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Representações cognitivas e cartográficas: algumas proposições metodológicas

Représentations cartographiques et cognitives : quelques propositions méthodologiques
Cognitive and cartographic representations: towards a comprehensive approach
Colette Cauvin

Résumés

Afin de clarifier les représentations cognitives de l'espace urbain, cet article propose une approche en trois étapes : l'identification, qui met en évidence l'importance d'un lieu ; la précision de sa localisation, qui mesure le degré de connaissance spatiale des individus ; la description, qui indique quels sont les attributs significatifs de ces lieux pour les individus interrogés. En vue d'obtenir des cartes comparables, un protocole précis est proposé pour chaque étape.

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Notes de la rédaction

Texto traduzido por iniciativa de Marcos Elias Sala - Professor de Geografia do Ensino Fundamental no Centro Pedagógico da UFMG salamarcos@gmail.com

Texte intégral

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Crédits : http://adispne.fr/strasbourg/

Gostaria de agradecer a todos os estudantes que realizaram as avaliações, especialmente Sophie Krupa e Kostas Daniilidis, que ofereceram seus dados para o laboratório e que poderão ser usados em futuras pesquisas. Também, quero agradecer Helene Haniotou que aceitou traduzir esse texto, Anne-Christine Bronner que produziu os gráficos e as várias ilustrações, e Rosine Schlumberger que, novamente, ajudou grandemente.

1Cognição espacial, geografia do comportamento e vida no espaço têm sido assuntos presentes em abundante literatura, muito bem descritos por autores como A. Sanguin (1981), R. Spencer e M. Blades (1986). Estes campos de pesquisa foram desenvolvidos em sucessivas ondas, alcançando o primeiro pico durante os anos 1970, e o segundo pico nos primeiros anos da década de 1990. Esta produção desigual na geografia tem preocupado particularmente a França, onde, durante o primeiro pico, vários textos sobre a percepção do espaço urbano foram publicados por A. S. Bailly (1977), e sobre a vida no espaço por A. Fremont (1974, 1976). Num período relativamente curto, estas publicações foram completadas por pesquisas das representações sociais (Pau) ou mentais (Grenoble), sendo a origem de diversas conferências, como a de Neuchâtel (1983) e Lesacheraines (1985). Atualmente, um novo campo na geografia está emergindo através do uso das representações, que são muito mais culturais, como as pesquisas de B. Collignon (1996) sobre a população Inuit.

2As pesquisas realizadas em Estrasburgo - como em Metz por C. Rolland-May (1981) - foram ligeiramente seguindo orientações diferentes. Houve inspiração inicial em A. Moles (1972), com um primeiro estudo sob a direção de S. Rimbert, então desenvolvido desde 1981 por C. Cauvin influenciada pelas ideias primeiramente introduzidas por R. Golledge nos EUA. Entretanto, a maioria dos geógrafos franceses tem permanecido fora das correntes internacionais, e este tipo de pesquisa está ainda longe de ser generalizada. Nesse contexto, a abordagem que privilegiamos se preocupa com espaços intraurbanos.

3Se o conhecimento das características do espaço intraurbano parece natural a um geógrafo, reconhecer suas representações é desigualmente reconhecido como um assunto interessante para pesquisa. Quando uma pessoa chega numa cidade desconhecida, quando se movimenta por um novo bairro, é preciso que encontre caminhos, para recordar suas representações cognitivas que foram e ainda são objeto de numerosos estudos (MacNamara, 1986, 1992). Qualquer pessoa que vive numa cidade, olhando por um dado período um mundo muito complexo onde é possível colocar alguma ordem, apenas a noção de subjetividade é aceita (Bailly et. al., 1995). Para a compreensão do espaço urbano, para seus modelos, suas modificações, precisamos conhecer estas representações nas quais admitimos a existência, porque elas implicam e induzem nosso comportamento.

4Este espaço urbano para apreender, é constituído por lugares e redes, isto é, componentes urbanos que vão sendo descritos a partir de um ponto de vista "objetivo" - vamos discutir esse termo mais tarde - tão bem quanto um ponto de vista "subjetivo". Após um detalhado estudo da literatura disponível, percebemos que as condições para obter resultados comparáveis não são sempre realizadas. Os comentários sobre as conclusões dos trabalhos de R. Briggs' (1972, 1973) e D.C.D. Pocock's (1978) são exemplos significativos.

