Navigation – Plan du site

AccueilNuméros31Dossiê AraguaiaPaisagem Cultural da Cidade Templ...

Dossiê Araguaia

Paisagem Cultural da Cidade Templária de Tomar. O Rio Nabão como Identidade Urbana

Paysage culturel de la ville Templière de Tomar. La rivière Nabão comme Identité urbaine
Tomar’s cultural landscape, the urban identity of Nabão river
Margarida Valla

Résumés

Les bords fertiles du fleuve Nabão ont toujours été une référence dans le paysage naturel de la région. En 1160, le Castelo dos Templários et le village de Tomar ont été implantés sur une colline près de cette rivière, mise en place de cet endroit comme une référence de la nationalité portugaise. Au XVe siècle, le Prince D. Henrique, le navigateur, fonda une nouvelle ville situé dans la plaine, afin d´établir une relation avec ce fleuve à travers le grand axe dirigé vers le vieux pont, la ville s’étendant au XXe siècle à l`autre bord du Nabão . Cette rivière a toujours fourni de l'énergie hydraulique par des barrages, et tout au long du XIXe siècle diverses usines ont été construites à l’époque de l’industrialisation. Le paysage culturel de la ville de Tomar est défini par le symbolisme du Convento de Cristo et par la ville qui se rapporte à la route organique du fleuve Nabão

Haut de page

Entrées d’index

Index de mots-clés :

paysage, couvent, ville, rivière, hydraulique énergie

Index by keywords:

landscape, convent, town, river, hydraulic energy

Index géographique :

Tomar, rio Nabão

Índice de palavras-chaves:

Paisagem, convento, vila, rio, energia hidráulica
Haut de page

Texte intégral

TomarAfficher l’image
Crédits : http://www.360meridianos.com

1O rio Tejo constituiu uma linha de separação e de ligação entre regiões, atravessando Este/Oeste o território português e por esta singularidade perfaz uma referência geográfica e territorial importantíssima para Portugal. Por outro lado é o elemento gerador de cidades, vilas e aldeias que tem uma relação de proximidade às suas águas, e que estiveram relacionadas a actividades ligadas ao rio, mantendo essa memória de identificação desse território.

2As zonas agrícolas como as lezírias do Ribatejo foram um factor determinante para a fundação, nessa planície de inúmeras povoações nessa região e para o seu desenvolvimento baseado na exploração agrícola e pecuária. Essa ocupação primitivamente era realizada através de construção de núcleos fortificados como Santarém, Abrantes, e ainda por castelos, como Almourol, Belver, que marcaram posições importantes para defesa do território nacional.

3O rio Nabão é afluente do rio Zêzere, e este por sua vez é afluente do Tejo, fazendo parte dessa teia complexa hidráulica que termina em Lisboa, e fornece a água potável à capital através da barragem do Castelo do Bode construída no Rio Zêzere. O rio Nabão percorre um pequeno curso de seiscentos e seis quilómetros, onde as suas férteis margens foram sempre uma referência na paisagem natural da região e uma razão da escolha do sítio para a implantação do Convento de Cristo em Tomar (fig. 1).

4O rio nasce num local denominado de Ansião a dez quilómetros da cidade de Toma,r onde se junta as águas termais da fonte do Agroal. Este rio alarga-se na área marginal ao centro urbano histórico onde uma pequena ilha, ou mouchão, identifica a paisagem naquele lugar, o que levou a várias propostas nos últimos séculos, como pontes e passadiços de forma a integrar este espaço como um jardim público.

Fig. 1 - O Rio Nabão e o território envolvente

Fig. 1 - O Rio Nabão e o território envolvente

Margarida Valla

5Ao longo do sinuoso percurso do rio Nabão pequenos núcleos urbanos se desenvolveram, mas é cidade de Tomar, a referência daquela região pelo seu simbolismo nacional interligado à Ordem dos Templários, instituição que teve um papel preponderante na formação de Portugal.

6A fertilização do território nas margens do rio Nabão é descrita por vários autores, sobretudo no século XIX e inícios do século XX, numa perspectiva romântica de realçar a importância do rio como elemento natural utilitário e paisagístico, o que nos reporta para identificação de uma região mediterrânea:

Estendem-se as férteis margens do Nabão cobertas de pujente vegetação, onde abundam pomares de fructas, as oliveiras esmeradamente tratados como se fossem arvores de ornamentação, as variadas culturas hortences e cerealíferas e pelo meio o rio serpenteando em curvas graciosas, orlados de álamos, choupos, freixos, salgueiros, chorões e cannaviaes, em tendo frescura, dando realce e belleza (SOUSA, J.M.:1903, p.5)

7Este rio também forneceu energia hidráulica através de construção de açudes (represas), e de levadas (canais) para regas dos terrenos agrícolas, e para instalação de noras e azenhas que foram construídas para moagem de cereais essenciais ao fabrico do pão, e também para a produção do azeite que foi importantíssima para sustentabilidade da população naquela região e para a Ordem dos Templários. Estas rodas e moinhos eram quase todos pertencentes aos monges, ou então poderiam ser utilizadas através do pagamento de rendas, como se o rio fosse pertença da Ordem. As rodas hidráulicas verticais de grande dimensão, que “enxameavam” o rio, faziam elevar a água para irrigação dos campos e as águas eram conduzidas através de levadas e represadas nos açudes (AMORIM, R., 1982, p. 131). A referência a este engenho como identidade de Tomar é descrita por vários autores: “O rio fornece a água para as regas, mas ele mesmo, pela força da sua corrente, põe em movimento as rodas hidráulicas: estas rodas são de madeira, são de grande diâmetro, de raios e pás (SOUSA, J, M. : 1991, p. 28).

