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AccueilNuméros23A cidade por seus nomes:

A cidade por seus nomes:

a consolidação da cidade potiguar pela nomenclatura dos espaços públicos
La ville par ses noms: la consolidation de la ville potiguar au prisme de la nomenclature des espaces publics
The city by its names: the consolidation of the potiguar city through the nomenclature of public spaces
Rubenilson Brazão Teixeira, João Fernando Barreto de Brito et Cleópatra de Melo

Résumés

L’analyse de la nomenclature des espaces publics de la ville potiguar ou du Rio Grande do Norte/Brésil, laquelle s’est consolidée peu à peu au long du 19e siècle, permet de repérer son développement progressif. Cet article a pour objectif d’entreprendre cette analyse à partir des procédés suivants : 1) la sélection des vilas et cidades du Rio Grande do Norte et la collecte des noms des espaces publics qui s’y trouvent, d’après les fonds disponibles ; 2) un classement de tels noms selon certains groupes de significations ; 3) une évaluation de la fréquence avec laquelle ces noms apparaissent dans chaque groupe. L’analyse, qui se déroule tenant compte de trois phases, 1830-1850; 1851-1880; 1881-1900, a permis de comprendre la ville potiguar en ce qui concerne sa consolidation/croissance tout au long du 19e siècle, ainsi que les valeurs chères à la société de l’époque.

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Texte intégral

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Crédits : Hervé Théry

1A cidade potiguar (ou do Rio Grande do Norte), extremamente precária em boa parte de sua história, passa, contudo, por um processo de consolidação urbana ao longo do século XIX que se revela desde pelo aumento do número de localidades e de sua população, à elevação do status político-administrativo de muitas delas, que assumem o título de vila ou de cidade - portanto, sedes de um município – passando ainda pelo incremento do comércio, uma atividade tipicamente urbana. Esses aspectos são campos férteis para o estudo do referido processo.

2Contudo, é possível detectar como as localidades se consolidam ao longo do tempo por um modo pouco usual ou mesmo inovador de análise: através do estudo da nomenclatura dos espaços públicos. Com efeito, uma investigação sobre os nomes atribuídos aos espaços públicos – ruas, praças, travessas e outros – é capaz de revelar o fortalecimento paulatino da urbe, como no caso aqui abordado, a cidade potiguar ao longo do século XIX, pois ao identificar que houve um crescimento numérico, quantitativo, desses espaços ao longo do tempo, tal investigação pode detectar o crescimento físico da cidade. O estudo dos nomes permite também desvendar os significados, símbolos, valores e expressões de poder que eles revelavam, ou seja, serve também como uma análise qualitativa, igualmente útil para compreender esse processo de consolidação. Assim, cabe também verificar ou pelo menos interpretar a motivação por trás dos nomes utilizados: revelavam algum episódio ou evento ocorrido no local? Expressavam alguma característica físico-espacial do lugar? Homenageavam alguma figura política, econômica ou religiosa importante, local, nacional ou até internacional? Manifestavam alguma atividade corriqueira no lugar designado? Intencionavam conferir à localidade como um todo, e não somente ao espaço público específico, algum status especial, como o de sua importância ou modernidade? A análise qualitativa dos nomes pode revelar, por exemplo, que em alguns casos estudados esses nomes expressavam mais um desejo ou uma supervalorização desse processo de consolidação, que nem sempre era tão intenso quanto os nomes poderiam fazer supor.

3Do exposto, conclui-se que é possível desvendar o processo de consolidação urbana pelo viés da análise dos nomes dos espaços públicos da cidade a partir de dois eixos: 1) uma análise quantitativa, de natureza estatística, dos referidos nomes considerando um grande número de localidades, em que seja possível identificar, por exemplo, o crescimento físico-espacial das localidades estudadas; 2) uma análise qualitativa, referente aos valores e símbolos caros à população urbana, que pode se verificar segundo duas vertentes, uma popular, em que os nomes são criações da população em geral, outra oficial, atrelada à elite local, que era mais diretamente responsável pela designação formal dos espaços públicos. O presente artigo tem como objetivo precisamente analisar o processo de consolidação da cidade potiguar através desses dois eixos. Assim, além da apresentação dos aspectos metodológicos da análise, este artigo apresenta três outros itens. Dois deles analisam a consolidação da cidade potiguar quantitativamente por meio, respectivamente, de algumas estatísticas gerais e algumas estatísticas específicas referentes à nomenclatura dos espaços públicos. O terceiro e último item, que antecede as considerações finais, aborda os nomes e seus significados, pautando-se numa análise tanto quantitativa quanto qualitativa desses nomes. Finalmente, a análise é acompanhada de quadros e gráficos, todos de nossa autoria.

Aspectos metodológicos da análise

  • 1 Em alguns casos, porém, ainda permanece o nome de “presidente”, nos relatórios. Os relatórios estão (...)

4A nossa análise se iniciou com a etapa de coleta e fichamento de fontes documentais. A principal fonte utilizada foram os Relatórios dos Presidentes de Província, cargo correspondente ao de Governador de Estado nos dias atuais. Durante sua gestão, os Presidentes emitiam relatórios anuais, nos quais registravam suas análises e propostas de soluções para os problemas detectados na província e depois estado do Rio Grande do Norte. Acompanhados, em geral, de anexos, produzidos por altos funcionários de diferentes áreas de atuação do governo e que serviam para fundamentá-los, esses relatórios se tornam, assim, uma rica fonte de informações sobre os mais diversos aspectos da província, inclusive no que diz respeito aos espaços públicos das localidades. Entre 1835 e 1900, foram produzidos 77 relatórios, um por Presidente, em média. Apenas em alguns poucos casos há mais de um relatório por Presidente. Isso ocorreu principalmente nos casos de reeleição ao posto. Os últimos relatórios, a partir da proclamação da República (1889), são de autoria não mais dos Presidentes da Província, mas dos Governadores do Estado do Rio Grande do Norte, como eles passaram a ser chamados1. Na lista da bibliografia no final deste artigo, aparece apenas a fonte genérica – Relatórios dos Presidentes de Província, uma vez que listar todos os relatórios compulsados a tornaria excessivamente extensa. Outras fontes primárias foram as posturas municipais e algumas atas de câmara, estas últimas publicadas em forma de livro. Além das fontes primárias, várias fontes secundárias, especialmente livros e outras a publicações pertinentes foram examinadas. As principais fontes bibliográficas publicadas aparecem no final deste artigo.