5Assim, nosso objetivo aqui é propor grande quantidade de procedimentos experimentais principalmente para comparar resultados, isto é, para identificar os elementos que são indispensáveis para um estudo de representação urbana; eles serão apoiados por alguns resultados, dados como exemplos. Estes estudos, baseados em um considerável número de avaliações, irão também permitir posteriores desenvolvimentos de novas e melhores hipóteses, requerendo experimentações strico sensu.

6Para isso, especificaremos, num primeiro momento, como apreender o espaço urbano, e então descreveremos, em três partes sucessivas, as três fases da análise cognitiva do espaço urbano.

Para uma apreensão cognitiva do espaço urbano

7Para apreender, o mais corretamente possível, o espaço urbano, é necessário identificar alguns de seus componentes, para analisá-los de uma maneira comparável, considerando-os em sua totalidade. Isso significa - como sugerido por W. Pauli em suas cartas para C. G. Jung (1992-2000) - combinar aspectos físicos e psíquicos, porque qualquer cidade ou município, através de seus vários componentes, possuem aspectos duplos.

Um duplo aspecto para apreender

8Aspectos físicos ou materiais, e psicológicos ou cognitivos formam as duas faces de uma cidade, que ora se completam ora se opõem.

9A cidade é um espaço formado por lugares e redes, que podem ser conhecidos, por um lado, exatamente como são dados, construídos, ou por outro lado, como elas aparecem para seus usuários "filtrados". Neste primeiro caso, a preocupação é o espaço organizado. O espaço que pode ser usado, que pode ser "objetivamente" descrito, no sentido de que esse espaço possa ser medido por qualquer um, usando instrumentos, de forma idêntica; serve como referência. No segundo caso, espaços filtrados são espaços de usuários, modificados de acordo com a referência, mas espaços que podem apenas ser concebidos no plural; estes são tantos quanto os indivíduos, mas diferem de cada um em vários níveis e estão em evolução constante, como mostrado por F. Carela (1989). Medindo-o é difícil e induz diretamente ao problema dos dados individuais agregados, pois na verdade o que procuramos na geografia são regularidades sociais e/ou espaciais, e não explicações pessoais.

10Mas é necessário reter a informação que é comum, ou devemos olhar para as partes comuns de todas as respostas? Lembramos essa questão aqui, porque foi assunto de muitos debates nos quais já temos falas abundantes em várias publicações (Cauvin, 1984a, 1998). Independentemente da resposta padrão, as medidas podem ser comparadas à referência; torna-se possível haver uma avaliação da precisão ou das distorções. Assim o que nos interessa são os componentes dos espaços filtrados, com os erros relatados, mas numa escala espacial específica.

Uma dupla escala espacial

11A maioria dos estudos feitos por psicólogos são focados em escalas muito amplas: o laboratório, a sala ou, no máximo, o campus; espaços onde há possibilidades de experimentação, de preparo do ambiente, e de adaptação de um certo número de elementos, para introduzir modificações. No mínimo, o geógrafo é preocupado com a escala do campus. Na verdade, o que o interessa é o bairro ou, mais frequentemente, a cidade como um todo (Fig. 1).

Figura 1: Geografia e escalas de estudo

Figura 1: Geografia e escalas de estudo

12Mas, para imaginar uma "manipulação" do espaço, propondo mudanças espaciais visíveis, há várias dificuldades operacionais. Ao se fechar uma rua, ou algumas de suas placas serem removidas, o que poderíamos verificar nas consequências das representações e comportamentos das pessoas? A escala, a qual temos conduzido para trabalhar, induz muitas limitações a serem feitas em estudos de componentes urbanos. Para entender esses componentes do espaço urbano, para explicá-los, faremos uso de algumas das avaliações realizadas em Estrasburgo.

Descrição da avaliação

13Todos os exemplos, procedimentos e resultados que apresentaremos aqui estão baseados nas avaliações realizadas pela autora e suas alunas no laboratório Image et Ville, em Estrasburgo. Elas foram divididas em três subconjuntos, de acordo com seus objetivos e técnicas aplicadas. É importante saber as regras básicas com o fim de evitar quaisquer interpretações errôneas.

14O primeiro grupo é constituído por um número de avaliações (quinze) em crianças e adolescentes (de 50 a 100 assuntos de cada vez), com um procedimento preciso, incluindo principalmente a elaboração de croqui e um questionário de sondagem. As variações de critério envolvem os padrões urbanos, as idades das pessoas, o tamanho da residência, os níveis acadêmicos...