8Este aproveitamento e regularização das águas terão começado desde a época romana, já que os arquitectos romanos eram especialistas em engenharia hidráulica. As rodas apresentavam um sistema construtivo específico nesta região, onde era necessário carpinteiros especializados, e dos inúmeros aparelhos construídos hoje existem alguns vestígios, dos quais um dos quais foi reconstruído no “Mouchão” com testemunho deste engenho (PONTE, S.: 1990, p. 23) (fig. 2).

Fig. 2 - Roda Vertical no Mouchão

Fig. 2 - Roda Vertical no Mouchão

Margarida Valla

Fig. 3 - Açude junto à ponte antiga

Fig. 3 - Açude junto à ponte antiga

Margarida Valla

9Os açudes em Tomar existiam ao longo do percurso do rio, e ainda permanecem junto ao centro histórico, como o “Real” e o dos “Frades” que eram conectados com os lagares, os moinhos e azenhas, e poderiam servir de percurso pedonal ligando neste caso o Mouchão à margem oriental do rio (fig. 3).

10Os açudes existem em todo território português como uma prática de aproveitamento da energia das águas fluviais, construídas em pedra, e em Tomar, na maior parte compostas por estacaria de madeira de pinho, erva e areia, que era erguida em Maio e destruída no começo das cheias em Outubro (FERREIRA, Fernando: 1976, p.49-50). O açude é retratado e definido na descrição das tecnologias tradicionais portuguesas:

Os açudes são barragens ou muralhas, por vezes altas, erguidas nos rios ou outros cursos de água, e lançadas de margem a margem de modo a represar e consequentemente e ao mesmo tempo elevar o nível da água…Os açudes são geralmente de construção poderosa e grosseira, de pedras e terra, aproveitando qualquer recanto ou acidente do terreno, e utilizando a penadia natural do rio como alicerce ou como elemento de apoio, que neles se incorpora (OLIVEIRA, E. V, GALHANO, F., PEREIRA, B., 1983, p. 39)

11Desde o reinado de D. Dinis, no séc. XIII, foram construídas as levadas para condução das águas para o interior dos edifícios, onde se realizava a moagem dos cereais, ou a fabricação do azeite, que ainda hoje existem e constituem um património. Este investimento real prolongou-se por várias épocas, e no séc. XVI, a partir de D. Manuel I estes edifícios foram ampliados, e passou-se a denominar Lagares d’El Rei, onde ainda estão gravados nos portais do edifício, o escudo real e a esfera armilar, símbolos desse reinado (fig. 4).

Fig. 4 – Lagares d’El Rei com a sua levada

Fig. 4 – Lagares d’El Rei com a sua levada

Margarida Valla

12A génese da ocupação deste local também se justifica pela sua localização junto à principal estrada romana, que ligaria Lisboa (Olisipo) a Braga (Brácara) passando por Santarém (Sacalibis) e Coimbra (Conímbriga). Os romanos terão fundado a cidade “Sellium“ (Tomar), conectada com a povoação árabe naquela região denominada Nabância, junto ao rio e à estrada romana que acompanhava a sua margem oriental, que provavelmente deu origem à denominação do próprio rio, ou o inverso, e ainda hoje não está provado a origem da toponímia, porque por sua vez o rio era denominado rio Tomar, dando origem ao nome da vila. Os vestígios arqueológicos encontrados em 1981-88, testemunham a localização do fórum romano nessa área marginal, onde estavam implantados os edifícios principais como a Basílica (tribunal), e a Cúria (Conselho Municipal) (FERREIRA, J. J. Couto: 1991, p. 20-21). Também a primeira igreja católica Stª. Maria do Olival, iniciada no séc. VII, onde se instalaram os beneditinos, foi construída neste local depois convertida em casa capitular da Ordem dos Templários em 1160, quando se iniciou a edificação do Convento de Cristo, e também foi Panteão dos Mestres templários. Junto à igreja existe uma Torre medieval com função de atalaia que referencia este espaço à beira-rio.

13Uma ponte romana teria sido construída nesta estrada atravessando o rio no local denominado de Ferrarias, mas arruinou-se pelas enchentes sucessivas muitas vezes provocados pelos numerosos açudes, que se foram edificando, mesmo na época industrial para utilização das fábricas “foi preciso que se estabelecesse como lei municipal a obrigação de levantar os ladrões em ocasião de enchentes, o que hoje mesmo se não cumpre devidamente” (SOUSA, J. M.: 1903, p. 89).

14Os rios eram retratados até ao século XVIII como identidade territorial na cartografia em todos o território português e além-mar. Os limites das comarcas em Portugal que definiam as regiões administrativas eram referenciados em mapas, onde se destacava a rede hidrográfica e a localização dos aglomerados urbanos junto aos seus percursos, por isso a referência à comarca de Santarém evidencia o percurso do rio Tejo, assim como o Rio Zêzere e o Rio Nabão identifica a comarca de Tomar (fig. 5).