5A partir desse levantamento de dados, foram reunidos 422 nomes de espaços públicos em 37 localidades urbanas, independentemente de seu status político-administrativo (povoação, vila, cidade) existentes no Rio Grande do Norte ao longo do século XIX. Em seguida, os dados coletados foram organizados por meio de uma planilha no programa Excel, contendo, nas colunas, os seguintes dados: 1) nome da localidade; 2) status político-administrativo da localidade; 3) nome do espaço público urbano; 4), 5), 6) respectivamente a localização urbana, periurbana ou rural do lugar denominado; 7) observações, isto é, qualquer outra informação pertinente sobre o local denominado; 8) classificação dos nomes dos espaços públicos, segundo grupos de significados previamente estabelecidos. Cada grupo recebeu um número; 9) ano da mais antiga citação documental encontrada sobre o nome de cada espaço; 10) periodizações nas quais se situam os anos da coluna “9” (1830-1850; 1851-1880; 1881-1900). Duas colunas suplementares, “11” e “l2”, reúnem códigos criados no intuito de identificar as fontes onde foram encontrados os nomes dos espaços públicos (livro, documento manuscrito ou outra fonte, na coluna “11” e a(s) página(s), na coluna “12”. Elas são exclusivamente para efeito de controle dos autores, e não têm qualquer interferência na análise em si. Quanto às linhas da planilha, elas correspondem ao registro dos nomes dos espaços públicos encontrados, que são listados por localidade. Essas linhas são chamadas, neste artigo, de “entradas”. O Quadro 1 abaixo mostra, a título de ilustração, parte dessa planilha que, com 10 páginas, não poderia ser reproduzida na íntegra aqui. No Quadro 1 não aparecem as colunas “5”, “6”, “11” e “12”, porque não interessam à análise propriamente dita.

Quadro 1 – organização dos dados em planilha do programa Excel

1. Nome da localidade

2. Status Político-administrativo

3. Nome do Espaço público (oficial e/ou popular)

4. Localização urbana

7. Observações

8. Classificação dos espaços públicos

9. Ano da citação mais antiga

10. Período

Acari

Vila

R. do Comércio

X

 

2

1893

1881-1900

Acari

Vila

R. Carnaúba

X

 

7

1893

1881-1900

Acari

Vila

R. do Rio

X

 

7

1893

1881-1900

Acari

Vila

R. do Rosário

X

 

3

1849

1830-1850

Acari

Povoação

R. dos Alpendres

X

 

5

S. XVIII

Antes de 1830

Angicos

Vila

R. Angicos

X

 

8

1893

1881-1900

Apodi

Cidade

R. da Cadeia

X

 

6

1893

1881-1900

Apodi

Cidade

R. Larga

X

 

7

1893

1851-1880

6Confeccionada a planilha, procedemos à análise propriamente dita dos dados coletados e à redação final do artigo. Como será observado ao longo do texto, a planilha permitiu um grande número de combinações, principalmente de ordem estatística, sempre relacionadas aos nomes utilizados para os espaços públicos da cidade potiguar no período estabelecido.

7Antes de adentramos a análise propriamente dita, é preciso destacar alguns pressupostos teórico-metodológicos, bem como, atentar para alguns riscos na coleta e manipulação dos dados. Assim, destacamos os seguintes itens:

  1. O estudo aqui proposto se refere à “cidade potiguar” em termos genéricos. Em outras palavras, os dados são agrupados e investigados de modo a conferir uma compreensão da “cidade potiguar como um todo”, e não de localidades específicas, ainda que referências a estas últimas sejam feitas ao longo da análise.

    • 2 Além destes, foram levantados alguns nomes de áreas periurbanas e rurais, totalizando mais de 500 e (...)
    • 3 Dentre as cidades estudadas, 34 eram ou se tornaram municípios ao longo do período estudado, o que (...)

    É importante sublinhar que o levantamento realizado, feito nas mais diversas fontes primárias e secundárias, confere uma visão bem superior a de uma simples amostra, em razão: a) da quantidade de nomes coletados. São 422 entradas, só de nomes de espaços públicos situados no meio urbano, que é o que nos interessa de fato2; b) da precariedade urbana da grande maioria das localidades estudadas, que se resumiam à praça central e alguns pouquíssimos logradouros públicos ao longo de todo o século XIX. Boa parte delas não atingia o número de 10 a 12 ruas em 1900, segundo dados coletados. Isso significa dizer que o total de 422 entradas representa um número expressivo de nomes; c) da quantidade de localidades levantadas para o estudo. São 37, que existiam ou passaram a existir no século XIX. Ora, o Rio Grande do Norte começou com 8 municípios em 1800 e terminou com 37 em 1900, coincidentemente o mesmo número de localidades estudadas3.Ou seja, trata-se de um levantamento de nomes expressivo não somente em termos quantitativos, mas também geográficos, pois abarca todo o território do Rio Grande do Norte. Portanto, as considerações “a”, “b” e “c”, nos permitem concluir que os dados coletados e analisados conferem efetivamente uma visão muito ampla dos nomes atribuídos aos espaços públicos da cidade potiguar e, por conseguinte, como pretendemos demonstrar, da própria cidade no século XIX;

  2. O recorte cronológico proposto é o século XIX, período de consolidação da cidade potiguar. Ainda que haja referências a datas anteriores, o marco cronológico inicial preciso é 1830 porque são raras as referências aos nomes dos espaços públicos antes desse ano, e terminam em 1900 porque aumentariam sobremaneira o número já significativo de nomes coletados, caso incluísse décadas posteriores. Dentro do recorte proposto (1830-1930), foram estabelecidos dois intervalos de aproximadamente 20 anos (1830-1850 e 1881-1900), e um de 30 anos (1851-1880). Esses subperíodos não expressam qualquer significado em particular, mas foram definidos simplesmente porque permitem o agrupamento dos anos em que os nomes dos espaços públicos aparecem nas fontes, facilitando assim a percepção da progressão no tempo do processo de consolidação urbana da cidade que queríamos investigar.

    • 4 Para maiores detalhes, ver (Teixeira, 2003).
    • 5 A cidade de Mossoró é o maior exemplo disso.

    Usamos o termo “localidade” para nos referirmos aos núcleos urbanos no século XIX, uma vez que esses núcleos tinham status político-administrativos que variavam de povoação, a vila e a cidade, termos que, como outros do período colonial e do Império, designavam e hierarquizavam os núcleos urbanos. A povoação tinha um sentido genérico, podendo ser aplicado inclusive a uma vila ou a uma cidade no período colonial, mas em geral se tratava de uma pequena localidade sem maior importância. As vilas e cidades tinham uma função político-administrativa clara. Eram dotadas do poder local, a câmara municipal, com sua casa de câmara e cadeia e pelourinho, constituindo sedes de uma jurisdição territorial, o município, como designamos hoje. Contudo, a cidade tinha um status particular que a distinguiam da vila, sendo dessa forma mais importantes4. Ao longo do século, boa parte dos núcleos urbanos mudou de status, às vezes passando de povoação à vila e mesmo à cidade, ou, em alguns casos, caindo do status de vila para povoação. Na planilha do Excel, pode ocorrer que uma mesma localidade apareça como vila e como povoação, por exemplo. Isso decorre do fato de que dois ou mais nomes de espaços públicos urbanos correspondentes foram encontrados em anos diferentes, nos quais a mesma localidade tinha igualmente foros distintos5;

    • 6 Contudo, há casos em que o ano corresponde efetivamente ao ano de início do uso de determinado nome (...)

    A coluna 9 da planilha do Excel reúne o ano mais antigo encontrado nas fontes para cada entrada de nome do espaço público coletado, ou seja, para cada linha da planilha. Disso decorre que o referido nome pode ser mais antigo do que o seu ano correspondente6. Para algumas entradas, sabemos que se trata provavelmente de datas anteriores, em alguns casos até mesmo de antes de 1800. Por exemplo, a “praça da Matriz”, que corresponde ao núcleo urbano inicial das localidades, pode muito provavelmente ser anterior a 1800 no caso de localidades que existiam no século XVIII ou antes. Nos casos em que tínhamos absoluta certeza, fizemos referência a períodos anteriores, uma vez que isso não altera em nada os objetivos da análise. Contudo, mantivemos o ano de acordo com a fonte encontrada nos demais casos. Na coluna “10”, os anos de cada entrada foram agrupados por períodos cronológicos, no intuito de facilitar a análise, como dissemos (1830-1850; 1851-1880; 1881-1900). São esses períodos, e não os anos em si, que nos interessam em particular.