15O segundo grupo é constituído por estudantes que tinham as mesmas temáticas e objetivos metodológicos. O procedimento e a abordagem metodológica foram desenvolvidos num grupo-teste e então, foram aplicados numa amostragem de 100 pessoas. Havia estimativas de distâncias, um croqui e um questionário; o propósito foi compreender as ligações entre lugares.

16Estas duas famílias de abordagem ajudaram essencialmente a encontrar as características gerais da cognição espacial, para verificar dessa forma as hipóteses básicas e, especialmente, para preparar o próximo passo: um estudo mais avançado.

17O último grupo de estudos está em curso. Diz respeito a testes sobre movimento e pontos de referência para pessoas normais e pessoas com dificuldades de locomoção. O número de indivíduos entrevistados é baixo (entre 12 e 25), mas a experimentação é relativamente longa e frequentemente repetida. O entrevistador acompanha o entrevistado, o qual empreende uma jornada, e que não se recorda de eventos recentes ou que estão em vias de acontecer. Para um modo de transporte específico, o entrevistado empreende uma jornada que ele descreve diretamente, durante a ação, e que ele dá algumas características em sua chegada, com a assistência de muitas técnicas convergentes. Esta operação é repetida muitas vezes. Assim, podemos obter, nesse estágio, uma grande quantidade de informações em várias características do conhecimento espacial.

Três características para conhecer

18Para entender estes dados, usaremos a definição de espaço geográfico, dado por H. Beguin e J. Thisse (1979). De acordo com esses dois autores, o espaço geográfico é constituído por um conjunto de lugares, um vetor de atributos, e uma ou várias distâncias definidas pelo conjunto de lugares. Isso induz três características do espaço a conhecer, que relembra os fatos geográficos apresentados por B.J.L.Berry (1964): identificação, localização e descrição. Estas três características serão apreendidas de maneira muito detalhada, nos capítulos seguintes.

A identificação dos lugares

19Um lugar é identificado se ele é re-conhecido, porque teve um significado particular para indivíduos ou grupo de indivíduos; ele é nomeado, ele foi identificado. Como essa identificação pode ser útil para o conhecimento de um lugar urbano?

20Identificação significa que, para um lugar ser reconhecido, é necessário que este lugar contenha algo com um significado especial pra nós, de acordo com R. Golledge (1976, 1992). Como M. Heidegger (1969) escreveu: "Em todo lugar, onde quer e como quer que estejamos relacionados a acontecimentos de todo tipo, a identidade clama sobre nós". A identificação traduz uma diferenciação; um lugar, entre muitos, é distinguido de qualquer outro lugar; ele é uma entidade separável, "individualizado" conforme K. Lynch (1976). Assim, os lugares de uma cidade, tendo um significado para os indivíduos a ele relacionados, foram preservados, como no exemplo dado por J. Von Uexkhul (1956) onde a pedra adquiriu um significado para o cachorro.

21Um lugar identificado significa que "o lugar X existe", escreve S. M. Freundschuh (1991) enquanto descreve um dos modelos de conhecimento espacial. O primeiro passo deste conhecimento conduz, dessa forma, à declaração de um re-conhecimento de lugares ou redes, que corresponde ao conhecimento de pontos de referência ou para um procedimento declarativo, isto é, para a resposta da questão "por que?" (Smith et. al., 1982).

22A identificação de um lugar pode ser feita por um dos cinco sentidos, através da memória; resulta de qualquer tipo de desenho num papel, até a melhor das descrições. Além disso, os pontos de reconhecimento não têm sempre o mesmo significado. Alguém pode reconhecer o ponto escolhido, considerando os entrevistados como significativos; do contrário, os pontos podem ser selecionados espontaneamente e constituírem pontos de referência (Tversky, 1992). A identificação constitui assim um inventário descontínuo de informações contidas numa memória de longo prazo (Golledge, 1992), e as técnicas de avaliação correspondentes proverão listas.

Técnicas de coleta de dados

23Qualquer que seja a técnica, num dado momento, seremos confrontados numa sucessão de informações a respeito dos lugares. Estas técnicas são numerosas: listas enumeradas, croquis, textos de livre expressão, fotografia, etc. Estamos preocupados aqui, essencialmente, com o desenho e o texto.

24O croqui é uma técnica clássica, muito controversa, mas possui vantagens que podem ser usadas por quase todo mundo (Canter, 1977; Blades, 1990). Entretanto, temos observado que pessoas mais velhas se recusam a desenhar, pois consideram degradante, não desejando se esforçarem pra isso. Igualmente, para algumas populações africanas, o desenho não tem significado espacial: um lugar está sobre todos os objetos sociais, a expressão do que é verbal.