Fig. 5 – Mapa de Correição da Comarca de Santarém, Parte da Correição de Tomar, Évora, Setúbal,

Fig. 5 – Mapa de Correição da Comarca de Santarém, Parte da Correição de Tomar, Évora, Setúbal,

Séc. XVII, BNL

O Convento de Cristo e a Vila de Tomar

15No início da conquista do território português no séc. XII, só existia junto ao rio, o famoso mosteiro da ordem de S. Bento na primitiva área já referida da ocupação romana, na área marginal oriental denominada posteriormente “Além da Ponte”. A margem ocidental do rio era caracterizada pela Várzea Pequena e a Várzea Grande, onde as cheias do rio invadiam as terras na época das chuvas, e ainda hoje essas áreas mantêm tradicionalmente a mesma toponímia.

16O início da edificação, em 1160, do Castelo dos Templários com a sua vila, e do Convento de Cristo como sede da Ordem em Tomar configurou este Lugar como uma referência da nacionalidade portuguesa. Nesta caracterização com o sítio, a vila de Tomar nasce a partir da implantação do Castelo/Convento, que por questões defensivas e referenciais no território se localiza num cabeço ou colina na margem oriental do rio, identificando sempre o Lugar, assim como a paisagem visionada do Convento se referência sempre ao rio. A localização pode ser explicada pelas razões estratégicas de defesa do território, sobretudo defender o acesso a Coimbra e a região a Norte, quando se lutava contra os “mouros” e se fixavam populações para consolidar esse mesmo território.

17A escolha do sítio, como Vitrúvio referencia em relação à implantação de uma cidade, é sempre relacionado com um lugar saudável, com bom clima, e terrenos férteis na sua envolvência, e estas premissas estiveram também na razão da preferência de D. Gualdim Pais, Mestre da Ordem dos Templários, para a sua sede com directa sujeição ao Papa. Uma das suas primeiras funções foi povoar as terras da região, criar o foral de 1162 para regular administrativamente e atrair os habitantes com regalias, e edificar o Castelo e uma vila enquadrados num recinto amuralhado, nomeando um Juiz e Alcaide e determinando que todos os Clérigos tivessem em todas as coisas honras de Cavaleiros (AMORIM, Rosa: 1972, p.31-32).

18Esta edificação irá imprimir sempre uma imagem medieval com a Torre de Menagem referenciando a alcáçova, e os panos de muralhas e as suas torres ou cubelos de defesa, que nos traduz a dimensão das três cercas que separavam zonas estritamente ligadas ao uso dos monges, que tinham acesso à cerca urbana, que por sua vez comunicava por uma porta à zona baixa junto ao rio (fig. 6). A necessidade de criar uma vila para atrair população, era um dos objectivos da Ordem, porque precisavam de cultivar os terrenos, junto ao rio Nabão que ainda estavam incultos, para desenvolver a agricultura como fonte principal de receitas (ROSA, José Inácio Costa: 1981, p. 43).

Fig. 6 – Castelo dos Templários

Fig. 6 – Castelo dos Templários

(des. J. Rosa)

Fig. 7 – Charola séc. XII

Fig. 7 – Charola séc. XII

Margarida Valla

19A Charola, a igreja construída desde a fundação de Tomar, é aquela que representa maior singularidade pela sua forma octogonal à imagem da igreja do Santo Sepulcro de Jerusalém, e estabelece o diálogo com a Torre de Menagem (fig. 7). A transformação deste espaço, para constituir a capela-mor da nova igreja manuelina no séc. XVI, não deixou de ser uma referência na paisagem simbolizando as origens do mosteiro, assim como o campanário junto à porta principal do espaço conventual é um elemento de identidade.

20Em 1417, o Infante D. Henrique, filho de D. João I, é nomeado mestre da Ordem de Cristo, então denominada face à abolição da Ordem dos Templários em 1312. Com esta nomeação, o poder real e a Ordem começam a ter uma ligação ainda mais forte afirmada no século XVI, em que o próprio rei D. João III é definitivamente o Mestre da Ordem e seus descendentes concretizando essa fusão de poderes.

21Com o Infante D. Henrique, junto à Charola são construídos dois claustros que representam o início da edificação do espaço conventual, e também ergueu os seus paços para residência nesta área da primeira cerca. A necessidade de fixar mais população, e ultrapassada a cerca urbana com a criação do pequeno arrabalde de S.Martinho junto a uma das portas, levou ao projecto da nova vila onde se fixaram também os judeus edificando-se uma sinagoga na rua da Judaria. Também era necessário dar alojamento aos próprios Cavaleiros da Ordem de Cristo que não eram sujeitos a clausura. Esse novo núcleo urbano denominava-se “Vila de Baixo” ou também denominada “Aquém da Ponte”, como referente à sua localização situada entre a “Várzea Grande e “Várzea Pequena” que serviriam como rossios, o espaço público para diversas actividades como feiras. Estas designações referenciam que são zonas alagadiças junto ao rio que irão definir os limites desse núcleo urbano.