  3. Não foi possível precisar o ano de alguns nomes de espaços públicos encontrados. Mesmo assim, resolvemos mantê-los na lista, pois acreditamos fortemente que os nomes mantidos surgiram efetivamente no século XIX ou mesmo antes. O inverso também aconteceu, isto é, tínhamos o ano, mas o nome do espaço público correspondente estava ilegível nas fontes. Estes casos foram excluídos, pois a análise se fundamenta, sobretudo, nos nomes;

    • 7 Assim, por exemplo, a Rua Santo Antônio, em Natal, fora chamada, no século XVIII, de “caminho de be (...)

    Um mesmo local, praça ou logradouro pode ter recebido nomes distintos ao longo do século. Por isso, sempre que possível, tentamos identificar a mudança de nome de um mesmo espaço público, como aparece na coluna “7”, “observações”, da planilha7. Todavia, as evidências de que dispomos nos fazem crer que essas mudanças não foram frequentes o suficiente para alterar significativamente os resultados da análise, mesmo considerando que, por desconhecimento, algum espaço público reapareça eventualmente com outro nome na planilha.

  4. Finalmente, a proposta do artigo é compreender o crescimento/consolidação da cidade a partir dos nomes dos espaços públicos. Outros dados de que também dispomos, como, por exemplo, populacionais e econômicos para muitas dessas localidades, poderiam facilmente vir em apoio a essa análise. Entretanto, por falta de espaço no presente artigo e porque também nos propusemos desenvolver o estudo tão-somente pelo viés da nomenclatura dos espaços públicos, essas outras fontes de apoio somente serão citadas em caso de extrema necessidade.

A consolidação da cidade potiguar: algumas estatísticas gerais

8Neste item, pretendemos apresentar e analisar alguns dados gerais sobre a cidade potiguar, a partir dos dados coletados e analisados na planilha do Excel. Iniciamos com a data de surgimento dos nomes dos espaços públicos por período. Assim, percebemos que:

  1. Das 422 entradas de nomes de espaços públicos, 25 delas, ou 5,92% do total, existiam no período de 1830 a 1850. A esse valor, deve ser acrescido mais 12 entradas correspondentes a nomes anteriores a 1830, ou 2,84 %. Isto significa que 37 entradas, ou 8,76 % de todos os nomes coletados existiam até 1850.

  2. Das 422 entradas de nomes de espaços públicos, 112 delas, ou 26,54 % do total, existiam no período de 1851 a 1880.

  3. Das 422 entradas de nomes de espaços públicos, 251 delas, ou 59,47 % do total, existiam no período de 1881 a 1900.

  4. Das 422 entradas de nomes de espaços públicos, 22 delas, ou 5,21 % do total, são de data ignorada, sendo provavelmente do século XIX ou mesmo anterior a ele.

9Desses dados preliminares, e mesmo com a ressalva de que alguns nomes sejam mais antigos do que aparecem na fonte, podemos afirmar que houve o crescimento da cidade potiguar ao longo do século XIX, notadamente a partir de 1850. 86,01 % de todos os espaços públicos coletados tiveram seus nomes registrados entre 1851 e 1900 (59,47% + 26,54% no Gráfico 1). Esse dado corrobora outras fontes e estudos sobre esse mesmo crescimento urbano da cidade potiguar no referido período. Os 5,21 % de nomes cujo ano é ignorado, uma vez conhecidos, certamente não alteraria significativamente esse dado básico.

10Se fizermos, agora, a mesma análise por categoria de localidade, veremos que:

  1. Das 37 entradas de nomes de espaços públicos existentes até 1850, 5 foram encontradas em povoações, 7 em vilas e 25 em cidades, correspondendo respectivamente a 1,18 %, 1,66 % e 5,92 % do total de 422 entradas;

  2. Das 112 entradas de nomes de espaços públicos existentes entre 1851 e 1880, 4 foram encontradas em povoações, 18 em vilas e 90 em cidades, correspondendo respectivamente a 0,95 %, 4,26 % e 21,33 % do total de 422 entradas;

  3. Das 251 entradas de nomes de espaços públicos existentes entre 1881 e 1900, 23 foram encontradas em povoações, 82 em vilas e 146 em cidades, correspondendo respectivamente a 5,43 %, 20,14 % e 34,59 % do total de 422 entradas;

    • 8 A somatória dos percentuais referentes às povoações, vilas e cidades corresponde a 100,67%, valor l (...)

    Para 22 das 422 entradas, ou 5,21 % do total, não foi possível saber o ano de registro do nome dos espaços públicos correspondentes. Desse total, foi possível, contudo, conjecturar por outras evidências que 9 entradas correspondiam a um momento em que a localidade respectiva era cidade (2,13 % do total de 422) e 13, ou 3,08 %, corresponde a localidades cujo status é desconhecido8.

11A análise dos dados a partir do status político-administrativos reforça as conclusões anteriores, sobre o crescimento/consolidação da cidade potiguar ao longo do século XIX. Esse segundo cruzamento de dados da planilha permitiu constatar que o número de entradas referentes às povoações cresce de 1,18 % para 5,43 % do total entre 1830 e 1900, mesmo que tenha tido uma pequena diminuição entre 1851 e 1880 quando este período é comparado ao anterior; o mesmo pode ser afirmado para as entradas referentes à cidade, que de 5,92 % atingem o valor expressivo de 34,59 %, percentual ao qual ainda deve ser acrescido 2,13 %, perfazendo 36,72 % do total. Cabe destacar que a quantidade nomes referente à cidade é sempre superior, mesmo considerando que elas são em menor quantidade do que as demais categorias de localidades, em todos os intervalos cronológicos analisados. A quantidade maior de nomes de espaços públicos nas cidades indica, com toda probabilidade, que elas eram efetivamente maiores fisicamente do que as demais categorias de localidade. O número de entradas referentes às vilas também cresceu de 1,66 % para 20,14 %.

  • 9 Essa variação de 1 a 13 não foi tirada da planilha do Excel aqui utilizada, mas por meio de uma ver (...)

12O crescimento elevado de entradas de nomes correspondentes à cidade, perceptível, também em termos absolutos de acordo com o Gráfico 2, coincide com o forte crescimento numérico delas no mesmo período. Em 1800, só havia Natal com esse título; em 1900, eram 13 cidades, ou seja, um aumento de 1 300 %9. Podemos concluir que o crescimento numérico de nomes dos espaços públicos coletados ao longo do século, bem como, a relação que esses nomes mantêm com o status político-administrativo das localidades correspondentes, que cresce tanto para as povoações, mas principalmente para as vilas e mais ainda para as cidades, são fortes evidências do processo de consolidação da cidade potiguar entre 1800 e 1900. A aceleração desse processo ocorre especialmente a partir de 1850. Essa conclusão poderia facilmente ser reforçada com base em outros dados, como, por exemplo, o crescimento populacional das localidades, mas acreditamos ser dispensável diante dos dados aqui analisados.

