modo que 9,1 % da população do estado correspondiam aos escravos. No litoral, eles representavam 9,7% da população, quantidade ligeiramente superior à média estadual. O município mais populoso era Paranaguá, com 45% da população litorânea, seguido por Antonina (21%) e Morretes (18%), Guaratuba (8%) e Porto de Cima (7%). Essas relações de quantidades entre os dados do litoral, estado e país serão profundamente alteradas ao longo dos próximos 138 anos, até o registro censitário mais recente (2010).

  • 2 Elevado à categoria de vila com a denominação de Guaraquessaba, por lei provincial n.º 557, de 11/0 (...)

4Guaraqueçaba é criada logo em seguida ao primeiro censo, a partir do desmembramento de Paranaguá2, e já consta no censo seguinte (1900), com população de 5.469 habitantes. Com as mudanças, Paranaguá diminui seu peso populacional para 31%, enquanto Antonina diminui ligeiramente, para 20,4%.

5Do ponto de vista da superfície territorial dos municípios do litoral, a quantidade praticamente não variou nesse período. Mas a população, que compreendia 1/5 da população do estado em 1872, terá uma diminuição relativa significativa, passando para apenas 2,5%, em 2010. Como reflexo, a força política do litoral paranaense é pouco expressiva no estado, diferente do estado vizinho, Santa Catarina, onde ocorre justamente o contrário. Reduzir a complexidade do fenômeno seria hipersimplificara realidade a uma dimensão geométrica, mas o fato é que as formas espaciais dos dois estados são como funis opostos: PR tem uma costa muito reduzida e fronteira oeste bastante extensa, enquanto em SC, ocorre justamente o contrário. No RS e SP, por exemplo, essas proporções são muito similares, pois essas fronteiras são praticamente paralelas.

6Geometrias à parte, o crescimento populacional no litoral intensificou-se após a década de 1950. Nas últimas seis décadas, a população praticamente quintuplicou (Gráfico 1).

Gráfico 1 - Crescimento da população total do litoral paranaense 1872-2010

Gráfico 1 - Crescimento da população total do litoral paranaense 1872-2010

Fonte: IBGE

7Ainda assim, o fenômeno populacional em Paranaguá é bem distinto dos demais municípios no litoral. Ao longo do século XX a curva de crescimento é praticamente uma linha reta, com quase 45 graus de inclinação. Além dela, apenas os três municípios balneários (Guaratuba, Matinhos e Pontal) registram algum crescimento expressivo, esse último vindo a ultrapassar Antonina e Morretes na última década (Gráfico 2).

Gráfico 2 - Crescimento da população dos municípios do litoral paranaense 1872-2010

Gráfico 2 - Crescimento da população dos municípios do litoral paranaense 1872-2010

Fonte: IBGE

O Fenômeno populacional no litoral paranaense entre 1872 e 2010

8A figura 1 é um detalhamento do que foi apresentado em Monteiro (2016, figura 1), agora com foco (escala) no litoral paranaense, municípios da RMC (Região Metropolitana de Curitiba) e entorno. Em 1872 observa-se bastante uniformidade nas populações, de modo que é muito difícil visualizar o destaque de algum município. Porém, em 1900, a capital do estado desponta e, a partir daí, vai gradualmente ampliando sua dominância populacional até alcançar a cifra de 1,75 milhões de pessoas em 2010. Até 1940, não se observa sobreposições dos círculos proporcionais de população, e a maior quantidade registrada era de apenas 140.000 habitantes. Mas após 1950 o fenômeno demográfico se intensifica, de modo que em 2010, essa porção retratada do estado abrigará um contingente de 3,2 milhões de pessoas, apenas na RMC3, ou seja, praticamente 1/3 do total do estado. Fora da sobreposição da RMC, os dois municípios mais populosos são Paranaguá (140.469 habitantes) e Ponta Grossa (311.611 habitantes). Dentro da RMC, destacam-se São José dos Pinhais (264.210 habitantes) e Colombo (212.967 habitantes), os únicos, depois de Curitiba, a superar a cifra de 200.000 habitantes na RMC.

Figura 1 - População nos municípios em 11 momentos - de 1872 a 2010

Figura 1 - População nos municípios em 11 momentos - de 1872 a 2010

Cartografia: Ricardo Rodrigues Monteiro

9Como se observa, a população total do litoral paranaense não é expressiva em relação ao contingente populacional do seu entorno, já que representa menos de 8% da população da RMC. No entanto, a proximidade espacial é um fato, já que o litoral encontra-se a uma distância média de 85 km da capital.

Demografia por faixas etárias

  • 4 Nota:1. O quadro em vermelho possui o mesmo tamanho em todos os períodos; 2. Os círculos representa (...)
  • 5 Fonte: IBGE. Neste quesito o IBGE tem dois conceitos: O recorte adotado em análises de mercado de t (...)

10Nesse item representamos a distribuição da população4 no litoral a partir de três faixas etárias: A) 0-14; B) 15-64; e C) 65 ou mais; a primeira representando crianças e adolescentes, a seguinte, a população em idade produtiva e a última a população idosa. Essa divisão é correspondente ao conceito de razão de dependência, do IBGE, que considera o peso da população definida dependente (0 a 14 anos somado às pessoas de65 anos e mais de idade) sobre a população potencialmente ativa (15 a 64 anos de idade)5.

  • 6 Fonte: IBGE 2010 - Tabela 1.1.1 - População residente, por situação do domicílio e sexo, segundo os (...)
  • 7 Atlas do desenvolvimento humano no Brasil <http://atlasbrasil.org.br/2013/pt/perfil_uf/parana>;

11Em termos gerais, em 2010, no litoral, as faixas A, B e C representavam respectivamente, 26%, 68% e 7% da população total, números muito próximos às médias nacionais (24,1%, 68,5% e 7,4%6) e às médias no Estado do Paraná (23%, 69,5% e 7,5%). Em 1991, o estado registrava 33,5%, 62% e 4,5% (PNUD7), o que demonstra uma diminuição significativa na faixa A (redução de 1/3), enquanto a faixa C quase dobrou, em termos percentuais. A faixa B cresceu em proporção bem menor, registrando um aumento em torno de 12%.