22Neste processo, face à “peste negra” que tinha assolado os habitantes de Tomar, o Infante implementou um regulamento sobre o regime das cheias, e para isso “regularizou o curso do Nabão, saneando e drenando as suas margens, e alargou a levada dos moinhos e lagares, cujo número aumentou” (AMORIM, Rosa: 1960, p.44). No âmbito de dinamização do espaço urbano, foi licenciada a “feira franqueada” que permitia aos habitantes da vila e seu termo venderem e comprarem os seus produtos com isenção de alguns impostos (ROSA, José Inácio da Costa: 1981, p. 50).

23A malha urbana do século XV baseava-se num traçado ortogonal, e a relação com rio era através da definição do eixo principal na direcção da ponte antiga, a chamada Rua da Corredoura, que enfatizou desta forma este percurso e a relação com as duas margens. Junto a esta malha localizava-se também os “Estaus”, edifícios de grande porte separados por uma rua, que hoje ainda há vestígios dos seus grandes arcos góticos, onde se albergavam os visitantes da vila, desde feirantes a servidores dos mestres e dos cavaleiros. Junto à margem do rio, foram construídos equipamentos como o Celeiro ou Casa dos Cubos, e as Tercenas, edifícios que recolhiam os cereais, o vinho como rendas da Ordem, definindo a Praça da Ribeira como um espaço informal mas importante como centro urbano onde se localizava os primitivos Paços do Concelho.

24Este plano racional corresponde a uma afirmação do poder e como um dos primeiros exemplos de traçados pré-renascentistas pela sua dimensão, mas ainda com carácter de urbanismo medieval apresentando quarteirões rectangulares e ruas estreitas, semelhante aos traçados medievais regulares aplicados em Portugal (TEIXEIRA, Manuel C., VALLA, Margarida: 1999, p.86). A rua principal, a Rua Direita dos Açougues, foi traçada paralela ao rio e todas as outras ruas eram perpendiculares e dirigiam-se ao rio que funcionava como limite. Esta nova expansão acabou por levar ao abandono da vila antiga de pequena dimensão face à área da cerca pertencente à Ordem, que dominava em termos administrativos a gestão da vila de Tomar e do seu termo (região envolvente).

25No reinado de D. Manuel I, que foi nomeado administrador da Ordem de Cristo antes de ser Rei, continuou o investimento no convento reconstruindo a igreja e novos claustros foram erguidos, uma obra continuada por D. João III, edificando este complexo conventual e monumental como uma obra real. Mas é sobretudo com D. Manuel I, enquadrado na sua política administrativa em Portugal, que o espaço público é qualificado, como se verifica na praça principal, situada no cruzamento ente a rua da Corredora e a rua Direita. Nesta praça, a igreja de S. João Baptista do séc. XIV foi reformulada com a construção do novo portal e de outras alterações, como o coruchéu piramidal que remata a torre medieval, e passou a ser uma referência na paisagem urbana da “Vila de Baixo” e na Rua da Corredoura (fig. 9). Os novos Paços do Concelho, e o pelourinho ergueram-se neste espaço urbano, deslocando o centro que se situava na Praça da Ribeira, junto ao rio (fig.8). A fundação da Misericórdia, em 1520, que inseriu o hospital de Stª Maria da Graça fundado pelo Infante D. Henrique, foi também uma importante instituição nessa época que referenciou a Rua da Graça perpendicular ao rio e nesse alinhamento projectou-se no séc. XX uma nova ponte. (FRANÇA, José-Augusto: 1994, p. 19).

Fig. 8 – Praça do Município e Paços do Conselho

Fig. 8 – Praça do Município e Paços do Conselho

Margarida Valla

Fig. 9 – Rua da Corredoura

Fig. 9 – Rua da Corredoura

Margarida Valla

26O importante investimento nessa época será a reconstrução da ponte medieval, que se alinhava na direcção da Rua da Corredoura, como um novo projecto dignificando este percurso de acesso à margem oriental, onde se localizava o convento de Santa Iria, que também sofreu algumas reformulações. Esta era perspectiva renascentista italiana, de qualificar o espaço urbano público, por isso o traçado de uma ponte era sujeita a concursos entre os melhores arquitectos, sob o conceito que a ponte era uma rua, um espaço urbano projectado com parâmetros estéticos da arquitectura clássica. A nova ponte será o primeiro passo para a vila se expandir para a outra margem, que foi um processo lento mas qualificou esse percurso como elemento urbano, e a expressão “Além da Ponte” abrange esse significado Esta vila foi classificada como “Vila Notável”, em Abril de 1567 (fig. 10).

Fig. 10 – Ponte quinhentista sobre o Rio Nabão

Fig. 10 – Ponte quinhentista sobre o Rio Nabão

Margarida Valla

27Embora esta vila assistiu a um período de pouco desenvolvimento económico face a outras vilas em Portugal, a importância do Convento de Cristo e a sua simbologia obrigou a um investimento real e de representação de poder até à segunda metade do séc. XVII, que corresponde ao final do período filipino, com a construção de claustros e de novas dependências onde intervieram os principais arquitectos reais ao longo de vários séculos, construindo um monumento que retrata a história de Portugal através da obra arquitectónica, de acordo com a simbologia da Ordem dos Templários (fig. 11).