A consolidação da cidade potiguar: algumas estatísticas específicas

13Ainda que o nosso interesse seja a cidade potiguar apreendida genericamente, achamos por bem fazer uma análise baseada em dados específicos com o objetivo de demonstrar que, se por um lado o processo de consolidação urbana ao longo do século XIX é um fato, ele não é, por outro lado, igual por localidade, pois há, efetivamente, graus bastante diferenciados de crescimento entre elas.

14Inicialmente, cabe sublinhar que o processo diferenciado de consolidação urbana é algo mais ou menos esperado em qualquer contexto, pois uma determinada “rede urbana” - com uso condescendente do termo para o universo e para o período estudado – dificilmente se caracteriza por um conjunto homogêneo de localidades espalhado no território. As diferentes localidades que a compõem têm normalmente especificidades e graus distintos de diferenciação quanto ao processo de desenvolvimento, de importância hierárquica, cultural, econômica ou política. Essas diferenciações se revelam inclusive em termos do tamanho de sua população e de sua área urbana, indo desde pequeníssimas localidades – que constituem a grande maioria, na verdade, no caso estudado – a aglomerações urbanas de maior porte, que por razões econômicas, administrativas ou outras, cresceram mais do que as demais num dado período.

15No caso do Rio Grande do Norte, estudos prévios já demonstraram o crescimento diferenciado das localidades ao longo do século XIX, relacionando-os com questões econômicas e outras. Neste artigo, queremos tão-somente nos basear nas evidências estatísticas para chegarmos às mesmas conclusões. Assim, os dados coletados e tabulados na planilha do Excel se apresentam de acordo com o Quadro 2 abaixo.

Quadro 2 - Entradas de nomes de espaços públicos por localidade do Rio Grande do Norte no século XIX

Localidade

N° de espaços públicos coletados

% em relação ao total

(422 entradas)

Acari

11

2,61

Angicos

2

0,47

Apodi

7

1,66

Areia Branca

13

3,08

Arez

4

0,95

Assu

29

6,87

Caicó

10

2,37

Canguaretama

15

3,55

Caraúbas

1

0,24

Ceará-Mirim

7

1,66

Cuitezeiras (Pedro Velho)

4

0,95

Currais Novos

4

0,95

Flores (Florânia)

4

0,95

Goianinha

6

1,42

Jardim (Jardim do Seridó)

5

1,18

Jardim de Angicos

3

0,71

Jardim de Seridó

2

0,47

Luiz Gomes

2

0,47

Macaíba

12

2,84

Macau

21

4,98

Martins

1

0,24

Mossoró

80

18,96

Natal

84

19,91

Nova Cruz

2

0,47

Papari (Nísia Floresta)

11

2,61

Patu

3

0,71

Pau dos Ferros

4

0,95

Poço Limpo

1

0,24

Porto Alegre (Portalegre)

1

0,24

Santo Antônio de Goianinha

4

0,95

Santana do Matos

7

1,66

São Gonçalo

13

3,08

São José de Mipibu

23

5,45

São Miguel

2

0,47

Serra Negra

3

0,71

Touros

16

3,79

Triunfo (Augusto Severo)

5

1,18

Total

422

100,00

16Das 422 entradas de nomes coletadas nas 37 localidades, 84, ou 19,91 % desse total estavam em Natal. Mossoró reuniu quase a mesma quantidade (80 nomes, ou 18,96 %). Ou seja, as duas aglomerações urbanas reuniam 38,87 %, mais de um terço de todos os nomes coletados durante o período. Nada de surpreendente nisso, uma vez que eram efetivamente as duas localidades de maior crescimento na província, entre 1830 e 1900. Mossoró teve uma ascensão espetacular especialmente na segunda metade do século XIX. De povoação, passou a vila em 1852 e a cidade em 1870, fruto de um considerável desenvolvimento comercial no mesmo período e nas décadas seguintes. Com uma diferença considerável em relação a essas duas localidades, vêm em seguida Assu, com 6,87 %, e São José de Mipibu, com 5,45%. Novamente, esses percentuais confirmam o processo de consolidação de ambas as localidades, por outros parâmetros. É suficiente lembrar que elas foram as primeiras a obterem o título de cidade no Rio Grande do Norte, em 1845. São as mais antigas localidades com esse título, depois de Natal.

17O Quadro 2 demonstra uma grande fragmentação da distribuição do número de entradas para as demais localidades. Dezoito das 37 localidades elencadas, ou 48,65 % do total não somam sequer 1 % do número total de entradas coletadas. Esse dado permite duas interpretações, uma contrária, outra favorável ao nosso argumento. O pouco número de entradas por localidade pode significar simplesmente que os dados não foram suficientemente coletados para muitas delas, pois essas localidades deveriam ter um número maior de espaços públicos, ainda que fossem de fato pouco expressivos quantitativamente. Isso é verdade, mas não anula outra possibilidade de interpretação, justamente em sentido contrário. A fragmentação e a pouca quantidade numérica dessas entradas não se deve à falta de uma coleta de dados mais completa, pois, como vimos, ela é bastante ampla, mas simplesmente que esses dados de fato inexistem em grande parte para as referidas localidades, devido à sua extrema precariedade.

  • 10 Um exemplo disso, como mencionamos, está no caso dos espaços cujos nomes não conseguimos decifrar, (...)

18De qualquer forma, as conclusões a partir dos dados analisados neste item são de natureza indicativa. Temos consciência de que, ainda que ampla, a coleta de nomes de espaços públicos não reuniu a totalidade dos que existiram durante o século XIX, nem mesmo para as maiores localidades10. Entretanto, encaradas enquanto tendência ou indicativo, o Quadro 2 ganha toda sua força. Ele revela uma realidade inegável: o crescimento expressivo de umas poucas localidades em relação à grande maioria, ao longo do século XIX, demonstrando um processo desequilibrado de consolidação urbana ao longo do período. O Gráfico 3, abaixo, expressa visualmente as considerações feitas a partir do Quadro 2.

Os nomes e seus significados

19Tivemos igualmente o interesse em verificar o significado dos nomes dos espaços públicos urbanos coletados, no intuito de apreender o que eles podem nos ensinar tanto sobre os valores que animavam as sociedades urbanas da época como sobre o processo de consolidação da cidade potiguar em si, no período em apreço. Duas dificuldades se apresentaram nesse sentido. A primeira diz respeito à própria busca das intenções por trás de cada nome, utilizado seja pelos habitantes informalmente, seja pelas autoridades que os impuseram através de leis e decretos. Embora em alguns casos encontrados esses significados sejam explicitados, para a grande maioria deles as fontes pesquisadas não fazem qualquer alusão ao assunto. Aliado a isso, o grande número de entradas, 422, tornaria o trabalho de pesquisa sobre a intenção por trás dos significados de cada nome virtualmente impossível, pelo menos em curto prazo.

20Por outro lado, não é muito difícil entender ou pelo menos supor as intenções por trás de cada nome, além do mais porque em alguns casos, como dissemos, essas intenções foram de fato explicitadas nas fontes pesquisadas. Assim, classificamos, um tanto quanto arbitrariamente, os nomes coletados por grupos de significados que achamos pertinentes ou plausíveis. Mesmo sabendo dos limites desse pressuposto metodológico, acreditamos que ele procede.