12Em comparação ao estado, a principal distinção do litoral paranaense ocorre na faixa A, cujo valor está 13% acima da média do estado. Nas demais faixas etárias as diferenças são muito próximas às médias estaduais.

13Em relação aos dados da faixa B, os dados dos municípios são muito homogêneos, muito próximos à média. Mas deve-se registrar a existência de pequenas diferenças nas faixas A e C. Na faixa A, Pontal do Paraná é o que assinalava a menor taxa (23,9%), enquanto Paranaguá, a maior (26,6%). Ainda assim, essa é uma diferença muito pequena, da ordem de 11% em relação à menor taxa. Na faixa C é onde encontramos as maiores diferenças: Paranaguá apresentava apenas 5,9% de população idosa, enquanto Morretes, 8,8%, portanto uma diferença de 32%,desse último em relação ao dado de Paranaguá.

14O mapa das porcentagens da população com idade entre 0 e 14 anos revela que as maiores taxas² encontram-se na periferia da área urbana de Paranaguá, onde a grande maioria dos setores censitários apresenta taxas acima de 30% ou 33% (Mapa 1 - Faixa A). Esse fenômeno praticamente não ocorre nas áreas urbanas de Pontal do Paraná, Guaraqueçaba, Antonina e Morretes, e muito pouco em Matinhos e Guaratuba, onde há pouquíssimos setores com taxas acima de 30%. Nas áreas rurais, em geral há maior heterogeneidade nas médias, principalmente em Guaraqueçaba, Antonina e Morretes. Guaratuba parece ser o único município cujas médias nos setores rurais estão em geral acima de 25% nessa faixa etária. Na orla atlântica, por sua vez, as taxas predominantes são as mais baixas, raramente ultrapassando 20%.

Mapa 1 - Faixa A - Porcentagem de população de 0 a 14 anos sobre o total do setor censitário

Mapa 1 - Faixa A - Porcentagem de população de 0 a 14 anos sobre o total do setor censitário

Cartografia: Ricardo Rodrigues Monteiro Fonte: IBGE - Censo 2010

15A cartografia da faixa B demonstra uma clara distinção nas áreas rurais, assinalando a porção norte do litoral com valores um pouco abaixo da média, o oposto do que ocorre na porção sul (Mapa 2 - Faixa B). Nas áreas urbanas, Antonina, com setores em sua grande maioria com valores abaixo da média, distingue-se dos demais municípios. Os valores acima de 71% ocorrem na porção turística da Ilha do Mel, em alguns setores da área urbana de Paranaguá (predominantemente no centro histórico e seus arredores), em Caiobá, no centro histórico de Guaratuba e arredores e em alguns balneários de Matinhos e Pontal do Paraná, nesse último principalmente em Pontal do Sul e Praia de Leste.

Mapa 2 - Faixa B - Porcentagem de população de 15 a 64 anos sobre o total do setor censitário

Mapa 2 - Faixa B - Porcentagem de população de 15 a 64 anos sobre o total do setor censitário

Cartografia: Ricardo Rodrigues Monteiro Fonte: IBGE - Censo 2010

16Para a representação dos dados da faixa C foi necessário um ajuste dos dados, pois dois setores censitários (411820405000071 e 411820405000125) apresentavam surpreendentes taxas de 72 e 60% sobre o total. Eles foram aglutinados na classe com valores mais elevados (14,01% a 72%), da qual faziam parte 28 setores, em 2010. No mapa 3 – Faixa C, referente aos idosos, observa-se que a principal concentração de setores que apresentaram taxas acima da médiaestános centros históricos dos municípios, e arredores, principalmente em Paranaguá, cuja quantidade de setores nessa situação é maior. Nas áreas rurais o fenômeno aparece de forma geral em Guaraqueçaba, Antonina e Morretes, e de forma localizada em Paranaguá e Guaratuba, embora se observe vários setores rurais que apresentaram taxas bem abaixo da média.

17Nos balneários, há predominância de setores com taxas acima da média. Caiobá distingue-se dos demais, por apresentar taxas bem abaixo das médias, assim como os bairros mais populosos das periferias de Paranaguá, Matinhos e Guaratuba, boa parte dos quais com menos de 4% de idosos. Em Paranaguá, as taxas menores que 3% aparecem nos setores urbanos mais periféricos. Isso é diferente em Matinhos e Guaratuba, onde as áreas mais populosas apresentam taxas entre 4,01 e 8%.

Mapa 3 – Faixa C - Porcentagem de população com 65 anos ou mais sobre o total do setor censitário

Mapa 3 – Faixa C - Porcentagem de população com 65 anos ou mais sobre o total do setor censitário

Cartografia: Ricardo Rodrigues Monteiro Fonte: IBGE - Censo 2010

18Outro dado, a estimativa populacional do DataSUS por faixas etárias, para o ano de 2015 (Tabela 1), indica que a maior variação ocorre na última faixa (65 anos ou mais), onde Antonina desponta como o único município a superar 10% sobre o total. Paranaguá, por sua vez, apresenta a menor taxa de idosos e a maior taxa de crianças e adolescentes. Outra observação é que a população total do litoral estaria se aproximando de trezentos mil habitantes.

Tabela 1 - Estimativa populacional 2015 por faixas etárias

Tabela 1 - Estimativa populacional 2015 por faixas etárias

Fonte: DataSUS

População com idade de ingresso ao ensino superior

19Para realizar a cartografia da população com idade de ingresso ao ensino superior no litoral tomamos como base o perfil dos alunos matriculados na UFPR Litoral, especialmente sexo e faixa etária, como consta na tabela 2. Os dados revelam a predominância da população feminina, maior ainda entre os alunos do turno da manhã, onde as mulheres representaram em média 2/3 dos matriculados no período. Em relação à idade dos matriculados, observa-se que aproximadamente 1/3 apresenta mais do que 23 anos e praticamente 1/3 dos alunos da manhã e 1/4 dos do período noturno tinham 17 ou 18 anos. Há predominância nos alunos com idade de até 23 anos, os quais correspondem praticamente a 2/3 do total. No outro extremo, os dados dos alunos com menos de 16 anos foram nulos, ou praticamente nulos. Por essa razão, faremos a análise nos mapas priorizando como faixa etária os moradores no litoral com idade de 16 a 23 anos. Entretanto, como o censo foi realizado em 2010, achamos por bem descontar os sete anos passados, ajustando então a classe de análise para a população moradora em 2010 com idade entre 9 e 16 anos, a qual estima-se que tenha atualmente idade entre 16 a 23 anos.