28A última grande obra no reinado de Filipe II de Espanha, e aclamado rei de Portugal no Convento de Cristo em 1580, para além de ampliação do espaço conventual, foi a elevação do monumental do aqueduto projectado pelo arquitecto real Filipe Terzi, em 1593, que conduzia a água de várias nascentes para o complexo conventual dada a sua grande dimensão nessa época, visto que a água do rio nunca foi potável e os habitantes tiveram que recorrer a fontes construídas na vila, como a fonte de S. Gregório, ou a Fonte da Prata (fig. 12). O convento de S. Francisco edificado em 1625 foi determinante para enquadramento do novo traçado da vila, implantado na Várzea Grande, mas esse grande espaço serviu sempre de Rossio e ainda hoje para instalação de feiras.

Fig. 11 – Vista aérea do Convento de Cristo

Fig. 11 – Vista aérea do Convento de Cristo

Fig. 12 – Aqueduto de Pegões em Tomar

Fig. 12 – Aqueduto de Pegões em Tomar

29A ligação entre o convento e a vila foi-se estabelecendo através de uma estrada sinuosa que ligaria a Várzea Pequena ao topo da colina onde se situava o Convento de Cristo, e referenciada essa aproximação pela igreja da Nossa Senhora da Conceição, encomendada para panteão do rei D. João III, uma obra renascentista projectada pelo arquitecto real João de Castilho, autor da célebre “Janela de Tomar”, que identifica a arquitectura manuelina.

30O investimento em Tomar a partir do Infante D. Henrique, passou a ser em simultâneo entre o Convento e a Vila, uma forma de afirmação de poder real que traduzia a fusão entre o poder político com o poder religioso. A vista panorâmica do Convento e da sua cerca no alto da colina é sempre um elemento de identificação da cidade perspectivando uma paisagem ímpar. O confronto entre o traçado racional da urbe e o percurso sinuoso do rio como elemento orgânico ou a fusão destes elementos constitui a identidade de Tomar (fig. 13).

Fig. 13 – Perspectiva da Vila e do Convento de Cristo

Fig. 13 – Perspectiva da Vila e do Convento de Cristo

(FRANÇA: 1994, p. 29))

Da Vila à Cidade: Bairros “Além da Ponte”

31Com a industrialização a cidade expandiu-se, e a população no início do séc. XX era cerca de 6.000 habitantes, e numerosas fábricas foram edificadas a partir do final do século XVIII. Este investimento terá começado com a política do Marquês de Pombal que regulou e promoveu a indústria em Tomar com a edificação da Real Fábrica dos Chapéus em1759, a Real Fábrica de Sedas, em 1767, para a qual mandou plantar 30.000 amoreiras, e a Fábrica de Algodão (ROSA, Amorim: 1960, p. 67-68). A introdução do Caminho-de-Ferro em 1928, e a localização de Tomar no centro do país servida por nove estradas foram o factor principal para esse investimento. Outras fábricas foram implantadas no século seguinte, como a do Papel do Prado e do Porto de Cavaleiros entre outras, todas se situaram na margem do rio, sempre tirando partido da sua energia, só substituída pela introdução da electricidade em 1901, como testemunha um grande açude em estacaria construído para regulação das águas junto à grande fábrica de Fiação e Tecidos de Algodão. “O Rio Nabão é a alma da cidade, embeleza e enriquece-a e enriquece ainda uma grande parte de famílias dá ele o pão quotidiano, que grangeam nas fábricas a que serve de motor” (SOUSA, J.M.: 1991, p. 27). A fábrica de moagem Nabantina, junto aos antigos lagares, continuava a funcionar com uma roda hidráulica, desenvolvendo esta actividade essencial ao desenvolvimento da urbe, assim como outra fábrica de moagem instalou-se nos antigos Lagares d’El Rei (fig. 13)

Fig.14 - Fábrica de moagem à beira do rio Nabão

Fig.14 - Fábrica de moagem à beira do rio Nabão

Margarida Valla

32No enquadramento oitocentista os espaços públicos foram ajardinados no inicio do séc.XX, a “Várzea Pequena” foi arborizada e instalado um coreto, outrora era um terreiro para feira de gado, e na “Várzea Grande”, também foi arborizado esse espaço num processo de saneamento e higienização onde já tinha sido colocado um memorial ao rei Filipe I. Na antiga rua da Graça, onde se tinha instalado a Misericórdia e seu hospital em 1520, implantaram-se árvores passando-se a denominar a Alameda. A ênfase na paisagem sobre o rio foi concretizada através da abertura de uma rua marginal, que substituía a estacaria ainda primitiva de suporte das terras. Nessa época, a vila começou a estender-se para a outra margem oriental, “o segundo bairro denominado Além da Ponte é menos regular que o primeiro, não deixando por isso de ter uma certa belleza, sobe por uma pequena elevação e ramifica-se em três direcções” (SOUSA, J.M.: 1903, p. 12).