21Assim, a partir da análise dos 422 nomes coletados, foi possível propor 8 grupos de significados possíveis ou prováveis. Para cada grupo, atribuímos um número, como aparece na coluna “8” da planilha (Quadro 1), na seguinte ordem: 1. Referências históricas sobre a localidade, a província ou estado, o país ou mesmo o mundo (e.g., “Praça 07 de Setembro”); 2. Atividade comercial (e.g., “Rua da Feira” ou “do Comércio”); 3. Referências religiosas (e.g., “Travessa São João”); 4. Nomes de personalidades (e.g., “Praça Floriano Peixoto”); 5. Episódio efêmero ocorrido no local ou simplesmente um nome popular (e.g., “Beco do Pau-Não-Cessa”); 6. Referência ao mobiliário ou equipamento urbano (e.g., “Praça da Alfândega”); 7. Referência a elementos topográficos ou ambientais (e.g., “Rua do Rio”, “Rua de Cima”, “Rua Carnaúba”, etc.); 8. Outros. Reúne todos os nomes que não se encaixam em nenhum dos grupos anteriores.

22Como toda classificação, a que foi proposta para este trabalho apresentou fragilidades em função de algumas sobreposições, as quais tentamos sanar. Por exemplo, alguns dos nomes de personalidades (grupo 4), que vão desde moradores locais ilustres a nomes nacionais ou até internacionais, se encaixam também no grupo 1, referência histórica. Nesse caso, arbitramos que qualquer referência a nomes de pessoas ficaria sempre no grupo 4, independentemente de estarem associados a um evento histórico. Quando, porém, esse nome era de alguma autoridade eclesiástica, e.g., “Rua vigário Bartolomeu”, ele seria classificado no grupo 3, Referências religiosas. Da mesma forma, o grupo 6 pode se sobrepor ao 2. Por exemplo, a “Rua do Mercado” tanto pode estar no 2 (atividade comercial), como no 6, que reúne as referências aos edifícios da localidade. Neste caso, específico, toda referência ao comércio, ainda que por meio de um edifício como o mercado, ficou no grupo 2. Da mesma forma, o nome “Praça da Matriz”, embora se referindo a um edifício, nos pareceu mais adequado se classificado no grupo 3, Referências religiosas. Essas escolhas têm seu fundamento lógico e são aqui explicitadas clara e honestamente, como deve ser todo trabalho científico. Assim, a análise dos nomes por grupos de significados nos levou à elaboração do Quadro 3 a seguir:

Quadro 3 - Distribuição dos nomes dos espaços públicos das localidades do Rio Grande do Norte por grupo de significados e por período cronológico

  • 11 Nesta coluna, foram considerados os nomes anteriores ao período 1830-1850.
  • 12 Quantidade.
  • 13 Percentual considerado em relação ao total de 422 entradas coletadas.

Grupo

1830-185011

1851-1880

1881-1900

P. Ignorado

Total

Nome

Q.12

%13

Q.

%

Q.

%

Q.

%

Q.

%

1

Referências históricas

0

0

14

3,32

24

5,69

1

0,24

39

9,24

2

Atividade comercial

2

0,47

8

1,90

25

5,92

0

0

35

8,29

3

Referências religiosas

7

1,66

11

2,61

41

9,72

4

0,95

63

14,93

4

Nomes de personalidades

6

1,42

19

4,50

50

11,85

3

0,71

78

18,48

5

Referência a episódio local ou nome popular

7

1,66

21

4,98

61

14,45

11

2,61

100

23,70

6

Ref. ao mobiliário ou equipamento urbano

4

0,95

18

4,27

7

1,66

0

0

29

6,87

7

Ref. a elementos topográficos e ambientais

9

2,13

14

3,32

23

5,45

2

0,47

48

11,37

8

Outros

2

0,47

7

1,66

20

4,74

1

0,24

30

7,11

Total parcial

37

8,77

112

26,54

251

59,48

22

5,21

422

100

Total

23Observamos primeiramente, de acordo com o Quadro 3 que, em termos gerais, todos os grupos tiveram crescimento numérico ao longo do século. Para verificar isso, é suficiente comparar os percentuais da coluna de 1830-1850, que também inclui as poucas entradas anteriores a 1830, com os da coluna “total”, que considera todas as entradas até 1900. Isso é fácil de entender na medida em que, como vimos, 86,01 % de todos os espaços públicos coletados tiveram seus nomes registrados entre 1851 e 1900.

14

24O crescimento numérico do grupo 3, referências religiosas, parece contradizer estudos prévios sobre a cidade potiguar. Em trabalho anterior, foi discutido o processo de secularização da cidade potiguar, demonstrando que os primeiros sinais mais evidentes do processo de secularização começaram a ocorrer justamente a partir de meados do século XIX. Concluiu-se naquela ocasião que, embora sendo progressivo em linhas gerais para a realidade estudada, o processo de secularização, fenômeno extremamente complexo, apresentava momentos de recuos, retrocessos, ou estagnação, mesmo que fosse crescente ao longo do tempo, o qual se estendeu, no referido estudo, do século XVIII ao XX (Teixeira, 2009). A única explicação possível para o crescimento dos nomes religiosos ao longo do século XIX reside no fato já observado do grande crescimento de entradas de nomes após 1850, o que afetou positivamente todos os grupos. Além do mais, os dados se referem ao século XIX, quando a manifestação dos valores religiosos no espaço urbano da cidade potiguar ainda era muito forte. Segundo o mesmo estudo anterior, a perda de nomes religiosos para os espaços públicos é bem mais evidente na primeira metade do século seguinte.

25Outro dado que merece uma consideração mais detalhada diz respeito ao grupo 6, Referência ao mobiliário ou equipamento urbano. Sabemos que, a partir de meados do século XIX, a cidade potiguar iniciava um processo muito incipiente de modernização urbana, que se manifestava na melhoria de sua infraestrutura, revelada, por exemplo, na dotação de novos equipamentos como escolas, cemitérios, portos, teatros, mercados públicos, estações ferroviárias, etc. Os percentuais do Quadro 3 confirmam essa tendência, pois indicam que os nomes dos espaços públicos a eles referentes passaram de 0,95 % entre 1830-1850, a 6,87 % das 422 entradas para todo o período. Essa tendência tende a se concentrar nas localidades mais importantes, como Natal e Mossoró. Os edifícios públicos chegam às vezes a caracterizar nominalmente determinados espaços públicos: “Rua da Cadeia”, “Rua do Quartel” “Rua do Porto” ou “Rua da Alfândega”, entre outros, em Natal. Em Mossoró, havia uma “Rua do Teatro” e uma “Rua do Cemitério”. Se considerarmos, ainda os equipamentos ligados às referências religiosas (grupo 3), poderíamos acrescentar a “Rua” ou “Praça da Matriz” em algumas localidades. Acreditamos, porém, que mesmo nos casos em que esses equipamentos não originaram nomes, eles devem ter tido algum impacto no espaço público a ele adjacente ou imediato, tendo, talvez, ocasionado alguma denominação que não chegou até nós. Em Natal, por exemplo, encontramos referências documentais a equipamentos como o Mercado do Peixe, o Matadouro publico, o Hospital de Caridade, o Colégio de Educandos Artífices, o Lazareto de Piedade, a Santa Casa de Misericórdia e o Teatro Santa Cruz, entre outros. Resolvemos incluí-los na nossa lista como manifestação, ainda que indireta, da existência de determinados espaços públicos sempre que eles não estavam situados em algum espaço público já arrolado, pois não é difícil imaginar que eles também tenham gerado algum espaço próximo ou adjacente de caráter público.