25Este procedimento supõe que aceitamos que as representações cognitivas são, pelo menos parcialmente, formas espaciais, e dessa forma mantemos a teoria de S. Kosslyn's (1980). Tecnicamente, croquis indagam a respeito de dois procedimentos:

26No primeiro caso, uma pessoa deve desenhar através da memória um dado espaço, supostamente a ser conhecido. Ela indica livremente numa folha de papel (A3) o que ela reconhece do espaço escolhido.

27No segundo caso, uma pessoa deve desenhar numa folha de papel (A3) o itinerário que ela segue pela sinalização de tudo que parece importante.

28Qualquer que seja o procedimento usado, temos apenas a manutenção da identificação de lugares reconhecidos.

29A experiência textual tem sido apenas empreendida como um teste metodológico (Krupa, 1999): o entrevistado cobre um dado espaço e descreve, usando um microfone, tudo o que ele vê, conhece, o que parece ser importante. O propósito deste estudo é identificar as rotas mais difíceis para ciclistas, bem como identificar pontos de referência que permitem encontrar essas rotas, ou identificar as razões para os itinerários escolhidos. As opções para um texto inquiridor supõem que estamos, ao menos parcialmente, em concordância com a teoria de Z. Pyslyshin (1981). O processamento foi feito por análises textuais, apenas conservando, neste estágio, as frequências dos lugares nomeados.

30A técnica de fotografia foi adotada apenas no caso de populações africanas (Riehl, 1998) e permitiu a identificação de lugares bem conhecidos por assuntos. Não obstante, o modo pelo qual as fotos foram tiradas podem modificar consideravelmente os resultados.

31Assim, ao final das entrevistas, obtivemos um inventário dos lugares, ruas, lugares reconhecidos, com, às vezes, as variações relatadas para os grupos estudados.

Processamento e interpretação

32A relativa abundância de nomes expressa o nível de conhecimento da cidade pelos indivíduos entrevistados, mas sem suas transformações em índices e respectivos mapeamentos, essa informação permanece insuficiente e não facilmente comparável. Três índices foram propostos, descritos em detalhes (Cauvin, 1998). Dois deles são particularmente interessantes, e passíveis de generalizar (Fig. 2): o índice de identificação que corresponde à razão do número de lugares reconhecidos para o número de indivíduos entrevistados; e o índice de representatividade correspondente à razão do mesmo número para o número total de lugares identificados (taxas externas). O índice de representatividade indica o peso do reconhecimento de lugares para a totalidade dos espaços estudados.

Figura 2: Identificação e índice de representatividade

Figura 2: Identificação e índice de representatividade

33Estes dois índices nos permitem dar ênfase à função de um determinado número de fatores no conhecimento espacial. Assim, dois estudos com estudantes entre 18 e 26 anos enfatizaram a função do tempo de residência, em concordância - em particular - com as conclusões de R. Golledge (1990, 1995) no conhecimento familiar-espacial. Uma das avaliações (Cauvin, 1998) chamou a atenção para a coalescência progressiva do espaço conhecido, quando o tempo de residência, numa cidade, foi aumentado de um ano para mais de três anos. Outro estudo, do qual os mapas relatados estão apresentados aqui, guiou para a mesma conclusão, através da simples diferenciação do nível acadêmico (Fig 3).

Figura 3: conhecimento progressivo do espaço: exemplos em Estrasburgo.

Figura 3: conhecimento progressivo do espaço: exemplos em Estrasburgo.

34Outros fatores merecem destaque especial, como a função dos transportes usados diariamente ou da frequência dos jogos nas ruas, para crianças entre 8 e 14 anos, ou diferenças relatadas para o padrão urbano: espaços legíveis facilitam a memorização. Assim, croquis de uma pequena cidade em Turckheim na Alsácia (Sassi, 1989) demonstram que o conhecimento do território é muito superior ao que ele usualmente tem para crianças entre 10 e 11 anos.

35Nossa conclusão, em concordância com os resultados de J Pailhous (1970) e R. Golledge (1995), é a seguinte: idade ou frequência de um itinerário específico se estende ao conhecimento espacial e à sua estrutura; após a constituição de uma rede básica de trabalho, linhas secundárias aparecem e induzem a emergência de uma continuidade. As avaliações empreendidas em três jornadas provam isso (Krupa, 1999).