33Esta pequena expansão deveu-se à construção da grande Fábrica de Fiação implantada na margem oriental, mas é a partir da década dos anos 30 do séc. XX, no período do Estado Novo, que existe um desenvolvimento mais acentuado, onde a avenida principal denominada rua Marquês de Pombal, antiga Rua Larga, é aquela que desagua na direcção da ponte constituindo ainda hoje o eixo principal poente/nascente da vila que foi eleita cidade em 1844:

Reunindo a esta circunstância a grande notabilidade histórica e muitas gloriosas recordações, que lhe estão ligadas; e atendendo não só ao alegado mas a ser a mesma vila uma das mais vastas e formosas deste Reino, enriquecida de várias fábricas e ornada de numerosos e belos edifícios, entre os quais se distingue, por sua celebridade, o do extinto Convento da Ordem de Cristo, possuindo além destes todos os mais elementos para sustentar com dignidade a categoria de cidade (AMORIM, Rosa: 1972, pp.56-59)

34A política de qualificação do espaço público foi reforçada nesse período, o Mouchão foi adquirido pelo Munícipe em 1934, que o transformou num espaço público ajardinado com os seus chorões sobre o rio, criando um ambiente húmido ideal para um clima com temperaturas bastantes altas no Verão, onde se construiu, em 1949,uma pousada, e junto a este local na margem ocidental o Hotel dos Templários para os visitantes da cidade pudessem apreciar esse lugar aprazível enquadrado nas águas naturais do rio. Por outro lado, após a extinção das ordens religiosas em Portugal em 1834, o Convento e a sua vasta cerca foram adquiridos por um particular, e se só em 1934 foi adquirido pelo Estado (FRANÇA, José-Augusto: 1994, p. 24). A simbologia nacionalista fez parte da política do Estado Novo e houve um investimento no Convento de Cristo, já classificado como monumento nacional em 1910, convertendo em jardim público a antiga vila muralhada. Várias estátuas foram edificadas para reafirmar a história da cidade, como o monumento ao Infante D. Henrique junto à antiga porta da vila, e a estátua do Mestre D. Gualdim Pais, fundador de Tomar, erguida na Praça principal onde se situava anteriormente o pelourinho. A repavimentação das ruas com as siglas dos templários reforçou essa conotação da vila/cidade com o Convento, apelando ao Turismo como uma fonte de rendimento, e à propaganda para reconhecimento do património e história portuguesa o que levou à classificação do Convento de Cristo pela Unesco de Património Mundial em 1983.

Fig. 15 – Plano de Tomar, 1962,

Fig. 15 – Plano de Tomar, 1962,

(França: 1990, p. 26)

Fig. 16 – Perspectiva da Vila/Cidade vista do Convento de Cristo

Fig. 16 – Perspectiva da Vila/Cidade vista do Convento de Cristo

Margarida Valla

35Através da construção de um Plano de Urbanização elaborado em 1962 pelo arq. Carlos Ramos, projectando uma nova ponte, a malha urbana estende-se ”para além do Nabão” com novas urbanizações, e junto à margem oriental foi edificado um complexo desportivo composto por estádio e piscinas que se confrontavam com o Hotel e a pousada, mas a zona da vila primitiva foi reforçada com a construção, em 1958, de um novo tribunal na Várzea Grande. Na margem oriental, a nova urbanização interligou-se com o núcleo antigo através do rio, como eixo de referência visual identitário da sua paisagem urbana (fig. 15, 16).

36Essas actividades económicas, e outras interligadas a actividades culturais e de lazer trouxeram dinamismo à cidade, assim como o grande complexo do Instituto Politécnico, que começou com a Escola Superior de Tecnologia no final do séc. XX atraindo uma população jovem. Em 1990, viviam 14.000 habitantes na cidade, o que obrigou à construção de outras pontes, viária e pedestre, absorvendo o rio nessa malha urbana.

37A referência da urbe ao rio Nabão poderá abordar vários aspectos, como paisagísticos elevados a partir do século XIX já referidos, como inserir-se na morfologia da cidade através da sua integração, construindo-se pontes que atravessam o rio mas por outro lado o enquadram (fig. 17). O rio Nabão não deve constituir uma barreira mas sim faz parte integrante desse território, constituindo ele próprio um elemento vivo e dinâmico. Nessa perspectiva a renovação da ponte no século XVI, como uma arquitectura erudita e moderna na época reforçou essa ligação entre as duas margens e essencialmente integrou o rio como elemento urbano. Actualmente pretende-se evidenciar o percurso ao longo do rio como passeio marginal e desfrutar a paisagem, assim como se activa actividades desportivas como canoagem junto aos açudes do Mouchão.

Fig. 17 – A nova ponte (séc. XXI) e o percurso marginal

Fig. 17 – A nova ponte (séc. XXI) e o percurso marginal

Margarida Valla

38Outras referências ao rio podemos associar também o património imaterial que é um factor dinamizador da cidade reconstruindo memórias. Ainda hoje se perpetuam antigos cultos religiosos na cidade, o de Santa Iria, baseado numa lenda de uma monja que foi morta e atirada ao rio Nabão, e encontrada sepultada no fundo rio. Também outro importante culto é o do Espírito Santo, que se baseava na distribuição aos pobres de “pão bento” e que criaram diversas festividade muitas vezes com referências a aspectos pagãos, e que foi difundida por todo o Portugal, e no séc. XVI entre as Ilhas Atlânticas e o Brasil constituindo uma ponte cultural (VELOSO, Carlos: 1990, p. 9). Em Tomar, esse culto é representado pela “Festa dos Tabuleiros, célebre pela ornamentação das vestes e dos tabuleiros onde se coloca os pães ornados de flores. Este cortejo percorre as ruas da cidade, e começa na Praça do Município atravessando a ponte quinhentista como percurso urbano interligando os dois núcleos, a vila antiga e a cidade moderna.