26Os grupos 1 e 2, respectivamente as referências históricas e a atividade comercial, também passam por um crescimento ao longo do período, seguindo a tendência geral. A primeira cresce de 0 % a 9,24 %, e a segunda tem valores próximos a estes últimos, variando de 0,47 % a 8,29 %. A interpretação para o crescimento dos dois grupos nos parece óbvia. Alguma forma de consciência histórica, muito incipiente ainda, começa a tomar pé, particularmente por parte das autoridades, que queriam homenagear alguma data, personalidade ou evento específico. Nas cidades estudadas, são comuns os nomes de espaços públicos com datas comemorativas, Mossoró sendo o exemplo mais marcante, com suas várias datas referentes à libertação dos escravos. Mas, vários outros exemplos poderiam ser citados para outras localidades. Essas referências históricas aumentam à medida que o século chega ao fim. O mesmo pode ser observado quanto à atividade comercial. As autoridades da província demonstraram conferir importância crescente ao comércio, como estudos anteriores já comprovaram. De acordo com o Quadro 3, o crescimento dos nomes relacionados ao comércio se acelera após 1850, notadamente a partir de 1881, confirmando a tendência verificada em outros estudos sobre a importância crescente do comércio na cidade potiguar do século XIX.

27O grupo 7 - nomes referentes a elementos topográficos e ambientais – também cresce numericamente ao longo do século, passando de 2,13% a 11,37%. Esses nomes aludem a algum aspecto topológico, topográfico, físico-espacial ou ambiental do lugar. Como são designações em geral populares, se aproximam muito das do grupo 5. São exemplos desse grupo as “Ladeira do Rosário”, o “Aterro da Ribeira”, “A Rua de Detrás”, “Rua da Lagoa”, etc. Percebemos, ainda, a predominância de determinados nomes. O Quadro 4 reúne os nomes por grupos de significados que aparecem mais de uma vez, em localidades diferentes.

Quadro 4 - Nomes dos espaços públicos mais comuns, por grupo de significados, existentes nas localidades do Rio Grande do Norte

  • 15 Outras entradas de nomes fazem referência ao 07 de setembro, por exemplo, R. da Independência, em M (...)
  • 16 Em Natal, foi encontrado ainda um Largo do Rosário.
  • 17 Ainda existem as entradas referentes a Carnaubais (Touros) e Carnaubinha (São Gonçalo).

Grupo

Nome do espaço público e da localidade correspondente

1

R. 15 de novembro - Canguaretama, Macaíba; R. 13 de maio - Natal, Macau; R.28 de setembro – Macau, Mossoró; R. 30 de setembro - Areia Branca, Mossoró; R. 07 de setembro - Assu, São José de Mipibu15; R. da Liberdade - Mossoró, Macaíba; Praça 15 de novembro – Canguaretama, Ceará-Mirim.

2

Largo do Comércio - Apodi, Patu; Praça do Mercado - Caicó, Natal, Macau; R. da Feira - Papari (N. Floresta), Arez; R. do Comércio - Acari, Apodi, Assu, Caraúbas, Currais Novos, Flores (Florânia), Jardim, Luiz Gomes, Macaíba, Martins, Natal, Papari (Nísia Floresta), Pau dos Ferros, Santana do Mato, Serra Negra, Triunfo (Augusto Severo), Mossoró, São José de Mipibu. R. do Mercado Público – Assu, Canguaretama, Jardim, São Miguel, Natal, Macau.

3

Praça ou Largo da Matriz – Currais Novos, Mossoró, São José de Mipibu; R. da Conceição – Macaíba, Natal, J. do Seridó; R. da Cruz - Macaíba, Natal; R. da Matriz - Flores (Florânia), Papari (Nísia Floresta), Acari, Caicó, Goianinha, Jardim do Seridó; R. do Rosário - Acari, Assu, Currais Novos, Apodi, Mossoró, Natal16; R. São Antônio – Santo Antônio de Goianinha, São Gonçalo, Macau; R. São José Canguaretama, Ceará-Mirim, Macau, São José de Mipibu; R. Santa Rita – Cuitezeiras (Pedro Velho), Macau.

4

R. Dr. Pedro Velho ou Pedro Velho – Assu, Canguaretama, Macaíba, Nova Cruz, São José de Mipibu; R. Visconde do Rio Branco – Natal, Mossoró; R. Capitão-Mor Currais Novos, S. Antônio de Goianinha; R. das Flores – Assu, Mossoró.

5

R. Boa Vista - Cuitezeiras (P. Velho), Patú, Macau, Mossoró; R. da Alegria – Areia Branca, Mossoró, São José de Mipibu; R. da Aurora - Flores (Florânia), Jardim, Santana do Matos, Porto Alegre (Portalegre), São José de Mipibu; R. do Sal – Pau dos Ferros, Serra Negra; R. Formosa – Natal, Areia Branca; R. das Virgens – Macaíba, Natal; R. do Triunfo – Natal, Mossoró; R. dos Índios – Arez, São José de Mipibu

6

Largo da Cadeia – Mossoró, São José de Mipibu; R. da Cadeia - Apodi, Caicó, São José de Mipibu

7

R. Carnaúba – Acari, Cuitezeiras (Pedro Velho), Apodi17; R. da Lagoa ou Alagoa - Triunfo (Augusto Severo), Mossoró; R. do Rio - Acari, Santana do Matos, Apodi, Mossoró, Natal; R. Grande - Assu, Jardim de Angicos, Natal, Mossoró, São Gonçalo; R. da Praia – Areia Branca, Natal;

8

R. Nova – Natal, São José de Mipibu; R. Uruguaiana – Natal, Caicó, Mossoró; R. Caraúbas Angicos, Touros; R. Maxaranguape – Ceará-Mirim, Touros

28Desses nomes, o que mais se repete é o da “Rua do Comércio”. Ela aparece em 18 localidades, o que confirma a importância crescente da atividade comercial na cidade potiguar. Dois nomes que nos parecem subestimados nos dados coletados são a “Praça” ou “Largo da Matriz”, que aparece apenas 3 vezes, e a “Rua da Feira”, também 3 vezes. Praticamente toda praça principal das pequenas localidades do interior, ainda hoje, é chamada popularmente de “Praça da Matriz”. Podemos conjecturar que essas praças foram citadas nos documentos por seus nomes oficiais, mas o primeiro termo, que tinha um caráter genérico, não necessariamente denominativo, deveria ser profundamente comum no linguajar popular do século XIX. De qualquer forma, a “Rua da Matriz” aparece em 6 outras localidades, de certa forma confirmando a importância da Matriz como referência topológica e simbólica da cidade. Quanto à feira, ela se populariza a partir de meados do século XIX no Rio Grande do Norte, mas não aparece nos registros como uma rua ou praça específica a ela destinada. Esse dado é muito interessante porque demonstra os limites da análise que se propõe a compreender o processo de consolidação da cidade a partir da nomenclatura dos espaços públicos. Ela pode ser, pelo menos em parte, enganadora, tamanha é a complexidade envolvida no ato aparentemente simples de nomear.

