A PERSISTÊNCIA DAS LITERATURAS 'FRANCÓFONAS' NO BRASIL: RESISTÊNCIA, ESTÉTICA E POLÍTICA
EIXO: ESTÉTICA E POLÍTICA, LITERATURA E RESISTÊNCIA
SIMPÓSIO: A PERSISTÊNCIA DAS LITERATURAS 'FRANCÓFONAS' NO BRASIL: RESISTÊNCIA, ESTÉTICA E POLÍTICA
COORDENADORES:
- Josilene Pinheiro-Mariz (Universidade Federal de Campina Grande)
- Dennys Silva-Reis (Universidade Federal do Acre)
RESUMO: Pensar em mundos “com-partilhados”, no âmbito das literaturas, leva-nos imediatamente a pensar nas worldliterature ou Weltliteratur, ou, com o olhar voltado para a língua francesa, vemos a littérature-monde [literatura-mundo]. Em qualquer uma das línguas, a noção de mundo está presente na literatura, expandindo-se para além da própria língua que nomeia o termo. Assim, neste simpósio, pretendemos acolher reflexões sobre essa “littérature-monde”, isto é, buscamos reunir pesquisas e discussões a respeito das literaturas escritas em língua francesa pelo mundo, seja ela oriunda de países em que o francês é língua materna, segunda ou língua administrativa, seja também acolhendo estudos sobre autores que não se encaixam em nenhum desses espaços supracitados, mas que fizeram a opção pela língua francesa como língua de escrita, tais como Julia Kristeva, nascida em Silven, na Bulgária ou o grego Vassilis Alexakis ou ainda a húngara Ágota Kristóf, que diz ser o francês, a sua língua de adoção e tantos outros autores e autoras russas, chinesas e de tantos outros espaços geográficos pelo mundo. Neste simpósio, portanto, propomos reflexões que revelem a obra literária de tais espaços como resultado de resistência em uma escrita poética e política, conforme se pode ler no conjunto da obra: dos martiniquenses Édouard Glissant e Frantz Fanon; dos congoleses Emmanuel Dongala, Sony Labou Tansi e Marie-Léontine Tsibinda ou o togolês Gustave Akakpo; das senegalesas Mariama Bâ e Aminata Sow Fall; das camaronesas Léonora Miano e Calixthe Beyala, das marfinenes Tanella Boni e Marguerite Abouet; dentre tantas outras obras. A produção literária das Américas na escrita de Patrick Chamoiseau, Raphaël Confiant, Simone Schwartz-Bart, Maryse Condé, Jacques-Stephen Alexis, Yanick Lahens revelam uma resistência semelhante à identificada nas obras de autoras e autores africano/as, tanto do Maghreb, Machreck, ao norte do deserto do Sahara, quanto da África subsaariana, ao sul do deserto, e nas Áfricas oceânicas. No que concerne à estética da obra literária de língua francesa na "littérature-monde", destacamos a poética do reunionês Boris Gamaleya e da guianesa, franco-brasileira Assunta Reneau Ferrer, a poeta Imasango, da Nova Caledônia ou ainda Louise Peltzer, na Polinésia Francesa e a mauriciana Ananada Devi e muitos outros autores belgas suíços, quebequenses e de todos os outros espaços de escrita em língua francesa. Evidentemente, estes nomes representam apenas uma pequena amostra da imensa produção de língua francesa pelo mundo. Nesta proposta de simpósio, os citados autores constituem-se em exemplos da diversidade poética da língua francesa pelo mundo, mas, revelam o quanto ainda há a ser explorado nos estudos das ditas "literaturas francófonas". Para além da polêmica em todo do termo francofonia, está no nosso foco discutir as ideias que subjazem no termo que está longe de ser unânime entre especialistas nesses estudos (OBERGÖKER, 2010). Portanto, o nosso objetivo é o de reunir estudioso/as das literaturas de língua francesa, dessas ditas "literaturas francófonas", a fim de compreender a arqueologia do texto literário francófono (ALLOUACHE, 2017), buscando também discutir a noção de francofonia a partir das obras de autores que escrevem em francês. Interessa-nos conhecer e “com-partilhar” estudos que revelem a persistência das literaturas “francófonas” no Brasil, acentuando, evidentemente, a problemática da língua do escritor, como nos lembra Maryse Condé: “Cada escritor cria sua língua. Não existe língua materna para um escritor, porque um escritor forja sua língua na medida que tem algo a dizer” (entrevista de CONDÉ a SIMASOTCHI-BRONES, 2013, p. 185). Ademais, Para Joubert (2006), escolha determinada para a escrita literária pode permitir aos escritores de se expressarem na língua francesa de um modo que não o fariam em outra língua. Assim, para este espaço, espera-se trabalhos que tratem de autores e obras escritas em francês que não pertençam ao Hexágono. Almeja-se reunir trabalhos que tragam estudos de autoria, teoria, epistemológico, metodológico, historiográfico e de política literária direcionada às ‘francofonias’. O intuito é mostrar a diversidade de olhares e a multiplicidade de perspectivas teóricas que as literaturas francófonas possuem na atualidade. Também serão muito bem-vindos os trabalhos comparatistas de literaturas francófonas com outras literaturas, bem como com outras linguagens, artes e mídias. Que este simpósio possa ser uma confluência de pesquisadores que estudam as literaturas escritas em língua francesa para além da França hexagonal.
PALAVRAS-CHAVE: F/francofonias, poética; política; língua francesa
Mais detalhes no site https://www.abralic.org.br/