39A identidade de um local está intrinsecamente relacionada com a apropriação do espaço por parte da população, isto é a forma e intensidade da interacção com o meio ambiente.

Fig. 18 – Vista de “Além Ponte” para o rio, Vila/Cidade e Convento de Cristo

Fig. 18 – Vista de “Além Ponte” para o rio, Vila/Cidade e Convento de Cristo

40A paisagem é a essência dessa comunhão em Tomar, assim como as actividades e a exploração das águas do rio para irrigação e fornecimento de energia com várias aplicações que se desenvolveram ao longo de séculos. O rio teve um significado diferente através das várias épocas, mas esteve sempre presente a relação entre o Convento de Cristo, a Vila/Cidade e o Nabão, como elemento paisagístico natural e urbano (fig. 17). A toponímia preserva e ainda se mantêm relacionada como rio, na designação de “Várzea Pequena”, “Várzea Grande”,” Além da Ponte”, Jardim do “Mouchão”, e o centro histórico denominado “Aquém da Ponte”.

41O conceito de paisagem cultural como património surge definido na Carta de Bagé, em 1992, que resulta na simbiose entre a paisagem natural e a paisagem construída, resultantes da interacção do homem com a natureza que identifica o Lugar. Hoje, a paisagem cultural de cidade insere, o Convento e a cerca, a estrutura urbana na sua relação com o rio Nabão, e é através das suas águas, entre rápidos, açudes, levadas, rodas ou noras, e do jardins do “Mouchão” e da “Várzea Pequena”, que é acentuada a sua paisagem romântica que caracteriza o Genius Locci de Tomar (fig. 19).

Fig. 19 - Paisagem do Jardim do Mouchão no Rio Nabão

Fig. 19 - Paisagem do Jardim do Mouchão no Rio Nabão

Margarida Valla

Haut de page

Bibliographie

AMORIM, Rosa: De Tomar. Tomar: Comissão Central das Comemorações, 1960.

AMORIM, Rosa: Anais do Município de Tomar. Tomar: Câmara Municipal de Tomar, 1972.

FERREIRA, Fernando: Coisas Simples da Terra Tomarense. O rio, os açudes e a s rodas. Santarém: Junta Distrital de Santarém, 1976.

FERREIRA, José Jorge Couto (coord.): Tomar – Perspectivas, Tomar: Edição Festa dos Tabuleiros, 1991.

FRANÇA, José-Augusto: Tomar. Cidades e Vilas de Portugal. Lisboa: Editorial Presença, 1994.

OLIVEIRA, Ernesto Veiga de, GALHANO, Fernando, PEREIRA, Benjamim: Tecnologia Tradicional Portuguesa, Sistema de Moagem, Etonologia-2. Lisboa: INIC, Centro de Estudos de Etonologia, 1983.

PONTE, Salete: O Rio, as Rodas, e os Açudes. In: VELOSO, Carlos, PONTE, Salete (coord.): Actas do VIII Encontro dos Professores de História da Zona Centro. Tomar: Secretariado do VIII Encontro dos Professores de História da Zona Centro, 1990, p. 22-26.

ROSA, José Inácio da Costa: Nascimento e Evolução Urbana de Tomar até ao Infante D. Henrique. In: Boletim Cultural e Informativo da Câmara Municipal de Tomar, nº 2. Tomar: Câmara Municipal de Tomar, 1981, p.31-52.

SOUSA, J.M.: Noticia descriptiva e histórica da cidade de Thomar. (1ª ed. 1903), Tomar: Litografia Antunes, 1991.

TEIXEIRA, Manuel C., VALLA: O Urbanismo Português. Portugal, séculos XIII-XVIII. Portugal – Brasil. Lisboa: Livros Horizonte, 1999.

VELOSO, Carlos: O Culto do Espírito Santo em Portugal e a Festa dos Tabuleiros de Tomar. In: VELOSO, Carlos, PONTE, Salete (coord.): Actas do VIII Encontro dos Professores de História da Zona Centro Tomar: Secretariado do VIII Encontro dos Professores de História da Zona Centro, 1990, p. 3-12.