29Finalmente, cabe citar alguns nomes de espaços públicos pitorescos encontrados nas fontes. Os exemplos são tirados do grupo de significados de n° 5: Rua dos Alpendres (Acari), Rua do Léu (Assu), Rua da Palha e Rua dos Tocos (Natal), Rua das Panelas e Rua das Virgens (Macaíba), Rua Coito (Pau dos Ferros), Rua Boa Água (São Gonçalo), Rua dos Índios (Arez, São José de Mipibu), Rua das Olhedeiras (Caicó), Rua Apertada Hora (Goianinha), Beco do Pau-Não-Cessa e Praça do Esgoto do Cano (Mossoró), Rua das Tocas, Rua do Fogo e Rua da Viração (Papari, atual Nísia Floresta). Estes são apenas alguns exemplos encontrados.

Considerações finais

30A análise dos dados coletados, organizados e classificados permitiu algumas conclusões fundamentais sobre o processo de consolidação da cidade potiguar no século XIX: 1) revelou o processo, principalmente físico, de consolidação/crescimento para a cidade potiguar, ao longo do período estabelecido; 2) demonstrou um ritmo diferenciado de consolidação urbana, com localidades que tiveram crescimento maior ou menor quando comparadas entre si; 3) permitiu apreender os valores e desejos que animavam a sociedade urbana da época para com a localidade na qual moravam. A análise aqui proposta do processo de consolidação da cidade potiguar por meio da nomenclatura dos seus espaços públicos apenas reforçou alguns estudos prévios sobre esse mesmo processo, tanto em relação ao seu crescimento físico ao longo do século XIX quanto pelo viés dos símbolos e valores assumidos pela população urbana nela residente.

31Além dessas conclusões fundamentais, cabem outras delas decorrentes. Em primeiro lugar, a de que o ato de nomear é, por si só, uma manifestação de poder, tanto de quem atribui o nome como quem ou o quê é nomeado. Mais fácil de ser percebido, por exemplo, em atos de nomeação de um simples cargo para uma pessoa física, o ato de nomear também expressa poder no caso aqui estudado. Podemos percebê-lo em praticamente todos os grupos de significados, até mesmo nos de natureza popular. Se isso é fácil de ser compreendido quando os nomes fazem referência a fatos históricos ou comemorativos, a personalidades públicas, políticas, econômicas ou religiosas, ele também o é nos nomes populares, pois representam uma forma de apropriação dos espaços respectivos pelas camadas populares da população urbana. O espaço em si também adquire poder ao ser nomeado: uma “Praça da Matriz” ou do “Mercado” são, por si só, expressão do status e da importância que esses locais tinham no contexto físico-espacial da urbe. Eram o seu centro não somente topológico, muitas vezes, mais principalmente, o centro do poder local, em torno do qual se reuniam os edifícios mais representativos e importantes da urbe nascente, assim como as residências da elite local.

32Outro ponto a destacar é que, embora as duas vertentes, a popular e a oficial, dos nomes dos espaços públicos citadas no início deste artigo estejam presentes nos 8 grupos de significados elencados, podemos afirmar, como tendência, que há predominância dos nomes oficiais nos grupos 1, 4 e, em menor medida, no grupo 6. Os grupos 2 e especialmente o 5 e o 7 têm forte tendência popular. O grupo 3, por sua vez, tanto tem uma dimensão popular quanto oficial, sem uma predominância evidente de qualquer uma delas. O mesmo pode ser dito do grupo 8. A valorização histórica ou o destaque aos nomes de personalidades (grupos 1 e 4) expressam, entre outras coisas, o desejo de modernidade das elites que nomearam esses espaços. As referências à Independência, à Proclamação da República, a políticos importantes deste último período, com destaque para Pedro Velho, que aparece 5 vezes, são sintomas disso. De fato, se inserem no desejo de modernização da cidade que caracteriza toda a República Velha no Brasil (1889-1930). Verificamos, pelas fontes levantadas, a preocupação das elites com a numeração das casas e com a nomeação dos logradouros públicos em várias localidades, como em Mossoró em 1871, Natal em 1887 e São José de Mipibu em 1890 (Escóssia, 1983, p. 35; Soares Filho, 1985, p. 66; Araújo, 1926-1927, p. 102). Não por acaso, são preocupações da Câmara Municipal que aparecem à medida que termina o século XIX. Como vimos, esses nomes oficiais tendem a substituir os nomes populares, mesmo no caso de espaços públicos preexistentes que já eram denominados de maneira popular. Em alguns casos, os nomes populares permanecem e convivem com esses nomes oficiais. Ainda que seja difícil distinguir quanto dos nomes levantados são realmente oficiais e quantos são populares a partir dos somatórios totais da quantidade de nomes por categoria, como aparece no Quadro 3, uma vez que as duas vertentes perpassam todos os grupos, estamos inclinados a acreditar que, ainda no final do século XIX, a cidade potiguar é predominantemente popular quanto à nomenclatura de seus espaços públicos, mesmo que haja uma tendência cada vez maior à oficialização.

33O presente trabalho traz uma contribuição não somente para o conhecimento de uma determinada realidade urbana, mas também propõe um método de análise fundamentado na nomenclatura dos espaços públicos urbanos. Foi necessário definir etapas, procedimentos e dirimir ou superar algumas dificuldades inerentes ao método. Como observamos, algumas situações - seja de classificação, seja de sobreposição de nomes - exigiram certos cuidados. Em alguns casos, os nomes das localidades também mudaram, e somente por meio de cruzamento de diferentes dados e informações foi possível distinguir ou identificar a que localidade determinado nome se referia. Por exemplo, nos documentos antigos aparece a localidade de Jardim. Ora, no Rio Grande do Norte existem atualmente três cidades com esse nome: Jardim de Angicos, Jardim do Seridó e Jardim de Piranhas. Foi preciso um trabalho cuidadoso para descobrirmos que “Jardim” se referia efetivamente a Jardim de Seridó. A localidade “Triunfo” está na origem de dois municípios atuais: Triunfo Potiguar e Augusto Severo, mas o termo, descobrimos pelos dados analisados, diz respeito à segunda localidade. Em que pese essa e outras dificuldades, o método é viável, e acreditamos termos demonstrado isso. Ele pode ser utilizado ou adaptado para estudos semelhantes. De fato, os nomes não são neutros. Eles revelam muitas facetas e aspectos de um determinado fenômeno, inclusive, no caso específico aqui estudado, como a cidade potiguar se consolidou ao longo do século XIX.

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Bibliographie

Obs. Foram consultados inúmeros documentos manuscritos da época e outros trabalhos e publicações, dos quais o que segue são apenas as publicações expressamente citadas ou de maior relevância no texto.

Fontes primárias

Anônimo. Quadro demonstrativo da coleta de imposto de giro comercial procedida em todos os municípios do Rio Grande do Norte no ano de 1894 [s.d.]