Tabela 2 - Sexo e faixa etária dos alunos matriculados na UFPR Litoral

Tabela 2 - Sexo e faixa etária dos alunos matriculados na UFPR Litoral
  • 8 Fonte: dos dados para representação foi a planilha Pessoa13_PR do Censo Demográfico de 2010, cujos (...)
  • 9 Fonte: dos dados para representação foi a planilha Pessoa13_PR do Censo Demográfico de 2010, cujos (...)

Fonte: PES 2017 (Grupo de Pesquisa Educação e Trabalho; Coord.: Dra. Adriana Lucinda e Dr. Emerson Joucoski); edição: Autor, 201789

20Ao todo, o litoral contabilizava em 2010 41.321 pessoas residentes na faixa etária de 9 a 16 anos (15,6 % total). Esses dados foram tratados e representados na tabela 3, onde se observa que Paranaguá agregava mais da metade do contingente nessa faixa etária, seguido por Guaratuba e Matinhos.

Tabela 3 - Dados gerais municipais

Tabela 3 - Dados gerais municipais

Fonte: IBGE - Censo 2010

21Embora as médias dessa faixa nos municípios fiquem próximas a 15% da população total, a distribuição do fenômeno no espaço é diferente nesses municípios, como se observa no mapa 4. Outra questão é que poucos setores censitários apresentaram médias acima de 19%, com o registro de poucos casos em Paranaguá e Guaratuba.

22O mapa revela concentração em três áreas específicas: a quase totalidade da mancha urbana de Paranaguá e parte das manchas urbanas de Guaratuba e Matinhos, mais especificamente as porções onde não há ocorrências de segundas residências é menor, e onde habita a maior parte da população. O uso da cor foi para demonstrar a porcentagem dessa faixa etária sobre o total da população do setor censitário.

Mapa 4 - População com idade de 9 a 16 anos por setor censitário

Mapa 4 - População com idade de 9 a 16 anos por setor censitário

Cartografia: Ricardo Rodrigues Monteiro Fonte: IBGE - Censo 2010

23Nos demais municípios observa-se um maior espalhamento da população nessa faixa etária, principalmente em Guaraqueçaba, onde a mesma parece “pulverizada”. As populações rurais de Morretes, por sua vez, são maiores que as rurais dos demais municípios, entretanto seu núcleo urbano possui menor concentração que o de Antonina. Observa-se um vazio demográfico, tanto ao norte da baía de Paranaguá, ou seja, nas áreas rurais de Antonina e Guaraqueçaba, quanto nas áreas rurais de Matinhos e Guaratuba, essa última com ocupação ainda mais rarefeita. Também observamos que a ocorrência espacial do fenômeno em Pontal do Paraná é semelhante à dos balneários de Matinhos, com exceção de Caiobá. Outra questão relevante é a proximidade entre as concentrações de populações de Guaratuba e Matinhos, atualmente separadas pelas águas da Baía de Guaratuba, que são atravessadas com auxílio de ferryboat, já que não existe pontepara a conexão entre essas porções territoriais.

Matriculas no ensino médio

24As matrículas para o ensino médio no Litoral Paranaense têm diferenças em sua distribuição, obrigando os jovens a viajar entre os municípios, quer seja por estar procurando melhores condições de ensino, ou pior, pela falta de vagas em seus municípios de moradia, trajetória que se traduz como uma necessidade que se dará como rotina pelos anos vindouros no ensino superior. Os dados do Censo Demográfico de 2010 permitem analisar este fenômeno com maior clareza, tendo em vista que em 2000 a informação de deslocamento para estudo era captada para ensino também, portanto há uma série de pessoas que estudam e trabalham impedindo a distinção de qual é a localidade em que desenvolve o estudo, ou o trabalho, ou os dois. Desta forma analisaremos as trajetórias para o ensino superior apenas para o ano de 2010, e para o ensino médio focaremos na distribuição da oferta (dados do censo escolar) contrapondo aos dados de deslocamento para ensino médio (dados do censo demográfico 2010).

25A tabela 4 mostra para o ano de 2010 esta comparação, destacando os municípios que mais contribuem com vagas e aqueles que mais obrigam (por escolha, ou falta de condições de ensino) a se deslocar para completarem seus estudos de nível médio. Paranaguá como o município que tem historicamente os maiores índices de oferta de ensino médio se destaca como aquele que mais recebe estudantes dos vizinhos, 152; na outra ponta está Guaraqueçaba, que isolada pelas distâncias para o deslocamento de sua população para os municípios vizinhos, não atrai estudantes, poucos se deslocam.

Tabela 4 - Número de matrículas no ensino médio em 2015, estudantes 2010, entradas, saídas e saldo do deslocamento para ensino médio 2010, segundo municípios do litoral paranaense

Tabela 4 - Número de matrículas no ensino médio em 2015, estudantes 2010, entradas, saídas e saldo do deslocamento para ensino médio 2010, segundo municípios do litoral paranaense

26Este processo não tem mudança significativa entre 2010 e 2015, como mostram os dados da tabela 4. Na tabela 5 destacam-se as matrículas em todas as categorias do ensino médio no ano de 2015. A oferta é polarizada em Paranaguá, tendo em vista a possibilidade de alunos estarem em todas estas categorias, apenas Antonina tem alguma opção distinta do ensino médio regular, oferecendo também educação profissionalizante.

Tabela 5- Número de matrículas no ensino médio por categoria de ensino, segundo municípios do litoral paranaense, 2015

Tabela 5- Número de matrículas no ensino médio por categoria de ensino, segundo municípios do litoral paranaense, 2015

Tempos de deslocamento às universidades

27O mapa 5 apresenta um diagrama de distâncias-tempo para os deslocamentos médios entre as sete cidades do litoral paranaense. Os círculos proporcionais são os mesmos do mapa 4, e, portanto representam a população estimada com idade entre 16 a 23 anos. Optou-se por representar os núcleos urbanos, onde está a maioria da população, com exceção de Morretes, cuja população é bem espalhada na continuidade urbano-rural.