Figura 4: Aprendizado do espaço: exemplos em Estrasburgo

Figura 4: Aprendizado do espaço: exemplos em Estrasburgo

36Entretanto, dois fatos de interesses desiguais podem ser notados (Fig 4). O primeiro de todos, e muito importante, aparenta que a informação obtida por textos possui uma natureza mais pontual, e as informações obtidas por croquis são mais lineares ou areais. Isso é indubitavelmente devido à técnica, mas merece verificação – o grupo é apenas de teste – com o objetivo de evitar qualquer conclusão equivocada. Então, com a repetição das jornadas, um fator negativo aparece após um certo tempo: a lassitude; os indivíduos entrevistados notam fatos importantes, mas esquecem outros ou não veem utilidade.

37Nesse estágio, podemos estabelecer um primeiro procedimento permitindo obter resultados comparáveis, com interpretação de resultados considerando espaços urbanos (Fig 5).

Figura 5: Cognição espacial: Procedimento de identificação

Figura 5: Cognição espacial: Procedimento de identificação

38Ao final do primeiro passo, reconhecemos a importância de alguns lugares; sabemos como identificar um lugar, mas se queremos ir até ele, para ligar esses espaços, nós não sabemos onde eles estão; não somos capazes de descobrir um caminho para chegar a ele. Nosso conhecimento desses lugares é incompleto. Identificação não é suficiente; para mover em direção a um lugar, precisamos conhecer sua localização.

A localização

39Inicialmente, a localização expressa o endereço absoluto, isto é, a posição do lugar ou de um conjunto de lugares com relação a uma referência, expressa por coordenadas geográficas. Isso corresponde ao ponto de vista de Poincaré a respeito do espaço, como indicado por P. Forer (1978). Nesse caso, espaço é considerado como um contêiner, como é inteiramente em si mesmo. No caso oposto, os objetos são apenas posicionados, um em relação aos outros, num dado espaço. Dessa forma, a abordagem da localização varia, de acordo com a presença ou ausência de referência. Nesse caso alguns termos podem ser usados, como acurácia, erro, distorção... Qual é o significado de localização num espaço urbano?

O significado de localização

40Uma localização corresponde ao conhecimento de um endereço, independente do que ele possa ser: coordenadas, texto... a forma como a localização é expressa pode mudar, mas a localização por si só não muda através do tempo. Daqui em diante, “X é localizável” (Freundschuh, 1991); podemos ligá-lo a outros lugares. O conhecimento da localização corresponde ao que é chamado de “rota do conhecimento” e dessa forma para um modelo de procedimentos (questão “como?”), que pode ser modificada, evolui em direção a um modelo configuracional, quando todos os elementos (nós, caminhos, redes de trabalho...) de cada lugar são conhecidos.

41Qualquer lugar identificado pode ter uma localização, mas frequentemente seus grupos de localização são mais interessantes porque expressam as posições de cada lugar em relação ao outro. Pequenas distâncias, entre localizações, expressam a associação de lugares considerados fechados para o outro, que podem ter diferentes interpretações. Em termos espaciais, isso significa que o entrevistado considera que estes lugares são fechados, que as distâncias que os separam são curtas. Pode haver interpretações sociais, funcionais, econômicas e afetivas. Às vezes, em especial lugares desejados são associados, e lugares remotos são distanciados, como exemplo a livraria Oberlin em Estrasburgo (Cauvin, Reymond, 1984), não muito bem conhecida, visitada ou atrativa em 1981. Como podemos obter e utilizar localizações?

Coleção de técnicas de dados

42Entre as várias técnicas disponíveis, duas foram testadas sistematicamente: croquis e estimativas diretas de distância.

43No caso de croquis, marcamos, nos desenhos, as coordenadas dos pontos fáceis de identificar, e no mapa de referência, os pontos homólogos, procurando um máximo espaço coberto. Então, comparamos dois conjuntos de pares de coordenadas, pelo uso da regressão bidimensional (Tobler, 1977b, 1978; Cauvin, 1984b, 1998). A referência é a mesma em todos os casos, e as imagens resultantes têm, assim, se tornado comparáveis.

44Deixe-nos especificar que outras técnicas de avaliação foram preservadas (Fig 6): M. D. Giraudo (1989) coleta distâncias entre pontos e trabalhos em distâncias, em concordância com a técnica de estimativas de distâncias. Com este procedimento, os indivíduos entrevistados são questionados a estimar as distâncias-tempos entre conjuntos de pares de lugares, supostamente conhecidos; estabelecemos então uma matriz de distâncias (nx (n-1)), onde n é o número de lugares, para cada assunto.