Fundação Vingt-un Rosado. Falas e relatórios dos presidentes de província do Rio Grande do Norte no período de 1835 - 1888 (02-02-1835 a 07-09-1848). Coleção Mossoroense, Série "G" - número 2. Mossoró : Fundação Vingt-un Rosado, 1999.

Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte (IHGRN). Posturas de diversas câmaras municipais. 1853. Caixa 209, maço 25.

Prefeitura Municipal de Canguaretama. Livro de atas de termos de posse da Prefeitura Municipal de Canguaretama [s.d.]

Prefeitura Municipal de Acari. Livro de atas. [s.d.].

Prefeitura Municipal de Nísia Floresta. Nísia Floresta. Livro n° 6 de atas da Intendência Municipal (1885-1896). [s.d.]

Prefeitura Municipal de Nísia Floresta. Nísia Floresta. Livro n° 3 de atas da Intendência Municipal (1861-1872). [s.d.]

Relatórios dos Presidentes de Província e Governadores do Rio Grande do Norte. 1835-1900. Disponíveis online, para o período de 1835 a 1930, no Center for Research Libraries: http://www.crl.edu/brazil/provincial/rio_grande_do_norte.

Fontes secundárias:

ARAÚJO, P. Soares. Repertório das leis estaduais referentes aos municípios. Revista do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte, vol. XXIII-XXIV (1926-1927), p. 102.

CALDAS, Fernando. Assu Grande. Natal: (ed.?), 1995

CASCUDO, Luis da Câmara. História da cidade do Natal. 2 ed. Rio de Janeiro : Civilização Brasileira; Brasília : INL; Natal: UFRN, 1980.

CASCUDO, Luis da Câmara. Notas e documentos para a História de Mossoró. Coleção Mossoroense. Mossoró, ETFRN/ UNED e PETROBRAS, 1996.

ESCÓSSIA, Lauro da. Cronologias Mossoroenses. Coleção Mossoroense. Vol. CLXXXII. Natal: Fundação José Augusto, 1983.

FILHO, Olavo de Medeiros. Velhos inventários do Seridó. Brasília : Centro Gráfico do Senado Federal, 1983.

KOSTER, Henry. Viagens ao Nordeste do Brasil. Coleção Pernambucana, Vol. XVII. Recife : Secretaria de Educação e Cultura, 1978.

NONATO, Raimundo. Ruas, caminhos da saudade. Coleção Mossoroense, 1973, vol. 23.

Revista do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte (IHGRN). Vários números.

SANTA ROSA, Jayme da Nóbrega. Acari. fundação, história e desenvolvimento. Rio de Janeiro : Ed. Pongetti, 1974.

SOARES FILHO, Antônio. Notas de História. Natal: Fundação José Augusto, 1985.

SOARES, Antônio. Dicionário histórico e geográfico do Rio Grande do Norte - A-E. Coleção Mossoroense. Natal: Imprensa Oficial, 1988.

TEIXEIRA, Rubenilson Brazão. Os nomes da cidade no Brasil colonial. Considerações a partir da capitania do Rio Grande do Norte. Mercator - Revista de Geografia da UFC, ano 02, número 03, 2003, p. 53-60.

TEIXEIRA, Rubenilson Brazão. Da cidade de Deus à cidade dos homens. A secularização do uso, da forma e da função urbana. Natal: EDUFRN, 2009.

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Notes

1 Em alguns casos, porém, ainda permanece o nome de “presidente”, nos relatórios. Os relatórios estão disponíveis online, para o período de 1835 a 1930 no Center for Research Libraries: http://www.crl.edu/brazil/provincial/rio_grande_do_norte (acesso em dezembro de 2014).

2 Além destes, foram levantados alguns nomes de áreas periurbanas e rurais, totalizando mais de 500 entradas. Contudo, estas duas últimas áreas, correspondentes às colunas “5” e “6” da planilha, não entram na análise, nem aparecem na planilha do Excel apresentada no Quadro 1.

3 Dentre as cidades estudadas, 34 eram ou se tornaram municípios ao longo do período estudado, o que exclui de nossa análise apenas 3 municípios. Não obtivemos dados para as localidades de Lajes, Santa Cruz e Taipu, que se tornaram vilas respectivamente em 1890, 1876, e 1891. Caso contrário, teriam entrado na análise. Contudo, obtivemos dados para três localidades que já existiam como povoação no século XIX, mas que somente se tornariam sede de município no século XX. Jardim de Angicos somente se tornou município em 1962; a povoação de Poço Limpo foi batizada como município de Ielmo Marinho em 1963; São Gonçalo do Amarante se emancipou somente em 1958.

4 Para maiores detalhes, ver (Teixeira, 2003).

5 A cidade de Mossoró é o maior exemplo disso.

6 Contudo, há casos em que o ano corresponde efetivamente ao ano de início do uso de determinado nome. Isso ocorre quando os nomes foram instituídos por decreto ou lei municipal. Não parece ser a maioria dos casos.

7 Assim, por exemplo, a Rua Santo Antônio, em Natal, fora chamada, no século XVIII, de “caminho de beber”; a Praça Barão de Ibiapaba fora anteriormente a Praça Chico Tertuliano e a Praça 6 de Janeiro havia sido denominada de Praça do Esgoto do Cano, ambas em Mossoró. (Nonato, 1973, p. 10, 51). Outros exemplos coletados poderiam ser citados.

8 A somatória dos percentuais referentes às povoações, vilas e cidades corresponde a 100,67%, valor levemente superior aos 100 % em função das aproximações no cálculo.

9 Essa variação de 1 a 13 não foi tirada da planilha do Excel aqui utilizada, mas por meio de uma verificação simples nas fontes utilizadas.

10 Um exemplo disso, como mencionamos, está no caso dos espaços cujos nomes não conseguimos decifrar, e por isso não foram incluídos. Mas esses espaços existiam.

11 Nesta coluna, foram considerados os nomes anteriores ao período 1830-1850.

12 Quantidade.

13 Percentual considerado em relação ao total de 422 entradas coletadas.

14 Ver, a esse respeito, os exemplos citados na nota de rodapé 7.

15 Outras entradas de nomes fazem referência ao 07 de setembro, por exemplo, R. da Independência, em Mossoró.

16 Em Natal, foi encontrado ainda um Largo do Rosário.

17 Ainda existem as entradas referentes a Carnaubais (Touros) e Carnaubinha (São Gonçalo).

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Pour citer cet article

Référence électronique

Rubenilson Brazão Teixeira, João Fernando Barreto de Brito et Cleópatra de Melo, « A cidade por seus nomes: »Confins [En ligne], 23 | 2015, mis en ligne le 04 mars 2015, consulté le 07 décembre 2024. URL : http://0-journals-openedition-org.catalogue.libraries.london.ac.uk/confins/10047 ; DOI : https://0-doi-org.catalogue.libraries.london.ac.uk/10.4000/confins.10047

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Auteurs

Rubenilson Brazão Teixeira

Professor do Curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN (graduação e pós-graduação) , rubenilson.teixeira@gmail.com

Articles du même auteur

João Fernando Barreto de Brito

Aluno do curso de História da Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN. ,, tatala123@hotmail.com

Cleópatra de Melo

Aluna do curso de História da Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN, cleopatramelorc@hotmail.com

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