28Os pontos extremos na rede são Guaraqueçaba, Guaratuba, Morretes e o balneário de Pontal do Sul, em Pontal do Paraná. Guaraqueçaba é o ponto mais afastado da rede, devido ao principal caminho não ser pavimentado, e cujas velocidades médias são próximas a 30 km/h. Guaratuba, por sua vez, embora próxima fisicamente de Matinhos, está separada dos demais municípios por meio da baía que leva seu nome, ainda que uma pequena parte da sua área urbana esteja em ambos os lados da baía.

29Como se observa, a parte central da rede é um triângulo formado por Paranaguá, Pontal do Paraná e Matinhos, municípios onde viviam 190.795 habitantes (72 % da população litorânea, em 2010), e onde as distâncias-tempo médias de deslocamento entre as principais cidades estão próximas a 30 minutos. O “vértice” Paranaguá, e o trecho Paranaguá-Matinhos, são os principais elementos da rede, pois neles passam os principais fluxos, inclusive os portuários e os de acesso às cidades balneárias. Apenas o acesso à Guaratuba pode ser realizado por uma via exterior completamente asfaltada, a rodovia BR 376, que liga Curitiba a Garuva-SC, embora esta seja opcional.

30As principais universidades públicas e privadas e o Instituto Federal do litoral (IFPR) estão localizadas em Paranaguá, Matinhos, Guaratuba e Pontal do Paraná, e, portanto no referido triângulo, ou próximo a ele. A UFPR possui setores com instalação física em Matinhos (UFPR Setor Litoral) e Pontal do Paraná (CEM - Centro de Estudos do Mar). As universidades de Paranaguá localizam-se predominantemente no (ou próximo do) setor histórico da cidade. A localização em Paranaguá facilita o acesso de quem mora em Morretes e Antonina. A localização em Matinhos, por sua vez, facilita o acesso de quem mora em Guaratuba, mas, em relação à Paranaguá, dificulta o acesso de quem mora em Antonina e Morretes. Para os que moram em Pontal do Paraná, as distâncias-tempo médias, tanto a Paranaguá como ao centro de Matinhos, são muito similares. Guaraqueçaba, evidentemente, está bastante distante de qualquer cidade da região. Ao lado incluímos um fundo de mapa usual, euclidiano, a título de comparação.

Mapa 5 - Distância-tempo e população com idade de acesso à universidade (16 - 23 anos)

Mapa 5 - Distância-tempo e população com idade de acesso à universidade (16 - 23 anos)

Cartografia: Ricardo Rodrigues Monteiro Fonte: IBGE - Censo 2010

Deslocamento entre os municípios da região para estudo universitário

31No mapa 6 está demonstrada a dificuldade dos estudantes universitários quanto aos seus trajetos diários para as universidades públicas e privadas da região, tendo em vista que em 2010, 2.003 estudantes viajavam para completar seus estudos, de um total de 7.327 universitários residentes nestas localidades. Também é possível notar a importância de Curitiba, que recebia 726 alunos desta fase escolar, contribuía com 36,2% das matrículas entre aqueles que se deslocavam a partir do Litoral Paranaense. Paranaguá por sua vez atraia 601 estudantes da região, 30%, sendo que Pontal do Paraná, com 181, tinha seu maior contingente destes alunos. A oferta de novos cursos e consequente aumento de vagas nos últimos anos no Brasil teve seus reflexos na região também, tendo em vista que as vagas oferecidas em seus municípios aumentaram de 1.543 em 2000 (apenas em Paranaguá), para 6.590 em 2010 na região, quando apenas Morretes não oferecia cursos universitários, um substancial aumento de 327% para os cursos presenciais. Os municípios em que mais moradores viajavam diariamente para estudar dentro da região em 2010 eram Pontal do Paraná (330), Paranaguá (175) e Morretes (162). O destino mais procurado pelos moradores de Paranaguá era Matinhos, já vindos de Morretes para Paranaguá eram 145 estudantes. O mesmo processo distancia os municípios de Paranaguá e Guaraqueçaba, onde para o ensino médio um recebia a maioria dos alunos e o outro mostrava seu isolamento geográfico o que é confirmado com o fato de viajarem mais alunos para fora da região, que internamente, em 2010 apenas 22 alunos iam para Paranaguá, enquanto 37 saiam para outras regiões.

Mapa 6 – Deslocamento para estudo universitário - 2010

Mapa 6 – Deslocamento para estudo universitário - 2010

Cartografia: Ricardo Rodrigues Monteiro Fonte: IBGE - Censo 2010

32Os mapas 7 e 8 mostram outra contradição, apesar de ser proporcional o número de estudantes oriundos do ensino público (3.343) e privado (3.247) em 2010, a circulação destes não obedeciam a mesma proporção, onde 1.082 frequentavam o ensino público, e 921 o privado. Porém apenas 24,9% saiam da região para estudar em escolas públicas (269 alunos), enquanto 67,8% procuravam escolas fora da região no ensino privado, principalmente em Curitiba, com 58,5% (539 alunos). Destacando que a oferta do ensino público na região é bastante equilibrada, onde os cursos oferecidos obedecem a critérios regionais, porém os cursos oferecidos pelo ensino privado não têm o mesmo apelo, levando à escolhas fora da região.

Mapa 7 – Deslocamento para estudo universitário público - 2010

Mapa 7 – Deslocamento para estudo universitário público - 2010

Cartografia: Ricardo Rodrigues Monteiro Fonte: IBGE - Censo 2010

Mapa 8 – Deslocamento para estudo universitário privado - 2010

Mapa 8 – Deslocamento para estudo universitário privado - 2010

Cartografia: Ricardo Rodrigues Monteiro Fonte: IBGE - Censo 2010

Declividades

33Outro tema que procuramos representar foram as declividades do litoral. O mapa 9 ilustra que quase a totalidade das áreas urbanas situa-se próximo às águas do oceano e das baías e nas áreas com declividade entre 0 e 10%, o que correpondem a áreas em geral com risco de alagamentos.