Figura 6: técnicas de coleta de dados para uma localização: coordenadas e distâncias

Figura 6: técnicas de coleta de dados para uma localização: coordenadas e distâncias

45Esta técnica requer muito tempo e paciência para os indivíduos entrevistados, mas ela permite a externalização de espaços na mente e produz um mapa/configuração concreta numa folha de papel ou numa tela. Primeiramente, através das escalas multidimensionais, ou trilateração (W. Tobler, 1977a) ou às vezes a cartografia elástica (Cauvin, 1984c, 1998), usando matrizes de estimativas de distâncias. Segundo, comparamos estas posições relativas com suas posições homólogas, de acordo com a referência, usando a regressão bidimensional, assim construindo o espaço distorcido associado a cada conjunto de estimativas, que é a configuração cognitiva de cada assunto. Obtemos, assim, muitos mapas e estatísticas (Fig. 7).

Figura 7: Das estimativas de distâncias ao espaço cognitivo

Figura 7: Das estimativas de distâncias ao espaço cognitivo

Processamento e interpretação

46Entre os vários croquis obtidos (Fig. 8), a análise de localizações precisas por ciclistas, durante os três passos sucessivos, mostram que o erro médio claramente diminui, entre a primeira e a segunda campanha (RMSE = 106,96m e 89,96m, para o deslocamento médio após o ajuste, 101,08m e 84,42m após a interpolação), mas ele permanece estável ou com pequena variação, durante a terceira jornada, o que parece explicar a lassitude dos assuntos.

Figura 8: Dos rascunhos de mapas ao espaço cognitivo

Figura 8: Dos rascunhos de mapas ao espaço cognitivo

47Do contrário, a distorção, isto é, as contradições espaciais, medidas pelo índice médio m2, diminui apenas no terceiro estágio: 1.433 e 1.400. Os mapas dos vetores deslocamento e as anamorfoses expressam, claramente, estas tendências. Para espaços distorcidos muito levemente – adequadamente acurados, que não mudam de uma campanha para outra, como aqueles dos indivíduo entrevistado 9 (RMSE = 67,69m e 57,13m), são espaços opostos completamente deformados para a primeira jornada, possivelmente acrescentados posteriormente, como aqueles do indivíduo 6 ou do indivíduo 2 (Fig. 9). Mesmo assim, considerando o baixo número de entrevistados, não foi possível identificar grupos, de acordo com os erros e distorções, e foi o caso do estudo em Estrasburgo, onde os meios de transporte usuais foram um fator de discriminação.

Figuras 9a, exemplos em Estrasburgo

Figuras 9a, exemplos em Estrasburgo

Figuras 9b. Exemplos em Estrasburgo

Figuras 9b. Exemplos em Estrasburgo

48Outro processo, proposto por M. Mattenet e J.M.Jolion (1992), é muito interessante especialmente para estudo de um espaço bem delimitado, as formas gerais do que é considerado e analisado como uma impressão digital. Infelizmente, não foi possível apresentar esse processo aqui, sendo necessário um software especial, mas é certamente bem testado.

49Assim, quando temos uma referência, é possível analisar localizações, em termos de erros, distorções, e para interpretar esses resultados tematicamente, destacando os lugares localizados, com acurácia ou não, como os dois lugares ao Sul de Estrasburgo. Além do mais, as explicações podem ser encontradas, o que é possível quando a amostra está num tamanho suficiente, e se a discussão pode eventualmente tomar lugar com os indivíduos entrevistados, a posteriori.

50Outra medida é igualmente interessante, sem relação com a referência nesse momento: a coerência interna, que introduz a noção de variabilidade, por vezes chamada “confusão”. Na verdade, as respostas dadas por um grupo a respeito de um dado lugar não são necessariamente idênticas. As posições são espalhadas por uma média central. As elipses padrão, propostas por N. Gale (1980, 1982), fornecem resultados interessantes. Assim, nas ilustrações de Estrasburgo, podemos opor facilmente as elipses dos estudantes do restaurante de Gallia para os do Place d'Austerlitz (Daniilidis, 1988), por exemplo, visualizando desta maneira, o peso desigual de familiaridade com estes lugares (Fig. 10).