Haut de page

Table des illustrations

Titre Fig. 1 - O Rio Nabão e o território envolvente
Crédits Margarida Valla
URL http://0-journals-openedition-org.catalogue.libraries.london.ac.uk/confins/docannexe/image/12074/img-1.jpg
Fichier image/jpeg, 60k
Titre Fig. 2 - Roda Vertical no Mouchão
Crédits Margarida Valla
URL http://0-journals-openedition-org.catalogue.libraries.london.ac.uk/confins/docannexe/image/12074/img-2.jpg
Fichier image/jpeg, 56k
Titre Fig. 3 - Açude junto à ponte antiga
Crédits Margarida Valla
URL http://0-journals-openedition-org.catalogue.libraries.london.ac.uk/confins/docannexe/image/12074/img-3.jpg
Fichier image/jpeg, 36k
Titre Fig. 4 – Lagares d’El Rei com a sua levada
Crédits Margarida Valla
URL http://0-journals-openedition-org.catalogue.libraries.london.ac.uk/confins/docannexe/image/12074/img-4.jpg
Fichier image/jpeg, 28k
Titre Fig. 5 – Mapa de Correição da Comarca de Santarém, Parte da Correição de Tomar, Évora, Setúbal,
Crédits Séc. XVII, BNL
URL http://0-journals-openedition-org.catalogue.libraries.london.ac.uk/confins/docannexe/image/12074/img-5.jpg
Fichier image/jpeg, 36k
Titre Fig. 6 – Castelo dos Templários
Crédits (des. J. Rosa)
URL http://0-journals-openedition-org.catalogue.libraries.london.ac.uk/confins/docannexe/image/12074/img-6.jpg
Fichier image/jpeg, 32k
Titre Fig. 7 – Charola séc. XII
Crédits Margarida Valla
URL http://0-journals-openedition-org.catalogue.libraries.london.ac.uk/confins/docannexe/image/12074/img-7.jpg
Fichier image/jpeg, 24k
Titre Fig. 8 – Praça do Município e Paços do Conselho
Crédits Margarida Valla
URL http://0-journals-openedition-org.catalogue.libraries.london.ac.uk/confins/docannexe/image/12074/img-8.jpg
Fichier image/jpeg, 28k
Titre Fig. 9 – Rua da Corredoura
Crédits Margarida Valla
URL http://0-journals-openedition-org.catalogue.libraries.london.ac.uk/confins/docannexe/image/12074/img-9.jpg
Fichier image/jpeg, 24k
Titre Fig. 10 – Ponte quinhentista sobre o Rio Nabão
Crédits Margarida Valla
URL http://0-journals-openedition-org.catalogue.libraries.london.ac.uk/confins/docannexe/image/12074/img-10.jpg
Fichier image/jpeg, 36k
Titre Fig. 11 – Vista aérea do Convento de Cristo
URL http://0-journals-openedition-org.catalogue.libraries.london.ac.uk/confins/docannexe/image/12074/img-11.png
Fichier image/png, 509k
Titre Fig. 12 – Aqueduto de Pegões em Tomar
URL http://0-journals-openedition-org.catalogue.libraries.london.ac.uk/confins/docannexe/image/12074/img-12.jpg
Fichier image/jpeg, 40k
Titre Fig. 13 – Perspectiva da Vila e do Convento de Cristo
Crédits (FRANÇA: 1994, p. 29))
URL http://0-journals-openedition-org.catalogue.libraries.london.ac.uk/confins/docannexe/image/12074/img-13.jpg
Fichier image/jpeg, 68k
Titre Fig.14 - Fábrica de moagem à beira do rio Nabão
Crédits Margarida Valla
URL http://0-journals-openedition-org.catalogue.libraries.london.ac.uk/confins/docannexe/image/12074/img-14.jpg
Fichier image/jpeg, 36k
Titre Fig. 15 – Plano de Tomar, 1962,
Crédits (França: 1990, p. 26)
URL http://0-journals-openedition-org.catalogue.libraries.london.ac.uk/confins/docannexe/image/12074/img-15.jpg
Fichier image/jpeg, 44k
Titre Fig. 16 – Perspectiva da Vila/Cidade vista do Convento de Cristo
Crédits Margarida Valla
URL http://0-journals-openedition-org.catalogue.libraries.london.ac.uk/confins/docannexe/image/12074/img-16.jpg
Fichier image/jpeg, 72k
Titre Fig. 17 – A nova ponte (séc. XXI) e o percurso marginal
Crédits Margarida Valla
URL http://0-journals-openedition-org.catalogue.libraries.london.ac.uk/confins/docannexe/image/12074/img-17.jpg
Fichier image/jpeg, 36k
Titre Fig. 18 – Vista de “Além Ponte” para o rio, Vila/Cidade e Convento de Cristo
URL http://0-journals-openedition-org.catalogue.libraries.london.ac.uk/confins/docannexe/image/12074/img-18.jpg
Fichier image/jpeg, 80k
Titre Fig. 19 - Paisagem do Jardim do Mouchão no Rio Nabão
Crédits Margarida Valla
URL http://0-journals-openedition-org.catalogue.libraries.london.ac.uk/confins/docannexe/image/12074/img-19.jpg
Fichier image/jpeg, 48k
Haut de page

Pour citer cet article

Référence électronique

Margarida Valla, « Paisagem Cultural da Cidade Templária de Tomar. O Rio Nabão como Identidade Urbana »Confins [En ligne], 31 | 2017, mis en ligne le 20 juin 2017, consulté le 12 décembre 2024. URL : http://0-journals-openedition-org.catalogue.libraries.london.ac.uk/confins/12074 ; DOI : https://0-doi-org.catalogue.libraries.london.ac.uk/10.4000/confins.12074

Haut de page

Auteur

Margarida Valla

Professora no Departamento de Arquitectura da Universidade Lusófona de Lisboa, margarida.valla@gmail.com

Articles du même auteur

Haut de page

Droits d’auteur

CC-BY-NC-SA-4.0

Le texte seul est utilisable sous licence CC BY-NC-SA 4.0. Les autres éléments (illustrations, fichiers annexes importés) sont « Tous droits réservés », sauf mention contraire.

Haut de page
Search OpenEdition Search

You will be redirected to OpenEdition Search