Mapa 9 - Declividades no Litoral Paranaense

Mapa 9 - Declividades no Litoral Paranaense

Cartografia: Ricardo Rodrigues Monteiro Fonte: ITCG

Setores censitários 2010

34Em 2010 havia 489 setores censitários no litoral paranaense, dos quais 412 classificados pelo IBGE como urbano, e 77 classificados como rural (Mapa 10). No entanto, os dados do universo registram 481 setores habitados (406 urbanos e 75 rurais), onde viviam 265.276 pessoas em 2010, portanto uma média de 551 habitantes/setor. A população rural era de apenas 25.163 (9,5% do total), restando 240.113 para a população cadastrada como urbana. Com exceção de Matinhos e Pontal do Paraná, cuja área urbana é contínua, as demais áreas urbanas municipais são regionalmente isoladas. Haveria uma continuidade urbana física entre Guaratuba e Matinhos se não fossem as águas da baía. As áreas urbanas de Morretes, Antonina e Guaraqueçaba, além de isoladas, são bastante reduzidas.

Mapa 10 - Setores censitários urbanos e rurais 2010

Mapa 10 - Setores censitários urbanos e rurais 2010

Cartografia: Ricardo Rodrigues Monteiro Fonte: IBGE - Censo 2010

Domicílios particulares permanentes

35Em 2010 o litoral apresentava 149.126 domicílios particulares permanentes (Mapa 11), a maioria localizada nas cidades balneárias, servindo principalmente como segundas residências e compreendendo a principal fonte de arrecadação pública local (IPTU, ITBI).

Mapa 11 - Domicílios particulares permanentes 2010

Mapa 11 - Domicílios particulares permanentes 2010

Cartografia: Ricardo Rodrigues Monteiro Fonte: IBGE - Censo 2010

36Consoante ao demonstrado em Monteiro (2013, p.3-4), os dados de domicílios de uso ocasional revelam o fenômeno das segundas (ou terceiras) residências, predominante nas cidades balneárias (Guaratuba, Matinhos e Pontal do Paraná), mas que ocorre também nas áreas rurais de Morretes e em Antonina, na orla da baía (Mapa 12).

37Monteiro (2013, p.4) já havia demonstrado que em 2010 a quantidade de domicílios particulares permanentes em Guaratuba, Matinhos e Pontal do Paraná era ligeiramente superior à população, e que as taxas de domicílios vagos na orla atlântica desses municípios era de aproximadamente 80%. Em termos numéricos, existiam em 2010 no litoral 68.957 domicílios não ocupados, correspondendo a 46% do seu total. Entretanto, essa porcentagem é muito maior em Pontal do Paraná (74%), Matinhos (71%) e Guaratuba (58%). Agora podemos representar os dados com maior detalhamento, a partir dos dados de domicílios da sinopse por setores do censo 2010, como ilustram os mapas 10, 11 e 12.

Mapa 12 - Domicílios de uso ocasional 2010

Mapa 12 - Domicílios de uso ocasional 2010

Cartografia: Ricardo Rodrigues Monteiro Fonte: IBGE - Censo 2010

38O IBGE define duas subcategorias de domicílios não ocupados: de uso ocasional ou vago. No caso das cidades balneárias do litoral, o primeiro caso é predominante e indica segundas residências. A ocorrência principal é na orla atlântica dos três municípios anteriormente citados, mas também ocorre na Ilha do Mel e nos arredores das Baías de Paranaguá e Guaratuba, por exemplo, nas localidades de Ilha do Amparo, em Paranaguá e São Joãozinho, em Guaratuba, o que indica que a procura por segundas residências não é exclusiva nas áreas próximas ao mar.

39Há também registros de ocorrência acima de 51% em pelo menos um setor em Morretes e outro em Antonina (Mapa 13). O destaque negativo fica para Caiobá, balneário cuja maioria dos setores ultrapassa a taxa de 84% de domicílios de uso ocasional, enquanto o positivo fica com Paranaguá, onde os dados apontam maior uniformidade na classe mais baixa (0 a 6%). Mesmo as áreas urbanas de Morretes, Antonina e Guaraqueçaba apresentaram taxas em geral abaixo de 24%.

Mapa 13 - Porcentagem de domicílios não ocupados de uso ocasional 2010

Mapa 13 - Porcentagem de domicílios não ocupados de uso ocasional 2010

Cartografia: Ricardo Rodrigues Monteiro Fonte: IBGE - Censo 2010

40Outro dado relevante para a análise é a relação entre moradores e domicílios particulares permanentes em 2010 (Mapa 14). Pontal do Paraná é o único município na orla que não apresenta setores cuja média supera 2,07 habitantes por domicílio. Entre os municípios da orla, os dados de Guaratuba são os menores, muito inferiores aos de Matinhos, principalmente nos setores correspondentes aos bairros Piçarras, Mirim, Carvoeiro, Jiçarra e arredores. Paranaguá, em praticamente boa parte da área urbana, e inclusive na Ilha da Cotinga, é praticamente o único que supera a média de 3,16 habitantes por domicílio, não fosse o Superagui, em Guaraqueçaba, outra localidade a superar essa marca.

Mapa 14 - Média de habitantes nos domicílios particulares permanentes

Mapa 14 - Média de habitantes nos domicílios particulares permanentes

Cartografia: Ricardo Rodrigues Monteiro Fonte: IBGE - Censo 2010

Densidade populacional

  • 10 A densidade de 24 hab/ha é bruta, logo se devem descontar as porções de área do sistema viário, res (...)

41Em relação às densidades populacionais, em geral os índices são baixíssimos, principalmente em Pontal do Paraná, que sequer consegue ultrapassar 24 habitantes/hectare(hab./ha), o que corresponde a algo em torno de oito famílias, cada qual com três pessoas, vivendo em cada quarteirão com pouco menos de um hectare10 (Mapa 15). A área urbana de Guaraqueçaba, por exemplo, ultrapassou esse valor. Isso demonstra, conforme registrado em Monteiro (2013), que as cidades litorâneas têm custo elevado de manutenção, e em alguns lugares parecem desertos urbanos, devido ao fenômeno das segundas residências.

42Paranaguá é o único município a superar a marca de 89 hab./ha por setor censitário, vindo a atingir o máximo registrado de 181 hab./ha. Antonina, curiosamente, apresenta ao menos um setor urbano com densidade na faixa imediatamente inferior (66,01 a 89 hab./ha). Depois vêm Guaratuba e Matinhos, onde as maiores densidades populacionais concentram-se nos locais mais afastados (mas contíguos) aos principais balneários, já que é o local de moradia da população que mantém toda essa estrutura de segundas residências em condições de uso, ou seja, realizam as atividades de manutenção, limpeza, gestão dos imóveis, serviços urbanos, bem como as atividades comerciais temporárias no verão.