Figura 10. Variabilidade e elipses

Figura 10. Variabilidade e elipses

51Além do mais, é possível integrar os resultados como um novo dado – desde que todos os resultados relacionados às localizações sejam parcialmente quantitativos — e obtenham tipologias integrando características externas ou espaciais. O estudo em Estrasburgo foi assim permitido pela distinção de grupos de indivíduos entrevistados, principalmente diferenciados pelo tempo de residência, como mostramos numa recente publicação (Cauvin, 1998).

52Agora é possível propor um procedimento de pesquisa, como num estágio de identificação, baseado tanto em croquis quanto em estimativas de distância (Fig. 11).

Figura 11. Procedimento de localização

Figura 11. Procedimento de localização

53Neste estágio, temos informações sobre a identificação dos lugares; conhecemos sua posição espacial. Um lugar é reconhecido como significante pra nós; ele tem seu nome, geral ou específico. Este lugar é localizado, mas ignoramos sua função, seu conteúdo, seu ambiente. Assim, devemos integrar informações espaciais e não espaciais para descrever este lugar e seus atributos.

A descrição dos atributos dos lugares

54Um lugar, antes de ser identificado e localizado, não pode ser conhecido sem o uso de uma descrição externa, isto é, sua aparência, e sua descrição interna, isto é, seu propósito (estrutura e função). Não é uma descrição para localizar um lugar, mas para saber o que se pode fazer com e dentro deste lugar.

Significado e diversidade das descrições

55Uma descrição contribui para fornecer todos os atributos internos e externos de um lugar. Um lugar X tem características que mudam com o tempo e fazem evoluir suas representações. A imagem do espaço urbano torna-se completa. Além do mais, através desse conjunto de características e modelos de conhecimento espacial, realizamos uma apreensão progressiva do espaço, já mencionada, descrita por J. Pailhous em 1970 e utilizada por motoristas de táxis.

56Considerando todas as possibilidades a respeito da descrição, e a impossibilidade de obter características absolutamente completas, dois termos são propostos para analisar o interesse e a qualidade das descrições: variedade (ou diversidade, ou às vezes período) e completude (ou profundidade). O primeiro termo está se referindo a todos os aspectos que desejamos estudar através da descrição de um lugar de acordo com hipóteses; o segundo termo está se referindo ao nível de detalhe, de acordo com um ou mais aspectos. Podemos olhar para esses dois termos juntos, e interpretar o gráfico obtido, num método similar ao quadrante (Fig. 12).

Figura 12. Descrição: Variedade (período) e completude (profundidade)

Figura 12. Descrição: Variedade (período) e completude (profundidade)

o aumento do conhecimento pode ser possível de acordo com dois eixos:

o primeiro está relacionado à diversidade (o período se torna maior se o número de aspectos estudados aumenta) e

o segundo eixo se relaciona à completude (a profundidade aumenta para cada atributo que é estudado muito detalhadamente).

57Estas qualidades dependem das técnicas de coleta dos dados.

Técnicas de coleta de dados

58Para este dia, testamos apenas uma técnica: a descrição verbal, para os trajetos dos ciclistas. As análises destes textos é uma análise de conteúdo. Foi feita com o programa Neurotext. Os textos foram estudados numa ordem de jornadas, tanto globalmente ou individualmente, de acordo com os seguintes princípios (Franklin, 1996):

  • busca por palavras-chave, e análises;

  • busca por todos os lugares nomeados e principais qualificações associadas (para um estudo a partir da diversidade do ponto de vista);

  • busca por todas as qualificações e termos associados para cada palavra (para um estudo a partir de um ponto de vista completo).

Processamento e interpretação

Apresentamos aqui apenas os resultados da abordagem do texto global pela ordem da jornada (Fig. 13), sublinhando que as descrições sempre foram mais abundantes durante a primeira jornada. Isso pode ser levado em conta para estudos posteriores. O sentimento de repetição, ou lassitude, foi claramente expresso através dos comentários.

Figura 13. Análise de textos

Figura 13. Análise de textos

59Na sua totalidade, as palavras usadas expressam movimento, escolhas que se relacionam a trajetos de prazer ou perigo. Assim, a maior frequência qualifica preocupações ligadas a risco e medo, especialmente durante a primeira experiência. Para “acidente” e “prejudicial” estão associadas as seguintes palavras, em ordem decrescente, para todas as avaliações (Fig. 14): Carro, bicicleta, calçada, fogo, indicadores (não entre), esquinas, interseções, cruzamentos …

60Vem depois, numa associação interessante, porque é comum para as três fases da avaliação: o sentimento de monotonia junto com o adjetivo “longo” (Figura 14). Isso explica, talvez, que em variados estudos, longas distâncias correspondem a avenidas não muito atrativas que foram sempre superestimadas, isto é, aumentadas em seu comprimento.