Mapa 15 - Densidade populacional 2010 - hab./ha por setor censitário urbano

Mapa 15 - Densidade populacional 2010 - hab./ha por setor censitário urbano

Edição gvSIG; Cartografia: Ricardo Rodrigues Monteiro Fonte: IBGE - Censo 2010

43Em termos semióticos, a densidade populacional é uma quantidade contínua derivada da subdivisão de uma quantidade discreta (população) por uma quantidade contínua original (superfície territorial), essa última podendo aparecer em várias unidades, principalmente quilômetros quadrados (km²) ou hectares (ha). A referência ao hectare é mais adequada para se realizar uma análise urbana, que é o objetivo principal desse item, pois ela é semelhante, grossomodo, à área de um quarteirão urbano mais a porção de sistema viário correspondente, ao redor, algo próximo a 10.000,00 m², correspondente à área do hectare.

  • 11 Considerou-se média de 2hab / apartamento (total 32 hab) e área do terreno de 500,00m² (0,05 ha);

44Assim, o valor da população torna-se correspondente a uma quantidade média de uma população de moradores em cada quadra urbana, ou quarteirão e, portanto, pode ser comparada com um elemento do censo comum (quarteirão) e facilitar sua compreensão. Simplificando ao máximo, uma densidade de 24 hab./ha corresponde a três moradias ocupadas, em cada quarteirão, o que é extremamente baixo, já que o mesmo pode comportar, dependendo dos tipos de construções (edifício em altura, sobrados, bloco de apartamentos com quatro pavimentos, casa térrea, casa geminada etc), muito mais do que isso. Só para ilustrar, apenas um lote, com um edifício de quatro pavimentos, e quatro apartamentos por andar, pode comportar uma densidade populacional de 640 hab./ha11. Não se quer com isso dizer que essa é a melhor solução habitacional para todos os casos, pois isso seria absurdo, mas a apresentamos com objetivo de auxiliar a comparação.

45No caso das cidades balneárias, de fato existem mais unidades habitacionais construídas do que moradores, mas elas são pouco ocupadas. Nos principais balneários as taxas de ocupação raramente ultrapassavam 10% dos imóveis, e isso explica por que as densidades populacionais são baixíssimas nesses setores censitários, em geral abaixo de 10 hab./ha, algo equivalente a três casas com moradores, em cada quarteirão.

46Como se vê, a densidade populacional também se torna índice semiótico de vários outros objetos dinâmicos, quer dizer, ela indica, ou aponta vários possíveis fenômenos: demanda por serviços públicos, subutilização dos imóveis, esvaziamento populacional, deserto urbano, expansão urbana, problemas sanitários, conflitos sociais etc. Por isso a sua importância para a análise geográfica.

47O mapa 16 representa o fenômeno da densidade populacional de outra forma, através de pontos, cada qual representando 50 habitantes. Através dele percebe-se com maior evidência que há basicamente quatro locais de concentração populacional no litoral: toda área urbana de Paranaguá, boa parte da área urbana de Antonina, e algumas porções urbanas em Guaratuba e Matinhos. No entanto, convém advertir que Antonina “aparece” mais densa que Morretes porquê seus setores censitários são menores que os desse último, de modo que essa questão mereceria uma investigação mais minuciosa, por outro método, que se compreende o ajuste dos polígonos dos setores em correspondência à área real urbanizada, e que evidentemente ultrapassa os objetivos deste trabalho. O mesmo ocorre com os setores censitários de Pontal do Paraná, que são muito maiores que a área urbanizada real. A graficação, nesses casos, pode apresentar um signo desorientador, na medida em que induz uma conclusão que não corresponde à realidade.

Mapa 16 - Densidade populacional 2010 - em pontos

Mapa 16 - Densidade populacional 2010 - em pontos

Cartografia: Ricardo Rodrigues Monteiro Fonte: IBGE - Censo 2010

Razão de sexo

48Outra Cartografia, a partir dos dados de sexo, indica predominância de população masculina, nas áreas rurais e ilhas, e feminina, nas áreas urbanas (Mapa 17). Em seis setores, a razão de sexo ultrapassou 1,5 e alcançou a taxa surpreendente de 2,43, entretanto, isso se deve ao fato da população total no setor ser bastante reduzida (entre 15 e 35 pessoas) e, portanto esse dado deve ser relativizado. O mesmo também ocorre na outra extremidade, já que o único setor a apresentar taxa de 0,40 possuía apenas sete moradores, em 2010. Entretanto, uma vez registradas essas considerações iniciais, percebe-se que boa parte das áreas urbanas mais populosas apresenta razão de sexo compreendida nas duas faixas entre 0,75 e 0,97, que são predominantemente femininas. Os dados também reforçam a ideia de outro fenômeno, áreas rurais pouco densas e masculinizadas.

Mapa 17- Razão de sexo 2010

Mapa 17- Razão de sexo 2010

Cartografia: Ricardo Rodrigues Monteiro Fonte: IBGE - Censo 2010

Considerações

49Procuramos representar nesse trabalho um panorama geral de alguns temas importantes ao desenvolvimento do litoral paranaense, tais como demografia, distância-tempo entre as cidades e acessibilidade ao ensino superior, densidade demográfica, razão de sexo, declividades, entre outros, com intuito de que sejam úteis para ações de planejamento, ensino e pesquisa.

50Consideramos que a representação, na escala de todos os municípios litorâneos, e contemplando a totalidade dos setores censitários, permitirá uma leitura ampla, sem a omissão de nenhuma localidade. Ainda assim procuramos ampliar o recorte das áreas mais populosas, onde ocorre o maior número de setores censitários, para que os fenômenos sejam mais bem visualizados na escala urbana.

51Pareceu-nos bastante claro que a representatividade populacional do litoral paranaense sobre o total do estado é bastante reduzida, o que igualmente explica parcialmente a sua baixa representatividade política. Sobre a variação populacional dos sete municípios, é impressionante como Paranaguá destaca-se em relação aos demais, ainda que boa parte das maiores taxas de crescimento atuais ocorra nas cidades balneárias, principalmente Pontal do Paraná, que apresentou na última década uma das maiores taxas de crescimento no país. A representação por faixas etárias, por sua vez, permitiu retratar a distribuição das crianças, adultos e idosos, apontando os locais onde ocorre em maior quantidade.

  • 12 Registramos nosso agradecimento ao Professor Hervé Théry pela realização desses mapas.

52Sobre os dados da população com idade predominante para acesso ao ensino superior, sem desconsiderar as demais faixas, demonstrou-se os principais locais onde a mesma está concentrada, assim como a rede de rodovias através dos quais ocorrem os maiores fluxos de deslocamento. Acreditamos que essa informação possa ser útil para o planejamento da oferta do ensino nessa área, visando principalmente reduzir os deslocamentos da população, os quais compreendem grande consumo de tempo e recursos financeiros, e atender as localidades mais afastadas, hoje praticamente isoladas. Da mesma forma, os mapas de fluxos, realizados com o aplicativo Cartes et Données12, ilustra os principais deslocamentos, não apenas entre as cidades do litoral, mas entre elas e a capital Curitiba ou outros municípios do PR, ou ainda, outros estados.

53Sobre os mapas dos domicílios e da densidade populacional, reforçamos ainda mais a ideia de que boa parte da área urbana do litoral possui alta taxa de domicílios vagos e baixíssima densidade demográfica, o que exige um alto custo para a implantação e a manutenção da infraestrutura urbana. Da mesma forma, os setores com taxas de imóveis vagos maiores que 80% representam na maior parte do ano desertos urbanos. Ao final, o mapa da razão de sexo indica o fenômeno da masculinização no campo e a predominância de mulheres nas áreas mais populosas. Em síntese, consideramos que essas representações ilustram de maneira geral fenômenos que são altamente relevantes para uma melhor compreensão do litoral paranaense.

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Bibliographie

MONTEIRO, R. R.A cartografia do fenômeno urbano e econômico no Paraná: uma leitura com auxílio da semiótica. Confins [online] N° 27. 2016. Disponível em: <http://confins.revues.org/10966>; DOI : 10.4000/confins.10966. Acesso 2016.

______. Regulamentação urbana em revisão no Litoral do Paraná. In: XV Enanpur 2013 - Encontro da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Planejamento Urbano e Regional, Recife-PE, 2013.

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Notes

1 Pelo decreto n.º 2439, de 05/12/1931, o município de Porto de Cima é extinto, sendo seu território anexado do município de Morretes; Fonte: IBGE (http://cidades.ibge.gov.br/v3/cidades/municipio/4116208); acessado em 6/4/17;

2 Elevado à categoria de vila com a denominação de Guaraquessaba, por lei provincial n.º 557, de 11/03/1880, desmembrado de Paranaguá. Constituído do distrito sede. Instalado em 25/12/1880.; Fonte: IBGE (http://cidades.ibge.gov.br/painel/historico); acessado em 6/4/17;

3 Fonte: COMEC; <http://www.comec.pr.gov.br/arquivos/File/RMC/Populacao_Total_Urbana_Rural_2012.pdf>; acessado em 11/4/2017;

4 Nota:1. O quadro em vermelho possui o mesmo tamanho em todos os períodos; 2. Os círculos representam a população total do município, e são proporcionais para a totalidade dos (onze) registros.

5 Fonte: IBGE. Neste quesito o IBGE tem dois conceitos: O recorte adotado em análises de mercado de trabalhoem: <https://www.ibge.gov.br/home/estatistica/indicadores/trabalhoerendimento/pme_nova/retrospectiva2003_2012.pdf> página 20, item 2 – População em idade ativa; e o conceito de idade produtiva no link: <http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/condicaodevida/indicadoresminimos/conceitos.shtm>; Cabe salientar que o objetivo principal aqui é perceber a transição das faixas etárias mais jovens sob o ponto de vista educacional e o mundo do trabalho, neste sentido usar o conceito de produtividade separando a população em três segmentos permite perceber melhor onde estão os muito jovens e aqueles que não estão mais no horizonte da formação educacional formal.

6 Fonte: IBGE 2010 - Tabela 1.1.1 - População residente, por situação do domicílio e sexo, segundo os grupos de idade - Brasil- 2010;

7 Atlas do desenvolvimento humano no Brasil <http://atlasbrasil.org.br/2013/pt/perfil_uf/parana>;

8 Fonte: dos dados para representação foi a planilha Pessoa13_PR do Censo Demográfico de 2010, cujos campos V043 a V050 foram aglutinados em uma soma correspondente às pessoas com idade de 9 a 16 anos, em 2010. Link: ftp://ftp.ibge.gov.br/Censos/Censo_Demografico_2010/Resultados_do_Universo/xls/Municipios/parana.zip.

9 Fonte: dos dados para representação foi a planilha Pessoa13_PR do Censo Demográfico de 2010, cujos campos V043 a V050 foram aglutinados em uma soma correspondente às pessoas com idade de 9 a 16 anos, em 2010. Link: ftp://ftp.ibge.gov.br/Censos/Censo_Demografico_2010/Resultados_do_Universo/xls/Municipios/parana.zip.

10 A densidade de 24 hab/ha é bruta, logo se devem descontar as porções de área do sistema viário, resultando, dependendo do desenho urbano, em um quarteirão com área líquida de 10 a 20% menos que um hectare, ou em torno disso;