Figuras 14a, 14b, 14c. Vocabulário e associação

Figuras 14a, 14b, 14c. Vocabulário e associação

61Ademais, estas avaliações em três passos têm nos permitido destacar as regras do aprendizado relacionado ao transporte por bicicleta; encontramos novamente as regras estabelecidas por J. Pailhous para o motorista de táxi, mas uma variável suplementar aparece: a rota de segurança. O ciclista, contrariamente ao motorista de carro, não aprecia as grandes avenidas, e evita o que é desconhecido, considerando como prejudicial: "Bem, eu, eu estou tentando evitar ao máximo, ruas sem ciclovias, porque não estou habituado, então, eu prefiro ter garantias de segurança".

62Outras regras tiveram resultados, como a regra do hábito, mas isso também é aplicado ao motorista do carro, mesmo que não tenha sido explicitado.

63Na verdade, nesse estágio, os textos permitem um grande número de leituras, dependendo das hipóteses; eles conduzem à formulações de novas hipóteses a serem examinadas, que estarão sujeitas a experimentação detalhada. Mas é muito difícil propor um procedimento preciso para estudar essas descrições, desde que a experiência ainda não tenha sido realizada.

Conclusão

64Quatro elementos serão desenhados ou relembrados na conclusão. O primeiro de todos, essas diferentes abordagens devem ser consideradas como complementares e não exclusivas uma da outra. Estão baseadas em teorias, em modelos de conhecimento especial, e permitem avaliação de várias posições teoréticas, que são comumente desenvolvidas com relação à decodificação de dados espaciais. Assim, obtemos uma figura indicando as relações entre os fatos geográficos e a aquisição de conhecimento espacial (Fig. 15).

Figura 15. Fatos geográficos e modelos de conhecimento espacial

Figura 15. Fatos geográficos e modelos de conhecimento espacial

65Em segundo lugar, devemos relembrar a importância da qualidade da comparabilidade, da capacidade de replicar, para o desenvolvimento de qualquer procedimento. A validação de um passo é fortemente relacionada à capacidade de fornecer resultados comparáveis.

66E em terceiro, é claro que essas abordagens permitem a apreensão do conhecimento espacial urbano para grupos de indivíduos: porque não trabalhamos individualmente, mas em grupos, portanto os fatores explanatórios têm que ser levados em conta tanto para a cultura quanto para o contexto social.

67Finalmente, estas abordagens trazem novas hipóteses, que devem ser verificadas através da experimentação, no real senso do termo, mas em escalas geográficas. Esta orientação já foi iniciada com um estudo de pontos de referência urbanos, em colaboração com o laboratório de neurociências de Marselha.

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Titre Figura 1: Geografia e escalas de estudo
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Titre Figura 2: Identificação e índice de representatividade
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Titre Figura 3: conhecimento progressivo do espaço: exemplos em Estrasburgo.
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Titre Figura 4: Aprendizado do espaço: exemplos em Estrasburgo
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Titre Figura 5: Cognição espacial: Procedimento de identificação
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Titre Figura 6: técnicas de coleta de dados para uma localização: coordenadas e distâncias
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Titre Figura 7: Das estimativas de distâncias ao espaço cognitivo
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Titre Figura 8: Dos rascunhos de mapas ao espaço cognitivo
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Titre Figuras 9a, exemplos em Estrasburgo
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Titre Figuras 9b. Exemplos em Estrasburgo
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Titre Figura 10. Variabilidade e elipses
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Titre Figura 11. Procedimento de localização
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Titre Figura 12. Descrição: Variedade (período) e completude (profundidade)
Légende o aumento do conhecimento pode ser possível de acordo com dois eixos:
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Titre Figura 13. Análise de textos
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Titre Figuras 14a, 14b, 14c. Vocabulário e associação
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Titre Figura 15. Fatos geográficos e modelos de conhecimento espacial
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Pour citer cet article

Référence électronique

Colette Cauvin, « Representações cognitivas e cartográficas: algumas proposições metodológicas »Confins [En ligne], 28 | 2016, mis en ligne le 01 octobre 2016, consulté le 30 novembre 2024. URL : http://0-journals-openedition-org.catalogue.libraries.london.ac.uk/confins/11140 ; DOI : https://0-doi-org.catalogue.libraries.london.ac.uk/10.4000/confins.11140

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