11 Considerou-se média de 2hab / apartamento (total 32 hab) e área do terreno de 500,00m² (0,05 ha);

12 Registramos nosso agradecimento ao Professor Hervé Théry pela realização desses mapas.

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Table des illustrations

Titre Gráfico 1 - Crescimento da população total do litoral paranaense 1872-2010
Crédits Fonte: IBGE
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Titre Gráfico 2 - Crescimento da população dos municípios do litoral paranaense 1872-2010
Crédits Fonte: IBGE
URL http://0-journals-openedition-org.catalogue.libraries.london.ac.uk/confins/docannexe/image/12678/img-2.png
Fichier image/png, 51k
Titre Figura 1 - População nos municípios em 11 momentos - de 1872 a 2010
Crédits Cartografia: Ricardo Rodrigues Monteiro
URL http://0-journals-openedition-org.catalogue.libraries.london.ac.uk/confins/docannexe/image/12678/img-3.png
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Titre Mapa 1 - Faixa A - Porcentagem de população de 0 a 14 anos sobre o total do setor censitário
Crédits Cartografia: Ricardo Rodrigues Monteiro Fonte: IBGE - Censo 2010
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Fichier image/jpeg, 268k
Titre Mapa 2 - Faixa B - Porcentagem de população de 15 a 64 anos sobre o total do setor censitário
Crédits Cartografia: Ricardo Rodrigues Monteiro Fonte: IBGE - Censo 2010
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Fichier image/jpeg, 316k
Titre Mapa 3 – Faixa C - Porcentagem de população com 65 anos ou mais sobre o total do setor censitário
Crédits Cartografia: Ricardo Rodrigues Monteiro Fonte: IBGE - Censo 2010
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Fichier image/jpeg, 276k
Titre Tabela 1 - Estimativa populacional 2015 por faixas etárias
Crédits Fonte: DataSUS
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Fichier image/jpeg, 56k
Titre Tabela 2 - Sexo e faixa etária dos alunos matriculados na UFPR Litoral
Crédits Fonte: PES 2017 (Grupo de Pesquisa Educação e Trabalho; Coord.: Dra. Adriana Lucinda e Dr. Emerson Joucoski); edição: Autor, 201789
URL http://0-journals-openedition-org.catalogue.libraries.london.ac.uk/confins/docannexe/image/12678/img-8.jpg
Fichier image/jpeg, 112k
Titre Tabela 3 - Dados gerais municipais
Crédits Fonte: IBGE - Censo 2010
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Fichier image/jpeg, 88k
Titre Mapa 4 - População com idade de 9 a 16 anos por setor censitário
Crédits Cartografia: Ricardo Rodrigues Monteiro Fonte: IBGE - Censo 2010
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Fichier image/jpeg, 280k
Titre Tabela 4 - Número de matrículas no ensino médio em 2015, estudantes 2010, entradas, saídas e saldo do deslocamento para ensino médio 2010, segundo municípios do litoral paranaense
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Fichier image/png, 19k
Titre Tabela 5- Número de matrículas no ensino médio por categoria de ensino, segundo municípios do litoral paranaense, 2015
URL http://0-journals-openedition-org.catalogue.libraries.london.ac.uk/confins/docannexe/image/12678/img-12.png
Fichier image/png, 31k
Titre Mapa 5 - Distância-tempo e população com idade de acesso à universidade (16 - 23 anos)
Crédits Cartografia: Ricardo Rodrigues Monteiro Fonte: IBGE - Censo 2010
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Titre Mapa 6 – Deslocamento para estudo universitário - 2010
Crédits Cartografia: Ricardo Rodrigues Monteiro Fonte: IBGE - Censo 2010
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Fichier image/png, 119k
Titre Mapa 7 – Deslocamento para estudo universitário público - 2010
Crédits Cartografia: Ricardo Rodrigues Monteiro Fonte: IBGE - Censo 2010
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Titre Mapa 8 – Deslocamento para estudo universitário privado - 2010
Crédits Cartografia: Ricardo Rodrigues Monteiro Fonte: IBGE - Censo 2010
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Fichier image/png, 101k
Titre Mapa 9 - Declividades no Litoral Paranaense
Crédits Cartografia: Ricardo Rodrigues Monteiro Fonte: ITCG
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Titre Mapa 10 - Setores censitários urbanos e rurais 2010
Crédits Cartografia: Ricardo Rodrigues Monteiro Fonte: IBGE - Censo 2010
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Fichier image/png, 469k
Titre Mapa 11 - Domicílios particulares permanentes 2010
Crédits Cartografia: Ricardo Rodrigues Monteiro Fonte: IBGE - Censo 2010
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Titre Mapa 12 - Domicílios de uso ocasional 2010
Crédits Cartografia: Ricardo Rodrigues Monteiro Fonte: IBGE - Censo 2010
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Fichier image/jpeg, 200k
Titre Mapa 13 - Porcentagem de domicílios não ocupados de uso ocasional 2010
Crédits Cartografia: Ricardo Rodrigues Monteiro Fonte: IBGE - Censo 2010
URL http://0-journals-openedition-org.catalogue.libraries.london.ac.uk/confins/docannexe/image/12678/img-21.jpg
Fichier image/jpeg, 240k
Titre Mapa 14 - Média de habitantes nos domicílios particulares permanentes
Crédits Cartografia: Ricardo Rodrigues Monteiro Fonte: IBGE - Censo 2010
URL http://0-journals-openedition-org.catalogue.libraries.london.ac.uk/confins/docannexe/image/12678/img-22.jpg
Fichier image/jpeg, 272k
Titre Mapa 15 - Densidade populacional 2010 - hab./ha por setor censitário urbano
Crédits Edição gvSIG; Cartografia: Ricardo Rodrigues Monteiro Fonte: IBGE - Censo 2010
URL http://0-journals-openedition-org.catalogue.libraries.london.ac.uk/confins/docannexe/image/12678/img-23.jpg
Fichier image/jpeg, 256k
Titre Mapa 16 - Densidade populacional 2010 - em pontos
Crédits Cartografia: Ricardo Rodrigues Monteiro Fonte: IBGE - Censo 2010
URL http://0-journals-openedition-org.catalogue.libraries.london.ac.uk/confins/docannexe/image/12678/img-24.jpg
Fichier image/jpeg, 260k
Titre Mapa 17- Razão de sexo 2010
Crédits Cartografia: Ricardo Rodrigues Monteiro Fonte: IBGE - Censo 2010
URL http://0-journals-openedition-org.catalogue.libraries.london.ac.uk/confins/docannexe/image/12678/img-25.jpg
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Pour citer cet article

Référence électronique

Ricardo Rodrigues Monteiro et André Nagy, « A cartografia do litoral paranaense »Confins [En ligne], 33 | 2017, mis en ligne le 27 décembre 2017, consulté le 11 décembre 2024. URL : http://0-journals-openedition-org.catalogue.libraries.london.ac.uk/confins/12678 ; DOI : https://0-doi-org.catalogue.libraries.london.ac.uk/10.4000/confins.12678

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Auteurs

Ricardo Rodrigues Monteiro

Professor UFPR Litoral, ricardoarqui@yahoo.com.br

André Nagy

Sociólogo, aronagy@gmail.com

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